Tragédia em quatro atos

1º Ato: Os primeiros guerreiros assassinados

- Estamos perto! – Kulilin avisou.

Ele aterrissou, acompanhado de Gohan e Piccolo. O ponto da cidade em que eles desceram dava-lhes uma visão bastante detalhada da onda de destruição que havia passado por ali. Sentiram que o ki de Yamcha estava fraco, mas não estava só. Além do ki dele, foram detectadas outras duas presenças. Reconheceram como sendo de Tenshinhan e Chaos. O trio se guiou pelos três kis e chegou até onde eles estavam, cara a cara com os dois jovens misteriosos.

Yamcha estava bem esgotado e ferido. Estava lutando contra eles. Seu adversário era o rapaz de cabelos compridos. Ele não havia sofrido nenhum dano decorrente dos golpes do guerreiro Z.

- O que foi? Já cansou? – o rapaz perguntou.

- O que vocês querem aqui? – Tenshinhan perguntou.

- Apenas nos divertir em nossa “caçada”.

- “Caçada” a quem? – Piccolo perguntou.

- Son Goku. Conhece ele?

O namek não respondeu. Deu apenas um sorriso irônico. Assim permaneceu por alguns segundos. Até que respondeu:

- Vocês chegaram tarde.

- Como assim?

- Ele está morto! – disse uma outra voz, que parecia triunfante.

Os guerreiros olharam para o local de onde veio a voz e um grande ki. Avistaram o recém-chegado. Era Vegeta, que estava bastante confiante. Os jovens não disseram nada.

- Ah, me desculpem... – ele continuou sarcasticamente. – Eu estraguei a surpresa de vocês...

- O que você veio fazer aqui, Vegeta? – Yamcha perguntou, com um ar de reprovação.

- Matar a minha curiosidade! – o saiyajin continuava com a sua ironia. – Não tenho esse direito?

Yamcha ficou irritado com a prepotência dele:

- Escuta aqui! Já não basta ter me matado com aqueles homens-planta, ter me humilhado e, ainda por cima, ter ficado com a minha namorada, agora você quer se intrometer em uma coisa que não é da sua conta? Só porque você é mais forte do que a gente, não significa que tem o direito de vir aqui nos avacalhar, entendeu?

- Você acha que é forte? Veja bem como você está... Não consegue nem ferir esse fedelho que é o seu adversário!

- Olha aqui, Vegeta! Se Goku estivesse vivo... Se ele estivesse vivo, ele arrebentaria a sua cara e todo o resto!

- Vocês dependem demais dos outros... Isso é sinal de que não passam de um bando de guerreiros fracos e inúteis! O verdadeiro poder de um guerreiro está na capacidade de lutar sem a ajuda de outros. Por isso... – sorriu, prepotente. – EU sou o guerreiro mais poderoso de todos!

Deu uma pausa. Dirigiu um olhar de desprezo para Yamcha. Este lhe devolveu o mesmo olhar.

- Se Goku ainda estivesse aqui, você não teria coragem de dizer essas bobagens... Você seria humilhado de novo por ele...

Vegeta deu uma gargalhada sarcástica. Em seguida, disse:

- Não me faça rir, verme! Deixe de ser saudosista e encare os fatos... Kakarotto está morto! Faz exatos seis meses que ele morreu! KAKAROTTO... ESTÁ... MORTO...!!! – disse bem devagar, como se Yamcha não entendesse. – QUER QUE EU REPITA? KAKAROTTO... ESTÁ... MORTO...!!!

Fez questão de repetir essa frase em alto e bom som. O outro só conseguiu olhá-lo com muita raiva e ranger os dentes.

- Vão continuar com o papo furado, ou vão lutar? – disse a garota loira. – Se Goku está morto, então temos que arranjar outra diversão, não concorda, Nº 17?

- Tem razão, Nº 18. – respondeu o companheiro. – A gente pode se divertir enfrentando eles!

- Escutem... – Tenshinhan interveio. – Afinal de contas, quem são vocês e o que queriam com o Goku?

- Puxa, que falta de educação a nossa! – disse, zombeteiro, Nº 17. – Permitam-nos apresentar... Eu sou o Androide Nº 17, e esta é a minha irmã, a Androide Nº 18.

- Somos androides criados pelo Dr. Maki Gero, com o objetivo de destruir Son Goku. – disse Nº 18. – Vingaríamos a destruição da Força Red Ribbon, que levou o nosso criador à decadência.

- Mas fizemos parar de sofrer tanto por isso. – prosseguiu o jovem. – Ele era tão obcecado, que tivemos que dar um fim nele para podermos cumprir o nosso objetivo com mais calma.

- Vocês mataram o seu próprio criador? – Piccolo perguntou.

- Exato. – respondeu Nº 17.

Foi o suficiente para deixar os guerreiros Z em alerta. Esses seres eram perigosos assassinos.

- É por isso que não sentimos o ki de nenhum deles... Eles são androides...  – Kulilin comentou.

Nº 17 partiu pra cima de Yamcha, a fim de disparar um raio. Mas Tenshinhan entrou no meio e impediu o ataque. O androide acabou desaparecendo e reaparecendo por trás, dando-lhe um potente chute na nuca, o que fez com que ele caísse desacordado.

- Tenshin!!! – Chaos gritou, aterrorizado.

Yamcha também ficou apavorado com o que havia visto. O ki de Tenshinhan acabou desaparecendo, o golpe que recebeu acabou sendo letal.

- Ele... morreu...?!

 Chaos foi até onde o amigo estava jogado. Descobriu que o pescoço dele tinha sido quebrado, tamanha a violência do golpe. Tenshinhan estava morto.

Gohan testemunhou tudo e queria partir pra cima. Mas Piccolo sinalizou para que ele não fizesse isso.

“Droga! Eles são mais perigosos do que eu pensava!”, Yamcha pensou. “E agora?!”

Nem deu tempo de pensar. Nº 17 apareceu do nada e pôs a mão na barriga de Chaos, que sequer pôde reagir. O androide disparou um raio contra ele e, literalmente, o pulverizou.

Foi uma cena assustadora. Os demais puderam agir apenas como espectadores.

“Esse cara... Esse cara acabou com dois de uma só vez!”, Yamcha pensou, impressionado.

“Que crueldade!”, pensou Gohan, atônito.

“Eu os subestimei!”, Piccolo estava surpreso. “Eles são mais fortes do que eu pensava!”

- 17! Eu pensei que queria se divertir com eles! – disse Nº 18.

- Mas eu estou me divertindo!

- Se continuar desse jeito, não vai sobrar ninguém pra me divertir!

- Ora, 18, tem tanto fracote aí pelo mundo pra você matar...

- Ah, 17, deixe de ser egoísta...

- Está bem... Vou me divertir, terminando de matar aquele ali! – apontou para Yamcha. – Eu posso te deixar os outros quatro...

Nisso, ele foi ao ataque contra Yamcha. O guerreiro Z se esquivou do soco que poderia levar, mas não escapou de uma pancada nas costas e caiu de bruços. Nº 17 foi atacá-lo outra vez, mas Kulilin entrou na frente e surpreendeu o andróide com um chute. Este se desviou rapidamente e reagiu, acertando-lhe um soco.

- Não se intrometa! – Nº 17 disse. – Ou você quer morrer logo?

Aproveitando o momento de distração, Yamcha disparou um Kamehameha contra o androide. Este desviou o ataque, que atingiu um arranha-céu ao longe. Kulilin tentou surpreender, tentando atingi-lo com o Kienzan, mas não deu certo, Nº 17 se esquivou da técnica.

- Droga...! – exclamou o carequinha. – Ele... É muito rápido...

Kulilin foi surpreendido por um forte golpe aplicado pelo androide e caiu desacordado.

- Kulilin!!!

Era a voz de Gohan, que correu para acudir Kulilin. Retirou-o imediatamente de lá, levando-o até um local mais afastado. Nº 18 ameaçou disparar contra os dois, mas Piccolo entrou na frente dela. No entanto, Nº 17 foi pra cima de Yamcha e não deu chance de defesa a ele. Deu-lhe uma grande surra, com vários golpes que o deixaram gravemente ferido e sem condições de se livrar do androide. Nisso, ele deu um forte soco em Yamcha, um soco que lhe atravessou o peito. O guerreiro caiu pesadamente no chão, já sem vida.

Gohan via tudo e se enfurecia. Seu ki aumentava cada vez mais. Não estava suportando ver o show de horrores promovido pelos androides, principalmente contra os seus amigos. Uma aura dourada começava a envolver o garoto e seus olhos começavam a ganhar uma coloração verde. Piccolo notou o repentino aumento de energia do pupilo e ficou surpreso.

“Vou proteger a mamãe, como ele fez... Quero ser tão forte como ele foi!”

Gohan queria seguir os passos do pai e estava determinado a cumprir esse objetivo. Estava disposto a herdar o legado deixado por seu pai. Desde então, treinava com mais afinco. Piccolo notava no garoto essa determinação.

“Senhor Piccolo, será que um dia eu posso ser forte como o meu pai?”

“Talvez, sim... Mas deve levar um bom tempo para chegar a tanto. Pra isso, é preciso treinar muito.”

“Sim, eu sei...”

“Se você continuar nesse ritmo, pode chegar a ser um Super Saiyajin...”

“Super Saiyajin?”

“Sim, Gohan. Isso pode acontecer antes do que se imagina...”

Fitou o garoto e viu no seu olhar a fúria de alguém que não suportava ver as crueldades que eram feitas contra quem estava indefeso. O mesmo olhar que Goku revelava nas mesmas situações.

Piccolo sentiu que Gohan estava prestes a deixar a sua raiva explodir. E, pelo aumento brusco de energia dele, poderia se transformar em um Super Saiyajin a qualquer momento. Podia ser apenas uma questão de tempo.