Tinha agito bem melhor do que pensava, não havia gritado, nem explodido, não era desse tipo de gente, acreditava em tudo aquilo, mais precisava de tempo para entender que era tudo real.

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Já conseguia ver a casa de Nilda e Antônio, sabia que viria muitas perguntas por ai, e eu não queria respondê-las. Não falaria nada sobre a história dos lobos, mas teria que inventar alguma desculpa. Parei, achei melhor pensar em uma desculpa antes de entrar na casa. "Hm... Hm... Tá, eu vou falar que a gente conheceu uma menina super legal em La Push e que a Laryssa se apegou muito a ela, e resolveu ficar lá na casa dela. Isso, vai ser isso!" pensei. De certa forma não era mentira, só que não era uma menina, era Seth...

Cheguei na porta, respirei fundo e preparei meus dons de atriz. Abri a porta e como eu esperava, muitas perguntas:

– Ainda bem, senhor. Como vocês somem assim? E não atende o celular? Cadê a Laryssa? ...

Percebi que Nilda não faria mais perguntas, então comecei a responder uma a uma:

– Ela conheceu uma menina... lá em La Push e... ela ficou lá... - Nossa! Palmas pra mim! Como eu posso mentir tão mal assim?

– Como assim "ficou lá"?

– Ela se apegou muito... a menina e... ficou lá... na casa dela.

– Ela tá doida? Ela conheceu a menina hoje e já entrou na casa dela? Qual o nome dessa garota?

Ferrou! E agora? Eu não tinha roteiro pra essa pergunta.

– Seth! - Não! Não! Como eu pude dizer isso? Seth era nome de homem! Por que eu não disse... Emily, ou.. Leah? Mas Seth? Sim, eu era muito idiota.

– Seth é nome de homem, não é? - como eu esperava...

– É, mas... A culpa é da mãe dela. A senhora vai querer questionar a escolha de nome da mãe da garota? - se ela desconfiou da minha resposta, eu não percebi.

– Tá, tudo bem, mas a Laryssa tá com celular dela? - Antônio entrou na conversa.

– Tá sim.

– Do que adianta? Tá sem bateria, né Maria? - Nilda olhava pra mim.

O celular não estava sem bateria, eu que havia desligado.

– Na verdade... Ainda tinha um pouquinho... Eu deliguei o telefone pra conservar um pouco de bateria... Então, tenta ligar pra ela... vai que ela atende...

Peguei uma maçã que estava na fruteira, e fui subindo as escadas. Mas Antônio me parou e disse:

– Então é isso? Você não vai nos contar o que aconteceu lá?

– Talvez mais tarde, estou cansada.

Não estava cansada, mais necessitava de um tempo sozinha. Subi as escadas mais rápido, com medo de que alguém me paresse novamente.

Entrei no deixei os sapatos lá e fui para o banheiro. Tirei a roupa e entrei no box, liguei o chuveiro e fiquei debaixo d'agua, tenho a estranha mania de pensar na vida enquanto tomo banho, por causa disso demoro muito tempo.

Como pode ser tudo real? Todas aquelas histórias que minha mãe contava quando eu era pequena, quando eu desobedecia? "O lobo mau vai te pegar, hein?" Lembrei dela dizendo. Era tudo verdade. E o que era mais estranho, eu tinha visto eles antes, não pessoalmente, mas nos meus sonhos! Eu havia sonhado com eles Confesso que, se não tivesse visto aquele, quer dizer, Sam, na floresta, não acreditaria. Mas como eles viraram isso? E por que? Tá, não tinha muito o que pensar em relação a isso. Perguntaria a Jacob amanhã.

Mas o que eu queria entender era isso que eu sinto por ele. E o que ele sente por mim. Imprinting? Acho que é isso... Parece ser algo forte, algo que o faz sofrer. Não dava pra pensar muito nisso também, eu não sentia.

Mas...

O que eu queria entender era o que era isso que eu sentia quando o via? A vontade de ir lá abraça-lo, como se tudo o que eu precisasse estivesse ali, eu sei, parecesse clichê, mas é se for? Eu já me apaixonei antes, mas não é nem comparado ao que eu sentia naquele momento. Como se ele fosse pereito pra mim. Mas ele disse isso pra mim, que eu era perfeita pra ele... Lembrei de Seth e Laryssa eles era mesmo perfeitos justos, e Emily e Sam, não sabia se eles tinham esse "imprinting", mas também eram como duas peças do quebra-cabeça, se encaixavam tão pereitamente.

Jacob, de novo tomou conta dos meus pensamentos, seu sorriso, seu olhar. E isso já estava me assuntando. Eu sei, é estranho, os personagem principal das histórias de terror que minhas primas mais velhas me contavam para mim ficar com medo existiam, eu não tinha mais certeza de nada, exceto...

Eu amava Jacob, e isso era fato. Eu precisava dela, não só agora, mais pra sempre.

E isso me fez perceber que ainda estava no banho. Fechei o registro e sai do box, peguei a toalha, me enxuguei e me enrolei na toalha. Fui até o quarto, abri a mala e peguei um short e uma blusa qualquer. Depois que me vesti, deitei na cama, não tinha muito o que fazer agora. Lebrei que tinha que botar o meu celular pra carregar, levantei da cama e fui procura-lo. Achei no meu de umas roupas e peguei o carregador. " Ok, onde tem uma tomada? " penasei. Atras da cama, "Que ótimo!", puxei a cama e coloquei o carregador na tomada e liguei o celular. "7 chamadas perdidas" apareceu no visor do celular. Laryssa! Meu Deus, o que ela queria? Estava me sentindo culpada por ter brigado com ela, estava apenas fazendo o certo, não pudia me contar, não naquele momento. Retornei a ligação:

– Caraca, cara! Não atende celular, não? - estava feliz por ouvir a voz dela, me sentia mal quando brigavamos...

– Desculpa, tava sem bateria...

– Tudo bem ai? Como você está?

– Tô bem.

– Você sabe do que estou falando! - Sim, eu sabia. Mas não dava para falar sobre aquele assunto ali, por telefone.

– Sim, eu sei. Mas não dá pra conversar isso por telefone, a gente pode falar disso quando você chegar aqui?

– É... Olha... - Vish, ela tava me assuntando. - Eu não vou dormir ai hoje, avisar os meus avós pra mim?

– Você vai dormir aonde?

– Aqui.

– Ah! Você. Vai. Dormir. Ai. Com. O. Seth. Legal... - Uma amiga normal falaria que estava cedo demais ou pra ela usar proteção, mas eu não sou uma amiga normal e começei a rir. Ah, qual é o problema? Eles estavam destinados um ao outro, certo? Ela riu junto.

– Para! Sua mente poluída! Ele vai dormir no quarto dele e eu no da Leah! - disse ela, tentando se defender.

–Ata. Acredito! - disse em tom de ironia, rindo muito.

– Para! Não vai acontecer nada, está bem? - Eu ia responder, mais ela disse primeiro - Avisa pro meus avós?

– Tudo bem. Mais acho que eles não vão gostar nada de saber que você vai dormir na casa da sua amiga Seth.

– Amiga?

– Sim, amiga. Agora você tem uma amiga chamada Seth. Parte da minha história para explicar porque a senhorita não estava em casa. - disse rindo.

– Mas Seth é nome de homem! - gargalhando ela disse.

– Eu sei, mas foi o primeiro nome que veio na minha cabeça. Você devia me agradecer, em vez de ficar reclamando. - (risos).

– Ui, tudo bem. Mas eles acreditaram nisso, cara?

– Hãn... Então... Eu acho que não.

Ela riu. E respondeu:

– Também, né?

A conversa, até agora tinha sido descontraída. Mas eu precisava saber, saber se como ele estava.

– Como ele tá? - minha voz foi quase um susuro.

Ela entendeu, e todas as brincadeiras e zuações do ínicio da conversa, por um momento sumiram.

– De certa forma, bem. Ele chegou e se trancou no quarto, só disse algo de se odiar, e tal. Mas depois eu falei com ele, disse que você precisava entender o que estava acontecendo e que viria amanhã aqui.

– Sim, eu vou.

– Ele vai gostar de saber... Bom, eu tenho que ir, a Emily tá me chamando. Tchau. Te amo, sua idiota.

– Ok, tchau. Também te amo, retardada.

Desliguei. Pensei um pouco na minha amizade com a Laryssa. Eu amava ela, amava nossa amizade. Cheia de xingamentos, zoações, mas verdadeira, e isso não tinha preço, não se encontrava em qualquer lugar.

Depois Jacob voltou a minha cabeça, já estava virando rotina. Eu não queria faze-lo sofrer, iria a La Push agora se pudesse, mas sabia que depois de contar aos avós de Laryssa que ela durmiria com a "amiga", eles não deixaria sair de casa.

Desci as escadas. Nilda estava na cozinha fazendo algo que cheirava bem, - não tinha comido nada desde das panquecas de Emily, mas, de alguma forma, não estava com fome - e Antônio vendo jornal da TV.

– É... a Laryssa mandou avisar que ela vai dormir na casa da Seth. - eu ri baixinho.

– Como assim vai dormir lá? - Nilda pergutou, desacreditando no que acabara de ouvir.

– Bom ela só me ligou e pediu pra eu avisar. Ligue pra ela. - Não queria responder aquelas peguntas, avisei e subi.

No quarto pude ouvir Nilda falando ao teleone com Laryssa, já que gritava "Você está doida, menina?".

Ignorei e deitei na cama, dormindo em poucos minutos.