Beneath The Nightmares escrita por Moogle94


Capítulo 4
[ ~ Capítulo 04 – Razões = Conjunto Vazio]




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Lowell entrou no aposento, com o doutor em seu encalço, apressado. O quarto era pequeno, sem muito luxo. Alguns aparelhos e carrinhos com utensílios médicos encontravam-se espalhados pelo local, e pelo nervosismo, o garoto esbarrou em um deles. A visão para a cama de sua mãe estava obstruída por conta de uma cortina, onde eram visíveis silhuetas de algumas pessoas e diversos aparelhos. Derek foi se juntar a eles, chamando o garoto para acompanhá-lo. Ele respirou fundo e o seguiu, presenciando a cena que imaginara... Só que muito pior. Anne estava imóvel na maca, com uma expressão horrorizada, embora tivesse os olhos fechados. Tubos saiam de ambas as narinas, ligados a um aparelho que Lowell não conseguiu identificar, e sua traquéia fora aberta e ligada a um respirador por outro tubo. Como já sabia que o faria, ele chorou, mas apenas algumas lágrimas.

 - Anne está em estado grave. Ela está em coma... Vegetativo. - disse o médico pausadamente, tentando não apavorar o garoto.

 - Mas ela pode ficar bem, não pode? - indagou o rapaz - surpreendendo-se com a voz extremamente infantil com que falou.

 - Não sabemos ao certo – completou Derek, virando-se ao ser chamado.


        Então ele viu o porquê do chamado: nas costas de sua mãe, símbolos estavam marcados como se fossem tatuagens... Símbolos que Lowell já conhecia.

 - Oh Meu Deus! - exclamou o médico. - Isso é inacreditável.

 - Eu já vi isso antes... - sussurrou o garoto, mal se atrevendo a acreditar.

 - Esta é a primeira vez que pego um caso como esses... Nenhum tipo de doença deixa seqüelas assim e...o que disse, Lowell? - parou o homem, abruptamente.

 - Reconheço esses     símbolos... Dos meus sonhos.

        A expressão do Doutor Derek foi de total espanto.

 

                        •••

 

        O sol de meio dia penetrava pela pequena janela entreaberta, acordando April, que continuou com os olhos semicerrados. Não tinha a menor vontade de se levantar, se sentindo extremamente sonolenta e preguiçosa. Então de súbito, abriu-os. Pulando da maca, se viu dentro do quarto de um hospital: era pequeno e aconchegante, possuindo uma sacada e um pequeno banheiro. Após analisar cada centímetro do aposento, contorceu de dor ao sentir uma forte pontada na cabeça, massageando-a como reflexo imediato. Neste momento, uma enfermeira adentrou apressada, segurando uma bandeja com o que aprecia ser o café da manhã, e umas pequenas cápsulas ao lado. Ao ver a garota, ela soltou uma pequena exclamação:

 - Oh! Bom dia, querida. - sorriu, descansando a bandeja no criado mudo. - Se sente melhor?

 - Acho que sim, obrigada. - agradeceu, sentando-se na beira da maca novamente.

 - Ótimo. Está na hora do remédio, e depois pode tomar seu café da manhã. - concluiu, entregando os comprimidos a April. - Quando terminar é só me chamar, e então te levarei para ver sua tia.

        A garota se esquecera completamente da tia. Agora se lembrava por que estava lá: Sua tia perdera o pulso. Então, tomando os remédios com dificuldade e engolindo o café, se levantou e se vestiu, rumando para fora do quarto. Juntas as duas seguiram para o quarto de Naomi. No caminho, a garota avistou uma figura conhecida correndo: era o rapaz que encontrara na floricultura pela manhã. Como passou rápido, não deu muita atenção, continuando a seguir a mulher e chegando a um quarto do outro lado do prédio. A enfermeira se apressou em bater na porta, onde foi recebida por um médico baixinho e careca, que cumprimentou April assim que a viu.

 - Olá, senhorita Sakurai. Sente-se melhor? – Disse, sorrindo.

 - Estou ótima, obrigada doutor... – Ela olhou as letras bordadas no bolso frontal do jaleco rapidamente. – Josh.

 - Ah, disponha. E desculpe por não ter me apresentado.

 - Tudo bem... E minha tia? Como está? – Perguntou, mudando por completo o semblante do homem, no que ela entendeu que receberia uma péssima notícia.

 - Ela não está morta, mas está em coma gravíssimo. Não sabemos se é possível alguma recuperação. – Concluiu, num tom sério.

 - Ah... – Ela olhou pra baixo. – Tudo bem...

 - Mas, tem uma coisa que eu gostaria que visse que nos intrigou ao extremo.

 - Como assim? – April retornou a olhar o doutor.

 - Siga-me.

        Meio confusa, ela seguiu-o até o interior do quarto, onde Naomi jazia. A enfermeira simpática que levara o café para ela, já os esperava. Ao receber um aceno de cabeça de Josh, ela virou a paciente de costas. A garota quase caiu para trás, arregalando os olhos e deixando escapar um gritinho. Símbolos cobriam toda a superfície das costas de sua tia, como se tivessem sido gravados a ferro.

 - O que é isso? – E como por impulso levou a mão a cabeça da mulher, tentando ler sua mente, exatamente como fizera com o garoto da floricultura. Mas foi em vão... No momento que tentou, sentiu-se nauseada, quase desmaiando novamente. Felizmente, conseguira ver uma imagem. A biblioteca municipal de Hill Valley.

 

                                       •••  

 

        Raymond passou o resto da tarde arrumando as malas e terminando os preparativos para a viagem de última hora. Regou as plantas, desligou a energia e fechou a casa inteira, pois logo pela manhã ele iria para o aeroporto. Sua noite foi extremamente perturbadora, tendo sonhos bizarros e horríveis. A verdade é que o rapaz nunca havia viajado de avião e estava receoso. Preferia ficar são e salvo no chão, mas precisava ver a avó. Acordando logo antes do sol nascer (com olheiras que pareciam covas), tomou um banho, trancou a casa e saiu.

        Por ser um vilarejo simples, Hill Valley não possuía um aeroporto, sendo que o mais próximo era na cidade vizinha, que custou a Raymond várias partes de sua mesada: A viagem era de 1 hora.

        Chegando ao destino, Ray pagou o motorista e examinou o local. Aquele era o maior edifício que ele já vira, tendo painéis espalhados em todo o perímetro do local, indicando as partidas e chegadas em diversos idiomas, e lojas por todos os lados. Pessoas andavam com o passo apressado, algumas murmurando palavras, carregando suas bagagens em carrinhos e falando ao celular. Seguindo uma delas, foi parar no salão de check-in. Ele colocou sua bagagem em um dos carrinhos e seguiu para a cabine mais próxima.

 - Bom dia, gostaria de registrar minha passagem.

 - Ah, muito bem. – Respondeu a atendente. – Nome?

 - Raymond Allen. – Disse nervoso.

 - Ok. – A mulher agora digitava. – Peru, não?

 - S-sim...

 - Aqui está. – Disse, entregando a passagem. – Você parece nervoso, querido. Sua primeira vez?

 - É sim. – Respondeu ele, sorrindo um pouco.

 - Não se preocupe. É só relaxar e aproveitar a viagem.

 - Obrigado. Até logo.

        Dirigiu-se então ao portão indicado em seu bilhete, se assustando ao perceber que não havia ninguém no salão de espera, apenas ele. Uma funcionária apareceu por trás da porta de vidro, chamando-o para embarque. Ele a seguiu por um extenso corredor com as paredes também de vidro, permitindo visão aos aviões estacionados no pátio, o que gerava extrema curiosidade no garoto: em qual deles embarcaria? Seria no de dois andares, com sua estonteante beleza e altura, onde pessoas bem vestidas embarcavam? No menor, mas também grande, onde embarcavam várias famílias? Mas quando viraram a esquerda no corredor, ele percebeu que todas as expectativas estavam erradas: Um homem o esperava na pista, próximo a um jatinho particular, estacionado em um hangar exclusivo. O rapaz era alto, tinha os cabelos curtos e morenos, e trajava um traje risca-de-giz. Ray deduziu quem seria imediatamente:

 - Bom dia Raymond – cumprimentou o homem.

 - Olá, Jason. - Confirmou o garoto, ao reconhecer a voz. - Então, esse é o avião?

 - Decididamente. Nos levará diretamente ao Peru, sem escalas ou conexões. Podemos? - Perguntou, estendendo a mão em direção ao veículo.    

        Ambos embarcaram no luxuoso avião, que mais parecia uma casa. As poltronas eram forradas com couro legítimo, e na frente de cada uma delas, se encontrava uma mesa com laptops e outros equipamentos. O garoto escolheu a poltrona mais longe da porta, se sentindo desconfortável, mas tentou se mostrar forte para Jason que já estava acostumado com esse tipo de viagem. O homem sentou-se ao seu lado.

 - Está se sentindo bem?

 - Hum... Só um pouco nervoso. – disse, com uma voz fraca.

 -Não se preocupe, a viagem será tranqüila... O céu está limpo. – Afirmou, na tentativa de acalmar o garoto. - Tente se distrair com os computadores e os MP3... Pode ajudar.

        Várias horas se passaram com a tranqüilidade que Jason descreveu. O rapaz nem sentira, pois passara todo o trajeto ouvindo música e navegando na internet. O céu estava lindo, com o sol exatamente na linha dos olhos de Ray. Ele abaixou a cortina e observou Jason voltar após conversar alguns momentos com o comandante. Parecia um pouco nervoso, mas quando se dirigiu ao garoto, manteve a voz firme.

 - Quer comer ou tomar alguma coisa? Você não se alimenta desde o almoço, deve estar com fome!

 - Não estou... – Mentiu, sabendo que se algo chegasse ao seu estômago, com certeza vomitaria.

 - Está bem, qualquer coisa é só chamar. Estarei na cabine.

 - Ok, obrigado.

        Apesar da fome, também estava com muito sono, pois acordara cedo. Com a ajuda de músicas orientais, suas pálpebras foram se tornando extremamente pesadas, e não conseguindo manter-se acordado, adormeceu.

        Por um momento achou que estava sonhando, mas seus olhos abertos e a dor que sentiu quando se beliscou lhe disseram que não. Parecia que haviam se passado apenas poucos minutos desde que fechara os olhos e o céu estava límpido... Que agora estava negro, com nuvens escuras e carregadas por toda a parte, parecendo engolir o veículo. Relâmpagos o deixavam cego por alguns segundos e o avião estava sob grande turbulência, deixando-o tonto e nauseado. Até perceber que, estranhamente, as luzes naturais formavam estranhos desenhos no céu.

 - Mas o que...? - disse surpreso. Ele virou a cabeça rapidamente à procura de Jason ou qualquer sinal de vida. Um solavanco o pegou desprevenido, fazendo com que batesse fortemente a cabeça na janela. A última coisa que sentiu antes de perder completamente a consciência, foi o avião se inclinar para frente entrando em parafuso em direção ao vasto e turbulento oceano tempestuoso.


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Notas finais do capítulo

Comentem =D



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