Coração De Marfim. escrita por Amizitah


Capítulo 4
Capítulo 4 - Uma visita de tirar o fôlego.


Notas iniciais do capítulo

Yo!!

Boa noite meu povinho, tudo bem com vocês? *--* Muito bem, como sempre, espero que gostem desse capítulo "pequenino" que postei para vocês! Hoje ele não terá música, talvez só no proximo capítulo, então aproveitem e por favor, meus leitores que acompanham e os "fantasmas", deixem suas opiniões nos Reviews, pleeease.

Bjoks!!

Ami ~



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Miwa estava entretida com o jantar daquela noite enquanto cantarolava uma musica de ninar que lhe veio na cabeça. Deu uma olhada no relógio da cozinha e franziu de leve o cenho.

– Já são quase seis horas... Oque será que aconteceu com a Mitsue? – Perguntou a si mesma, dando um suspiro quando termina a fala – Melhor eu ligar para ela.

Parou de mexer a sopa de miso e cobriu a panela com sua tampa antes de pegar um pano ali perto e limpar suas mãos. Já ia se dirigir as escadas para pegar o celular em seu quarto, mas para assim que ouve o barulho da porta ser aberta.

Tadaima!

A jovem mãe abre um sorriso de alivio quando ouve a voz familiar da filha de dezessete anos, mas logo o desfaz, limpando a garganta antes de produzir uma expressão chateada para poder ir para a sala da casa e repreender sua filha.

– Isso são horas para você aparecer em casa? Devia estar aqui às quatro e meia! – Falou assim que apareceu na porta que dava acesso a sala, decidida em agir como mãe durona mesmo que não se sentisse verdadeiramente irritada pelo atraso. Talvez sua filha finalmente tivesse feito amigos e tenha saído com eles um pouco. Pelo menos ela tinha saído em vez de ficar em casa o dia inteiro.

Mitsue passou a mão pela testa brilhante de suor antes de se virar para a mãe.

– Mas eu te avisei que talvez me atrasasse para chegar aqui... Não recebeu minha mensagem de texto?

Miwa desfez seu rosto irritado sem perceber e colocou a mão na cintura.

– Mensagem de texto? – Perguntou com as sobrancelhas curvadas. Sinal de que ela nem passou os olhos pelo SMS.

A garota disfarçou sem sucesso um sorriso de humor.

– Sim mãe, uma mensagem. Mandei assim que sai da minha sala de aula, eu tenho certeza disso. Se quiser conferir e não me dar uma bronca, eu tenho a mensagem arquivada aqui... – Mitsue levou sua mão para o bolso lateral da bolsa da escola e nem percebeu que esta estava aberta quando deveria estar bem fechada e procurou o celular, mas ela estranhou quando encontrou nada no bolso. Depois de enfiar a mão ali mais uma vez que a pior das hipóteses lhe veio na cabeça – A não... Não me diga que eu deixei esse celular cair!

Miwa ficou observando o estado de sua filha enquanto ela procurava apressadamente o aparelho desaparecido, atenta a qualquer mudança, qualquer detalhe diferente que estivesse apontando para uma mudança na sua filha, mas não tinha nada. Parecia a mesma Mitsue de sempre, o que era ruim.

– Mitsue...

– Espere ai mãe! Eu tenho certeza que guardei meu celular aqui...! – A mulher sorriu quando percebeu o tom da filha, parecendo tentar convencer ela mesma que a própria mãe.

– Tudo bem Mitsue, não precisa procurar por ele agora. Só vá tomar um banho e se troque para que nós duas possamos comer, certo?

Mitsue soltou um gemido de chateação quando não encontrou nenhum sinal do seu querido aparelho, e desistiu de procurar.

– Está bem, daqui a pouco eu desço para jantar – Falou num tom chateado antes de andar até a escada depois da sala e desaparecer da visão de sua mãe.

O sorriso amável de sempre voltou aos lábios avermelhados da mulher, e ela voltou para a cozinha enquanto tirava o avental amarelo que usava para não sujar o uniforme do trabalho que ainda vestia e o pendurou no gancho da parede. Passou as mãos pela camisa social branca que estava por baixo da saia social preta e começou a pegar os dois potes de arroz no armário acima da pia para começar a servi-las como de costume.

Quando Mitsue chegou a cozinha a comida já estava servida e sentou-se a mesa vestindo uma blusa longa de alças cor pêssego quase cobrindo todo o short jeans que usava e calçava suas chinelas lilases com estampa de borboletas violetas de sempre. Ela observou sua mãe que acabara de se sentar na frente dela, notando seu uniforme de trabalho do mesmo jeito que notou as sandálias de salto alto na entrada de casa.

– Como vai o trabalho mãe? – Perguntou com um quê de preocupação que sua experiente mãe logo notou.

– Está tudo correndo bem, não precisa ficar me observando com esse olhar preocupado – Ela esboçou seu sorriso gentil, sem conseguir disfarçar o desgaste de um dia de trabalho. – Coma sua comida Mitsue. Não quero vê-la magra de mais como as jovens de hoje em dia.

– Eu não tenho problemas em relação ao meu peso. Não sou como a maior parte das garotas que vê – Falou com naturalidade enquanto pegava o hashi com flores de cerejeira ilustrados na base.

– Eu sei que não é querida e é isso que me preocupa – Mitsue soltou um suspiro baixo enquanto comia um pouco de arroz – Porque você não faz umas amigas, de repente até mesmo uma melhor amiga e sai um pouco? Sendo sincera, eu não me importaria muito se quisesse chegar um pouco mais tarde para ter mais tempo...

– Mãe – A mulher parou de falar assim que sua filha a interrompeu – Não quero que ache que me tornei uma garota anti-social depois da morte do papai, eu apenas não achei a pessoa certa para ser minha amiga. E sendo também sincera, eu não me sinto bem saindo com outras pessoas tão a vontade enquanto você fica trabalhando o dia inteiro.

– Pare de exagerar Mitsue. Você fala como se eu não gostasse do meu trabalho – Miwa abandonou seu hashi do seu lado para se concentrar na filha.

A garota balançou a cabeça para os lados.

– Não estou exagerando e nem dizendo que você não gosta do seu trabalho. Mas eu sei que você se esforça muito nele para conseguir me manter numa boa escola particular como eu sempre estive, e agora que a senhora disse que já vai iniciar um novo emprego... – Mitsue apertou os lábios, realmente preocupada só de pensar na mãe ocupada o dia inteiro em vez de só uma parte dele.

Miwa continuou com seu ar tranquilo apenas escutando-a, mas então resolveu aproveitar a pausa da sua filha.

– Querida, você sabe o quanto os dois empregos são importantes para nós agora, e para sua informação, eu consigo manter os dois empregos tranquilamente, então pare de se preocupar tanto sendo tão jovem.

– Então me deixe conseguir um emprego de meio período para lhe ajudar! Já teve uma senhora de uma confeitaria que me ofereceu um emprego de atendente e eu acho que podia...

– Nem pense nisso Mitsue. Não te quero ver abrir mão das suas horas de estudos para trabalhar numa confeitaria. Para trabalhar, já tenho eu – Quando viu que ela iria insistir, ela levantou sua palma para que parasse – Sem mais e nem menos. Não te quero ver trabalhando antes de terminar o colegial. Estamos entendidas?

– Então porque a senhora não me matricula para a minha escola antiga? Ela era muito boa e minhas notas eram as melhores da turma! Não precisa me colocar na melhor escola do Japão!

– Preciso sim. Quero que você tenha todas as chances de se dar bem na vida.

A garota se calou, com os olhos cinza observando sua mãe ainda preocupados. Miwa pegou seus hashis esquecidos no canto e voltou a comer, dando o assunto por encerrado.

– Não é só por isso, não é mãe? – Mitsue perguntou de repente.

A mulher não tirou os olhos da comida enquanto dizia:

– Claro que é por isso. Quero que você tenha uma boa educação minha querida.

Mitsue comprimiu os lábios sem ser convencida.

– Vamos ser honestas uma com a outra mãe. Eu sei que a senhora só quer que eu volte a tocar piano. É só por isso que me matriculou lá.

Os olhos dela voltaram à filha, e ao vê-los sérios, decidiu que já era hora de colocar as cartas na mesa.

– Verdade, é por isso sim. Achei que estando com outros alunos que tocassem, estando no mesmo lugar em que a música está presente, você pudesse superar o seu medo de tocar.

A frase de sua mãe a pegou de surpresa, trazendo de volta a frase dita pelo Ryo naquela manhã.

É confortante estar no mesmo lugar onde a música está presente, não acha?

Espantou a lembrança da sua cabeça balançando-a de leve e então voltou a mãe.

– Mesmo assim mãe. Você está extrapolando as barreiras me matriculando numa escola tão cara só para que eu tocasse um instrumento que não toco há quatro anos! – A mulher abaixou o olhar por um instante, um pouco afetada pelo oque ela disse. Mesmo assim ela continuou, mantendo a mesma voz calma que teve até ali – Porque o fato de eu tocar piano se tornou algo tão importante para você, a ponto de arranjar um segundo emprego e usar o dinheiro que o papai nos deixou depois de tantos anos só para isso?

A partir dali, Miwa percebeu que aquela conversa não se encerraria tão cedo, então colocou seu hashi no apoio e deixou toda a comida como ultimo plano, se arrumando na cadeira de forma que ficasse ereta.

– Querida, você conhece o seu pai e o amor dele pela música melhor que ninguém, até mais que eu. O piano se tornou o sonho dele, na verdade toda a música se tornou o maior sonho dele e ele se dedicava a ela quase que integralmente desde que o conheci. – Ela juntou as mãos em cima da mesa, e fixou o olhar neles enquanto continuava – Quando comecei a amar o seu pai, percebi que além de amá-lo teria que aprender a amar a música também. Só assim conseguiria amá-lo completamente. E num piscar de olhos, eu também me apaixonei pela musica, principalmente pela dele. Então, alguns anos mais tarde você deu os primeiros sinais que logo apareceria em nossa vida.

Ela riu de repente e então voltou a olhar para a Mitsue, que olhava interessada para a mãe.

– Pode acreditar ou não, mas seu pai ficou tão nervoso quando teve certeza da sua vinda que ele ficou um mês sem conseguir se concentrar no piano – Mitsue corou de leve, sem evitar um sorriso.

– Eu mal consigo imaginá-lo nervoso – Mitsue também riu de leve – Mas porque esta me dizendo tudo isso?

– Espere mais um pouco e entenderá. Continuando, quando você completou seus cinco anos de vida você já era muito ativa. Amava andar pela casa em busca do que fazer e nessas aventuras você acabou parando no escritório do seu pai e foi amor a primeira vista. Quando viu aquele piano velho do seu pai você não quis mais se separar dele não adiantando o quanto eu tenha insistido. E então seu pai decidiu oque iria fazer: Ele iria te ensinar a tudo oque ele sabia e você começaria a tocar piano. Foi assim até os seus doze anos de idade, quando seu pai não foi mais capaz de te ensinar. – Mitsue concordou devagar, evitando ao máximo lembrar daquela noite.

Sua mãe deu um suspiro longo quando terminou, sentindo a dificuldade que era voltar a pensar em coisas tão antigas ao lado do seu marido, mas não se deixou abalar.

– Oque eu quis dizer com todo esse resumo de nossas vidas é que: Quando o seu pai e você começaram a tocar juntos, a minha maior fonte de felicidade era ouvir vocês dois tocarem e minha paixão pela música se tornou imensurável. O seu pai pode não ter dado muitas coisas a você, mas ele te deu oque era mais importante para ele: A sua música. – Miwa apontou o indicador para a filha com um sorriso nos lábios – Só você em todo esse mundo sabe tocar a musica dele do jeito de ele amava tocar e isso é o nosso ultimo tesouro dele Mitsue. Mas se você parar de tocar, se você deixar tudo oque ele te ensinou para trás, isso vai se perder para sempre, e isso significa abandonar o sonho e o maior amor da vida dele – Ela recolheu a mão e apenas continuou a sorrir – Acho que ele deixou o sonho dele para você, e que só você desse continuidade a ele já que eu não sirvo para nada neste aspecto.

Mitsue tirou os olhos da mãe e encarou o pote de arroz com os olhos distantes, voltando a viver o passado feliz de sua infância ao lado de seu pai, sempre alegre e tranquilo, e os momentos alegres que eles tiveram diante daquele velho Brasted London.

– Filha – Mitsue levantou seu rosto para a mãe, e deu de cara com os olhos ternos dela – Pense bem sobre isso. Você tem duas escolhas e ambas te levarão a perder alguma coisa. A primeira é Abandonar a música e evitar a dor que ainda sente para o resto da vida, e a segunda é enfrentar a dor de frente e superá-la para dar mais uma chance a música. Oque prefere?

- - -

No dia seguinte Mitsue e Miwa acordaram bem cedo, pois o colégio ficava longe de casa e sua mãe tinha que chegar bem cedo ao trabalho para que cumprisse seu horário a tempo de começar o primeiro dia no seu segundo e novo emprego.

Mitsue saiu de casa antes da mãe depois de despedir dela com um abraço apertado e foi para o ponto de ônibus perto de sua casa para ir ao colégio que ficava ao norte de Tóquio.

No caminho para a escola, a garota sentava perto da janela, observando as casas passando com o rosto apoiado numa das mãos enquanto lembrava-se do seu primeiro dia de aula desastroso. Mas nada naquele dia pareceu pior que o flagra que recebeu ao ter a brilhante ideia de tocar piano dentro da ala Leste. A garota repassou a lembrança na cabeça, lembrando daquele homem tão... diferente que tinha visto ela tocar.

– Depois de tudo, continuo sem saber qual era o seu nome... – Falou para si mesma enquanto o ônibus virava uma curva. Por fim, ela soltou um suspiro triste – Isso não importa... Eu tenho quase certeza que receberei uma bronca hoje, então tanto faz... Ah sim... Ainda tem o sumiço do meu celular. Tenho que ir aos achados e perdidos quando der o intervalo.

Assim que termina de pensar em voz alta, o ônibus para exatamente na parada de ônibus ao lado da escola Sanshou e ela desce dele com a bolsa colada ao corpo.

– Ora, Mitsue-san?

A garota vira o rosto para onde foi chamada e então reconhece o garoto assim que vê seus olhos claros.

– Oi Ryo-kun – Teve que elevar um pouco o tom por causa do ônibus que começou a andar com o característico ronco alto do motor – Acabou de chegar?

– Sim... – Ele observou a garota por um momento e então voltou a andar – Vamos ir entrando.

Ela sorriu de leve e andou ao lado dele na direção dos grandes portões abertos da escola imensa.

Porque tudo nesse colégio tinha que ser tão grande?

– Me sinto uma anã nesta escola... – Ela comentou enquanto estavam prestes a passar pelo portão.

– Bem, isso é de se esperar já que você é menor que as outras garotas... – Comentou tranquilamente.

– Não sou menor que elas coisa alguma! – Mitsue olhou o Ryo de cara feia e ele apenas deu uma risada baixa – Sério Ryo-kun! Eu sou maior que a média.

Ryo parou de andar por um momento e olhou a garota minuciosamente dos pés a cabeça. Por fim deu um risinho chacotador e voltou a andar.

– Você continua sendo pequena para mim – Falou enquanto se afastava e a garota o encarava com o rosto chateado.

Ela soltou um suspiro por fim e correu até voltar a ficar do lado dele.

– Você só fala isso porque é grande – Resmungou de cara feia enquanto andavam.

– Alcancei 1,83 com muito orgulho – Ele abriu um sorriso largo, mas ela continuou com o rosto chateado.

Logo que entraram na Ala Oeste e pegaram seus materiais nos armários, o rosto chateado desapareceu e a Mitsue voltou ao seu humor costumeiro.

Nesse dia os dois teriam seu primeiro horário juntos, e este era de Biologia, uma das matérias preferidas da Mitsue. A maior parte dos professores que Mitsue conhecia na Ala Oeste eram homens, mas Biologia era uma das poucas exceções. A professora se chamava Kurenai, tinha longos cabelos negros ondulados, um corpo esbelto e curiosos olhos de íris vermelho escuro. Parecia ter no máximo 26 anos de idade.

E foi nesta aula que uma pequena surpresa surgiu de repente pela porta.

– Pois bem, é nessa fase da mitose que encontramos variação nas células encontradas nesta folha, e... – Kurenai-sensei para de falar assim que ouve as batidas na porta da sala, e franze o cenho de leve, chateada por ter sido interrompida no meio de sua explicação. Mas então se recompõe e se dirige a porta com elegância para abri-la.

Mitsue olha para a porta com certa curiosidade quando esta é aberta, mas a lapiseira que a pouco balançava entre os dedos caiu em cima da carteira quando viu quem era e rola lentamente até o chão.

Kurenai faz um rosto surpreso quando vê o grisalho parado na porta com um sorriso de desculpas, mas o rosto dela não é nada comparado à expressão estampada no rosto da jovem.

– Kakashi-sensei?! Que raro te ver na Ala Oeste! – Kurenai exclamou, de repente abrindo um sorriso para o homem de aparência exótica a sua frente.

– Desculpe-me interromper a sua aula Kurenai, mas eu tenho uma missão importante aqui.

– Ah, claro – Kurenai ficou meio confusa, pois realmente era uma novidade que o Kakashi tenha saído da Ala Leste para resolver algum assunto numa de suas aulas, mas continuou com a expressão tranquila – Por favor, venha comigo Kakashi-sensei.

O grisalho acompanhou a linda mulher até a frente da turma de Biologia e abriu um sorriso animado.

– Muito bem alunos, como sei que a maioria de vocês nunca tiveram a oportunidade de conhecê-lo, apresento-lhes o professor de piano e teoria musical da Ala Leste, Hatake Kakashi-san.

– Ala Leste? O que um professor de música daquela Ala faz aqui? – Um dos alunos das carteiras da frente perguntou em voz alta. Com certeza era a mesma pergunta que todos faziam ali.

E a Mitsue sabia a resposta.

O olhar do grisalho vagou pela turma enquanto a Kurenai falava, mas ele parou assim que encontrou a aluna que o interessava. Ao encontrar o olhar dele, Mitsue abaixou a cabeça na direção da mesa com os olhos arregalados e o coração batendo forte no peito.

Ryo olhou a garota de soslaio e curvou as sobrancelhas.

– Tudo bem com você? – Sussurrou para ela.

– Não, estou numa péssima situação! – Sussurrou de volta com o olhar urgente.

Ele franziu o cenho, confuso.

– Como assim “uma péssima situação”? – Ele sussurrou com um pouco mais de energia.

Estava prestes a falar, mas cerra os lábios quando ouve a voz da Kurenai.

– Agora que estão apresentados, poderia dizer oque deseja aqui Kakashi-sensei?

Kakashi limpa a garganta por um momento e então tira os olhos da aluna para olhar para a Kurenai.

– Nada muito complicado ou demorado. Só gostaria que me permitisse "sequestrar" uma de suas alunas por um instantinho – O meio sorriso nos lábios dele ressurgiu e a Kurenai lançou um olhar de dúvida para ele, mas sendo o Kakashi a fazer o pedido, ela se limitou a assentir.

– Obrigado Kurenai – Kakashi se voltou a turma – Por favor, queira vir aqui na frente a aluna Terasu Mitsue-san.

Como se fosse um imã magnetizando as pessoas a sua volta, todas as cabeças se viraram de uma vez para a garota encolhida na sua carteira. Ao ver que não adiantava mais se esconder, ela ergueu a cabeça novamente, e de modo cuidadoso, se levantou da carteira, andando com passos temerosos até o grisalho e a professora que não paravam de olhar para ela.

– Mitsue-san? – Ryo indagou na sua carteira, com mil e uma dúvidas pairando na cabeça dele.

Quando estava de frente para ele, Kakashi encontrou seu olhar e abriu um sorriso.

– Queira me acompanhar Terasu-san.

– Sim... – Ela concordou numa voz controlada, mas um pouco nervosa.

Quando saíram da sala de aula, os murmúrios começaram a surgir entre os alunos, como:

– Ei, aquela era a novata que entrou este ano não é?

– Eu acho que sim... Mas porque um professor da Ala Leste veio até aqui para chamá-la?

Outras garotas inconformadas falavam entre si:

– Ahh, aquele sensei é tããão lindo... Você viu que chame os cabelos dele?

– Sim mas... Porque ele chamou a novata?

– Será que... Eles dois estão tendo algum caso?

Kurenai apertou os olhos e bateu o punho na lousa.

– Ei! Já chega de comentários e voltemos para a nossa aula!

Como se tivesse desligado um rádio pela tomada, todos os alunos silenciaram no mesmo instante e se focaram novamente a professora.

Enquanto isso do lado de fora da sala...

Mitsue se sentia seus nervos a flor da pele ao estar lado a lado com aquele homem que agora sabia que se chamava Kakashi, e por parecer tão tranquilo do lado dela. A garota mordeu o lábio inferior e deu uma leve olhada de rabo de olho para o professor.

Como foi dito, ele expressava nenhum nervosismo, com a expressão tranquila cobrindo o rosto. Mitsue levantou mais o rosto para ele enquanto andavam e observou melhor suas características. Ele era um sujeito que se destaca no meio de uma multidão pelos seus cabelos quase brancos longos e arrepiados que lhe caiam nos olhos. A cor bastante clara dos fios de cabelo contrastava com seus olhos negros que se mantinham focados no corredor a frente deles. Sua tez era limpa e clara, com um nariz fino e lábios proporcionais e – aparentemente – macios, proporcionando um ar jovem, porém, maduro ao ver dela. Os olhos claros da garota deixaram o rosto dele e observou o seu visual, esperando que não fosse como a da maioria dos professores dali.

Ele vestia um paletó aberto simples de cor escura. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos do paletó e por baixo dele havia uma camisa social branca com o colarinho aberto, mostrando parte da pele clara do seu peito e um colar de metal com um pingente de um violino também de metal, e por fim, vestia uma calça jeans negra longa que cobria parte dos sapatos sociais pretos que calçava.

– Parece mais a vontade agora.

A garota se surpreendeu com a voz dele soando em seus ouvidos e olhou para o seu rosto, vendo que ele exibia um sorriso humorado. Desviou o olhar e corou ao pensar que fora pega no flagra pela segunda vez, mas desta vez por observá-lo de forma tão minuciosa.

– Por que o senhor veio aqui para me chamar? – Perguntou com a voz estranhamente tímida.

Ele franziu o cenho diante da forma de tratamento.

– Olha, sei que não sou tão novo quanto você, mas não precisa me chamar de “senhor”. Tenho apenas 27 anos.

Ela voltou a olhar para ele, erguendo uma sobrancelha.

– Hã... Ok. Mas voltando a minha pergunta...? – Parou por ali, esperando a resposta.

Ele abriu mais um sorriso, desta vez apenas gentil e disse:

– Vamos dizer que eu me interessei bastante por você – Disse por fim, mas ao ver o rosto da garota ganhar um tom mais avermelhado que antes, completou de forma apressada – Em relação a sua música.

– Ah! É isso... – Ela abriu o primeiro sorriso para ele desde o dia anterior, e o Kakashi alargou levemente o dele, se sentindo mais positivo em relação a ela agora – Mas o senhor... – Ele ergueu uma sobrancelha para ela e se pos a corrigir – Mas você não deveria me dar uma advertência por ter usado o piano?

– Advertência? Acho que isso é exagero já que o piano continua intacto, e você toca muito bem por sinal – Ele deu uma piscadela, mas ela apenas abaixou o olhar, assumindo uma expressão séria.

– Hm, Kakashi... Sensei – Começou, usando o mesmo método da sua professora para chamá-lo – Olha, eu gostaria que você... Esquecesse oque viu e ouviu, ok? Aquilo foi um deslize meu e não planejo mais tocar piano outra vez.

Kakashi parou de andar com o rosto completamente surpreso, desta vez sem seu sorriso.

– Esquecer? Aquilo? Desculpe-me, mas eu não entendo o porquê de uma garota tão talentosa não querer mais tocar, muito menos se ela quer que eu simplesmente esqueça aquela música.

– Eu sei que para você parece estranho, mas eu tenho razões digamos... Pessoais para não tocar. Realmente estou feliz que você tenha se interessado pela minha música, mas eu não posso voltar a tocar e nem me envolver com ela.

Ele se manteve quieto por um momento, e a observou com os lábios levemente pressionados, e então se virou de costas para ela. Mitsue se sentiu confusa, mas então compreendeu oque ele fazia quando ouviu o barulho da porta ser aberta. Quando a abriu completamente, ele se virou para a garota e estendeu uma das mãos para a porta.

– Eu realmente não faço a menor ideia do que a levou a tomar essa decisão, mas acho que quando ouvir oque temos a te dizer, talvez você mude de ideia sobre isso – Ele deu um sorriso torto e indicou com a cabeça para que ela passasse.

Mesmo sem entender oque ele pretendia e muito menos ter a menor ideia do que ele quis dizer usando a primeira pessoa do plural, ela passou pela porta aberta, encontrando uma sala muito bem decorada com quadros, um sofá de couro e alguns vasos de planta perto da bancada a sua frente, onde uma mulher que usava um longo rabo de cavalo sentava atrás dele enquanto digitava algo no computador da Apple. Kakashi entrou depois dela, fechando a porta e então se dirigiu até a mulher tão jovem quanto ele próprio e pousava uma das mãos na bancada, atraindo o olhar da jovem que corou discretamente ao ver quem estava ali.

– Com licença, eu trouxe a aluna que o senhor Naka chamou.

– Hm, tudo bem Hatake-san – A mulher tirou os olhos dele e observou a garota que estava atrás dele – Qual o nome dela?

Mitsue se aproximou da bancada e disse:

– Me chamo...

– Terasu Mitsue – Kakashi se adiantou, abrindo um sorriso para a Mitsue.

A garota ficou com o queixo levemente caído, olhando-o com completo espanto por saber seu nome completo.

A mulher trocou um olhar entre eles, levemente desconfiada da garota inocente e então pegou o telefone em cima da bancada.

– Espere um momento Hatake-san – Ela pediu um leve sorriso antes de apertar um dos botões do telefone.

Ele assentiu com o rosto tranquilo e tirou a mão da bancada enquanto a mulher esperava que a pessoa da outra linha atendesse a ligação.

E então ela finalmente pareceu a atender.

– Desculpe interrompe-lo Naka-sama, mas a aluna Terasu Mitsue da ala Oeste acabou de chegar – Um tempo se passou e então a mulher assentiu de leve com a cabeça – Tudo bem, farei isso agora – E colocou o telefone de volta ao gancho, olhando para o Kakashi – Naka-sama pediu que vocês entrem na sala dele.

– Ótimo, bom trabalho Kisha-san – Ele deu mais um sorriso para a mulher que corou mais um pouco, sem responder.

Kakashi colocou uma das mãos nas costas da aluna e a guiou para a porta ao lado da bancada. Mitsue entortou os lábios. “Para quê ligar para ele se estava na porta ao lado?” Indagou a si mesma, mas manteve o silêncio.

Asssim que entraram no escritório por trás da porta, um homem de aproximadamente quarenta anos vestido elegantemente num terno se levantou da grande cadeira giratória atrás da mesa de trabalho maior ainda e caminhou até eles com um sorriso amigável no rosto, e assim que chegou na garota estendeu a mão que Mitsue apertou bastante confusa.

– Bom dia Terasu-san, estava ansioso por vê-la assim que soube de você pelo nosso professor de piano.

– Hã, me desculpe por isso, mas quem seria o senhor? – Perguntou lentamente, quase arrancando uma risada do grisalho ao seu lado.

– Claro, me desculpe por isso. Sou Naka Hisashi, o diretor deste colégio.

A garota sentiu um leve arrepio quando o homem soltou sua mão e o encarou estática.

– O diretor? Porque eu fui chamada pelo diretor? – Ela indagou com a voz levemente mais alta.

O homem quarentão sorriu para ela e então juntou as mãos.

– Terasu Mitsue-san, graças ao seu grande talento musical, tenho o orgulho de transferi-la imediatamente para a Ala Leste deste colégio como nosso novo talento.

Para completar a cena de completo choque da garota, bastava apenas que uma taça de vidro quebrasse para ficar mais emocionante, pois aquilo era algo completamente chocante.


 


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