Surgem os (possíveis) inimigos

- Depois de quase vinte anos, parece que a Força Red Ribbon está de volta à ativa! Dois jovens surgiram numa ilha próxima à Capital do Sul e começaram a promover uma grande onda de vandalismo. Testemunhas informaram que eles estariam vestindo roupas com o emblema da organização, que desapareceu há quase duas décadas. São dois jovens... Um garoto moreno, de cabelos compridos, e uma garota loira estariam causando toda essa onda de destruição na cidade. A Polícia montou uma operação para tentar detê-los, mas encontra dificuldades...

Na TV, sob a narração de uma voz feminina – uma repórter – apareciam imagens de policiais montando barreiras para cercar os jovens vândalos. Mas um dos policiais resolveu fazer um ataque direto. Nisso, o rapaz simplesmente sumiu da frente dele e apareceu por trás. Surpreso, o tira apontou o revólver para ele, mas, num movimento rápido, foi desarmado e pulverizado por um raio saído da mão do jovem. Logo em seguida, a garota loira deu um rodopio, lançando raios para todos os lados, que explodiam as muitas viaturas que estavam ao redor deles e atingiam todas as pessoas que estavam por perto.

- Ainda não se sabe o número oficial de vítimas, mas diversas fontes afirmam que o número de mortos pode girar em torno de dois mil e oitocentos a três mil, e o número de feridos pode estar entre quatro mil e quinhentos e quatro mil e setecentos. O governo já estuda a possibilidade de enviar o Exército para a região, já que os policiais não conseguem derrotá-los. Os estragos estão por toda a cidade, por todos os lados vemos marcas da destruição causada por esses jovens, que, segundo testemunhas, parecem se divertir com o que estão fazendo. Vale uma advertência... É aconselhável que a população, por motivos de segurança, não saia das residências, pois os ataques estão constantes!

Bulma parecia impressionada com o que via. Como a Força Red Ribbon conseguiu voltar, com seres tão fortes, que desafiavam armamentos pesados e causavam destruição por onde passavam? Goku, sozinho e ainda criança, havia desmantelado a Red Ribbon há tanto tempo... Será que alguém sobreviveu e arquitetou uma vingança contra ele? Provavelmente, sim...

O telefone tocou e ela atendeu:

- Alô?

- Alô! É você, Bulma? – uma voz perguntou do outro lado da linha.

- Sou eu, Yamcha. Pode falar.

- Você viu na televisão?

- Sobre a Força Red Ribbon?

- É. Você acha que sobrou alguém pra se vingar de Goku?

- Deve ter sobrevivido alguém, mas é estranho ter surgido depois de tanto tempo...

- Tem razão, mas acho que aqueles dois que apareceram na TV devem estar chamando a atenção, na verdade, eles devem estar agindo como iscas para que, seja lá quem for, ataque quem os enfrente... No caso, seria o Goku.

- Pode ser... Mas vocês não perceberam a presença deles antes?

- Eu bem que tentei Bulma, mas não consigo sentir nenhuma presença vinda deles. É como se eles não tivessem ki... Nem o Kulilin, nem o Mestre Kame e nem mesmo o Tenshinhan e o Chaos conseguem sentir a presença deles... É como se eles não estivessem vivos, como se não existissem, se é que você está entendendo o que eu quero dizer...  

- É... Muito estranho... – Bulma disse.

Eles se despediram e ela desligou o telefone. Era muito estranho o fato de eles não detectarem as presenças desses jovens, mesmo sendo lutadores habilidosos e com capacidade de sentirem energias de outros seres.

- Conversando com o seu ex-namorado? – Vegeta perguntou.

- Sim, por quê? Está com ciúmes? – Bulma deu um sorrisinho zombeteiro.

Ele não respondeu. Ela sabia que ele não iria achar graça nenhuma nessa tentativa de piada, mas gostava de azucriná-lo de vez em quando, só para ver por quanto tempo ele agüentava fazer aquela pose de homem durão e impassível.

- O que é “Força Red Ribbon”? – o saiyajin perguntou.

Tinha escutado a conversa dela ao telefone e, por conseqüência, o seu teor. O assunto o deixou intrigado.

- Você tem certeza de que quer saber? – Bulma indagou.

Ela parecia séria. Seria algo comprometedor? Algo que ela queria que ele não soubesse? Será que ela estaria às voltas com aquele inútil do ex-namorado? Repeliu a última idéia de imediato: “Deixe de ser tolo, Vegeta! Ela não ficaria de novo com aquele verme fracote!”

- Desembucha! – respondeu a ela.

Nisso, Bulma contou-lhe tudo o que sabia sobre a Força Red Ribbon. Contou que era uma organização criminosa, que buscava ter o domínio da Terra, através das esferas do dragão. Ela e Goku acabaram por entrar nessa confusão toda por causa das esferas e então começou a ruína da organização. Ainda garoto, Goku, sozinho, derrotou assassinos, máquinas perigosas e andróides e, no final, derrotou o comandante da Red Ribbon.

Vegeta não precisou fazer esforço algum pra demonstrar que estava muito do entediado. Para ele, era apenas mais uma das “mirabolantes aventuras” de um sujeito estúpido que tinha a inteligência de uma ameba. “Nem assim esse debiloide me deixa em paz! Pra variar, tenho que aturar o imbecil do Kakarotto até depois de morto!”, pensou aborrecido. Estava completamente arrependido de ter dito “Desembucha!” para Bulma.

- Nah! Que chateação! – ele deixou escapar.

- Eu sabia que você ia dizer isso, Vegeta. E ainda perguntei se você tinha certeza de que queria saber...

- Por que não disse que tinha o Kakarotto no meio?

- Você não me perguntou! – ela respondeu irônica.

Bulma, um a zero! Detestava quando ela estava certa. Se ele tivesse perguntado, teria evitado o desperdício de parte do seu tempo ouvindo mais uma das façanhas do desmiolado do Kakarotto e morrendo de tédio. Mas alguma coisa ficava suspensa no ar...

Começou a fazer deduções sobre o que aqueles jovens teriam a ver com a tal da Red Ribbon. Provavelmente, eles estavam à procura de Kakarotto, buscando vingança. Vingança por uma grande humilhação causada, segundo Bulma, por um pirralho de doze anos. E de vingança, Vegeta entendia muito bem... Tanto quanto de humilhação...

Eles pareciam ser fortes, a julgar pela maneira com que acabaram com os policiais. Mas não conseguia localizar seus kis. Era como se eles não existissem. Tinha a sensação de que eles não eram humanos, embora a aparência daqueles dois fosse a de dois adolescentes terráqueos comuns. E ele sabia, como todo guerreiro que se prezasse, que as aparências enganavam...

*

Gohan estava de pé, parado num local deserto rodeado por pedregulhos. Estava de olhos fechados, parecia concentrado. De repente, abriu os olhos e decolou, antes que um raio aparecesse. Logo em seguida, Piccolo apareceu para lhe dar um chute. O garoto bloqueou o golpe. Os dois desapareceram e começaram uma sequência rápida de chutes e socos. O namek conseguiu desferir um soco e acertar o rosto dele. Mas Gohan revidou, esquivando-se de outro soco e acertando um poderoso chute. Eles se afastaram, reuniram energia e lançaram seus ataques: Piccolo, o Makankosappou, e Gohan, o Kamehameha. As duas técnicas se chocaram e provocaram uma forte explosão. Logo depois, eles aterrissaram. O treino estava sendo longo.

- Senhor Piccolo, você acha que estou ficando mais forte?

- Se comparar com a época em que você era um bebê chorão, sim... Comparado com os outros, não...

- Como assim?

- Com o passar do tempo, você evoluiu não só no poder de luta, mas também no seu jeito de ser. Se antes era um moleque que vivia fugindo de tudo e pedindo socorro para o pai, hoje você é um garoto mais maduro e mais decidido... Em outras palavras, você acredita em sua própria capacidade.

Eles se sentaram numa das grandes rochas que resistiram à sessão de treinos. Passaram o dia todo treinando, após o horário de estudos de Gohan.

- Senhor Piccolo, será que um dia eu posso ser forte como o meu pai?

- Talvez, sim... Mas deve levar um bom tempo para chegar a tanto. Pra isso, é preciso treinar muito.

- Sim, eu sei...

- Se você continuar nesse ritmo, pode chegar a ser um Super Saiyajin...

- Super Saiyajin?

- Sim, Gohan. Isso pode acontecer antes do que se imagina...

Será que ele poderia chegar a tal nível? E “Antes do que se imagina”? Teria tanto potencial assim? Gohan, atônito, se interrogava ante as palavras de seu mestre.

Piccolo, por seu turno, fez uma breve reflexão. Comparou o poder de luta de Goku, ao enfrentá-lo pela primeira vez, com o atual poder de luta de Gohan. Percebeu que o garoto de dez anos de idade tinha um poder ligeiramente superior ao do seu pai, quando este estava com dezoito anos. Até mesmo o próprio Goku percebia o grande potencial que o filho possuía.

O namek sabia desse potencial, e que seu pupilo só o revelava em casos extremos. O verdadeiro poder de Gohan só explodia num momento de grande pressão e fúria. Era preciso fazê-lo controlar esse poder e usá-lo direito a seu favor.

“... Quero ser tão forte como ele foi!”

De certa forma, Piccolo, há seis meses, passou a ser um verdadeiro tutor de Gohan, após a morte de Goku. Teria que treiná-lo, para que ele conseguisse o que queria: seguir os passos do pai. O garoto era mais que um discípulo. Era seu amigo, mais do que isso, era quase como um filho. Deu um sorriso. Son Goku tinha deixado um legado e tanto para o garoto: a missão de proteger a Terra, como ele havia feito por inúmeras vezes. Ele confiava na potencialidade de seu filho.

Mas esse momento de reflexão acabou interrompido pela chegada de alguém. Era Kulilin, que chegava às pressas.

- Piccolo, eu preciso falar com você!

O namek pareceu não gostar da interrupção. Mas não ignorou o carequinha, que parecia bastante preocupado.

- O que houve, Kulilin?

- É sobre o Yamcha... Parece que o ki dele está enfraquecendo...

Piccolo e Gohan procuraram detectá-lo, até que o descobriram.

- O que aconteceu com ele? – o garoto perguntou.

- Parece que ele foi investigar algo sobre os dois adolescentes que estão atacando numa cidade que fica numa ilha, perto da Capital do Sul. Alguma coisa sobre a Força Red Ribbon...

- Força Red Ribbon?

- Já ouvi falar. – disse Piccolo. – Foi destruída pelo Goku, quando era um garoto...

- É essa mesmo. – disse Kulilin. – O Yamcha disse que podem estar procurando o Goku pra se vingarem dele.

- E por que veio me procurar?

- Porque eles parecem ser bem fortes... E sabem-se lá quantos inocentes estão morrendo nas mãos desses sujeitos...?!  Nós precisamos nos unir pra enfrentá-los! O Yamcha deve estar enfrentando eles neste exato momento!