Beneath The Nightmares escrita por Moogle94


Capítulo 5
[ ~ Capítulo 05 – Estranhos acontecimentos]




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Lowell se sentia tenso. Todos os presentes na sala se encontravam olhando boquiabertos para ele.

 - Você tem.. Certeza disso, meu jovem? - Perguntou Dr. Derek.

 - Bem.... Acho que não, devo ter imaginado. - Mentiu, sabendo que se confirmasse se iniciaria ali um interrogatório interminável com a psicóloga de plantão. - Se me dão licença eu vou... Tomar um ar.

 - Certamente. - respondeu o médico.

 

        O garoto agradeceu e deixou a sala, meio transtornado. Ao fechar a porta, com certa violência, desatou a correr pelo hospital, indo direto para o terraço. Subiu as escadas desesperadamente, com uma súbita fúria. O vento bateu em seu rosto levemente, dando uma boa acalmada. Permaneceu ali parado, observando a paisagem e o sol quase se pondo no horizonte. Ele se sentou em um banco próximo ao jardim suspenso, e abaixou a cabeça, pensando... Então, aqueles símbolos não eram sonhos aleatórios. Ele previu o que estava para acontecer... Mas como? Seria a sua mente... Especial? Esses pensamentos faziam sua cabeça latejar. Seu estômago interrompeu o silêncio, rugindo ferozmente. Ele não havia comido nada o dia inteiro, e estava simplesmente faminto. Mas, apesar disso, não tinha vontade nenhuma de descer até a lanchonete e pegar algo para comer. Os últimos acontecimentos o haviam deixado extremamente deprimido, tirando a sua habitual energia e disposição, e desconsolado, deitou a cabeça sobre os joelhos e chorou... Até não poder mais... Até adormecer...

        O pôr do sol estava em sua fase final quando ele despertou. As buzinas dos carros lá embaixo estavam mais intensas, por ser a hora do rush. As luzes do local já haviam se acendido e a fonte do jardim havia sido ligada. O garoto esfregou as mãos no rosto e olhou em transe para a conclusão da fase mais magnífica do Sol. Então se assustou com passos que vinham da porta atrás dele.

 

                                               •••

 

As imagens permaneceram na mente de April, martelando em sua cabeça, mesmo depois das marcas serem cobertas pelo médico.

        – Bem, o que acha? – O médico perguntou.

        – Significativo...

        – Como assim?

        – Bem... Marcas em corpos não aparecem sozinhas e de repente desse jeito, já pensaram na pior possibilidade? A de homicídio doloso?

        – Sim, já pensamos nessa possibilidade, mas não havia nenhum sinal de arrombamento na casa, a não ser a pétala de flor, que a própria Naomi poderia ter trazido para dentro. Além disso, não há vestígios de veneno na pétala ou no corpo de sua tia e nenhuma outra marca que poderia mostrar que ela foi assassinada.

        “Pelo menos ela não foi assassinada... pelo menos tenho certeza de que não vai ter ninguém atrás de mim querendo terminar o serviço” Ela pensou sombria. “Pode ser uma doença qualquer e as marcas são os músculos e as veias de minha tia, e doenças sempre tem cura”. Continuou, mas sabia que estava se iludindo, e que talvez fosse algo muito pior. Resolveu sair do quarto... decididamente precisava de ar. Sentia seus pulmões expulsando o ar, se sentia extremamente sufocada.

        – Com licença.  – Pediu ao médico. – Não estou me sentindo muito bem, preciso de ar. Qualquer coisa estarei lá fora.

        – À vontade April, estaremos de olho na sua tia, conte conosco. –Ela sorriu e saiu da sala, um pouco rápida demais. E foi para o quarto onde passava as noites.

Chegando ao quarto, calçou o tênis branco e rosa que estava jogado a sua frente. Levantou-se e se espreguiçou com a maior vontade. Saiu da sala sem olhar para trás, apenas para trancar a porta com a chave que recebera na recepção do hospital, entregando para a enfermeira que estava atrás do balcão. Foi ao banheiro, lavou o rosto com água fria para se alarmar um pouco e se olhou no espelho. Até que estava bem para uma garota que começou a passar por estranhos desastres nos últimos dias. Passou maquiagem e saiu decidida do banheiro, dando uma última olhada no espelho.

Foi para a lanchonete. Ao lado do caixa tinha uma máquina de café. April pegou algumas moedas e colocou-as na fenda, apertando o botão que estava escrito em preto com fundo amarelo “Café expresso” o preferido da garota. Pediu ao garçom um lanche, que foi ao depósito buscar um sanduíche dentro da geladeira, trazendo dois.

– Com licença senhor, eu pedi apenas um lanche. – Se apressou a dizer antes que o garçom se afastasse.

– Faço uma oferta especial, esses são o último dentro da geladeira. – respondeu o rapaz, sorrindo.

April ia recusar, mas ao olhar para o sanduíche, concluíra que gostaria muito de dois, e realmente não sabia por quê.

Por sorte, os sanduíches eram também os seus favoritos, parecia que sua sorte estava mudando - com exceção de sua tia - desde que chegara ao hospital. Pagou ao garçom e se dirigiu lentamente à porta de entrada, mastigando o primeiro pedaço que tirara faminta do sanduíche, enquanto guardava o segundo, que estava embrulhado com um fino plástico no bolso do casaco. Sem muito que o fazer, entediada e meio triste pelos acontecimentos, se dirigiu ao terraço do edifício, para ver se conseguia pegar o pôr-do-sol. Subiu as escadas lentamente, já sentindo o sol nos olhos e ao terminar a subida, se deparou com uma surpresa agradável.

 

•••

 

Raymond manteve seus olhos fechados, sentindo-se confortável na cama. Mas mesmo assim, depois de lembrar-se do pesadelo que tivera, chamou a sua avó. Ninguém respondeu, um barulho incomodava-o, mas ele não sabia o que era. Abriu os olhos e focalizou no teto branco, que continha uma pequena rachadura envolta do bocal que continha uma lâmpada forte. Sentou-se e segurou seu rosto nas mãos. Sentia uma forte dor de cabeça, que só não foi pior que a do braço. Constatou que havia um tubo perfurando sua veia do punho, e por ele descia soro. Ray descobriu no momento o que fazia o estranho barulho, ainda mais porque estava em sintonia com a batida de seu coração. Olhou para seu lado esquerdo, e quase encostando na cama havia uma máquina que vigiava sua pulsação.

– Ah... – Quase instantaneamente se lembrou do que aconteceu nos 2 últimos dias: a estranha morte de sua avó e o acidente com o avião.

No momento percebera que a cama era de um hospital, no Peru, tentou encontrar um botão para chamar a enfermeira, localizando-o ao lado de sua cama, em um criado mudo. Esticou o braço que não continha o tubo, e com um pouco de esforço alcançou o botão. Ele emitiu um longo apito. Alguns segundos depois, uma enfermeira parou diante da porta do quarto.

Quando ela o viu sentado, correu para ele e mandou-o, por gestos, deitar-se imediatamente. Ela vestia roupas totalmente brancas, com exceção de um fino traço bordado sobre o seu nome, tinha pele morena e traços delicados no rosto. Ele obedeceu, vendo que ela mantinha um rosto tenso e mantê-lo-ia assim até ele deitar. Logo atrás, vinha Jason com um rosto preocupado. Raymond achou estranho, ele não estava deitado em uma maca de hospital e não tinha nem um arranhão em nenhuma parte de seu corpo, muito menos parecia machucado.

A mulher recomeçou a falar, mas ele não conseguia entender nada do que ela falava. As únicas línguas que ele conhecia era o japonês, sua língua materna e o inglês. Porém Jason interpretou-a muito bem, respondendo a enfermeira quando ela terminou de falar, em seguida ela saiu.

– Você sabe falar quantas línguas? – Ray perguntou surpreso.

– Apenas as necessárias... – Respondeu com um tom de ponto final na voz.

– O que houve? Você está bem? O que aconteceu com o avião? – Desatou a perguntar.

– Calma... uma pergunta de cada... – Interrompeu-se brutamente. – Que? Como assim? Do que está falando? – Parecia realmente confuso. Assim como Ray ficou.

– Do... acidente, o avião, a tempestade, ele caiu no mar. Como nós estamos vivos? – Ficou ainda mais surpreso ao constatar que um tamanho acidente no meio do mar, teria matado a todos.

– Acho que você sonhou Ray, bateu a cabeça também quando desmaiou. Talvez isso o tenha afetado. – Ele falou horrorizado. – Melhor chamarmos o doutor! – Jason ia se levantando, mas Raymond o impediu.

– Não! – Gritou. – Não é necessário. – Jason o olhou com cara de suspeito. – Eu... desmaiei?

– Sim, estava se sentindo muito ruim, quando foi falar comigo, no meio do caminho você desmaiou e bateu a cabeça no chão.

– Eu fui falar com você?

– Ora essa Raymond, você não se lembra de nada?!

– Sim eu lembro. Lembro da tempestade, da turbulência, dos sinais no céu e do avião caindo no oceano!

– Você deve ter sonhado! – E começou a olhar para Ray como se ele fosse louco.

– Prove-me! – Começou a ficar irritado.

– Como vou te provar tais coisas?

Raymond ficou um pouco pensativo, mas depois respondeu decidido.

– O avião... ele foi destruído! Se foi tudo um sonho, como você diz, mostre-me o avião! – Jason parecia um pouco nervoso, começou a olhar para os lados para ver se ninguém estava escutando. – O jato está destruído não é?

– Óbvio que não Raymond! – Agora ele estava surpreso. Vou te mostrar, mas preciso tirar você daqui e eles não querem dar autorização.

– Eu espero... – Falou, pois se sentia confortável e quente na cama.

– Está bem, não chame ninguém e fique aí... Vou tentar falar com o chefe deles.

        – Com o tubo eu não vou conseguir sair. – Raymond disse a si mesmo enquanto observava o homem fechar a porta de quarto quando saiu.

        Ray deitou-se, fechou os olhos e relaxou. A dor parecia ter diminuído um pouco, mas seu coração ainda estava pesado demais para não chorar ao pensar na sua avó. Ele tinha que vê-la, mas não tinha certeza se ela estava no mesmo hospital e Jason logo o tiraria dali. Porém a sua cabeça ainda girava ao pensar no acidente com o avião, ele tinha certeza que aquilo havia ocorrido, mas se lembra também de ter adormecido um pouco antes da tempestade. Talvez ele realmente tivesse batido a cabeça. No momento ele não sabia no que acreditar.

        Meia hora depois, Jason adentrou o quarto. Trazia roupas consigo e uma enfermeira o acompanhava.

        – Se vista. Estamos saindo em cinco minutos. Vou esperar na recepção. – Jason saiu, parecendo meio irritado, enquanto a enfermeira retirava o tubo. Ela saiu também, fechando a porta atrás de si.

        Raymond se vestiu lentamente, sentia todos os músculos de seu corpo doendo, mas logo foi para a recepção, e viu Jason sentado esperando-o. Ele se levantou quando Ray se aproximou.

        – Vamos!

        Os dois embarcaram no carro, seguido do chofer. A estrada estava rodeada por diversas cadeias de montanhas, tampando o sol que incomodava apenas os olhos do motorista. Raymond ficou calado o tempo inteiro, ainda se sentindo mal e com a cabeça doensdo. Finalmente o carro parou, deixando Ray e Jason em frente ao aeroporto de onde eles supostamente tinham chegado. O homem fez sinal para que o estudante o seguisse. Ray obedeceu, de má vontade, convicto de que estava certo e que o jato estava completamente destruído. Mas ele infelizmente estava errado... o jato estava inteiro...intacto.

        - Viu só? Não te disse? – perguntou Jason, parecendo irritado.

Na verdade, Raymond via, mas ainda não acreditava naquela história muito mal-contada.

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Deixem review, POR FAVOR Ç_Ç
(Agradeço a Hilesh, pela correção)



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