Mais uma noite estava chegando, e há aproximadamente uma semana Saki não fazia outra coisa a não ser jogar após o trabalho. Ele estudava durante as manhãs e trabalhava a tarde já que teve de juntar bastante dinheiro pra comprar o novo equipamento do jogo, já iriam completar quase duas semanas após o sumiço de sua irmã mais nova, e a cada dia que passava ficava mais próximo o torneio do SAO AB. 



Depois de mais uma busca, Saki decidiu parar um pouco e esperar um amigo na cidade central. Este amigo era Yoshiaki Utakata, um rapaz que também tinha 19 anos e estudava no mesmo colégio, e apesar de Utakata pertencer a uma classe social alta, ele e Saki conseguiam ser bons amigos. Utakata era conhecido no jogo pelo Nick de "Yukata" e sempre demorava a aparecer online, sendo assim Saki resolveu tomar um milkshak enquanto esperava pelo amigo que já estava há quase uma hora atrasado. 


Depois de algum tempo Saki viu uma luz, e alguns dados se materializando num rapaz alto, de roupas azuis escuras e pretas, ele tinha cabelos lisos com uma enorme franja que tapava o olho, que eram de um castanho escuro quase preto e os olhos de cor igual. 


– Desculpe, eu acabei me atrasando por causa do estágio. - Não era do feitio de Utakata se desculpar com o melhor amigo, ainda mais porque o considerava um babaca, mas ele tinha interesses próprios naquela busca. – Porque me chamou mesmo?

– Eu fui desafiado pra uma luta na arena de batalha da cidade central. - O rapaz suspirou cansado. – Mas eu não tenho tempo pra lutar, tenho que procurar pela minha irmã. E você não ta fazendo nada pra ajudar baka!

– Você não é obrigado a lutar, ainda mais porque a competição não começou, mas você pode fazer isso pra garantir experiência, afinal quando o torneio e a caça ao enigma começarem vão surgir jogadores muito fortes. Estando no level em que esta, eu realmente duvido que... - Utakata não era nenhum pouco positivo.

– Ta... Ta... Eu vou lutar, mas eu nem sei se quero me inscrever nesse torneio idiota. Eu só quero achar logo a minha irmã pra eu trancar ela numa torre e não deixar sair nunca mais. - Saki disse meio irritado, mas deu um sorriso babaca, sua frustração havia passado. – É verdade, como funciona esse negócio de níveis. 


– Você leu algo cheio de letras chamado manual? Caso não saiba, lá tem os detalhes do jogo. E te aconselho que leia muito rápido, o sistema do SAO não é como os games que ta acostumado a jogar- Utakata disse friamente. – A propósito, com quem vai lutar mesmo?

– Uma tal de Mizuhina. - Saki disse desmotivado. – Que nome mais estranho.

– Ela de desafiou pra uma luta treino ou oficial? Apesar da competição não ter começado as lutas oficiais contam pontos e status no ranking geral. 

– Ainda tem ranking? - Ele realmente estava por fora das coisas, Saki era totalmente desmotivado e não tinha vontade alguma de perder seu tempo lutando, mas ele sabia que cedo ou tarde esse momento chegaria. – Cara me diga algo que não tenha dentro desse jogo?

– Vai ficar enrolando ai ou vai ir lutar? Pelo o que parece sua luta é em 10 minutos. - Utakata disse enquanto olhava a página que anunciava as lutas. – Se você se atrasar por pelo menos 10 minutos vai perder por W.O

– Ta legal... - Saki jogou o copo de milkshak fora e se levantou totalmente desmotivado, ele tinha tanta vontade de lutar que arrastava a espada no chão deixando uma marca na rua por onde passavam, os ombros estavam curvados e a cara emburrada. 

Quando chegou à Arena ele entrou por um portão especial, onde tinha que colocar sua mão numa espécie de parede que identificava dados. Era a mesma arena onde tinha assistido a luta anterior. Depois de alguns minutos ele foi chamado por uma voz eletrônica que liberou sua entrada no campo e então lentamente caminhou até o centro da Arena. Para batalhar Saki estava usando uma espécie de sobretudo negro com detalhes vermelhos, mas não tinha manga e deixava os braços expostos. Sua calça e sua blusa também eram pretas, usava umas botas de couro e nenhum equipamento de defesa como protetores ou algo do tipo. 



Quando observou melhor viu que sua oponente era uma garota de longos cabelos negros e franja de lado, ela tinha olhos castanhos, usava roupas brancas com detalhes pretos, era uma espécie de vestido , nas mãos ela empulhava uma foice maior do que sua altura. 


– Eu realmente não esperava lutar com um homem, achei que Saki era uma garota. - Sua oponente comentou e deu uma risada inocente, embora esta fosse à verdade.

– QUE? - Saki berrou em pleno campo de batalha. – "Saki" é um nome perfeitamente normal e eu até já vi um personagem chamado assim num manga. -Ele estava muito indignado com aquilo, como podia acontecer uma coisa dessas?


A jogadora que lutaria com ele parecia bastante confiante, pois ela mantinha um leve sorriso de tranquilidade em sua fase. Será que era uma boa lutadora? Pois a arma que tinha escolhido era pouco convencional tendo em vista que a maioria dos jogadores lutava usando espadas. 

O contador começou a rodar em contagem regressiva, ao chegar ao número 1 a luta finalmente começou. A oponente de Saki avançou empunhando a foice para trás e segurando-na um pouco acima dos ombros. Quando ficou a cerca de 2 metros de distância dele ela usou as duas mãos para fazer um ataque horizontal, ele pulou por cima da foice e tentou atacar com sua espada, entretanto Mizuhina que ainda segurava sua arma numa posição favorável a puxou em direção ao corpo usando o cabo para deter a espada. Ele estava bastante surpreso com a rapidez com a qual ela realizava seus golpes. 

– Você luta muito bem. - Ele disse ofegante, pois embora não se "respira-se" em SAO, o nevergear ainda causava reações nos usuários para tornar o cenário o mais realista possível através do estimulo dos 5 sentidos. 

A garota sorriu pelo reconhecimento, pois até então os homens com os quais tinha lutado eram cheios de si e recusavam-se a lutar com alguém do sexo frágil, ela estava disposta a mostrar que não era bem assim que as coisas funcionavam. Tentou continuar a atacar, o problema é que sua espada não fazia ataques de combos especiais como esperava, como disparo de golpes ou algo do tipo. Ele usava seu corpo e sua velocidade para tentar se equilibrar e escapar daquela arma que parecia bastante assustadora. Quando ele finalmente conseguiu uma brecha para atacá-la, ela girou a foice com tamanha rapidez que sua ponta acertou sua mão fazendo-o largar a espada, a parte afiada acabou acertando-o no braço deixando-no indefeso. Ele precisava recuperar sua arma, mas era tarde, Mizuhina tinha uma rapidez muito grande pra manipular aquela arma e então ela começou um hit de golpes fatais, ela estava praticamente retalhando-o. Era uma forma bastante bruta de lutar, já que Saki perdeu a conta de quantas vez foi cortado até seu HP cair e ficar abaixo de 10 pontos de vida. Era o tipo de ataque do qual não dava pra desviar, uma vez que não havia tempo pra uma reação a menos que tivesse algum objeto pra defesa ou até mesmo algum tipo de habilidade especial. 

Parecia que garotas davam preferência ao tipo de armas que garantissem uma certa distância do adversário, embora aquela foice fosse incrivelmente incomum. Não dava pra saber por que ele pensava daquela forma, mas algo parecia diferente naquela arma. 


Depois de se recuperar ele foi cumprimentá-la, ambos deram um aperto de mãos e se apresentaram, embora Saki não tivesse revelado seu nome. Como era seu apelido desde que se entendia por gente, ele realmente não achava que tinha necessidade.


– E então, porque Mizuhina? - Saki estava curioso a respeito do apelido daquela garota que era tão habilidosa. 

– É a junção de Hinamori Mizuki. - Ela respondeu revelando-lhe seu nome, acabou dando um sorriso embora não fosse muito de seu feitio. – Você luta bem, mas deveria aprimorar suas habilidades. Se continuar perdendo dessa forma não vai conseguir sobreviver nos territórios. 

– É eu sei... Mas por mim é melhor que não sejam desbloqueados tão cedo, to procurando pela minha irmã aqui no jogo e quando maior for esse mundo pior para encontrá-la. - Saki suspirou cansado, mas mantinha um sorriso conformado em sua face. 

– Também estou procurando por uma pessoa. - A garota confessou. – Bem... Um amigo. Espero que tenha sorte nas suas buscas, vai precisar. 

– Pra você também Hina-chan. - Saki disse com um sorriso bobo em seu rosto. – Fica bem melhor do que seu Nick, é muito longo e complicado pra lembrar. 

– Nos vemos por ai. - Ela acenou e foi embora. 

Quando Saki viu que seu amigo se aproximava com um sorriso bobo na face então ele fechou a cara meio emburrado, simplesmente sabia que Utakata estava feliz por ele ter perdido a batalha e que ele não perderia a chance de jogar isso em sua cara. Realmente, ele tinha de admitir que por sua falta de entusiasmo tinha perdido a luta por falta de conhecimento, mas lutar daquela forma de certo modo tinha sido motivador. Ele se sentia empolgado enquanto lutava e via as lutas. Então podia concluir que aquele RPG teria sido um bom entretenimento se não fosse seu desespero devido a circunstâncias. Ao mesmo tempo era meio irritante algo tão bem desenvolvido ser um pouco precário em informações, já que até então ele não tinha encontrado nada de útil, tudo o que sabia era que sua irmã estava lá. 


– Nossa, as inscrições pro torneio acabaram de abrir! - Utakata disse vendo na página de noticias. – Melhor nos apressarmos antes que as inscrições fechem.


– Cara você não cansa não? -Saki deu uma risada pelo amigo estar sempre ligado na rede de informações. – Bem, parece que não tem muita cerimônia em fazer a inscrição né. - Depois de confirmar seus dados na tela que tinha surgido pra inscrição, Saki confirmou apertando em "ok"



Quando isso aconteceu, uma carta em branco foi materializada por alguns dados em sua frente. Ele tinha que se acostumar logo a esse jeito do jogo de criar as coisas do nada, pois tudo dentro de SAO parecia real, isso as vezes era a o que mais assustava. A carta era simples, como aquelas de jogos normais, não tinha nenhuma informação ou algo que prestasse. Então ele apenas a guardou nos acessórios, talvez fosse algum tipo de cartão de confirmação ou qualquer coisa do tipo. 

– Hoje ainda vai abrir o primeiro território pra exploração, que tal se a gente ir lá ver se há algum chefão ou bônus?- Utakata sugeriu, enquanto falava em seu tom calmo e frio de sempre. – Se sua irmã esta mesmo jogando tem a possibilidade dela querer explorá-lo.


– É uma ótima idéia! - Saki concordou animado e ansioso. – Mas creio que a melhor hora para vê-la vai ser de manhã, talvez eu tenha que matar aula no colégio. 


Quando o primeiro território foi aberto, uma imensa quantidade de jogadores que sabiam das noticias naquele momento se dirigiram até o local. Saki e Utakata eram alguns desses jogadores que estavam tão empolgados, embora atrapalhasse um pouco ter tantas pessoas explorando um só lugar, eram cerca de uns 7.000 jogadores só naquele local. 



O território que havia sido liberado, era uma espécie de campo que ficava em volta da cidade central, bastante extenso. A única desvantagem daquele local é que não dava pra usar nenhum tipo de teletransporte, e por algum razão dentro daquela área não podia se desligar do jogo, diferente da cidade central. E de fato, os jogadores só não se assustavam porque já tinham sido avisados no manual, mas claro que ainda era meio assustador. Mesmo assim isso não tinha amedrontado uma jogadora que se chamada Nakashima Izumi que atendia pelo nick de Izzy. Ela tinha cerca de 1,60 de altura, 54 quilos, seus olhos eram róseos e seus cabelos eram bem longos, de cor castanho bem claro e ondulados. Por ser bastante tímida e pouco confiante, ela preferia ficar afastada de áreas onde tinham muitos jogadores, o que a levou a uma parte bem longe da cidade central. Ela estava em meio a um enorme campo verde um pouco afastado da parte densa da floresta, haviam ali algumas cavernas ao redor. 

Como SAO era a maneira que ela encontrava de escapar de seus problemas e se divertir, ela resolveu explorar uma das cavernas que haviam ali. Uma delas era muito grande por dentro e ficava dentro de uma montanha, era um pouco escuro lá dentro, mas uma estranha luz azul iluminava o local no interior, vindo de alguns cristais que haviam nas paredes. Provavelmente poderiam ser cristais de teletransporte ou até mesmo que desse alguma habilidade diferente, e embora a sua tentação fosse pegar o máximo que pudesse, ela era suficientemente inteligente pra perceber que aquilo poderia ser uma armadilha. Então ela continuou andando, mas por via das dúvidas pegou seu cajado que possuía algumas correntes prateadas em volta, só por precaução. 


Ela continuou a caminhar e a medida que avançava, percebia que havia uma tensão desconfortável, ela decidiu voltar, quando ouviu um grito bem alto. E então num impulso resolveu correr naquela direção, parecia o grito de uma criança, e ela surpreendeu-se ao ver que um monstro atacava uma garota que aparentava ter nove anos, segundo nome que podia ver na barra de HP a jovem garota chamava-se Nana. Ela parecia portar algum tipo de cajado também, Nana na realidade tinha 13 anos, possuía cabelos prateados e longos, seus olhos eram verdes. Seu nome real era Ushiromiya Mai. 


Izzy pensava no quão corajosa era aquela criança por se aventurar em um lugar como aquele sozinha, claro que por ser um jogo de RPG não era lá algo do qual deveria sentir medo, mas acontece que as sensações que o Nervegear estimulava pelo cérebro eram muito reais e surpreendentes. 

O monstro em questão não estava muito visível, pois a caverna era bem escura e o máximo que Izzy podia ver eram pedras e um enorme olho vermelho em meio a escuridão, que parecia mais ser feito de magma. 

– Hei, corra logo! - Izzy gritou para a outra jogadora, porém ela se recusava a sair do lugar onde estava, ela abraçava uma espécie de ovo gigante, e parecia estar tentando protegê-lo. – Mas menina esse monstro... ele parece ser um... Um chefão. 


Agora tudo fazia sentido, eles só tinham liberado o território para que os jogadores encontrassem o chefão daquele lugar e abrissem outros territórios, afinal a cidade central tinha apenas arenas. E agora? O que ela poderia fazer? Tudo que restava para Izzy era lutar, afinal ela sabia que não poderia se tele transportar dali e também, seria um desperdício perder no jogo e ter de recomeçar, entretanto ela não poderia abandonar aquela criança num lugar tão perigoso. 



De relance ela viu que o chefão erguia uma das patas e então usou seu cajado que era quase do seu tamanho para atacá-lo, as correntes prateadas aumentaram de tamanho e agarraram a pata de pedra, ela puxou com bastante força. 


– Aproveita a chance e pega a sua arma! - A garota gritou enquanto tentava segurar a criatura com sua força, ela usava uma das estalactites para apoiar o cajado de forma horizontal, enquanto impedia o chefão de se mover. Ele já parecia muito forte, pra um chefão que deveria pertencer ao nível um. 


Nana aproveitou a brecha e correu, pegando seu cajado. Ela poderia usá-lo para auxiliar a outra jogadora, entretanto ela sabia que não seria tão fácil. Izzy estava fazendo tanto esforço pra segurar a criatura, que depois de uns 5 minutos seu HP começou a reduzir lentamente. Seus pontos de vida que estavam em 100% já haviam caído pra 90% e se aproximavam da zona amarela. 

O sistema de HP era definido por porcentagem, então independente da quantidade de pontos de vida, a redução sempre aconteceria dessa forma. De 100% até 80% a barra ficava verde, de 80% até 50% amarela, de 50% até 30% laranja, de 30% até 10% vermelha. Sendo que, quando um jogador chegava há 10% numa luta ele automaticamente perdia e se seus pontos zerassem perdia a vida. 

– Vamos, é... Nana, essa é sua chance! - Izzy gritou mais uma vez, com certeza as duas sozinhas não conseguiriam vencer aquele chefão, pelo menos não naquele momento. Até porque a barra de HP do monstro de pedra estava intacta. 


– Não posso sair daqui! - A menina gritou e voltou com seu cajado para perto do ovo gigante que era quase do seu tamanho. – V-você pode ir sem mim. Eu vou ficar bem. 

– Droga! - Izumi praguejou, ela não queria recuar. Quando seus pontos de vida chegaram a 60% e tinham caido pra zona amarela, o monstro de pedra conseguiu puxá-la e lança-la para longe. O impacto de seu corpo batendo contra uma estalactite acabou lhe arrancando mais 10% de HP, deixando-a na zona laranja. 

Então de repente ela viu um vulto de um terceiro jogador correndo em direção ao monstro, não dava para vê-lo com tanta clareza, seus cabelos eram longos, negros e rebeldes, quando entravam em contato com a luz dos cristais que iluminavam a caverna dava a impressão de serem um pouco prateados. O jogador vestia um longo sobretudo negro, seus olhos também eram da mesma cor e bem profundos, este era Ryuukimaru Asai, conhecido no jogo como Nagamasa. Ele parou diante do monstro, em suas mãos haviam duas espadas de lâmina negra, com o cabo em detalhes entalhados de uma cor dourada, eram exatamente iguais. 


Ele logo avançou e começou a atacar o monstro em vários pontos diferentes, entretanto seus golpes pareciam não fazer muito efeito, pois aquele corpo de pedra parecia muito resistente. Ele continuou a atacar, Izzy vendo que ele estava lutando praticamente sozinho tentou se recompor e se levantou do chão. 


Nagamasa percebeu que a medida com que o tempo passava, os olhos do monstro se tornavam cada vez mais vermelhos e brilhantes, o calor na caverna aumentava também, e de acordo com o que tinha imaginado, isso queria dizer que cedo ou tarde ele acabaria usando algum tipo de golpe especial. Sua previsão estava certa, então ele tirou do sobretudo três cristais de cor vermelha, lançou um para Nana e outro para Izzy. 

– Usem isto, de pressa! - Alertou enquanto ativava seu cristal. As garotas obedeceram, 5 segundos depois do alerta o monstro lançou uma rajada de fogo que atingiu quase toda a caverna. Os cristais tinham erguido um tipo de escudo temporário que durou cerca de 5 minutos, o tempo total do golpe, depois eles se desfizeram em um monte de dados. 

De acordo com o que tinha percebido, Nagamasa estava certo. – Meninas, usem os cristais que estão nas paredes da caverna de pressa. Parece que eles funcionam aqui dentro.

Sendo assim, Nana começou a procurar por cristais de teletransporte, Izzy também os procurava. Entretanto, elas viram alguns cristais brancos em uma parede, nunca tinham notado aquela cor antes. Enquanto isso, Nagamasa atacava a criatura tentando distraí-la, se ele estava certo aquele chefão com certeza deveria ter um ponto fraco e por isso ele precisava encontrá-lo logo. 


Nana e Izzy constataram que se os cristais brancos tinham uma cor diferente, provavelmente eles poderiam ser algum tipo de arma contra o monstro. Então cada uma pegou um e tentou ativá-los, os cristais saíram de suas mãos e começaram a levitar no ar há cerca de um metro do chão, uma luz branca e forte emanou deles, e então de repente dois jogadores surgiram. 


– QUE? O QUE EU TO FAZENDO AQUI? - Um deles disse totalmente surpreso, este que usava roupas negras e vermelhas era Saki. – AHHHH QUE MONSTRENGO É AQUELE! - ele gritou apontando para o monstro de pedra. 

– Parece que fomos tele transportados de forma forçada. - Utakata disse de forma calma e fria como sempre, o RPG não o incomodava muito pelo simples fato de saber que é um jogo. 

– Pensem que teletransporte não funcionasse nesse território. - Saki disse confuso. – Pelo visto nos metemos numa fria. - Concluiu ao ver o quão o chefão parecia forte. 

– Desculpe, nós ativamos uns cristais brancos e vocês vieram parar aqui. - Izzy se desculpou meio sem jeito. 


Naquele momento Nagamasa recuou e foi na direção onde estavam os quatro. – Hei vocês dois podem ajudar? Tenho um plano, mas vou precisar de todo mundo. 


– Claro, só dizer o que fazer chefia. - Descontraidamente Saki bateu continência, ele parecia meio empolgado em lutar com chefão. Parecia de certo modo divertido, Utakata parecia não ter objeções, assim como Nana e Izzy.

– Bom, pelo o que eu conclui enquanto lutava, aquele chefão não se move de lugar, entretanto ele tem um golpe muito forte que é uma rajada de fogo que ele lança e empesteia a caverna toda. Ele leva vários minutos pra ativar esse golpe então temos tempo. - Nagamasa explicou. – Conclui que o ponto fraco dele provavelmente é o olho no centro da cabeça. Izzy você acha que consegue segurar uma das patas dele de novo por alguns minutos?

– Claro, posso sim. - Izzy concordou e disse meio nervosa. 


– Nana você tenta distraí-lo e chamar sua atenção, vocês dois tentam acertá-lo bem no centro do olho antes que ele lance seu golpe, eu vou tentar cobri-los e atacá-lo enquanto se aproximam, vi que não da pra uma pessoa atacar sozinha. De acordo? - Nagamasa explicou o mais claramente possível, todos concordaram e se preparam para o ataque. 


Nana lançou algumas adagas em direção ao monstro e começou a correr em volta dele, quando ele ergueu sua enorme pata para atacá-la, Izzy usou seu cajado e lançou suas correntes para prende-lo novamente. Nagamasa seguiu, subindo pela pata e correndo, utilizou suas duas espadas para atacar o monstro, enquanto Saki e Yukata vieram logo atrás subindo pelas correntes que puxavam para as laterais. Nagamasa cruzou suas espadas e usou elas para lançar um primeiro golpe, que saiu mais ou menos no formado de um X e criou uma pequena explosão. 

– TROCAR! - Ele gritou pulando para trás e caiu de pé no chão de frente para o monstro de pedra. 

Saki e Yukata saltaram ao mesmo tempo após pegar um impulso sob as correntes, ambos se cruzaram pelo ar acima do monstro, sacaram suas espadas e usaram a força da queda pra aumentar o poder de perfuração das espadas que entraram no centro do olho do monstro. Ambos começaram a puxar as espadas pra baixo e desceram cortando o enorme corpo de pedra, uma luz branca emanava de dentro do corte. Quando ambos tocaram o chão e puxaram suas espadas, o corpo do monstro começou a se desfazer, embora seu HP ainda indicasse que ele tinha vida. com o corpo de pedra, uma luz branca emanava de dentro do corte. Quando ambos tocaram o chão e puxaram suas espadas, o corpo do monstro começou a se desfazer, embora seu HP ainda indicasse que ele tinha vida. Com o corpo de pedra partindo praticamente ao meio, Nagamasa pulou para dentro da luz e usou suas espadas para partir uma espécie de núcleo. Uma pequena explosão, porém inofensiva aconteceu e pequenos cristais apareceram a medida com que os dados se desfaziam, indicando que o chefão estava derrotado. Todos sorriram vitoriosos e comemoraram a primeira vitória erguendo as mãos para o alto. Acima do monstro havia algumas letras onde estava escrito “Congratulations”.


– Que confusão. - Saki esticou os braços para cima se espreguiçando, ele se sentia bastante exausto, pois seu HP estava em 40%, assim como de Yukata que também estava.– O que é isso?- Ele perguntou confuso ao ver que uma carta havia se materializado em sua frente, embora estivesse em branco. 

– Pegue, deve ser pra você. - Nagamasa disse com um sorriso leve em seu rosto. – Embora estejam em branco, já tinham avisado que no jogo tinham introduzido um sistema de cartas. Só não sei pra que servem se ainda usamos os cristais para todas as funções. 

– Por falar em cristais, os da caverna estão se apagando. - Izzy disse enquanto observava um por um perder seu brilho. – Melhor sairmos logo daqui. 

Todos concordaram e caminharam para fora da caverna, onde estava mais claro, dessa forma seus rostos estavam mais expostos e eles podiam se enxergar melhor. 


– Cara aquela sua estratégia foi muito foda, você tem todo o meu respeito. - Saki disse empolgado, ele realmente estava surpreso com a inteligência daquela jogador desconhecido. 

– Vocês dois fizeram um bom trabalho de equipe também. Fiquei surpreso com o seu sincronismo no golpe, devem ter treinado bastante. - Nagamasa disse retribuindo o elogio. 

– Entendi. - Yukata disse enquanto analisava a caverna. – Provavelmente a caverna deve ser o único lugar desse território onde os cristais teoricamente funcionam.

– Parece que os cristais de dentro da caverna não funcionam do lado de fora, porque os de cura pra recuperar HP que eu peguei antes sequer estão funcionando. - Nagamasa disse jogando o cristal apagado fora. – Provavelmente eram apenas pra ajudar na luta contra o chefão. 

– Aquele chefão era muito difícil pra um jogador sozinho, isso é injusto. - Saki disse indignado. 

– Não necessariamente. - Utakata o corrigiu. – Se for parar pra pensar, o fato daqueles cristais estarem ali já é uma grande ajuda contra o chefão, fora que apesar de resistente ele não se movia de lugar a não ser pela pata. Cristais que davam pra trazer outros jogadores, confesso que aquilo me surpreendeu. 

– Mas e você garotinha, porque ta tão triste? - Saki perguntou a Nana que estava de cabeça baixa, meio pensativa. Izzy estava ao lado dela, embora estivesse tímida e muito calada. Ela também olhou Nana meio preocupada, estava curiosa pra saber o que ela fazia lá. 

– Não é nada. - Nana disse e forçou um sorriso. – Obrigada por me ajudarem a defender o ovo.

– É verdade, tinha um ovo lá. - Izzy comentou. – De quem será que era?

– Eu acho que era do dragão que vi ferido na floresta, só espero que os outros jogadores o deixem em paz. - Nana segurava um pouco a vontade de chorar, pois mesmo que soubesse que no fim das contas eram apenas dados, de algum modo sentia-se dessa forma.

– Não se preocupe Nana-chan, podemos ajudar a dar um jeito nisso. - Saki pôs a mão sob a cabeça dela e esfregou seus cabelos, enquanto sorria de forma terna. – Agora, acho que quero ir logo pra cidade. Vai anoitecer em breve e eu to com fome.

– Com certeza, é um longo caminho até lá e sem teletransporte ou botão pra sair, acho que não temos muita escolha né? - Nagamasa disse bem relaxado. – Vou aproveitar e ir com vocês até lá. 

Todos guardaram suas armas e começaram a caminhar, exceto Izzy. Ela ficou parada, olhando eles seguirem a sua frente. 

– Izzy-san você não vem? - Nana perguntou meio confusa, enquanto acompanhava os garotos. Todos pararam e a encararam.

– Eu não sei se vocês vão gostar da minha companhia, não quero atrapalhar. - Izzy disse meio tímida, estava um pouco corada e com o olhar baixo e triste. Além disso, haviam outras razões para que ela não quisesse acompanhá-los daquela vez.

– Deixa disso Izzy-chan, vem com a gente. - Saki foi até ela e a puxou pela mão e meio que a obrigou a seguir com eles, a forma como ele sorria parecia sincera, embora ela tivesse medo que aquilo fosse apenas uma piada. 


Quando os alcançou, todos foram para a cidade tomar alguma coisa. Nesse meio tempo, eles tinham aproveitado para dizer seus nomes e se apresentarem formalmente.