Levantei e limpei as lagrimas, certa que viria mais dúvidas, mais problemas e mais dor por aí.

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Ele chegou mais perto, e sentou-se ao meu lado. Ficou calado, olhando o mar. De início gostei do seu silêncio, mas depois me irritei. Ele ia ficar ali parado? Ele veio só pra olhar o mar? Então ele podia sentar em outro lugar, não ao meu lado, certo? Como tinha previsto, mais perguntas... Sam disse que era Jacob que me contaria o tal segredo, então, olhando pra ele, perguntei:

– Não vai falar nada?

– Por que você estava chorando? - continuou olhando o mar.

– Hã? Não era bem isso que eu queria que você dizesse.

– Não respondeu a minha pergunta.

– Isso te interessa?

– Mais do que você imagina! - não estava blefando, falava a verdade, mas... no que isso interessava a ele?

– Não devia responder as minhas perguntas? - E então ele olhou pra mim. Não era como as outras pessoas me olhavam, ele olhava no fundo dos meus olhos, e aqui me deu arrepios, ele chegou em um lugar que ninguém jamais chegou. Desviei o olhar.

– Me faça uma pergunta. - disse ele.

Reorganizei meus pensamentos, decidindo qual pergunta seria a primeira a ser respondida. Acho que ele não gostou muito da minha escolha:

– O que era aquilo que Embry disse que você tinha sofrido por mim?

Ele desfiou o olhar para o mar, estava tenso.

– Imprinting?

– Sim.

Ele não continuou, o insentivei:

– O que é isso?

Ele continou calada, parecia escolher as palavras certas para me falar:

– Olha, antes de eu te contar alguma coisa, me prometa que não vai sair correndo e que independente do que eu dizer, vai acreditar em mim! Que terá mente aberta, que por mais que impossivel que seja a coisa, é real! Me prometa!

– Já é a segunda vez que ouço esse discurço.

– Me prometa!

Sabendo que ele não me contaria nada se eu não prometesse, :

– Ok, eu prometo!

Ele mecheu na areia, olhava o mar, olhava pra mim, e os olhos voltavam ao mar de novo, sem saber por onde começar, enrolou mas um pouco, até que disse:

– Já ouviu falar de lendas sobre lobisomens?

Olhei pra ele confusa. O que os humanos que viravam lobos tinha haver com isso? Não que eles fossem lobisomens... Derepente, fiquei em choque, tudo vez sentido: aquela criatura que eu vi, era um lobo! E um humano também! Sam! Por isso que sempre olhavam pra ele quando eu falava sobre o bicho! Todos ali era lobisomens, por isso a tatuagem! Jacob também era! E Seth! E Laryssa sabia! Minha mente deu uma volta, fiquei tonta. Não sabia o que fazia, eu queria correr, mas uma parte de queria ficar ali, como tinha prometido, e saber mais sobre essa história. Eu levantei rápido, e quando vi, ele também estava de pé:

– Você. É. Um. Lobisomen. - disse chocada.

– Sim, eu sou, mas não como dizem as lendas, eu não vou te machacar, ninguém aqui vai, eu prometo, acredita em mim? Eu sei que deve tá confuso agora, mas... - ele disse direto, tentando fazer com que eu ouvisse tudo antes de sair correndo.

– Todos. Vocês. São. - o interropi.

– Sim, todos nós, mas...

– Lá. Na. Floresta. Era...

– Sam! Mas ele não te atacou, ele só quiz te ajudar, te salvando daquela onça, e eu devo agradecer muito a ele... - ele dizia como se desculpasse por alguma coisa, por ser quem ele é.

– A Laryssa sabe? - consegui dizer melhor.

– Sabe. Isso é segredo, mas nada emprede de contar isso ao nosso alvo de imprinting e ela é o dele.

– E eu sou a sua. Por isso você tá me contando. - afirmei, entendo a situação - O que é imprinting?

Ele parou pra pensar um pouco, depois nossos olhos se encontraram e ele disse, calmamente:

" - Não é como se fosse amor a primeira vista, na verdade. É mais como ação da gravidade. Quando você a vê, não é mais a terra que te segura aqui. Ela te segura. E nada mais importa além dela. Você faria qualquer coisa por ela, seria qualquer coisa por ela. Você se torna qualquer coisa que ela precise que você seja. Seja como seu protetor, ou como um amante, ou um amigo, ou um irmão."

Ele parecia estar explicando mas pra ele mesmo do que pra mim, sua voz era calma, doce, macia e profunda. Ele parecia sentir mesmo tudo aquilo, de verdade.

– Então, você está apaixonado por mim? - não dava pra acreditar nas minhas palavras.

– Não é paixão, é mais que isso, paixão dura por meses ou anos... Imprinting é pra sempre, e não é assim, tão normal quanto a paixão, eu não consigo ver os rostos delas, das outras garotas. E eu não consigo mais imaginar um minuto longe de você, a dor é imensa. Você tem que tentar me entender!

– Mas você só me viu uma vez.

– E já é o bastante para saber que você é perfeita pra mim.

Ele foi se aproximando, e quando dei por mim, seu rosto estava a centímetros do meu. Eu me afastei, não é que eu não queria beija-lo, por mais estranho que pareça, eu queria, e muito. Mas eu tinha acabado de receber um monte de informações de coisas que eu nem sabia que podia existir, eu precisava entender tudo, precisa de um tempo sozinha, e resolveria o que fazer... :

– Jacob, eu preciso ir pra casa!

– Não! Você prometeu que não iria embora! Você prometeu! Você não pode me abandonar! Não pode!

– Mas eu não vou. Eu só preciso de um tempo, pra pensar. Você tem que me entender!

Ele segurou me braço, foi ai que percebi que ele estava quente:

– Você está com febre? - disse, preocupada.

– Não, é mais uma das minhas esquisitises.

– Tá vendo? É por isso que eu preciso ir pra casa, pensar e entender tudo isso. Por favor!

Ele segurou meu braço com mais força:

– Ai - gemi baixinho.

– Eu te machuquei? - disse ele, realmente preocupado.

– Não, tá tudo bem. Pelo visto você é forte.

Ele assentiu, eu apenas sorri e me virei.

– Não! - ele disse de novo.

– Olha, eu não consigo entender essa história de imprinting, nem como é a sensação, nem nada, mas provavelmente, é ela que quer que eu fique aqui. Mas, acho que você precisa saber, eu também estou estindo algo por você - ele olhava para areia, mas quando eu disse isso, ele olhou pra mim - é estranho porque eu acabei de te conhecer, mas é forte, e diferente de tudo que já senti por algum menino lá no Brasil. E esse é outro motivo no qual eu preciso pensar, entender esse amor. - ele pareceu satisfeito por eu ter usado a palavra "amor" , em vez, de "paixão", mas era verdade, aquilo era amor. - Eu volto amanhã, ok?

– E se eu não aguentar até lá?

– Você vai, eu sei que vai. - lembrei que estava com o celular da Laryssa, e que quando eu chegasse em casa, os avós dela deveriam querer falar com ela, peguei o celular e dei na mão de Jacob - Entrega pra Laryssa pra mim?

Ele pegou e colocou no bolso, o que me fez querer saber por que ele só usava shorts, não que eu não gostasse de vê-lo sem camisa. Perguntaria pra ele depois.

Me virei e sai andando, mas não aguentei e olhei pra trás, ele estava chutando a areia e resmungando alguma coisa, me senti culpada por faze-lo sofrer, mas eu precisava de um tempo sozinha. Tinha agito bem melhor do que pensava, não havia gritado, nem explodido, não era desse tipo de gente, acreditava em tudo aquilo, mais precisava de tempo para entender que era tudo real.