Contos De Uma Vilã escrita por Birdy


Capítulo 15
Burn It Down


Notas iniciais do capítulo

E a Birdy diva maravilhosa ressurge das cinzas
hahahaha
Desculpa a demora, mas eu sou uma pessoa muito atarefada sabe, ainda mais quando os professores ficam passando milhões de trabalhos e deveres e provas e essas coisas que eles mandam a gente fazer por achar que não temos nada pra fazer.
Eu ia postar semana passada mas o Nyah tava em manutenção :/ Em compensação, este capítulo está maiorzinho, espero que gostem
Anyway, aqui está o tão esperado Circuito de Fogo!
Adios



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/291440/chapter/15

O Instituto mais parecia uma High School sem o Musical do que uma escola de vilões, com seus corredores cheios de armários, salas de aula, etc.

O mais engraçado da história era que, de todos aqueles vilões, nenhum realmente me levava a sério e, bem, isso não era realmente engraçado. Já fazia pouco mais de uma semana que eu havia entrado no Instituto e eles não paravam de tentar me humilhar. Eu já não era mais a rainha como um dia eu fui na Academia. A cada dia eu odiava mais aquela porcaria toda, mas, pelo menos, eu tinha boas companhias que me ajudavam a superar todas as outras pessoas deploráveis. Ah, ótimo. Agora eu também estava tendo crises emocionais. Só faltava eu começar a ouvir vídeos de autoajuda.

De qualquer maneira, andar pelos corredores do Instituto estava se mostrando uma tarefa perigosa para mim, todo dia havia uma armadilha nova me aguardando.

E era esse o motivo para eu estar de pendurada de cabeça pra baixo no teto de um dos corredores principais. A corda que envolvia meu tornozelo direito estava presa em algum lugar naquele teto alto.

A faca que eu mantinha em meu bolso (só por precaução, claro) havia caído no chão quando fui puxada inesperadamente pela corda. O que me deixava com poucas opções viáveis.

Eu tinha consciência de que meu rosto provavelmente estava praticamente roxo e de que várias pessoas logo abaixo estavam rindo de mim, mas continuei planejando uma estratégia pra sair dali, sem me importar com eles.

Uma ideia quase brilhante me veio à cabeça e eu comecei a me balançar na corda, fazendo-a ir de um lado para o outro como um pêndulo. O meu peso em movimento acabou tornando a tarefa da corda de me sustentar um pouco difícil e senti-a começar a se romper.

Quanto mais eu balançava, mais a corda cedia. Eu não sei se devia me sentir feliz por isso, mas foi como me senti. Eu já estava ficando enjoada de balançar quando a corda se rompeu completamente. Ouvi arquejos abaixo de mim enquanto eu caía, dando uma mortal para trás e parando em pé.

–Bando de mentecaptos. – Bufei arrumando meu cabelo que estava bagunçado por causa de tudo aquilo. Eles continuaram me olhando com olhos arregalados. – Fechem a boca, tem baba escorrendo.

Não precisei de mais palavras, eles abriram caminho para eu passar, e assim fui embora caminhando imponentemente.

_____________~(*-*)~______________

–Por que todos aqui me odeiam? – Perguntei a Sean logo que saímos da última aula do dia. Ele sorriu maliciosamente, aquele sorriso típico dele.

–Com certeza não é porque você age como se fosse dona do mundo. – Ele me olhou de soslaio, enquanto andávamos sem destino pelo Instituto, logo após o almoço.

–Mas eu sou. – Respondi simplesmente, encolhendo os ombros como se fosse óbvio. – Eles só não reconhecem isso.

Sean riu baixo e me olhou com seus grandes olhos azuis escuros. Eu até diria “olhos que pareciam oceanos nos quais eu poderia me afogar” se eu não achasse uma frase clichê e um tanto ridícula.

–Bem, então talvez eles apenas não vejam quem você é debaixo de tudo isso. – Ele apontou para mim e deu de ombros, aparentando indiferença, mas eu pude entender o duplo sentido de suas palavras.

–Mas você não me odeia, eu acho. – Respondi. – Isso quer dizer que você vê quem eu sou “debaixo de tudo isso”? – Perguntei, inocente, enquanto o sorriso de Sean só aumentava.

–Bem, você ainda não me mostrou. – Ele simplesmente deu de ombros, o sorriso divertido e os olhos repletos de malícia.

Cerrei meus olhos, mas não pude esconder um sorriso de canto que se formou em meus lábios.

–Pervertido. – Disse apenas, empurrando-o de leve com o ombro. Sean riu e me empurrou de volta, fazendo com que começássemos uma briguinha para ver quem caia primeiro. Você pode até achar infantil, mas não negue que um dia você também fez isso.

O empurra-empurra só parou quando vimos Gabryella no corredor, conversando animadamente com Harvey e Miki. Sendo que os últimos citados pareciam estar prestes a ter um ataque de histeria.

Quando nos aproximamos do grupo, Gabryella sorriu para nós.

–Vocês souberam? – Ela disse, animada. Encarei-a com uma expressão vazia, porque eu não fazia ideia do que ela estava falando. Sean devia ter feito uma cara parecida, porque ela logo se apressou em explicar: - O Circuito de Fogo será hoje a noite.

Franzi o cenho.

–Mas... Não seria amanhã? – Perguntei cautelosamente.

Gabryella parecia uma criança no circo.

–As coisas mudam, Devynnia. – Ela brincou. Ergui as sobrancelhas para o novo apelido que ela tinha me dado.

–Meu nome não é Devynnia. – Resmunguei. Ao meu lado Sean riu e eu o cutuquei com o cotovelo.

–Ai. O que foi? Eu gostei do nome. – Seu sorriso maroto logo deixou claro que ele passaria a me chamar assim pelo resto da minha vida. Suspirei.

Como eu previra, Sean logo decidiu usar o apelido contra mim.

–Então é melhor irmos logo, Devynnia, temos que nos arrumar para o Circuito. – E assim ele se foi pelo corredor, sem ao menos esperar por mim. Revirei os olhos e fui na direção oposta à dele, a direção onde ficava o prédio com os dormitórios.

Quando cheguei à ala dos dormitórios, vi uma pessoa vir em minha direção, era Gwen, ela me olhou com ódio estampado em suas íris verdes e diminuiu o passo quando se aproximou de mim, até parar bem à minha frente.

–Soube que você vai participar do Circuito. – Ela falou como se fôssemos amigas de longa data, mas em seu olhar havia apenas desdém. – Eu também vou.

–Parabéns. - disse em tom de escárnio – O que você quer por isso? Um presente? Um biscoito? Espera, toma aqui um “foda-se”. – Tentei passar por ela, mas ela se pôs em meu caminho.

–Eu só queria dizer boa sorte, porque você vai precisar, e muito. – Ela disse com o queixo erguido.

–Um, eu não acredito em sorte. Dois, se tem alguém aqui que vai precisar de sorte, essa é você. Três, você podia pelo menos tentar ser um pouco menos clichê, porque essa frase é ridícula e já saiu de moda. Quatro, saia do meu caminho e vá mugir em outro lugar. – Nem esperei que ela me respondesse, simplesmente me desviei com um empurrão e saí andando.

_____________~(*-*~)_____(~*-*)~_______________

Eu não sabia o que esperar. Isabela dissera que o Circuito era como um labirinto, tá, isso eu entendi, mas que tipo de labirinto? Quer dizer, você não chama algo de “Circuito de Fogo” a toa, não é?

De qualquer maneira, coloquei uma regata simples preta, uma calça e botas de cano alto dessa mesma cor, prendi o cabelo em um rabo e fui para o local onde disseram para os participantes se encontrarem.

Como eu me esqueci de dizer antes, o Instituto ficava meio que no meio do nada, assim como a Academia. Campos estéreis se estendiam até onde se podia enxergar, e alguns terrenos com mato alto se espalhavam entre eles. Mas havia algo de diferente: entre alguns terrenos havia algo como uma pequena vila fantasma, constituída de prédios pequenos e casinhas abandonadas. Fiquei me perguntando de onde tinha surgido aquilo e como fizeram brotar várias construções da noite pro dia. Dei de ombros e me dirigi ao local, que era certamente onde seria o Circuito.

Uma pequena multidão se aglomerava na entrada da cidadela, que era cercada por muros e um grande portão de madeira.

Pensei ter visto Ayesha, a estranha menina vermelha, pouco afastada do tumulto, encostada no muro, apenas observando. Vi Gabryella e abri caminho até chegar a ela, que sorriu para mim com uma ansiedade implícita no olhar.

–Eu achei que você não viria. – Ela me puxou um pouco para fora do turbilhão de pessoas. Gabryella vestia uma blusa de manga branca, calça jeans e uma bota que ia até sua coxa praticamente. Presa ao cós da calça havia uma corrente. Se ela perdesse, pelo menos perderia estilosa.

–Se eu não viesse pode apostar que choveria porcos. – Retruquei animadamente enquanto observava a multidão à procura de rostos conhecidos.

–Você realmente não desiste, né Dev? – Ela riu. – Bem, vamos ver se você é tão corajosa assim em batalha.

–Não me subestime. – Sorri misteriosamente para ela, mas então desfiz o sorriso e lhe perguntei o que não parava de rondar a minha cabeça: - Eu ainda não entendi como funciona esse Circuito de Fogo.

–Então, é o seguinte: Imagine essa cidade como um labirinto, porque é basicamente isso o que ela é. Seu objetivo, claro, é chegar à saída. Existem quatro saídas apenas, ou seja, apenas quatro pessoas podem vencer. – Ela pausou e eu assenti, então ela continuou – Mas não é só isso. Um dos prédios estará pegando fogo e o incêndio vai se espalhar pela cidade, e você não deve se queimar, ou você estará fora. É isso, boa sorte.

–Não acredito em sorte. – Falei automaticamente e Gabryella sorriu.

–Eu também não, mas que ela esteja sempre ao seu favor. – Ela piscou, cúmplice, e voltamos para a multidão, que se fechou atrás de nós como se fosse algo vivo.

Em pouco tempo perdi Gabryella de vista e me senti um tanto perdida, o que era algo muito raro para mim. Mas acabei encontrando Sean, ou melhor, esbarrando nele.

–Filho da mãe. – murmurei, massageando o ombro em que ele se chocara. Sério, do que ele era feito? Aço? Metal? Porque eu tenho certeza que quase desloquei a porcaria do meu ombro.

–Me avise quando der para ser filho da tia. – Ele retrucou sarcasticamente, me fazendo revirar os olhos. – O que você está fazendo aqui, Devynnia? – Ele perguntou logo depois, com a cabeça tombada para o lado, me olhando com curiosidade.

–Eu claramente não estou aqui para dançar tango. – Resmunguei de mal humor.

Seus olhos brilharam com um selvagem divertimento.

–Isso quer dizer que você vai participar do Circuito. – Não era uma pergunta.

–Sim, Dr. Óbvio. – Bufei – Não gostaria de compartilhar mais de sua grande sabedoria?

–É uma pena que tudo isso aqui são apenas hologramas e você não pode morrer de verdade. – Sean fez um biquinho como se fosse uma criança que tivesse acabado de perder o brinquedo favorito.

Franzi o cenho. Hologramas? Imediatamente me lembrei dos Survival Games, das câmaras de simulação e das armas holográficas. Essa não era uma tecnologia que se conseguia facilmente. Não é como se qualquer um pudesse ir numa daquelas lojas de computação e dizer: “Ah, eu gostaria de um projetor de hologramas, você poderia me dar um de tamanho médio para que eu possa colocá-lo na minha sala de jantar?”.

Deixei isso para mais tarde, quando eu poderia investigar mais a fundo e dar uma de “Louise, a espiã” ou “Devynn, a espiã”, tanto faz. Apenas sorri maliciosamente de volta para Sean.

–Essa é realmente uma péssima notícia. Eu bem que queria multilar algumas pessoinhas. – Fingi decepção, arrancando uma gargalhada de Sean.

Ele abriu a boca para dizer alguma coisa, mas foi interrompido por uma voz vinda de lugar nenhum explicando as regras do jogo. Apenas nesse instante a multidão ficou quieta, mas, logo depois que a explicação acabou, as pessoas voltaram a se inquietar.

O portão da cidade se abriu, revelando ruas estreitas de paralelepípedo e edifícios ruindo. Como era de se esperar, não havia uma alma viva por ali.

O tumulto rapidamente se dispersou pela cidadela, como uma onda invadindo as ruas. Os mais apressados foram correndo na frente, sem tomar precauções ou cuidados, o que se mostrou um erro, pois se viu um clarão de algo que parecia ser uma explosão e logo quase um quarto das pessoas estava jogado no chão, inerte.

Analisei o local e percebi que realmente parecia um labirinto, com seus becos sem saída, armadilhas, bifurcações, túneis, etc.

Avancei pela esquerda, tentando me manter o mais afastado possível dos outros, caminhando sempre na sombra dos prédios. Vi largada no chão uma mochila. Me aproximei e peguei o mais rápido que podia, voltando a me esconder nas sombras logo depois.

Pacientemente observei o conteúdo da bolsa. Havia um punhal, que não era minha arma favorita, mas que era bem útil numa situação dessas; Havia também uma maleta que provavelmente continha instrumentos de primeiros socorros, uma garrafa de água, um casaco marrom grande e uma lanterna. Pra quê uma lanterna? Não sei, aliás estava de tarde, mas supus que mais hora, menos hora, anoiteceria.

Gritos ecoavam de dentro de becos, lanças eram atiradas do topo dos prédios, as poucas pessoas que tinham encontrado armas abatiam todos à sua frente e, se necessário, lutavam com outras pessoas que também tinham armas. Bombas escondidas explodiam no meio da estrada, tudo era sangue, confusão e caos.

Saí das sombras, com o punhal em mãos, e corri pela rua. Parecia que as coisas à minha volta estavam em câmera lenta, ou até mesmo retrocedendo no tempo. Com a visão periférica, vi alguém se aproximar por trás, me virei e desferi um golpe na horizontal que atingiu a pessoa em cheio, fazendo-a dobrar-se e desabar nos paralelepípedos.

Pulei sobre alguns corpos caídos e continuei correndo, até que ouvi um som e me joguei no chão, pouco antes de mais uma bomba explodir bem próxima a mim.

Uma garota morena se aproximou pelo meu lado com uma adaga e tentou me atacar no ombro, mas consegui desviar a lâmina a tempo. As facas se chocaram uma, duas, várias vezes. Chutei o tornozelo da garota enquanto me defendia e ela pestanejou, dando-me tempo para avançar e enfiar o punhal em seu peito. Ela fez uma cara assustada enquanto eu empurrava seu tronco com o pé, livrando minha adaga do corpo dela.

Algo reluziu entre os corpos “mortos”. Aproximei-me e peguei a arma. Era um machado de duas lâminas, um dos meus preferidos. Guardei o punhal no bolso da calça e girei o machado com as mãos, testando seu peso. Ouvi passos atrás de mim e girei, fazendo um arco com o machado e partindo meu perseguidor em dois.

Sorri involuntariamente. Fazia algum tempo que eu não me divertia desse jeito, já estava ficando com saudades.

Continuei correndo, ora arrancando cabeças, braços, pernas dos meus inimigos, ora lutando com o punhal. Acabei, de alguma forma, parando em um beco. Dei meia volta para sair, mas uma parede desceu bem à minha frente, me encurralando. Olhei em volta e encontrei um muro de tijolos irregulares feitos de pedra, um ótimo local para escalar.

Subi vagarosamente tijolo por tijolo, segurando com força e apoiando meus pés em saliências para não cair. Mas é claro que aquilo estava muito fácil, eu devia ter desconfiado, pois, quando eu já estava na metade do muro, a parede que havia me encurralado no beco começara a se mover, diminuindo cada vez mais o espaço do beco.

–Só pode estar de brincadeira comigo. – Suspirei exasperada enquanto a parede ia se aproximando de mim.

Respirei fundo e passei a escalar aos pulos, dando impulso, pulando o mais alto que podia sem me afastar da parede e voltando a segurar com força os tijolos. Claro que isso fez com que minha subida fosse mais rápida, mas também muito mais cansativa, sem contar que a outra parede estava cada vez mais perto. Venci os últimos metros com esforço e dificuldade, já que a parede tinha chegado perto de mim e estava começando a me prensar contra o muro que eu escalava. Me arrastei para o telhado e desabei, tirando a garrafa de água da mochila e tomando alguns goles.

Mal terminei de recobrar o fôlego e voltei a correr, desta vez por cima dos prédios.

Percebi que havia anoitecido quando finalmente resolvi voltar ao chão. Pulei da amurada de um sobrado e minha queda foi amortecida por uma tenda que devia ter servido como uma barraca comercial algum dia. Escorreguei pela tenda e me pus de pé novamente, na rua.

Agora o caos não era tão grande, eu quase não conseguia ouvir os gritos e o som de armas se chocando, eles pareciam estar muito distantes.

Estava muito escuro naquela cidadela sem postes de luz, mas optei por não usar a lanterna, pois ela podia revelar minha localização.

Minha visão se ajustou à escuridão em pouco tempo e logo eu estava me guiando silenciosamente pelas ruas abandonadas.

De repente algo brilhou à minha frente. Então me lembrei do que Gabryella havia falado sobre o prédio em chamas. Em alguns minutos o incêndio iria se alastrar pela cidade. Isso me deixou mais alerta e apertei o passo.

Quando cheguei ao edifício, ele já estava completamente queimado e as construções ao seu redor já estavam sendo lambidas pelas chamas. Era até algo belo de se ver, o fogo rodopiando entre as paredes e janelas, subindo ao céu...

Deixei meu momentâneo devaneio de lado e continuei minha jornada.

O fogo ficara bem para trás e eu voltei a caminhar na escuridão. Por um momento vi sombras se mexendo, mas ignorei. Quando elas voltaram a se mexer eu parei. Fiquei observando e percebi que era uma pessoa. Me aproximei silenciosamente e estava prestes a atacar quando notei algo familiar: uma corrente brilhando no que devia ser a calça da sombra.

–Gabryella? – Perguntei, incerta, e a sombra também parou.

–Devynnia? – Ela usou meu apelido por saber que eu, e apenas eu (ou Sean), reconheceria. Bufei.

–Eu já disse que é Devynn. – Falei, exasperada. Ela riu e se aproximou vagarosamente, guiada pelo som da minha voz.

–Tá bom, Devynnia, vamos em frente. – Ela começou a andar, mas vi outra sombra se movimentar à nossa frente e segurei sua blusa.

–Espe... – Não consegui terminar a frase, pois a sombra avançou e atacou as pernas de Gabryella, a sombra parecia estar com uma maça, porque o ataque não cortou a carne como faria uma espada, mas fez Gaby desabar no chão com um uivo de dor.

Coloquei-me a frente de Gabryella, para defendê-la, mas a sombra não devia estar interessada em mim, porque tentou se desviar para atacar novamente.

–Devynn, saia da minha frente. – Rosnou Gabryella, eu mal tinha percebido que ela estava de pé. Ela me empurrou para o lado e foi cambaleando até a sombra, tentei impedi-la, claro, mas não adiantou. Acho que nunca tinha encontrado alguém, que não fosse eu, que fosse tão teimoso.

Gabryella avançou na sombra, que interceptou o golpe, e as duas ficaram ainda algum tempo nessa brincadeira de bater e desviar, até que a sombra chutou o lugar onde tinha atingido Gaby anteriormente, fazendo com que ela baixasse a guarda e a sombra pôde, enfim, dar o golpe final.

Eu poderia ter ajudado a Gaby, é o que você deve estar pensando, mas eu tenho uma política de não me envolver na batalha dos outros, além disso, ela era uma ótima lutadora e eu não interromperia seu momento de diversão.

Logo depois que ela caiu eu já estava atrás da sombra e arranquei sua cabeça com um golpe em arco, vingando minha amiga.

Observei o corpo de Gabryella caído, mas não pude fazer nada além de prometer que ganharia por ela. Cruzei dois dedos sobre a boca, em um juramento silencioso, e fui embora.

Não encontrei mais ninguém, mas mesmo assim permaneci atenta enquanto corria pela cidade. O incêndio havia se espalhado rapidamente pela cidade e para qualquer lado que eu olhasse havia pelo menos uma construção em chamas. Inclusive tinha uma bem a minha frente.

A rua também estava incendiada, o que tornava a passagem por ela inviável, ou seja, a única maneira de passar por ali era atravessando por dentro do prédio, que não estava num estado muito melhor do que a rua e estava desabando aos poucos.

Inspirei o máximo de ar que pude e fui correndo para o edifício, pulando por uma janela baixa que agora nada mais era que um buraco queimado. O fogo ao meu redor tornava minha visão turva, mas me forcei a avançar por entre os destroços. Ao meu lado pedaços de madeira sucumbiram e vieram ao chão. Permaneci um pouco abaixada para não inalar a fumaça.

Meus olhos estavam marejados por causa do calor e me vi cercada de fogo, sem saída. Em um impulso louco, tentei pular por cima das chamas, o que acabou dando certo, tirando o fato de que minha calça ficou chamuscada e eu quase queimei meu pé.

Eu não enxergava saída, o que era preocupante, mas vi um escada velha e resolvi subir por ela. Ela rangia sob meus pés e parecia que iria desabar a qualquer momento, o que não aconteceu, para minha alegria. As labaredas dominavam quase que completamente o andar de cima e a fumaça estava bem mais espessa, fazendo-me abaixar ainda mais.

Segui o fluxo da fumaça (sei que isso parece estranho, mas é possível), pois ela sempre saía por uma janela ou buraco, então se eu a seguisse talvez encontrasse uma saída. E a fumaça acabou me levando a uma janela parcialmente coberta pelas chamas. Me afastei dela, tomei impulso e corri em direção a essa janela, pulando e, por pouco, atravessando a janela em chamas.

Fui erguida no ar por alguns segundos e o ar puro voltou a preencher meus pulmões, até que voltei a tocar o chão. Rolei para absorver o impacto e acabei me arranhando nos paralelepípedos, mas logo voltei a me levantar e segui em frente.

As ruas se estreitaram cada vez mais, de modo que apenas uma pessoa, nesse caso eu, conseguia andar por ali por vez. Quando comecei a pensar que os prédios iriam me esmagar, a rua se abriu numa larga avenida e me vi de frente a um portão parecido com o que tinha na entrada da cidade.

Mas havia algo diferente neste portão, uma placa de metal estava pregada onde deveria estar a maçaneta ou alça para abri-lo. Nele estava escrito:

Muitos são os que chegam ao final, mas nem todos conseguem passar por ele. Descubra a charada e você não será um deles.”

Por que eles não podiam simplesmente deixar a porta aberta para eu ir embora? Por que os seres humanos sempre tinham que dificultar tudo?

De qualquer maneira, logo depois havia escrito:

“a deusa grega da Beleza e do Amor, Imprudentemente deiXa Esperando - Seu Esposo durante 2 minutos.”

Franzi o cenho. O que aquilo queria dizer? A deusa grega de beleza e do amor era Afrodite, obviamente, mas... olhei atentamente a frase sem nexo e percebi o uso errôneo das maiúsculas. Afrodite, Beleza, Amor, Imprudentemente, deiXa, Esperando, Seu e Esposo. Adicionei “Afrodite” na lista propositalmente e comecei a juntar as letras maiúsculas. A,B,A,I,X,E,-,S,E. Abaixe-se. 2 minutos. Mal me dei conta do que a mensagem queria dizer e ouvi um som de algo pesado cortando o ar. Atirei-me ao chão quando algo enorme cruzou o ar acima de mim e se chocou contra o portão, abrindo-o.

Passei pelo portão e saí da cidade. De lá pude ver tudo: Ayesha saía por um dos portões e Sean por outro, esse último estava coberto de fuligem. Do último portão surgiu ninguém mais ninguém menos do que Gwendolyn, que me fitou com ódio. Lancei-lhe um olhar ameaçador e voltei meus olhos para a cidade. As labaredas dançavam em direção ao céu, com lindas cores e tons.

A fogo logo se extinguiria e sobraria apenas uma cidade de cinzas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Tá, tenho que admitir que acho que não ficou tão bom quanto vocês esperavam, mas o problema é de vocês, ninguém mandou criar expectativas.
Gente eu tô lendo A Tormenta de Espadas (terceiro livro de Guerra dos Tronos) e o livro é tipo uma Bíblia, sério, tem 840 páginas. O.O eu já li 540, faltam ainda 300.
Acho que até ano que vem eu termino esse livro.
Por falar em livro, eu li A Casa de Hades e eu to morrendo pelo próximo livro (dá licença, semideus aqui)
E EU VOU ASSISTIR EM CHAMAS DAQUI A ALGUNS DIAS UHUUUUUUUU
Okay, esqueçam meu momento nerd-fangirl-leitora-louca-socorro
kkkk Beijos creaturas