Coração De Marfim. escrita por Amizitah


Capítulo 3
Capítulo 3 - Pega no flagra onde menos se espera.


Notas iniciais do capítulo

Yo!!
Gentee, que tristesa, cadê meus leitores? :( to vendo nenhum aqui... Ahh! Tem nada não! Vou manter minhas esperanças de que vocês vão aparecer ;D, enquanto isso serei paciente e continuarei a escrever!!
Bem, a música de hoje, encontrada no final deste capítulo é Enter the Gates de Cory Hall! Poucos devem conhecer essa música, mas deixarei o link do Youtube como sempre ;) então ouçam nem que seja um pouquinho para entender as descrições!!
Link: http://www.youtube.com/watch?v=qiZNM9-0hgQ&NR=1&feature=endscreen
Beijões a todos, estarei esperando por vocês!!
Ami ~



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Mitsue aguçou mais a audição na tentativa de localizar o som em meio as janelas do prédio Leste, de gigantescas proporções. Desistiu quando notou que era impossível. Haviam milhares de janelas naquele prédio e o som repercutia por toda área ao redor, então era inútil tentar descobrir a origem do som.

A música parou algum tempo depois e ela apertou mais a mão que segurava o bento, só agora lembrando-se dele. O calor que se espalhou pelo seu corpo permaneceu mesmo quando a melodia encontrara seu fim. Mitsue sabia que a vontade de voltar a ouvi-la a acompanharia até depois de dormir.

Parece que depois de tanto tempo sem ouvir uma música tocada ao vivo, só agora ela percebia o quanto ela fazia falta. Mas era algo que apenas podia ouvir de longe, sem ainda ser capaz de executá-la ela própria..

— É bem legal, não é?

Ela saiu de seus devaneios ao olhar para Ryo, concordando com a cabeça.

— Foi uma ótima reprodução de Bach, mas eu queria muito saber quem tocou essa música.

Ryo percebera que seu olhar estava distante e pensativo, marcado pela música de agora a pouco.

— Parece que você realmente gostou. Não esperava isso vindo de uma novata da Ala Oeste.

O rosto dela corou de leve com o comentário.

— Olha quem fala! Para quem estava falando que eles são meros arrogantes, parece apreciar muito suas execuções!

Ele riu, concordando com a cabeça.

— Tenho que admitir que realmente gosto. Por mais que sejamos o apoio deles, como você bem colocou, não trocaria esta escola por nenhuma outra – Ele abriu um sorriso maior ao completar – É confortante estar no mesmo lugar onde a música está presente, não acha?

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Passou todo o intervalo pensando naquela música. Se parasse de se mexer, ela podia jurar que ainda sentiria aquele calor confortante. Mas outra coisa não saia de sua cabeça. Aquela frase do Ryo ainda se repetia nas suas memórias.

É confortante estar no mesmo lugar onde a música está presente, não acha?

Sim, ela concordava perfeitamente com aquilo, mas a música também a assombrava as vezes.

Todos os dias na sua casa, bastava passar pela porta da antiga sala de trabalho do seu pai onde o velho Brasted London continuava inutilizado, que as memorias voltavam a lhe assombrar. Bastava olhar para a porta e seu pai surgia como um espectro de sua imagem sorridente, lhe estendendo os braços para que pudessem entrar e tocar juntos. Mas bastava ela estender o braço para que ele desaparecesse, como se seu corpo virasse vapor e deixasse-a sozinha novamente sem nunca cumprir sua promessa.

Voltar a tocar se tornou algo inalcançável. Pelo menos enquanto as lembranças continuassem tão marcantes.

A conversa que desenrolava entre Ryo e Mitsue no terraço continuou até que o sinal tocasse anunciando o reinicio das aulas. Os dois se separaram, indo para salas diferentes desta vez.

Mitsue já sabia o que a esperava depois das aulas - parecia ser nada bom.

O sinal de encerramento das aulas tocou mais rápido que ela esperava e todos os alunos saíram tranquilamente da sala em direção a saída. Mitsue pegou seu celular assim que saiu e escreveu uma mensagem avisando que talvez se atrasasse para chegar em casa. Por fim, começou a caminhar aonde seria a sala dos professores.

Ryo enxergou a garota andando de modo hesitante no corredor, sua sala não muito distante da dela. Parecia incerta se aquele seria o caminho correto ao seu destino.

Ryo suspirou baixinho e andou na direção da garota desorientada.

— Acho que a sala dos professores não é por aí – Falou assim que a alcançou. Logo enxergou os olhos acinzentados da jovem na sua direção.

— Ah... Sério? Bem que eu estava começando a duvidar... – Mitsue abriu um sorriso de desculpas por sua falta de jeito, mas ele apenas sorriu.

Ryo se afastou um passo e apontou o indicador de sua mão livre na direção contrária à dela.

— Siga por este corredor até a primeira curva que encontrar. Siga por ela e suba a escada que tem lá. Você encontrará a sala dos professores a sua direita depois do primeiro lance.

Mitsue assentiu de leve, processando as informações antes de apertar a bolsa junto a si e caminhar de modo decidido a onde ele havia instruído.

— Obrigada Ryo-kun, te vejo amanhã – Falou enquanto caminhava. O garoto acenou para ela, vendo-a aumentar os passos até correr de leve, virando a curva do corredor.

Ele abaixou a mão e balançou a cabeça negativamente para os lados, começando sua caminhada até a biblioteca da escola.

— Essas novatas... Cada vez mais problemáticas – Murmurou enquanto caminhava.

Enquanto isso Mitsue já subia as escadas saltando de dois em dois degraus até alcançar o andar de cima. Corria cuidadosamente para a sua direita. Passou os olhos claros pelas portas envernizadas de madeira até encontrar uma com uma placa de metal escrito: Sala dos professores.

— Aqui – Murmurou para si mesma e desacelerou os passos.

Parada de frente a porta, passou a mão pelos cabelos levemente bagunçados com a corrida, ajustou a saia de modo discreto, conferiu se estava tudo em seu devido lugar e depois de tudo checado estendeu a mão até a maçaneta de metal, girando-a. Assim que a porta se abriu o ar gelado do ar condicionado bateu em seu rosto e provocou um suave arrepio por sua pele. A aluna foi capaz de ver várias mesas cheias de livros, papéis, alguns computadores e notebooks sobre as mesas – sendo algumas ocupadas por professores, acompanhados pelo leve cheiro de café que flutuou preenchendo o limitado espaço dos seus pulmões.

Parecia ser mesmo uma sala dos professores.

— Senhorita Terasu-san?

A garota se surpreendeu de leve por ouvir seu sobrenome e então percebeu que o professor de Química estava na sua frente, olhando-a com uma expressão neutra.

— Olá sensei... Cheguei na hora certa? – Perguntou meio preocupada. Ela precisava melhorar sua imagem a todo custo. Não queria parecer uma aluna desleixada ou coisa do tipo...

— Sim, na verdade chegou um pouco antes do que eu esperava – Falou, fazendo sinal para que entrasse.

Fechou a porta atrás de si para então olhar para o seu professor, só agora percebendo que ele tinha um copo de café em mãos. Deu o ultimo gole que restava no copo para jogá-lo numa lixeira ali perto.

— Bem... – Começou a garota, querendo terminar logo com aquilo – Qual será a punição que o senhor iria me dar?

O homem fez outro sinal, desta vez para que o acompanhasse. A garota o seguiu até uma mesa vendo-o pegar uma pequena pilha de papeis que logo foi parar magicamente em seus braços finos.

— O que devo fazer com isso?

Ele encostou suas costas discretamente na mesa, cruzando os braços antes de dirigir uma palavra.

— Não quero que considere isso como uma punição apesar do seu atraso. Tem mostrado uma boa conduta na sala de aula, além que vir aqui sem me fazer esperar muito tempo lhe garantiu alguns pontos a seu favor. Sendo assim, quero que você apenas leve isso para a Ala Leste e entregue estes papeis para o professor de piano que se encontra lá.

Os olhos da garota cresceram de leve e ela sentiu sua garganta falhar de leve ao dizer:

— Ala Leste? Mas lá deve ter vários professores de piano. - E o lugar é imenso! Quis acrescentar, mas manteve sua fala ali mesmo.

— Não se preocupe com isso, ele é uma pessoa fácil de encontrar já que ele costuma chamar muita atenção pelas suas características físicas... e hoje ele é o único professor de piano que está na Ala Leste já que as aulas instrumentais só começarão amanhã.

— Então o que ele faz lá? – Deixou escapar, mesmo sabendo que aquilo era querer saber demais.

Mesmo sendo uma pergunta desnecessária, o professor não negou uma resposta.

— Deve estar preparando sua aula para amanhã. Ele não costuma faltar mesmo não precisando lecionar... Provavelmente para fazer alguma coisa que nem mesmo eu sei e não me interesso em saber – Sem querer estender mais a conversa, o professor desencostou-se da mesa e andou até a porta, abrindo-a para a jovem – Agora que sabe o necessário, pode ir até lá. Esses papéis precisam ser entregues hoje mesmo.

Ela correu até a porta e passou por ela, apertando os papeis no seu peito. Contudo algo importante fez com que ela voltasse em direção a porta.

— Ei professor, mas qual é o nome...

Paf!

A porta se fecha bem na hora que ela abriu a boca, vendo-se novamente sozinha no corredor, mas agora com aqueles papeis nos braços e uma frase incompleta flutuando pela sua cabeça.

Ela fecha os lábios, sem opções – nenhuma além de não querer voltar a entrar naquela sala.

Sem toda aquela massa de alunos presente nos corredores a escola parecia ser maior do que já era regularmente, e apenas isso bastava para deixá-la bastante perdida naquele labirinto de corredores sem fim. Por algum milagre, mas tendo certeza que parte daquilo era graças as instruções do Ryo poucas horas atrás, ela conseguiu encontrar a porta larga de entrada e saída da Ala Oeste depois do salão bem decorado e organizado. Logo estava de frente para a porta branca com detalhes dourados e letras elegantes da mesma cor numa placa de metal acima da porta.

— Lá vamos nós, para a Ala Leste – Resmungou, forçando suas pernas a caminharem.

Pouco antes, a mão da garota automaticamente fora para a insígnia da escola bordada no blazer azul marinho em cores prateadas, denunciando que ela não pertencia a Ala Leste – que, ao contrário, possuía a insígnia bordada com detalhes dourados no blazer vermelho escuro que vestiam.

Ela se perguntou se não era arriscado ir para lá não sendo da Ala Leste, mas logo repensou ao lembrar-se do motivo que a levava para lá e quem a mandou. Com certeza teria bons argumentos se alguém a interrogasse, acusando-a de invadir o espaço dos talentosos.

Passada a porta, a garota se deparou com um salão idêntico com o da Ala Oeste, mas aquele era muito mais caprichado, com sofás maiores, um tapete vermelho enorme preenchendo todo o piso branco do salão, encontrando seu fim a meio metro de alcançar as paredes com um tom escuro de vermelho. Outra vez mais detalhes dourados e vários quadros com imagens diferenciadas de alguns músicos e maestros famosos, alunos uniformizados que devem ter sido muito bons para pararem ali e outras coisas mais. Haviam luminárias a gás – coisa rara – nas paredes e um modesto lustre de cristal no centro do salão que cintilava de forma maravilhosa, fazendo que alguns pontos nas paredes brilhassem em múltiplas cores.

— Maravilhoso... – Falou num tom impressionado, mas moderado para não chamar a atenção de alguns alunos da Ala Leste que passavam por ali. Se perceberam a garota visivelmente diferente parada no meio do caminho, ignoraram.

Antes que alguém resolvesse nota-la, Mitsue se apressa a sair do salão em direção a um dos corredores. Longe do salão, levou os olhos para os papeis em sua mão e observou as palavras - tentava pelo menos encontrar o sobrenome do tal professor de música, mas encontrou nada que servisse de ajuda.

Ela soltou um suspiro e pensou nas discrições que o professor de Química deu.

— “Ele costuma chamar bastante atenção pelas suas características físicas...” – Repetiu em voz amena, tirando os olhos do papel para observar as pessoas que passavam no corredor.

Todas eram normais, com características japonesas comuns - nada que chamasse atenção. Ela passou os dedos pelos cabelos, colocando sua longa franja negra para trás até que os fios voltassem a cair ao lado direito da testa, num ato automático enquanto raciocinava. Então algo perfeito surgiu em sua mente.

— As salas de piano! Ele tem que estar em alguma delas se é um professor de deste instrumento – Falou para si mesma, correndo no corredor em que estava até encontrar uma escada para o segundo andar. De acordo com o Ryo, as salas onde eles costumavam aprender música ficavam espalhadas a partir do segundo andar, então aquele seria o primeiro lugar onde ela procuraria.

Chegou ao segundo andar e andou de porta em porta, abrindo-as, mas encontrava sua maior parte vazia, ou então era ocupada por alguns estudantes que tocavam ou estudavam alguma coisa.

Ela já estava começando a ficar cansada quando subiu para o terceiro andar, e na quinta ou sexta porta, assim que a abriu, decidiu dar uma pausa para respirar melhor pois já havia corrido demais. Ela nem se preocupou com a porta entreaberta, apenas sentou no primeiro banco que achou, colocando sua mochila ao lado do banco e os papeis no seu colo.

Quando sua respiração pareceu se regular um pouco ela observou o lugar onde se encontrava, e a primeira coisa que viu foram quatro filas com bancos e cavaletes para partituras a frente deles no meio da sala grande. Seu olhar se dirigiu para atrás dela, tendo que virar seu corpo para trás, e viu algo grande coberto por um lençol branco que parecia ter sido recentemente colocado em cima do objeto grande. Mais atrás dele havia um quadro negro com pautas musicais desenhadass, prontas para serem usadas para uma aula de música.

Ela deixou o quadro de lado e voltou a observar o objeto coberto pelo lençol, sentindo seu espírito mais atraído cada vez que o tempo se passava. Por fim, prometendo que cobriria ele de volta, se levantou do banco e agarrou o lençol com as duas mãos. Num só movimento para o lado o retirou de cima do objeto, observando todo o tecido cair ao chão, deslizando pelos dedos da garota que de repente ficaram todos moles. Na verdade, não foram somente os dedos da garota que amoleceram: todo o corpo dela pareceu perder os ossos, obrigando-a a se sentar no banco atrás dela para evitar uma queda feia.

— Um Steinway... Um Steinway meia cauda de verdade – Falou com a voz mais elevada que queria, referindo-se ao lindo piano negro de meia cauda a sua frente em perfeitas condições.

Um genuíno Steinway, a melhor e mais cara marca de pianos que se tem notícia, sendo que aquele era um dos últimos modelos lançados por ela.

Só de pensar na quantidade de zeros que tinha o valor daquele belo instrumento a fazia perder o fôlego.

Involuntariamente, como se houvesse algum magnetismo entre o instrumento e ela, seu corpo se inclinou para o instrumento, aproximando a ponta dos dedos finos até as teclas brancas de marfim. Tocou na superfície lisa com tanto cuidado que parecia que tocava num objeto sagrado.

Apenas aquele contato bastou para acender algo no fundo de seu âmago, fazendo que sua outra mão adquirisse vida e pousasse sobre as teclas também. Mordeu o lábio inferior e arriscou apertar uma delas para ouvir o som do instrumento que, por algum motivo, estava com a tampa levantada. Apertou de leve a tecla que correspondia a nota Sol e o som ecoou por toda a sala com a afinação perfeita e timbre maravilhoso, enchendo seus ouvidos.

— O som é perfeito – Falou para si mesma, sorrindo ao tocar a nota Lá em seguida.

Inevitavelmente a imagem de seu pai lhe veio à memória, suas mãos se endurecendo nas teclas junto de sua expressão. Desaparecera o sorriso de agora a pouco. Ela recolheu de leve a sua mão, mas então outra coisa lhe surgiu na mente e as palavras que foram ditas no intervalo se repetiram na sua cabeça, sem permissão.

É confortante estar no mesmo lugar onde a música está presente, não acha?

A imagem sorridente do Ryo lhe aparece enquanto a frase era dita por ele na sua cabeça e, em seguida, veio a música do violino que ouviram no terraço - cada nota clara na sua lembrança.

O sorriso apareceu novamente de modo discreto e seus dedos relaxaram nas teclas.

— Pai... Poderia me permitir tocar apenas está vez? – Perguntou enquanto ajeitava suas costas na banqueta negra do piano, deixando-as eretas. Então respirou fundo, permitindo que seus dedos se tornassem livres como não eram a quatro longos anos.

Pela primeira vez desde a morte de seu pai, Mitsue conseguiu tocar a primeira composição que lhe surgiu na memória.

Enter the Gates de Cory Hall.

Seus dedos se guiaram nas teclas brancas de marfim e iniciaram a melodia suave da música sem muito esforço. Era difícil para ela se esquecer de uma música, e isso era de boa serventia para quem não tocava há tanto tempo.

Seu rosto se tornou suave, sem expressões fortes ou duras em parte alguma dele. Estava focada apenas na música, igual ao tempo em que tinha 12 anos. Ombros relaxados, pés tocando cuidadosamente nos pedais e a bela acústica da sala propiciando um som excelente.

Do lado de fora, através da fresta da porta aberta, o homem jovem de cabelos grandes e acinzentados para no meio do caminho com sua pasta negra numa das mãos. Olhava para a porta um pouco aberta com os lábios levemente abertos. Em silêncio, ele se aproximou da porta e a abriu mais para que pudesse enxergar a pessoa que tocava o piano que ele planejava usar. Notou o uniforme azul marinho característico da outra ala da escola, seus olhos crescendo de maneira a revelar completamente a íris negras dos olhos.

— Ala Oeste? – Murmurou, sem crer no que via.

Mesmo sem gostar muito quando um aluno usava sem autorização a sua sala de aula para si próprio, ele apenas entrou nela, tomando o máximo de cuidado para não fazer barulho. Continuou ouvindo a garota aparentemente da Ala Oeste tocar sua musica.

Quando o fim se aproximou, um sorriso brotou dos lábios dele tamanha a concentração da garota a sua frente. Então o final chegou de modo perfeito, suave, preenchendo a sala até que a nota terminasse.

Mitsue afastou suas mãos do piano e as colocou sobre o colo, em cima das folhas de papel. Então, de maneira completamente inesperada, o som de bater de palmas é escutado atrás dela, se assustando. De repente, a imagem de seu pai sorridente batendo palmas para ela surgiu-lhe na memória, mas basta ela virar a cabeça na direção das palmas que ela se depara com o óbvio.

Não era ele, e sim um cara estranho com uma aparência mais estranha ainda que continuou a bater palmas com um meio sorriso no rosto.

— Tenho que admitir que não esperava por uma coisa dessas logo cedo... – Disse ele, andando na direção da Mitsue.

Ela se levanta da banqueta enquanto puxava a bolsa da escola consigo e rapidamente a coloca sobre o ombro antes de tentar se afastar do homem.

— Olha... Desculpe – Começou, mais nervosa como jamais esteve - Eu não devia ter feito isso, muito menos ter vindo parar aqui... Na verdade eu estou numa situação completamente errada – Apertou mais o papel nas mãos e mostrou para ele – Eu só devia ter entregado isso para o professor de piano daqui, mas... Deu tudo errado...

O homem cobriu a boca com uma das mãos, disfarçando uma risada baixa diante do nervosismo da garota. Assim que ele limpou a garganta, tentando cessar a risada, apontou para o papel nas mãos dela e disse:

— Quem te mandou vir aqui para entregar isso?

— O professor de Química da Ala Oeste – Respondeu um pouco rápido demais, quase provocando outra risada no homem.

— Ok, então eu acho que acabou de encontrar o cara que procurava – Ele alargou o sorriso, mas a garota manteve o rosto assustado.

Havia sido pega no flagra... Pega no flagra tocando piano, e pior, tocando piano na Ala Leste sendo que ela era uma estudante normal que não devia estar ali de maneira alguma.

Ela estava em uma má situação. Uma péssima situação.

— Então? Não vai entregar estes papéis? – Perguntou o grisalho, estendendo uma das mãos na sua direção.

De pronto, a garota entregou as folhas de papel. Aproveitando que ele lia o conteúdo, ela não pensou duas vezes quando correu na direção da porta aberta, fugindo sem olhar para trás.

O grisalho se virou assim que ouviu os passos apressados da aluna.

— Ei! Espere um pouco! – Chamou a garota que parou de correr por um momento assim que alcançou a porta, mas ao perceber o estranho brilho que irradiava de seus olhos obrigou-se a continuar seu caminho. O professor se viu sem nenhuma escolha a não ser segui-la, mas percebeu que ela encarava sua fuga muito a sério – Seus passos se alargaram até tentarem alcançar as escadarias.

Muito velho para correr atrás de adolescentes, apelou para sua ultima arma:

— Garota! Pelo menos me diga o seu nome! – Falou em voz alta, o suficiente para que ela pudesse escutar quando já havia alcançado o primeiro degrau da escada.

— Desculpe-me, mas não posso! – Respondeu, dando uma última olhada no homem antes de descer os degraus de forma apressada e sumir de vez da visão dele.

Seu ombro se encostou na parede do corredor, tentando compreender o que ele tinha feito para que ela corresse tão desesperadamente. Então, quase como um sinal de Deus para aquele estranho professor, um celular estava visivelmente jogado no chão. Ele abre o celular e vai direto para a agenda dele, abrindo um sorriso quando consegue encontrar o que deseja.

— Parece que não vai ser tão difícil te encontrar de novo...


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Notas finais do capítulo

He he... Quem for esperto já vai saber quem é esse cara ai KKK, mas as características são mesmo chamativas e inconfudiveis XD.
Bjks povo linduh!
Ami ~