Contos De Uma Vilã escrita por Birdy


Capítulo 14
Às vezes o diabo também pode voar


Notas iniciais do capítulo

Heeeeey pessoas lindas do meu heart!!!
Primeiramente eu gostaria de agradecer à Luiza Morais (novamente) e à Icredible Girl pelas recomendações incríveis, eu amei, sério! Quero morder vocês duas!
Desculpem pela demora, os professores estão mandando trabalhos adoidados e daqui a pouco começa a minha semana de provas Argh
Enfim, aqui está o capítulo
Beijos



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Já fazia uns três dias desde o episódio do Roy, meus cortes deram lugar à cicatrizes, os hematomas desapareceram e eu comecei uma nova rotina no Instituto. 
Não estava fácil me acostumar com uma nova vida, ainda mais quando todos os outros vilões viviam implicando comigo e zombando de mim, por causas desconhecidas, porém com esses vilões eu fazia o que eu faço de melhor: ignorar. Eu também tinha pessoas ao meu lado, claro, como Sean, Miki, Gabryella, Bianca, Isabela e Harvey.

Gwendolyn tinha se afastado e estava cuidando da vida dela, mas eu sabia que ela deveria estar tramando algo. Infelizmente, Gwen não contava muito dos seus planos à Kate, que se tornara minha espiã, o que ao mesmo tempo era muito inteligente e muito irritante, pois eu precisava saber seu plano para poder dar o troco.

Fui tirada de minhas divagações quando meu celular tocou. Sentei na minha cama e catei o aparelho de cima da mesa, na tela aparecia "Anônimo", o que significava que era Isac quem estava ligando. Sorri ao me lembrar do dia em que ele me obrigou a mudar seu nome na minha lista de contatos.

-Oi, Isac. - Atendi.

-Ah, pelo menos se lembra do meu nome! Porque se lembrar de ligar você não lembra, né? - Disse ele, claramente irritado. Sorri de lado, mesmo sabendo que ele não conseguia ver o gesto. - E eu sei que você está sorrindo agora! Pare de sorrir! - Quer saber? Esquece o que eu disse, talvez o celular tenha uma câmera escondida. Ou talvez o Isac apenas me conheça muito bem. Decidi ficar com a segunda opção.

-Ah, Isac, deixa de ser escandaloso. Foram só, ahn, cinco dias. E eu não esqueci, okay? - Respondi, divertida, enquanto ouvia Isac bufar. 

-Aham, sei, só cinco dias. - Sua voz transbordava de sarcasmo. - Só não te esgano porque ainda não inventaram um dispositivo que faça isso por celular.

-Não, você não me esgana porque sabe que eu te impediria. - Eu ri quando ele bufou mais alto. - Mas então, como estão as coisas por aí, sem mim?

- Mais divertidas. - Ele retrucou. Revirei os olhos.

- Você não sabe mentir, Isac. Passe logo essa droga de telefone para a Emily.
Isac riu baixinho e a linha ficou silenciosa por algum tempo. Pude ouvir gritos abafados ao longe e logo eu ouvia a voz de Emi.

-Lou! - Sua voz doce disse, animada- Desculpe o comportamento de Isac, ele tá de TPM, sabe, Temporada de Piração Masculina.

Comecei a rir. Só Emily mesmo para falar coisas como aquela.

-Já imaginava. - Respondi - E já que ele não quis me dizer, conte-me, como estão as coisas por aí?

-Ah, bem, nada fora do normal. - Ela provavelmente estava dando de ombros. - Se é que posso dizer que qualquer coisa aqui é normal. Mas como está aí? Tudo indo como planejado?

-Mais ou menos... O pessoal daqui não parece gostar muito de mim, não sei como. Mas tudo está okay por enquanto. Eu me ferrei toda alguns dias atrás, mas ainda estou viva. - Emily riu. Ao contrário de Isac, ela era mais tranquila e despreocupada. Sempre achei que eles formavam um ótimo casal.

-Certo, então, vou passar o telefone pro Damien. - Novamente ouvi vozes abafadas ao fundo.

-Ainda não morreu? - A voz de Damien ecoou pelo telefone.

-Obrigada pela preocupação, ainda estou viva. - Respondi sarcástica.

-É uma pena. - Ele respondeu em deboche. 

-Ha, ha. Você vai ver quem vai morrer quando eu voltar. - Ameacei de brincadeira.

-A April. Ela está "tomando conta" da sua casa ou, como prefiro dizer, "assistindo Game of Thrones enquanto acaba com a comida da sua geladeira".

-Ela não será a única. - Respondi, ácida. Ouvi batidas na porta do quarto e me levantei para abri-la, equilibrando o celular entre a bochecha e meu ombro. Não me surpreendi quando me deparei com Sean à minha frente. Fiz um sinal para que ele esperasse enquanto ele olhava para mim com curiosidade.

-Tenho que ir, tchau. - Despedi de Damien, mas nem esperei para ouvir uma resposta dele, logo desliguei o telefone.

Sean me encarou com as sobrancelhas erguidas.

-Você só vai ficar parado aí me encarando? - Perguntei, me virando rapidamente e jogando o celular na minha cama. Ele andou para o lado, a fim de me dar espaço para passar. 

-Não é uma má ideia. - Ele sorriu maliciosamente. Olhei-o com indignação e bati em seu braço. -Quem era? - Ele perguntou, referindo-se a pessoa com quem eu estava falando no celular.

Dei de ombros, tentando parecer natural.

-Meus antigos amigos. - Respondi, com indiferença, mesmo sabendo que isso não era verdade, pois eles continuavam a ser meus amigos, apesar de tudo. 

Ele me lançou um olhar estranho, parecia ser... ciúmes. Balancei a cabeça, tentando me livrar do pensamento, eu devia estar delirando.

Fomos para a aula teórica de armas, que eu sinceramente achei entediante, pois já sabia basicamente tudo.

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No intervalo de aulas, fui ao encontro de Bianca, Isabela e Harvey, que estavam conversando perto dos armários. Aproximei-me vagarosamente deles, sem fazer nenhum ruído e, quando estava bem perto, bati em um dos armários com força. Bianca se assustou e acabou deixando o celular cair. Isabela e Harvey também se assustaram, mas começaram a rir da reação da amiga.

-Lina! - Ela  pegou, desesperada, o celular. Franzi a testa.

-Quem é Lina? - Perguntei, observando Bianca mexer em alguns botões para ver se ainda estava funcionando, quando percebeu que não havia nada errado com o aparelho, suspirou, aliviada, e me lançou um olhar reprovador.

-É o meu celular. - Ela respondeu como se fosse óbvio. - E se escreve com 'i' e um 'n' apenas, não com 'y' e dois 'n', antes que pergunte.

Ergui as sobrancelhas e Harvey, ao meu lado, riu.

-Você sempre diz a mesma coisa. - Ele falou - Devia gravar isso em um daqueles gravadores e quando alguém perguntasse você apenas teria que clicar no play.

Bianca fez uma careta.

-Desculpa, mas eu não sou preguiçosa que nem você, Harvey. - Ela respondeu revirando os olhos.

-Você também deveria gravar essa frase. - Harvey riu e recebeu um tapa no braço de Isabela e um olhar intimidador de Bianca, que, para falar a verdade, nem era de longe tão assustador quanto o meu.

De qualquer maneira, Harvey e Bianca continuaram a discussão por algum tempo. Algumas vezes um deles dava uma patada e eu ria, Isabela se intrometia, e foi assim até o sinal para voltar às aulas bater. 

Suspirei, imaginando qual aula entediante seria agora e me lembrei de que, felizmente, seria aula de campo, o que definitivamente não era uma aula chata.

Harvey tinha aula de espionagem ou alguma coisa assim, então se despediu, sibilando um "Eu vou voltar" para Bianca, declarando que a briguinha estava encerrada, pelo menos durante algum tempo. Deixei as duas irem na minha frente e andei com passos lerdos, olhando para o chão. De repente, senti uma mão me tocar  na base das minhas costas e eu estava prestes a virar e bater na cara do engraçadinho quando uma voz irritantemente sexy e sacana disse ao meu ouvido:

-Por que uma bela moça como você está andando sozinha? - Sean perguntou, senti seu hálito quente bater no meu pescoço e um arrepio percorreu meu corpo. Pescoço. Ponto fraco. Golpe baixo. Muito baixo.

Em vez de responder arrogantemente como eu fazia na maioria das vezes, olhei para frente confusa.

-Mas... Aonde foram parar a Bianca e a Isa?- Agora o lugar que elas antes ocuparam estava vazio. Andei mais rápido tentando encontrá-las, com Sean no meu encalço. Já saindo do prédio, avistei as duas passando pelos alvos de arco-e-flecha, parecendo nem ter percebido minha ausência. Sean me alcançou e voltei a andar devagar, desta vez, sem perdê-las de vista.

-Sobre o que vai ser a aula de campo hoje? - Perguntei a primeira coisa que me veio à cabeça. Ele sorriu de lado.

-Sei lá. - Disse apenas. Eu o encarei com os olhos cerrados.

-Eu sei que você sabe, não minta para mim, Sean. - Diminuí ainda mais o passo.

Sean pressionou os lábios um no outro, divertido. Eu sabia que ele queria contar, mas ele não podia, isso estava acabando com ele.

Ao contrário de mim, Sean andou mais rápido e, quando se virou e percebeu que havia me deixado para trás, voltou. 

-Ah, vamos, Devie. - Suplicou ele, me puxando pelo braço para que eu me apressasse. - Eu não posso contar.

Cruzei meus braços e finquei meus pés no chão, mas Sean era muito mais forte que eu, então não funcionou e ele conseguiu me fazer andar.

Fiz um biquinho emburrado enquanto ele me arrastava até o local onde aconteciam as aulas de campo, mas isso só o fez rir.

-Você parece uma criancinha emburrada. - Sean parou por um segundo para apertar uma das minhas bochechas com a mão livre e reforçar o que dizia, logo depois voltou a andar.

-Você parece um coala. - Retruquei, esfregando a bochecha que ele apertara. 

-Eu prefiro pandas, mas coala também serve. -Sean deu de ombros, ainda sorrindo de lado. Revirei os olhos e bufei. 

Chegamos ao campo que, como o nome dizia, era um campo, obviamente, ele era completamente coberto por vegetação, e era uma área realmente imensa, ele estava cercado com um tipo de arame farpado para delimitar seu contorno. Alguns instrumentos de treino como postes, alvos, bonecos de palha, entre outras coisas, estavam espalhados pela área, além de um pequeno circuito para treino.

Em meio à turma consegui identificar Gabryella, Miki, e Kate, a última piscou para mim com um sorriso de lado.

Eu estava feliz até ver quem daria a aula de campo: Sr. Padóvane, como gostava de ser chamado. Não sei porquê, mas ele tinha uma birra sem fim comigo, como praticamente todos os vilões do Instituto.

O Sr. Putóvane, como eu o chamava pelas costas, sempre pegava pesado comigo, eu podia completar todo o treinamento perfeitamente, coisa que eu não fazia por precaução, e ele ainda diria que estava ruim, era como se eu tirasse 9,9 em uma prova valendo 10 e mesmo assim ele estivesse insatisfeito com a mínima diferença.

Enfim, toda a turma estava reunida perto de uma das poucas árvores do campo, onde o Sr. Putóvane dava algumas instruções. Quando me aproximei, com Sean, o professor olhou feio para mim.

-Atrasada novamente, senhorita Devynn. – Ele disse com aquela cara de poucos amigos. Ah, claro, como se somente EU estivesse atrasada, como se Sean não tivesse chegado junto comigo. Ele continuou: - Parece que você está querendo ser suspensa das aulas de campo.

-Parece que você está sofrendo por falta de dar na esquina. – Respondi mal humorada. Algumas pessoas seguraram o riso e o Sr. Putóvane estreitou os olhos.

-Essa é a última vez que eu te aviso mocinha... – Ele tentou soar ameaçador, mas eu o cortei.

-Foi isso que você disse da última vez. E da penúltima vez. E da antepenúltima também. – Coloquei todo meu sarcasmo em cada palavra, ressaltando-as. Sean riu baixinho e balançou a cabeça como se dissesse que sou um caso perdido.

O professor apenas lançou um último olhar que eu interpretei como fome e voltou a dar as instruções. Parecia que iríamos para a cidade, praticar algumas “atividades radicais” como bungee-jump e tirolesa entre prédios. Sorri maliciosamente, essa seria a melhor aula de campo de todas, e nem o Sr. Putóvane iria estragar isso.

Todos fomos guiados até um mini-ônibus que nos levaria até o local. Sentei na última fileira de cadeiras, aquela que possui cinco bancos, ao lado de Gabryella e Miki, Bianca foi ao lado da mesma e Isabela ao lado de Gaby.

O ônibus saiu do campus do Instituto e se direcionou para uma área mais afastada da cidade, com prédios mais abandonados e ruas mais estreitas. Meu tipo preferido de lugar. Apesar dos prédios estarem abandonados, eles era razoavelmente altos.

Paramos logo abaixo de um edifício com uma fachada desbotada e portas escancaradas, as janelas estavam parcialmente quebradas, dando àquela construção um ar meio misterioso. Entramos pelas portas abertas e nos deparamos com um hall coberto de poeira, papéis espalhados e uma bancada solitária em um dos cantos, passamos direto e fomos até o elevador. Inicialmente, pensei que ele não fosse funcionar, mas, para minha surpresa, quando apertaram o botão para chamá-lo, ele se acendeu.

O elevador era grande, suportava pelo menos umas 20 pessoas, infelizmente nós estávamos em mais pessoas do que isso, fazendo-se necessário que ele realizasse mais de uma viagem.

Fui com a segunda viagem e fiquei observando os andares passarem, até chegarmos ao telhado, logo acima do andar 50. O vento forte me atingiu e quase me derrubou no chão do telhado (ironia, não?), me aproximei do parapeito e olhei para baixo. Agradeci por eu não ter medo de altura, porque estávamos a alguns metros consideráveis.

-Você não está com vontade de se jogar? – Perguntou um voz atrás de mim, fazendo-me virar. Me deparei com profundos olhos vermelhos me encarando.

-Um pouco. – admiti. Era realmente uma tentação uma altura como aquelas. A natureza humana nos fazia sempre desejar algo perigoso, imprudente, então a reação mais plausível quando alguém estava perto de um precipício ou qualquer coisa assim era se aproximar cada vez mais da borda, como se algo estivesse lá embaixo clamando nossos nomes.

Ayesha sorriu compreensivamente.

-A minha tentação é outra. – Ela disse. Lembrei a conversa dela com a Gwen que eu escutara, sobre Ayesha ter um certo fetiche por defenestrações. Imediatamente, e afastei da beirada do telhado. A menina, percebendo o gesto, sorriu mais ainda.

- Menina esperta. – Ela riu – Embora eu não faça isso quando não quero. Não sou uma pessoa descontrolada ou mentalmente desequilibrada.

Dei de ombros e sorri.

-Melhor prevenir do que remediar. – Eu voltei para o centro do telhado, onde o resto das pessoas chegavam para começarmos com a tirolesa.

Ayesha sorriu e me seguiu para o local onde os equipamentos estavam instalados. Uma pequena fila havia se formado e as primeiras pessoas começavam a descer pela corda. Entramos na fila e esperamos. Chegava a ser cômico, algumas pessoas gritavam de pavor, outras de medo e umas poucas de diversão.

Chegou a minha vez e eu prendi o arnês em volta da minha cintura, encaixando o gancho na corda. Sem mais delongas, pulei do parapeito. Enquanto o arnês deslizava pela corda, ganhando velocidade, fiquei de barriga para baixo, a cabeça apontada para frente, como a ponta de uma flecha.

Abri os braços sentindo a adrenalina percorrer meu corpo e fechei os olhos, com um enorme sorriso no rosto. Gritei, animada, o som se perdendo no vento. Eu amava aquela sensação de estar voando, um sentimento enorme de liberdade, meus cabelos sendo jogados pelo vento, que batia contra meu rosto.

Naquele momento, eu não era nada mais que um anjo.


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Notas finais do capítulo

E Então? Gostaram?
Olha, eu estou com um pouquinho de pressa e morrendo de sono (novidade) então deve ter alguns errinhos, okay?
Eu consegui fazer um capítulo maiorzinho que o anterior o/ porque, sinceramente, né... aquilo nem pode ser considerado um capítulo direito.
Droga, eu vou jogar no interclasse amanhã. Me desejem sorte (mentira eu não acredito em sorte. Me desejem merda)
Faltam 23 dias pro meu aniversário NÃOOOOOOOO eu odeio o meu aniversário. É tipo: "Parabéns, você está ficando mais perto da morte, toma aqui seu bolo"
Será que eu recebo mais alguma recomendação de presente? ~le pisca os olhinhos sugestivamente~
kkkk brincadeira
Beijos frores