Capítulo IV - Quidditch match

Alison gritava alguma coisa banal, tipo: “James, você vai deixa-los fazerem isso e saírem sem detenção?” e esse blábláblá ridículo. Só que ele estava ocupado olhando perplexo para nós.

– Que traição Pads e Moony! E você também Lil’s! – reclamou ele. – Eu pensava coisa melhor de vocês.

Enxugávamos nossas lágrimas. Eu não confiava muito na reação de James, mesmo com tudo aquilo que ele disse, ainda dava para ver o brilho divertido em seu olhar.

– James, dê detenção para eles! – implorava Alison, ainda com o nojo estampado na cara.

Ele fez cara séria.

– Como monitor-chefe eu deveria dar uma detenção, sim – a namorada sorriu com superioridade. – Porém, como maroto, devo parabeniza-los por essa façanha. E como sou maroto acima de tudo... Sem detenção.

Eu deveria ter tirado uma foto da cara daquela vaca. Minha vez de encará-la vitoriosa. Oh, eu estava adorando aquele jogo.

***

Admito que ambas sabíamos como brincar.

Mas eu jogava melhor, acredite se quiser. Pelo menos, na maioria das vezes.

James e eu estávamos nos dando mais que bem. Eu meio que virei um Sirius Black feminino e ruivo para ele. E ele virou uma versão masculina da Lene para mim. E eu gosto de saber que eu tenho um amigo como ele.

Todavia, eu gostaria que ele fosse mais que isso.

Eu não consigo suportar a ideia de que quando James não volta para o dormitório dos monitores-chefes, ele está fazendo... Coisas com Alison. E vocês sabem o que coisas quer dizer.

É nessas horas que eu vou tomar um banho no banheiro dos monitores-chefes e fico pensando na vida. E em como seria ótimo jogar Alison Evans em um poço de ácido.

Chega de momentos assassinos. Isso quase me assusta.

Marlene e Sirius ainda não engataram namoro. Nem Remus e Dorcas. Não que eu tenha moral para falar sobre isso. Eu sou a garota que demorou sete anos para perceber que James Potter era o garoto perfeito.

Podem me processar.

– Lene... Sirius gosta de você. Muito – repeti pela milésima vez.

– Eu sei... Mas é melhor esperar, por ora. Ele ainda tem que lutar para ficar comigo – insistiu.

Revirada de olhos geral. Alice, Dorcas e eu nos sentávamos de frente para Marlene, na arquibancada do campo de Quadribol.

– Como quiser.

Testes de Quadribol. Lene já havia feito sua demonstração e agora esperava os resultados.

James avaliava, com olhos críticos, os inscritos. E eram muitos. A maioria garotos, mesmo com uma pequena presença de garotas que eram do fã-clube oficial dos Marotos. O que me irritava profundamente, e as outras também.

O meu maroto favorito fica maravilhoso com uma expressão crítica no rosto. Sabia que ele continua com o sorriso maroto?

Sou patética. Parece que só sei falar de James Potter!

Enfim, Sirius era o assistente. Ele usava uma prancheta! A única coisa que eles dois levavam a sério era o Quadribol. Fala sério! NIEMs! Último ano de Hogwarts! Há coisas que importam.

De hora em hora, eles olhavam para onde nós estávamos e acenavam. E as meninas fanáticas ficavam com aquela expressão: “Eu quero matar vocês, mas nesse momento estou muito ocupada olhando para os músculos de James e Sirius”.

Alison olhava ameaçadoramente aquelas meninas. Sim, ela estava presente. Ficou em pé, no campo. O mais perto possível dos testes que permitiam. Irritante. E às vezes, encarava a minha pessoa.

Eu não gosto que me encarem. Eu fico vermelha e dou um sorriso nervoso. Isso no geral. E depois, se no caso é um garoto, pensam que eu estou apaixonada.

MENTIRAS!

Meu coração pertence ao... Você-sabe-quem. E não é o Voldy.

– Esses testes não acabam nunca? – reclamei.

– É muita galera para ser testada – explicou Alice. – A maioria tá aqui por causa do James, e isso inclui os garotos.

Porque ele consegue conquistar cerca de metade da população feminina de Hogwarts (o resto é do Sirius) e um pouco dos garotos afeminados. Nada contra gays, eles são muito gente boa.

Finalmente, James pigarreou e pegou a prancheta de Sirius.

– E os escolhidos são: Liam Castairs no gol, Sirius e Lene como batedores, Emily Lawrence, Jason Chase e Darwin Johnson como artilheiros e eu como apanhador. O primeiro treino é nesse sábado. Não se atrasem – pareceu que ele tinha acabado, mas não. – E um aviso para a Lenezita: nós formamos um belo par! Por Sirius.

Minha amiga corou. O cachorro sorriu, galante, e piscou. Meninas desmaiaram de emoção.

Marlene acabaria cedendo, como eu. Todas cedem.

– Formam mesmo – sussurrou Dorcas.

– Cala a boca, Meadowes – murmurou de volta Marlene.

– Eu estava me referindo ao Quadribol.

Lene deu um tapa em Dorcas, mas sorriu.

Saímos da arquibancada e fomos andar pelo castelo, meio que sem rumo. Não tínhamos mais aulas e já fizéramos todas as lições da semana.

Sentamos embaixo do velho carvalho, perto do Lago Negro. Não me trazia boas lembranças. Lá foi onde cortei toda a minha amizade com Severus. Ainda doía, eu sentia falta dele. Fora meu primeiro amigo bruxo, antes de Hogwarts. Bem, ele escolheu o lado em que ele lutaria e eu escolhi o meu. Não tinha volta.

De longe, vi os marotos chegando perto do local onde estávamos. Frank vinha com eles. Acho que ele está se tornando um quase maroto... E isso é legal. Meio que uma coincidência louca: quatro meninas e quatro meninos. E eles se gostavam.

Ok... James não gostava mais de mim, mas vocês acompanharam o meu raciocínio?

Remus encarava timidamente Dorcas, Sirius maliciava nos pensamentos (que com certeza incluíam Lene), Frank olhava com paixão Alice e James... Andava de braço dado com Alison.

Tem noção como esses dois me deixam brava?

Grunhi ao vê-los, como sempre. Preferi prestar atenção nos outros casais, muito mais interessantes que Jamison.

Eu iria falar com Remus. Mesmo pensando que Dorcas que deveria dar a droga do primeiro passo. E Lene... Ela se virava, afinal, estamos falando de uma McKinnon.

A propósito, as aulas de Estudos dos Trouxas com John são absurdamente ótimas. Ele faz piada, não dá detenção ou retira pontos das casas, se tratando que as aulas têm os Marotos incluídos.

Deve ser o fato de ele ter uns vinte e poucos anos. A velhice azeda as pessoas. Perguntem para a McGonagall.

Brincadeira, ela é uma ótima professora que adora James e Sirius por eles serem fenômenos da Transfiguração. Juro. Melhores que eu. Tá... Eu não sou nem um pouco boa nessa matéria, mas consigo dar uma enganada.

Continuando... Ele era um ótimo professor. E muito gato, também. Isso ajuda muito para que as meninas prestem atenção no que ele falava. Prevejo muitos Ótimos nos NIEMs de Estudo dos Trouxas.

Pego a conversa dos meus amigos pela metade.

– Temos Hogsmeade no Halloween.

– Graças. Pensei que com todos esses ataques de Comensais eles cancelariam nossa diversão.

Entristeci. Eu era nascida-trouxa e isso me tornava um alvo fácil para ataques de seguidores do filho de uma puta do Voldemort.

– Não fique assim, Lil’s – pediu James, apoiando o braço nos meus ombros. – Tudo vai acabar bem.

Sorri. E sorri mais ainda ao ver Alison morrendo de ciúme.

– Eu sei. Eu sei.

***

Primeiro jogo de Quadribol da temporada.

Dorcas narraria. E isso sempre era muito divertido, já que é Dorcas, aquela que sempre faz comentários inoportunos demais sobre os jogadores e sobre os torcedores.

Seria uma grande partida. Ambas as casas haviam selecionado os melhores dos melhores.

Alice, Frank, Remus e eu estávamos espremidos na arquibancada da Grifinória, perto do pódio do locutor. Cortesia da nossa loirinha, que chegara mais cedo e guardou nossos lugares.

– OI, OI, GENTE! Estamos aqui para a primeira partida de Quadribol do ano! Grifinória contra Lufa-Lufa! E sem querer ofender os queridos lufanos, que por acaso são muito gatinhos...

– Meadowes! – apreendeu McGonagall. Senti Remus se retrair de ciúme.

–... Estão em absoluta desvantagem nesse momento, porque o time que James Potter selecionou não está de brincadeira não! E não estou falando só porque eu faço parte da casa. Eu estou sendo sincera.

Vaias dos torcedores da Lufa-Lufa e da Sonserina. Corvinal torcia pela gente, o que não era muito normal.

– Enfim. No fabuloso e ousado time da minha querida casa temos a dupla implacável Sirius Black e Marlene McKinnon como batedores! – as meninas gritavam na menção do nome de Six. – O trio Jason Chase, Emily Lawrence e Darwin Johnson como artilheiros! Liam Castairs como goleiro e por último, mas não menos importante temos James Potter como apanhador e capitão! Uma salva de aplausos para essas beldades, meus senhores!

Por que razão ela estava falando como locutora de um concurso de Miss Universo?

– E no time amarelinho, ou também conhecido como Lufanos, temos Jordan Kane, Amélia Bones e Louis Burnnet na artilharia! A dupla de irmãos Lancaster como batedores! Justin Lewis como apanhador e Amus Diggory no gol e como capitão! Apertem as mãos, capitães!

Pareciam amigáveis, mas não deixe se levar pela aparência. Apertavam muito as mãos um dos outros. A mão de Amus chegou a ficar meio vermelha, com o sangue coagulado.

– Que comece o jogo!

Não vou narrar uma parte, é completa perda de tempo. Dorcas não fez nenhum comentário engraçado ou indevido. Por fim, o placar estava empatado 90 x 90, até que eu ouvi uma coisa:

– Diggory fica de um lado para o outro no gol! Cara, se você não pegar essa goles eu faço a Lily Evans aqui sair contigo!

Wait... WHAT? Eu não vou sair com o Amus. Ele pode ser lindo, gostoso e toda essa pá de coisas, mas eu tenho dono. Só que ele não sabe ainda.

James deu uma parada repentina e quase perdeu de vista o pomo. Que interessante... O fato é que Amus não pegou a goles e Emily Lawrence fez gol. UHULES!

– Potter? O QUE DIABOS VOCÊ ESTÁ FAZENDO? Não pare seu desgraçado! O pomo tá na sua frente!

– Meadowes!

– Ok, ok. GOL DA GRIFINÓRIA! VAI, VAI, GRIFINÓRIA! VAI, VAI, GRIFINÓRIA! Parei. James Potter e Justin Lewis perseguem o pomo. Vai, James, tu consegue, cara!

Todos prenderam a respiração.

– E Potter... PEGA A DROGA DO POMO, VITÓRIA DA GRIFINÓRIA DE DUZENTOS E CINQUENTA A NOVENTA!

Nós gritamos feito loucos esquizofrênicos. Era ótimo quando seu time começa ganhando. Experimentem a sensação.

Segui a horda de torcedores grifinórios, até ser parada por uma mão no meu ombro.

– Amus? – eu me choquei.

– Lily, linda, como sempre. A Meadowes disse que sairia comigo se eu não pegasse a goles – sorriu.

Ele pensava que ela estava falando sério! Bitch, please... Eu nunca sairia com ele. Até porque eu me apaixonara por outra pessoa. Morena, de óculos e sorriso maroto. Não que ele fosse feio.

James saia do vestiário bem nesse momento. Fuzilou Amus com os olhos. Ciúme, Potter?

– Hã... – respondi. – Pode ser.

Meu avermelhado de vergonha foi oportuno. Parecia que eu estava lisonjeada pelo convite. Algo em meu favor, graças a Merlin.

Amus sorriu como se o Natal tivesse chegado mais cedo e foi embora. James se aproximou e colocou a mão no meu ombro, um gesto meio possessivo. E eu sorri internamente.

– O que ele queria?

– Ah, ele só levou a sério aquele negócio da Dorcs de me eu aceitar se ele me chamasse para sair se ele perdesse a goles.

James não gostou da minha resposta. E eu sorri mais ainda.

– E o que você disse? – perguntou, tentando se fazer de indiferente.

– Que sim. Bem, eu não tenho com quem ir para Hogsmeade mesmo.

Ele respirou. Eu pude até o ouvir contando: 1, 2, 3... Para se acalmar e abrandar o ciúme.

– Ah. Vou falar com a Ali.

Touchè. Fechei a cara.

Jogo do Ciúme. E agora ele também estava jogando.