Entendendo Os Sentimentos escrita por Andye


Capítulo 12
Confissão


Notas iniciais do capítulo

E então, como prometi... Três capítulos hoje. Espero que gostem. :)



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Rony caminhava pelas cidades de Londres sem um rumo certo. Não quis voltar para casa de imediato. Sentia-se mal por tudo o que tinha feito; por toda dor que provocara em Lisa e em Hermione. Sentiu-se péssimo por isto e desejou por um momento sumir e deixar as pessoas que conhecia viverem em paz.

Sentou-se no banco de uma praça e começou a observar os carros e ônibus que passavam por ali. De repente, sentiu frio. Não se sentia bem. Pensou em todas as coisas que já havia vivido até ali, desde as brincadeiras e travessuras com os irmãos no quintal da Toca até conhecer Harry e Hermione no vagão do Expresso de Hogwarts.

Pensou nas coisas que passaram juntos, em todas as batalhas que enfrentaram, em como tinham sacrificado as suas vidas para tentar devolver a paz aos dois mundos. Lembrou-se de seus medos, do medalhão de Slytherin e pensou que hoje o seu maior medo era que Hermione sofresse, independente de como fosse. Temia perdê-la muito mais do que temia as aranhas, era fato.

‘Hermione’.

Ela era o motivo de tudo desde a época da escola, não podia negar nem se enganar. Precisava conquistá-la novamente, mas não sabia mesmo o que fazer ou como agir. Suspirou.

Viu em uma torre que já era quase 23h e decidiu aparatar para casa. Tudo estava começando a ficar sem movimento agora, e ele permitiu-se chorar, grossas, contidas, dolorosas e silenciosas lágrimas, enquanto procurava um lugar a esmo.

Encontrou a porta da cozinha da Toca destrancada, abriu e entrou. Deparou-se com duas xícaras de chá sobre a mesa e seu pai sentado em uma das cadeiras da mesa de jantar.

– Vi que você estava chegando no relógio de sua mãe e resolvi preparar um chá para nós.

– O senhor já sabe? - Rony perguntou enquanto tirava o casaco e sentava-se ao lado de seu pai.

– Já sim - Arthur respondeu - Sua mãe me explicou a situação e eu achei que seria bom esperar por você. Como está?

– Péssimo pai - Rony suspirou enquanto tomava um gole de chá - Como isto é possível?

– Depende do que está te fazendo sentir assim.

– Me sinto péssimo por ter terminado com a Lisa. Ela sofreu e está sofrendo. Me sinto pior por ter tentado me enganar por todo esse tempo e ainda pior por ter feito a Mione sofrer tanto ou mais que a Lisa.

– Que bom que se sente péssimo, meu filho.

– Como assim? - Rony pareceu confuso.

– Isso apenas prova que você se tornou o homem que eu e sua mãe sempre desejamos. Um homem de verdade. Digno, que respeita ao próximo e que se respeita também, e que prefere a felicidade de seu semelhante a sua própria, mesmo que isso às vezes seja impossível...

– Queria fazer alguma coisa por Lisa...

– O tempo irá se encarregar disto meu filho, não se preocupe.

– E eu pai? O que eu faço?

– O que você quer fazer?

– Por mim, correria até a Mione agora mesmo e a beijaria até não poder mais.

– E por que não faz isto?

– Porque não tenho esse direito. Não tenho o direito de me meter na vida dela como se tudo girasse em torno de mim. Não posso me permitir magoá-la novamente. Eu não me perdoaria.

– Está certo, Rony. Muito certo. Você deve conquistá-la novamente. Fazê-la acreditar que pode confiar em você. Mostrar que o amor de vocês é mais forte do que a cabeça dura de vocês.

– É isso o que eu pretendo fazer - Rony concluiu sorrindo.

– Estou orgulhoso de você, meu filho.

– Obrigado pai.

– Agora vá dormir. Você teve uma noite e tanto hoje, precisa descansar.

– Boa noite pai - o filho abraçou o pai em agradecimento - Amo o senhor.

– Também te amo meu filho. Durma bem.

Rony subiu as escadas um pouco mais tranquilo. Seus pais sempre tinham as palavras certas para animá-lo nos momentos mais difíceis. Sempre foi assim, desde que perdeu seu ursinho transformado em uma aranha, da viajem de Carlinhos para a Romênia, da morte de Fred ou do que quer que fosse. Sua família estava sempre unida graças ao amor de seus pais, e era este o suporte de todos os filhos.

– Ah Gina - assustou-se ao acender a luz do quarto - Por que fica ai no escuro como se fosse uma alma penada?

– Com medo dos mortos Roniquinho? - a ruiva disse sorridente ao levantar da cama do irmão.

– Os mortos não me fazem mal - ele respondeu carrancudo - Tenho medo dos vivos. E por que não está dormindo? Está tarde, sabia?

– Sei sim, mas decidi te esperar - ela falou pacificadora.

– Algum problema?

A pergunta de Rony não teve resposta. Ou melhor dizendo, teve a melhor resposta que ele poderia esperar. Gina o abraçou com carinho e admiração. Havia respeito no toque dos dois e ela sorria feliz enquanto os corpos deles se encontravam.

– Estou muito orgulhosa de você, Rony - Gina falou ao separar-se do abraço - Muito orgulhosa mesmo.

– Pelo que?

– Não se faça de bobo Ronald - ela ralhou ainda sorrindo - Esta foi a melhor decisão que você poderia ter tomado - Rony apenas sorriu para a irmã, ela sempre sabia de tudo... Uma cópia exata de Molly Weasley, apenas um pouco mais alta.

– Valeu Gina.

– Só tenho mais uma coisa para te dizer...

– O que?

– Ela não ama o namorado... E ele nunca a tocou - Gina piscou um dos olhos com um sorriso travesso para o irmão. Rony apenas sorriu de volta e sentiu que havia ganhado a noite, não fosse o triste término de namoro com Lisa. Mas decidiu, iria lutar e não daria espaço para Hermione, até que ela assumisse que o amava também.

Durante o café da manhã ele estava pensativo e isto já estava ficando estranho por não se tratar da atitude normal ou natural de Ronald Weasley. Gina desceu um pouco depois e após depositar um beijo carinhoso no irmão e desejar bom dia, sentou-se.

– Está bem Rony?

– Estou. Valeu - ele respondeu revirando os ovos mexidos.

– Posso te ajudar em alguma coisa? - ela disse enquanto se servia de suco de laranja.

– Não sei.

– Por que não sabe?

– Eu não sei o que fazer agora, sabe?

– E você pretende reconquistar a Hermione assim, com esse jeito todo perdedor? - ela perguntou tranquilamente.

– Você ajuda muito Gina - ele ralhou encarando o prato.

– Só estou sendo franca Rony. A Mione mudou, ela está mais decidida, mais adulta, muito mais confiante... - ela tomou um gole de suco - A única coisa que não mudou foi o fato de ser apaixonada por você.

– Valeu - o ruivo sorriu para a irmã.

– Não estou falando isto pra te alegrar não. Ela até pode te amar, mas você tem que reconquistá-la Rony. Tem que usar todas as suas táticas para reconquistar a Mione.

– E como eu faço isso?

– Não faço ideia - ela tomou mais um gole do suco e comeu uma fatia de bolo.

– Ela vem pra cá hoje?

– Não. Está trabalhando em uma nova defesa para o pagamento dos elfos. Os velhotes da Corte não dão sossego pra ela ela respondeu displicente.

– Gina eu... Ehr - Rony limpou a garganta - Eu queria perguntar uma coisa.

– Sim Rony - Gina falou como se já imaginasse o teor da pergunta - É verdade. A Mione e o Tony nunca tiveram nada. Não posso falar em relação aos outros namorados, afinal, foram quatro anos que vocês se separaram, e como você, ela deve ter tido os casos dela, mas com o Antony não. Nunca tiveram nada mais íntimo além de beijos, mas fique sabendo que eu te enfeitiço se você falar pra ela que eu te contei - ela finalizou ameaçadora.

– Tudo bem Gina - ele sorriu - mas preciso mesmo de ajuda. Não sei o que fazer, nem por onde começar.

– Que tal... - Gina serrou os olhos pensando enquanto mastigava - E se você assistir uns filmes trouxas de amor hoje?

– Pra que?

– Pra aprender nos filmes como se conquista uma mulher, seu trouxa.

– Você é muito delicada Gina.

– Aprendi com você.

– E como eu faço pra ver esses filmes?

– Podemos pedir a tv e o dvd do Harry emprestados, e podemos ir a Londres e alugamos alguns filmes.

– Você sabe como fazer isso?

– Claro que sei Rony - ela disse como se a pergunta do irmão fosse absurda - Já fui muitas vezes com a Mione na locadora.

– Então vamos!

– Posso tomar café primeiro maninho?

– Pode! Vou me vestir. ele pareceu claramente mais animado.

– E separa um dinheiro pra gente trocar no Gringotes. Não vou gastar do meu.

– Tá legal!

Rony sempre se assustava quando precisava ir a Londres. Muita gente, muito barulho, muito movimento, muitos carros e ônibus, tudo junto em movimentos acelerados que o deixavam tonto. Gina foi a frente, afinal, ela já sabia onde e como alugar filmes trouxas.

Entraram na locadora e Rony agradeceu. Estavam perto do outono e aquele dia estava realmente frio, porém na loja tudo estava aquecido e ele lembrou que Hermione havia explicado que era o conticiotameno de ar que fazia a temperatura do mundo trouxa se adaptar ao clima. Ele viu muitas prateleiras com uma infinidade de filmes distribuídos por categorias e se encantou com a variedade.

Passaram pelas comédias, suspense, romances e encontraram as comédias românticas em frente à prateleira de terror. Rony arrepiou-se ao ver a capa dos filmes de terror. Pareciam comensais da morte ou dementadores... Horríveis, sem dúvidas.

– Gina - Rony chamou a irmã que colocava alguns dvds na cesta que segurava.

– Hum? - ela respondeu sem olhar o irmão.

– Por que aquela parte da loja tem uma porta? - Gina sorriu internamente pela graça que poderia fazer com o irmão.

– Ah - ela falou séria olhando para a porta - São filmes de amor, irmão. Se quiser ir dá uma olhada, pode escolher alguns, talvez eles tenham muito a te ensinar - ela segurou o riso.

– Tá - ele respondeu - Mas você não sai daqui.

– Tudo bem - ela sorriu discreta ao ver o irmão se afastar em direção à área reservada e não demorou muito mais que um minuto para que ele estivesse de volta, vermelho como os cabelos e olhando irritado para a irmã.

– Ginevra! - ele falou entre os dentes.

– O que foi Bilius? - ela respondeu desdenhosa.

– O que você quis dizer com ‘talvez eles tenham muito a te ensinar?’ - ele tinha os olhos cerrados.

– Nunca se sabe irmão - Gina sorriu gostoso da cara de bobo indignado que Ronald fez. Mas a irritação de Rony durou pouco. Graças aos seus quase 2m de altura, ele conseguia ver acima das prateleiras e fitou animado uma juba cor de chocolate bem conhecida abaixada escolhendo filmes na prateleira de comédias.

– Aonde você vai? - Gina perguntou - Decidiu pegar uns filmes de amor? - ela sorriu.

– Cala a boca Ginevra - ele respondeu azedo - A Mione tá ali do outro lado.

– Sério? - ela animou-se e acompanhou o irmão.

– Bom dia senhorita - Rony falou para as costas de Hermione que se virou e sorriu - Posso ajudá-la?

– Ah! Bom dia senhor - ela respondeu com um sorriso, entrando na brincadeira - Estou procurando uma boa comédia para desopilar a mente do trabalho e poder continuar mais tarde.

– Oi minha amiga - Gina abraçou a morena - Que coincidência!

– É verdade! - ela olhou de Gina para Rony.

– Ah - Gina começou - Como hoje não terei a ajuda de minha maravilhosa dama de honra, resolvi fazer um dia de filmes com o Rony e o Harry. Não quer vir?

– Ai Gina - Hermione suspirou - Sua proposta é tentadora. Desde ontem que não saio de casa fazendo a minha 'outra' defesa.

– E como está? - Rony perguntou.

– Na verdade, já está pronta, mas eu queria aperfeiçoar - ela respondeu.

– Ah não... - Gina falou - Se já terminou, vamos passar o domingo lá em casa. Vai ser divertido.

– E que tipo de filmes vamos ver? - a morena perguntou tentada.

– Peguei algumas comédias românticas pra rirmos um pouco, pensei em um ou dois suspenses. Acho que vai dar pra assistir uns cinco ou seis filmes.

– Ai que vontade de ir - Hermione falou num sussurro.

– Então está decidido - Gina foi rápida - Escolhemos os filmes, vamos com você em sua casa, você pega o Bichento e roupas e assistimos o dia inteiro.

– Está faltando a pipoca e o refrigerante - Hermione falou animada.

– Tá começando a ficar bom - Rony falou e as duas sorriram indo buscar mais filmes.

– Esse parece legal - Gina falou mostrando O Diário de Bridget Jones que acabara de ler a sinopse.

– Minha mãe já me indicou este, mas nunca vi - Hermione mostrou Nunca Fui Beijada.

– Que tal esse? - Rony mostrou Muito Bem Acompanhada.

– Esse parece ser bom - Gina disse colocando O Amor Não Tira Férias na cesta.

Escolheram mais dois filmes de ação, para não passar o dia envolto em melação, segundo Rony. Deixaram metade do dinheiro e foram para a casa de Hermione. Caminharam calmamente pelas ruas de Londres e foram direto para um beco onde poderiam aparatar.

Gina já conhecia o caminho. Rony sentiu um formigamento nas pernas quando sentiu o toque das mãos da morena, e em seguida, estavam de frente a um prédio cor de terra, com cinco ou seis andares.

– Vamos - Hermione indicou sendo seguida pelos dois.

Entraram no elevador, Hermione morava no penúltimo andar e Rony achou estranho pelo fato de ela nunca ter gostado de voar ou de alturas. Ela realmente havia mudado, Gina tinha razão. Ele teria que se esforçar ao máximo para tê-la novamente.

O apartamento era pequeno, embora fosse ideal para uma ou duas pessoas. Estavam na sala de visitas e Rony percebeu que seguindo o corredor dava pra o quarto da morena, pois foi lá que ela entrou primeiro e saiu com uma bolsa onde provavelmente estariam suas roupas.

Em sua frente havia uma passagem e ele viu a geladeira, então ali deveria ser a cozinha. Uma outra porta que deveria ser o banheiro, e na porta de frente ao quarto de Hermione, o que ele acreditava ser um escritório.

– Ah, desculpa Rony, você não havia estado aqui antes. Vem, vou te apresentar o apartamento - Hermione disse indo para o ruivo. Rony a seguiu e ela confirmou o que ele já havia deduzido - Fiquem a vontade que eu vou procurar o Bichento.

Desaparataram na Toca e o dia de domingo definitivamente foi muito divertido. Hermione preparou a pipoca com várias caldas: caramelo, manteiga, chocolate... Enquanto Harry encarregou-se do feitiço para abastecer os copos de refrigerante, Gina e Rony prepararam a sala e em pouco mais de 10 minutos tudo estava pronto.

Os sofás estavam estendidos para caberem os quatro confortavelmente, as luzes foram escurecidas e a imagem da tv ampliada. Rony lembrou-se da primeira vez que foi ao cinema com Mione, e pela cara dela, ela também.

– A Lisa não vem? - Hermione perguntou ao ruivo enquanto Harry colocava o primeiro filme.

– Não - Rony respondeu envergonhado, porém firme.

– Está tudo bem? - ela continuou.

– Sim, nós terminamos - Hermione sentiu um soco forte no estômago.

– Sinto muito Rony - ela conseguiu falar.

– Foi melhor assim - ele sorriu para a moça e os dois viraram para a tv.

Vez ou outra era possível ver as mãos dos dois se tocando e ouvir os estalos dos beijos de Harry e Gina, o que deixava Hermione extremamente encabulada. Rony estava atento em todos os filmes que passavam, em especial no Amor Não Tira Férias, de onde ele percebeu poder aproveitar muitas lições.

Estava atento também na morena que de tempos em tempos sorria animada de alguma situação engraçada. Ela era linda e ele faria o que fosse necessário para ter a mandona sabe-tudo de volta em seus braços.

– Acho que é melhor aparatar pra casa - Hermione falou olhando o adiantar das horas no relógio.

– Por que não dorme aqui Mione? - Gina perguntou sonolenta deitada nos braços de Harry, ainda assistindo o último filme.

– Acho melhor não - a morena respondeu - Não trouxe minha roupa de trabalho e além do mais, não encontrei o Bichento e ele está sozinho em casa e sem comida.

– Ah Mione - Gina argumentou fitando a amiga agora - Você ama mais o gato que os seus amigos.

– Não é verdade Gina - Mione respondeu ofendida - Só que ele não fala e eu sou responsável por ele, por sua saúde, integridade física, alimentação e moradia.

– Quem te ouve falando pensa que se refere ao seu filho - Harry falou sem tirar as vistas da tv.

– É Mione - Gina continuou - Nem com o seu namorado você se preocupa desse jeito.

A conversa foi interrompida por um estampido alto vindo do sofá. Rony, que escutava tudo calado acabara de derrubar, sem querer, uma travessa de louça cheia de pipocas, fazendo além do barulho, uma grande bagunça.

– Foi mal - ele falou corado abaixando-se para pegar os pedaços de louça no chão.

– O Roniquinho nunca vai deixar de ser desastrado - Gina continuou fitando novamente a amiga, que tinha a atenção em outro lugar - Vai ficar?

– Droga - a voz do ruivo saiu num sussurro irritado levando o dedo à boca e Hermione apresou-se em ajudar.

– Está bem? - ela perguntou preocupada, abaixando-se ao seu lado.

– Só foi um corte - ele respondeu ainda irritado - Já passa.

– Você é um bruxo Rony. Poderia usar a varinha - ela disse com um tom amável levantando-o pela mão e limpando a bagunça com um simples floreio.

– Não sou muito bom em magias domésticas - ele falou olhando-a nos olhos. O clima agradável entre os dois chamou a atenção do outro casal que desistiu momentaneamente do filme na TV para fitar o casal a sua frente.

– Deixa eu ver esse corte - a morena fitou o corte no dedo do ruivo segurado gentilmente a sua mão. Estava mais profundo que o necessário, mas era fácil de cuidar.

– Tá tudo bem ai? - Gina falou sorridente mostrando-se presente ainda na sala. Os dois olharam constrangidos para a ruiva, mas não mudaram as posições. Estavam de frente um para o outro e com uma das mão Hermione segurava a mão do ruivo. A outra mão segurava o dedo indicador ferido.

– Preciso da caixinha de poções curativas - Hermione falou no seu tom sempre certo - Este corte está feio.

– Certo - Gina sorriu e recostou a cabeça no ombro de Harry, ficando novamente de frente para a tv - Está no meu quarto, em cima da prateleira. Precisei hoje de manhã.

Os dois caminharam em silêncio até a escada. Hermione foi à frente e subiu os dois vãos da escadaria que dava para o quarto de Gina sentindo-se a mais idiota de todas as mulheres do planeta. Deveria se afastar do ruivo e tentar se apaixonar novamente e a única coisa que fazia era se aproximar cada vez mais dele.

Entrou primeiro no quarto de Gina e da porta já avistou a cesta onde havia poções preparadas para acidentes e eventualidades. Dirigiu-se a ela e pegando-a nas mãos, virou-se para o ruivo que continuava parado e em silêncio.

– Sente-se aqui, por favor, Rony - ela falou indicando a cama de Gina e sentou-se em seguida.

– Não precisa fazer isso Mione. Melhora logo - ele falou olhando-a e ela se perdeu nos olhos. O menininho que conhecera aos onze anos continuava ali, dentro dele.

– Precisamos limpar esse corte senão depois fica mais difícil. Aqui deve ter essência de ditamno também - ela começou a fuçar a caixinha em busca do que precisava para seus primeiros socorros.

Colocou tudo separadamente sobre a cama, pegou a mão do ruivo, sentiu o estômago gelar novamente. Olhou-o nos olhos e com um sorriso tímido começou a cuidar do ferimento.

– Obrigado por se preocupar - ele agradeceu enquanto ela cuidava do machucado. Não percebia que ele observava cada movimento como se decorasse tudo o que ela fazia.

– Sempre me preocupei com você, Rony... - ela arfou e segurou o ar sem levantar a cabeça - ...e com o Harry - completou, mas o ruivo havia percebido o teor da afirmação e o seu tom. Ele sorriu.

– Sempre me preocupei com você também Mione - ela o olhou assustada depois de colocar a essência sobre o corte.

– Está pronto - ela levantou-se - Amanhã estará como novo.

– Obrigado - ela ia saindo do quarto quando sentiu a mão do ruivo segurando seu pulso. Ela parou.

– O que foi? - ela perguntou tentando parecer o mais chateada possível.

– Só queria te dizer que sempre senti sua falta.

– Ronald, não fale essas coisas...

– Hermione, eu não consigo viver longe de você.

– Até onde me recordo, você viveu por quatro anos, e muito bem - as bochechas começaram a corar.

– Não tão bem quanto você, imagino - o ruivo sentiu as orelhas esquentarem.

– O que você quer dizer com isto? - ela colocou as mãos na cintura ameaçadoramente.

– Nada de mais, mas parece que falei a verdade.

– Olha aqui Weasley - ela batia o dedo indicador no peito dele - Não pense que tem o direito de se meter na minha vida e falar ou pensar besteiras depois de passar quatro anos longe de mim.

– Ah é Granger - ele falou mais alto - Pois fique você sabendo que eu falo e penso o que eu bem quiser a hora que eu entender sobre o que me der vontade.

– MINHA VIDA NÃO LHE DIZ RESPEITO. - ela urrou.

– MUITO MENOS A MINHA A VOCÊ. - ele seguiu o mesmo tom.

– VOCÊ É UM TRASGO RONALD. UM... UM... UM OGRO DAS MONTANHAS.

– E VOCÊ UMA SABE TUDO IRRITANTE QUE NÃO CONSEGUE VER UM CENTÍMETRO ALÉM DO NARIZ.

– COMO SE ATREVE A ME OFENDER WEASLEY?

– VOCÊ PODE ENTENDER DE LIVROS HERMIONE, MAS NÃO ENTENDE NADA DE SENTIMENTOS. EU PASSEI OS PIORES QUATRO ANOS DA MINHA VIDA. O PRIMEIRO ANO FOI O MAIS DOLORIDO E PASSAR TRÊS ANOS EM OUTRO PAÍS FOI INSUPORTÁVEL.

– NÃO ME INTERESSA RONALD. VOCÊ POR ACASO ACHA QUE ME DIVERTI E ADOREI TODOS ESSES ANOS? POIS FIQUE SABENDO QUE NÃO.

– VOCÊ NÃO ENTENDE.

– NÃO. NÃO. EU NÃO ENTENDO. NÃO SEI FALAR A LÍNGUA DOS TRAGOS.

– EU AMO VOCÊ HERMIONE - ele gritou as palavras enquanto segurava a morena pelos ombros e a fitava nos olhos - Eu amo você! Sempre amei. Entendeu?

– Ronald, eu... - Hermione sentiu novamente os nós que se davam em suas entranhas quando ele se aproximava demais.

Ronald Bilius Weasley era capaz de fazê-la viajar e saltar da raiva lascinante ao desejo mais profundo. Ele brincava com seus sentimentos e ela se sentia fraca a cada segundo, sentia a respiração dele mais próxima da sua, os lábios mais próximos dos seus, não teria como fugir agora, estava perdida...

– Vocês estão vivos? - Gina interrompeu brincalhona os dois e sorriu ao presenciar a cena, embora tenha se sentido péssima por atrapalhar. Será realmente que seria sempre assim, esse extremo insuportável entre Ronald Weasley e Hermione Granger?

OoO




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Notas finais do capítulo

Então está ai... Espero os comentários. Bom final de semana para todos. :)



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