POV. Taylor Yatlin

– Que tal arrancar as unhas com um alicate? – Perguntei, jogando uma faca na haste da cerca na minha frente.

– Dor muito localizada. – Jeff disse, deitando na grama e puxando o chapéu de cowboy de seu avô.

– Hn... Podíamos colocar atrás de um cavalo e irritá-lo, pra ele poder levar um coice. – Falei, sorrindo.

– Ele ia voar. – Jeff retrucou, fazendo sombra com o chapéu, ao olhar para mim. – Você estaria realizando um antigo sonho da humanidade.

– Podíamos jogá-lo na cerca elétrica. – Sorri, jogando outra faca, um pouco acima da primeira.

– É uma boa, se não fosse tão óbvio. – Ele respondeu. Olhei para ele com a cara fechada.

– Você é tãão chato, Jeff. – Falei, deitando ao seu lado.

– Você é tãão previsível. – Ele revirou os olhos, colocando o chapéu no rosto novamente. – Estava estampado nos seus olhos que ia deitar também.

– Cala a boca. – Reclamei, sorrindo, enquanto tirava o chapéu de seu rosto e colocava no meu.

– Mais alguma forma de tortura pro nosso querido prefeito? – Ele perguntou, enquanto eu tentava relaxar.

– Não. Você esgotou minha criatividade. – Falei, sentindo o sol na minha cara. – Devolve o chapéu!

– Vem pegar. – Ele mostrou a língua como se fosse uma criança.

– JEFF! – Reclamei, levantando e correndo atrás dele. O garoto podia não ser muito forte, mas era rápido.

– Que é, Taylor? Já ta cansada? – Ele riu, correndo de costas pelo campo, comigo em seu encalço.

– Devolve! – Falei, pulando para tentar alcançar sua mão.

– Pega. – Ele riu, ainda de costas. Olhei para o chapéu em sua mão e tive uma ideia.

– Jeff! – Chamei, fazendo manha.

Ele sorriu e olhou para o chapéu, pra se certificar que estava alto o suficiente. Aproveitei para abaixar e esticar a perna. Jeff caiu e eu peguei o chapéu de sua mão. Coloquei-o na cabeça e fiz uma pose.

Ele riu e puxou minha perna. Caí em cima de um monte de feno e ele caiu em cima de mim.

Rimos por alguns minutos e então eu olhei para seus olhos castanho-claros.

– Porque as pessoas têm tanto medo de você? – Perguntei, tirando uma madeixa negra de seus olhos e colocando atrás de sua orelha.

Ele abaixou os olhos para o chão e suspirou.

Nunca queria falar sobre isso. E, pra mim, isso era um problema.

– Está ficando tarde, melhor irmos pra casa... – Ele começou a falar e a se levantar, mas eu puxei a gola de sua camisa e olhei em seus olhos.

– Jeff... Fica aqui. Por favor. Fica comigo. – Pedi, olhando para ele sem piscar.

Ele me olhou, confuso, mas não tentou se levantar de novo.

– Porque você não gosta de falar sobre isso? – Perguntei, triste.

– É... Complicado. – Ele respondeu, pressionando meu corpo contra o seu.

– Não gosto de coisas simples. – Falei, passando a mão em sua bochecha.

– Você não ia gostar. – Ele retrucou, encostando a testa na minha.

Fechei os olhos.

– Tente.

Senti sua respiração em minha pele, e aquilo me arrepiou. Abri um pouco a boca e senti seus lábios.

Passei a mão em sua nuca e o puxei mais para perto.

Suas mãos apertaram minha cintura e eu senti sua língua tocar meus lábios.

Ele passou a mão em minhas costas e me puxou para mais perto dele.

– Jeff? – Chamei, assim que precisei de ar.

Ele me olhou, e eu não pude deixar de sorrir.

– Se você for pros Jogos. Eu vou ser a sua maior patrocinadora. – Falei, fazendo-o rir.

– Eu vou gostar de receber um bilhete seu. – Ele disse, tirando uma palha de meu cabelo. – Vamos... Não quero ninguém implicando com você, por estar comigo até tarde.

Sorri e aceitei sua ajuda para levantar.

– Sabe o que me assusta? – Jeff perguntou, tirando feno de minha blusa.

– Não conseguimos chegar à um conceito de morte certa para o prefeito? – Perguntei, sorrindo.

Ele sorriu também, mas logo este desapareceu.

– Você é minha única amiga. – Ele disse, mexendo em meu cabelo loiro. – Não sei se quero arriscar isso.