Entendendo Os Sentimentos escrita por Andye


Capítulo 11
Nunca Vou Me Esquecer de Você


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo tem trilha sonora, então não deixem de ouvir a música quando aparecer o *
N/A: Espero que Gostem...
OBS: Coloquem para carregar e soltem quando o * aparecer...



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Rony estava há alguns dias pensando em demasiado na vida. Não tinha ânimo para sair, ou o que quer que fosse, e estava deixando a maioria das coisas e pessoas para trás.


Pensava sem descanso no que havia conversado com Harry, Gina, Jorge, Gui e até o Percy e o Charles e não conseguia chegar a uma conclusão diferente da de terminar seu namoro com Lisa, embora não soubesse como, não via brechas para que pudesse fazer o que desejava.


Não poderia mentir, ela era sem dúvidas uma ótima companhia e deveria estar feliz por ter uma mulher tão perfeita ao seu lado. Deveria, mas não se sentia assim. Pensava em Hermione vinte e cinco horas ao dia. Pensava em como estava tão linda, tão madura e forte e imaginar que ela estaria nos braços do Thompson o deixava desesperado. Ele se via de mãos atadas, sem ter realmente o que fazer.

Gostava de Lisa, não poderia mentir, mas não o suficiente. Ela era dedicada e delicada. Extremamente feminina e excitante. Nos primeiros meses de namoro, tudo até que ia bem. Gostava dos seus momentos a sós e se sentia bem ao seu lado, embora não estivesse completamente feliz.

Sabia que precisaria amá-la para que o relacionamento deles desse certo, e mesmo que o sentimento nutrido por ele não fosse tão forte, imaginou que poderia aprender, com o passar do tempo, a sentir o mesmo que ela.

Apenas pensou. Ela era realmente formidável, mas ele sentia falta de pequenas peculiaridades e isso o machucava. Sentia falta do cheiro adocicado da pele 'dela' quando sentia o perfume de Lisa.

Sentia falta da pressão que fazia na coluna para beijar a 'ela' quando beijava Lisa. Sentia falta do encaixe do corpo 'dela' no seu quando ele e Lisa tinham intimidade. Sentia-se péssimo por pensar assim, mas sentia falta do toque 'dela', da voz 'dela', dos olhos 'dela'. E acima de tudo, sentia falta 'dela'.

Embora tenha imaginado que tudo isso pudesse ficar apenas em sua mente, pensou que poderia superar a falta 'dela', mas reencontrá-la há meses atrás na Toca para o almoço de Gina e Harry fez com que ele perdesse todas as certezas que havia tentado nutrir em todos os anos que estiveram separados.

O namoro com Lisa já durava há quase dez meses e ele não seria mais conivente com isto: nem com o namoro de mentira, nem em enganar o que sentia. Lisa era encantadora. Sempre fora desde o início do treinamento, há quase três anos, mas não era justo com eles que continuassem assim.


– Olá Ronald - reconheceu a voz de Lisa no enorme tigre prateado que iluminou seu quarto - Estou preparando um jantar para nós. Faz tempo que não namoramos. Espero você em casa às 20h. Não se atrase. Tenho certeza que irá gostar.


Droga, pensou. Era tudo o que não precisava agora, um jantar romântico com Lisa. Bufou ao deitar a cabeça violentamente sobre o travesseiro. Lamuriou-se alguns instantes, mas quem sabe teria a oportunidade de conversar e resolver tudo de uma vez esta noite.


– Mãe - ele disse ao sentar-se em uma cadeira na cozinha - Vou jantar com a Lisa hoje.

– Volta pra casa? - a mãe perguntou tranquila enquanto lavava alguma coisa.

– Desde quando a senhora se tornou tão liberal? - o jovem riu.

– Desde que tenho seis filhos adultos e cheios de fogo - ela sorriu de volta - Acabei me acostumando com as escapadas do Jorge e do Percy. E agora as da Gina.

– Ah... - o ruivo suspirou enquanto mastigava uma maçã, pensativo - Mas eu pretendo voltar pra casa sim, não se preocupe.

– Está tudo bem com você Rony? - a matriarca perguntou certa do problema.

– Está sim mãe. Ao menos, imagino que vai ficar.

– O que tem em mente, Ronald? - ela insistiu.

– Nada de mais mamãe, só vou resolver minha vida de uma vez por todas. - ele descontava a angústia na maçã.

– Meu filho, por favor... Não leve as coisas que a Gina e o Jorge falam tão ao pé da letra.

– Eles tem razão mãe. Todos tem. Estou querendo enganar a quem?

– Meu filho...

– Não mãe. Vou resolver isto de uma vez por todas. Vou dar um jeito nisso tudo. Eu preciso recuperar a Mione antes que seja tarde demais. Preciso convencê-la de que nos amamos e seremos felizes juntos - a mãe abraçou o ruivo carinhosamente.

– Que bom meu filho. Que bom que você finalmente percebeu - a matriarca tinha um sorriso satisfeito na face.

– Sim, mamãe. Percebi e sinceramente, eu não estou disposto a perder nem mais um minuto.

– Está certo querido. Sei que fará o que é certo. Se tornou um grande homem meu filho e eu me orgulho muito de você.

– Obrigado mãe.


Rony passou o resto da tarde de sábado em frente ao espelho, ensaiando o que falaria para Lisa. Hermione não tinha ido passar o fim de semana na Toca, Gina lhe dera uma 'folga' como ela mesma disse e com certeza ela estaria nos braços do Thompson agora.

Esse pensamento enchia o coração do ruivo de desespero e vontade de terminar com tudo de uma vez. Se pudesse aparataria no apartamento da Mione, embora não soubesse onde ficava, e a buscaria, diria tudo o que sentia e a tomaria em seus braços para um beijo profundo e reconciliador.

Vestiu-se então da melhor forma que pode. Era um jantar informal, no apartamento da Lisa, não sairiam depois dali, então não precisava vestir uma beca. Procurou uma roupa leve já que sentia um peso enorme em seu corpo. Precisava se liberar. Não estava mais suportando esta situação.

Colocou uma calça jeans azul escuro, uma camisa de malha na cor marrom por cima da conhecida camiseta branca, um sapatênis, que ele passou a adorar desde que ganhara um de Hermione em um de seus aniversários, e uma jaqueta em couro vinho escuro por cima.

O cabelo, que estava bem maior desde que voltara para Londres, foi penteado para trás e ele assentou os fios rebeldes com o fixador que frequentemente furtava da penteadeira no quarto de Gina.


– Já vai meu filho? - Molly perguntou ao ver o filho descer as escadas - Não era as oito o jantar?

– Na verdade, é sim mãe - ele respondeu meio sem graça - Mas quero andar um pouco antes de aparatar na casa dela. Preciso aliviar a cabeça... Pensar.

– Tudo bem meu amor - Molly sorriu ao acariciar o rosto do filho - Sei que você fará a coisa certa. Confio em você e você deve confiar em seu coração.

– Obrigado mãe. Amo muito a senhora - eles sorriram um para o outro e se abraçaram em seguida.

– O pai tá ai? - Rony perguntou após um tempo em silêncio.

– Ainda não voltou da casa do Gui.

– Tudo bem. Volto logo.

– Boa sorte - a mãe acariciou o rosto do garoto que tinha o futuro de sua vida em suas mãos. Ela sabia o quanto era pesado para ele aquele fardo, mas confiava no seu caráter e tinha a certeza que ele faria o que era certo.

– Obrigado, mãe.

Rony havia caminhado pela cidade tentando concentrar as forças para não fraquejar.Chegou à casa de Lisa às oito horas em ponto, como ela presava a pontualidade, preferiu não irritar a garota; não antes do que precisava dizer.

Ela estava linda como sempre. Usava um vestido longo preto com um desenho que lembrava as penas de um pavão. Ele era simples e justo na cintura e tinha um decote em v profundo, que deixava os seios volumosos e firmes a mostra em um ousado decote.

Usava um brinco delicado e uma pulseira, sandálias baixas e um perfume inebriante.Os cabelos estavam soltos sobre os ombros e o sorriso dela era simplesmente encantador.

Os olhos brilhavam com carinho e estava mais do que evidente para Rony que ela havia planejado àquela noite muito bem e ele realmente sentia-se mal por frustrar os sentimentos que ela nutria por ele. Ele sorriu de volta e após um selinho, entrou no apartamento.

Conversaram um pouco; menos do que ela esperava e mais do que ele achava necessário, e após uma taça de vinho, Rony decidiu que falaria logo, antes que o coração explodisse e ele sumisse dali ou fraquejasse e não conseguisse continuar. Sentia-se péssimo pela situação na qual se metera e sentia-se muito pior por fazer uma pessoa como Lisa sofrer.

– Precisamos conversar Lisa - ele começou e a morena estremeceu.

– Podemos jantar antes? Eu fiz Borshch¹, Pelmeni² e Blinis³, e comprei vodca. Tudo tipicamente russo e trouxa. Sei que você gosta desses pratos desde o curso - ela falou sorrindo.

– Não Lisa - ele foi firme e ela fraquejou - Eu realmente agradeço, mas precisamos conversar. E sério.

– Pode falar então - ela disse sentando-se no sofá - O que aconteceu?

– Na verdade, eu quero falar sobre o que não aconteceu.

– Não estou te entendendo Rony? - a moça parecia aflita.

– Você sabe que estamos juntos apenas por uma casualidade, não sabe? - ele arrependeu-se instantaneamente pelas palavras ditas ao ver os olhos da moça entristecerem e brilharem com as lágrimas que já se formavam.

Merda, pensou. Passou a tarde inteira treinando como falaria com ela e no momento em que deveria ser o menos rude foi o mais grosso e insensível que poderia imaginar. Agora tinha certeza, Gina estava totalmente certa: ele era realmente um trasgo.


– O que você quer dizer com isto? - a voz dela estava trêmula.

– Eu não sei por onde começar Lisa - Rony esfregava as mãos num gesto de nervosismo - Mas eu acho que preciso ser franco com você e sobretudo comigo.

– Fala logo Rony... - ela o olhou nos olhos, apreensiva.

– Bem... - ele limpou a garganta para continuar - Começamos a namorar porque tinha uma responsabilidade com você... A criança que você esperava foi o único motivo do início do nosso namoro.

"E eu aprendi a ser responsável com tudo o que faço desde pequeno, então não te desampararia e nem a criança que você esperava, e eu realmente pensei em casar com você, pensei que pudéssemos dar certo depois de tudo e...

– Não pensa mais? - a primeira lágrima caiu solitária no rosto da moça e Rony desesperou-se. Não suportava ver uma mulher chorando, mas não poderia mais voltar atrás. Iria até o fim.

– Na verdade... Lisa... - as palavras pareciam não sair.

– Rony, eu te amo tanto - Lisa não controlava mais as lágrimas. Ela já imaginava que isto iria acontecer, mas era duro para ela aceitar.

– Eu sei Lisa, e é por isto que eu não posso mais continuar te enganando - Rony falava com um sussurro doloroso ao encarar a moça. *

– Rony... Nós podemos superar isto - a voz dela começava a falhar - Eu não quero te perder...

– Eu não estaria sendo honesto com você se eu permitisse que este relacionamento continuasse como está agora.

– Foi o que pensei - ela enxugou o rosto com o dorso da mão - Obrigada pela honestidade, você realmente é muito especial.

– Lisa, me perdoa. De verdade, me perdoe por tudo o que aconteceu com a gente, desde aquela bebedeira toda...

– Não me peça desculpas Rony, por favor... - ela chorava em silêncio - Para mim foi tudo muito mais do que perfeito, mesmo que não estivéssemos em sã consciência, o que eu mais queria era te ter e eu não te culpo por nada do que aconteceu entre nós.

"Você sabe que eu não engravidei de propósito, estava tão ou mais embriagada que você e mesmo que minha atitude não tenha sido a mais bonita para uma mulher, eu fiquei muito feliz em imaginar que pudéssemos viver juntos, que teríamos um filho e que poderíamos ser uma família e também não te culpo por ter perdido a criança, mas eu não posso aceitar suas desculpas, eu fui feliz durante esses meses em que estivemos juntos...

– Não da pra continuar nos machucando desse jeito, não é justo. Você é maravilhosa, é linda, alegre, sensível, inteligente, amiga... Qualquer homem cairia aos seus pés com um único piscar de olhos seus...

– Mas não você, não é? - ela perguntou já sabendo a resposta e mais uma lágrima silenciosa caiu.

– Lisa, eu sei que você deixou sua família, sua vida pra vir comigo. Sei que o seu sentimento é verdadeiro e sei que você fez de tudo para estarmos bem. Mas eu não tenho o direito de brincar com seus sentimentos, e nem com os meus.

– Você não me obrigou a nada Rony, eu vim porque eu quis - ela sorriu entre lágrimas - Na verdade, eu sempre quis, você sabe.

– Eu sei... E eu me sinto a pior das pessoas por estar te falando essas coisas, mas eu preciso realmente que você entenda que estamos apenas nos ferindo, nos machucando criando esperanças que não existem. Eu sinto muito.

– Rony, eu...

– Por favor Lisa, não torne as coisas ainda mais difíceis.

– Eu te amo muito Rony - as lágrimas da moça voltaram a cair descontroladas - Desde que te conheci eu soube que o que eu sentia por você era especial. Era real, e não apenas mais uma paixão dessas que a gente tem na escola. E eu fiz de tudo, de tudo para que você percebesse que eu te amo mais do que tudo o que eu poderia amar.

“Eu sei que eu errei muito. Tentei te mudar... Não me adaptei a sua vida nem ao estilo de vida que a sua família leva, eu sei... Mas eu queria muito uma oportunidade de mostrar que as coisas nem sempre são difíceis.”

“Eu mudei, eu juro, mesmo achando que a consciência que deveria mudar chegou tarde, eu sei que melhorei. Por favor, me deixa tentar novamente Rony, por favor. Eu preciso tentar de novo... Me deixa te mostrar que você pode ser feliz, por favor, não termina tudo assim...”

– Eu não posso Lisa. Sinto muito - ele olhou os sapatos.

– É ela, não é? A Hermione Granger?

– Sim... - mais uma lágrima caiu dos olhos azuis de Lisa ao ouvir a voz dele - Eu sinto muito.

– Queria muito que você se desse a oportunidade de esquecê-la de verdade, Rony. Eu não sou boba, sabe? Eu sempre percebi o jeito que você olha pra ela. Sempre notei o quanto sentia ciúmes ou como seus olhos brilham quando fala dela, e eu tentei com todas as forças que ao menos um pouquinho dessa atenção fosse minha... Mas eu não consegui. Eu falhei nessa batalha.

– Lisa...

– Não precisa falar mais nada Rony. Eu não sou ninguém para te obrigar a algo, muito menos te forçar a alguma coisa. Tentei com todas as forças lutar contra os seus sentimentos pela Granger, mas eu percebi há um tempo que não seria possível, embora não tenha me dado por vencida.

“Vocês se amam de uma maneira avassaladora e eu sei que ela está com o Thompson só para não se sentir só. Acredito que em breve ela terá uma conversa parecida com essa com ele - ela sorriu novamente em meio às lágrimas - Eu realmente sinto muito que não tenha conseguido fazer que você me ame como eu o amo, mas eu compreendo quando não existem mais armas e a luta está terminada.”

“Eu só te peço que você lute também Rony. Não deixe que ela escape das suas mãos nunca mais. A dor de perder alguém que amamos é muito triste, muito dolorosa. Jamais te obrigarei a nada, você não me deve nada e precisa viver a sua vida e ser feliz... Você merece um grande amor... Não que meu amor por você não seja grande, mas eu não soube te dar.”

– Lisa, por favor...

– Tudo bem Rony, eu já entendi tudo, não se preocupe. Falarei com o chefe do departamento de aurores segunda e vou pedir para voltar para a Rússia.

– Não precisa ser assim Lisa...

– Precisa sim. Vai ser melhor pra todo mundo assim Rony, pode ter certeza. E independente de qualquer coisa, saiba que eu o amo muito, e mesmo que tenha sido como amigo, foi muito bom estar perto de você esses meses. Fui muito feliz apesar de todos os pesares.

– Lisa...

– Seja muito feliz mesmo, Rony. Te desejo de todo o coração. E me desculpe ter me metido na sua vida, ou tentado de alguma forma. Ela já foi completamente preenchida e realmente não sobra espaço para mais ninguém.

“Gostaria de ter coragem para parabenizar a Granger pelo homem maravilhoso que a ama tanto, mas eu não tenho, afinal, fui uma Sonserina, e coragem não é uma de nossas pricipais qualidades. Mesmo assim, obrigada por tudo Rony, e até qualquer dia.”


Lisa levantou-se do sofá onde estava sentada e dirigiu-se á porta abrindo-a. Os olhos estavam embargados em lágrimas de dor e pesar e ela olhava Rony nos olhos. Ele levantou-se ainda sem saber ao certo o que estava acontecendo, ainda desnorteado por tudo o que havia sido dito e foi em direção à porta também.


– Não se esquece de mim, tá? - ela pediu em meio a um sorriso tristonho.

– Não vou esquecer.

– Nunca vou me esquecer de você - e abraçaram-se. Rony saiu e a porta se fechou. Acabou!


OoO

Dicionário

¹Borshch é sopa de beterraba, um dos mais famosos alimentos tradicionais da Rússia. A beterraba como base para uma sopa parece estranho para muitos ocidentais, mas há muitas razões para que esta sopa seja um dos pratos mais famosos da Rússia. Cheio de legumes e carne, os sabores nesta sopa são especialmente agradáveis acompanhados de farto creme de leite fresco.

²Pelmeni são bolinhos de massa recheada com almôndega. Podem ser servidos sozinhos, na manteiga e coberto com creme azedo, ou em um caldo de sopa.

³Blinis são enrolados com uma variedade de recheios: queijo, compotas, cebolas, ou até calda de chocolate. Em qualquer restaurante onde você não tem certeza de qualquer um dos outros pratos, os blinis são sempre uma aposta segura.


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Notas finais do capítulo

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