Dead Or Alive escrita por Juh Begnini Collins


Capítulo 9
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo para vocês.
E não, antes que perguntem, esse não é o último.
Enfim... have fun, kids!



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            - Está tudo aqui, eu presumo. – disse Dean, enquanto entrava no quarto do Three Roses com uma cerveja em uma mão e a bolsa de armas em outra, carregada com sal, arma com munição de sal grosso e alguns objetos anti-espíritos.

            Sam estava jogado no sofá do canto do ambiente, entretido com o processo de criação do feitiço, que estava sendo realizado por Castiel, por detrás da mesa encardida e pouco firme.

            - Estamos quase prontos. – disse o anjo, sem tirar os olhos da mistura a ser preparada.

            - Vocês tem certeza de que isso vai dar certo? – pediu Sam, hesitante. – Por que isso está parecendo fácil demais para mim. Quando é que um caso nosso foi tão fácil?

            - Sam, só para, okay? Você tem essa mania de ficar complicando tudo. É assim tão fácil. – o mais velho respondeu, tentando convencer à si próprio que o que falava era verdade.

            O anjo limpou as mãos em um pano e dirigiu-se à frente do altar improvisado, encarando os Winchester com as mesmas feições desprovidas de emoções que ele cismava em manter no rosto.

            - Estamos prontos. – disse o anjo. – Sam, está na hora de você atear o fogo.

            O mais novo dirigiu-se para o local que antes havia sido ocupado por Castiel e, cuidadosamente, jogou um fósforo aceso dentro do recipiente metálico onde a mistura tinha sido feita. Uma fumaça escura, porém não densa, com cheiro amadeirado, emanou do fogo.

            Dean e Cass colocaram-se um tanto retirados, esperando para que Elizabeth aparecesse.

            Não demorou muito, e a garota já estava presente no local, docemente flutuando em sua aura prateada.

            Sam encarou o espírito à sua frente, e não pode deixar de notar que ela deveria ter sido uma garota linda enquanto viva. Mesmo depois de morta e com tantas mortes em suas mãos, a beleza da garota ainda a acompanhava.

            - Me chamou, Sam? – disse ela, e sua voz melodiosa fez os pelos dos braços de Dean eriçarem-se.

            - Sim. – ele respondeu, aproximando-se da fantasma. Essa não recuou. – Eu te dou motivos, você me mata e para com a carnificina.

            - E por que eu faria isso?

            - Por que a minha morte afetaria diretamente a Dean, e é isso que você quer. Eu sei o que aconteceu entre vocês, Elizabeth, e sei também que não pode matar sem motivos. – ele a encarou profundamente. – Então cá estou eu, te dando motivos para me matar e terminar de vez com essas mortes.

            - Você sabe que eu não posso, não é, Sammy? – disse a garota, passando seus dedos pelos braços do rapaz. – Não é algo que eu possa controlar.

            Sam deu um passo mais para frente, e seus corpos já estavam unidos. Pegou o queixo de Elizabeth com a mão, erguendo-o. Surpreendeu-se por ela ser palpável.

            - Ora, vamos... eu sei que você pode. Você só não quer. – disse ele, unindo seus lábios aos dela.

            Dalí em diante, foi tudo fácil demais. Depois do primeiro beijo, os instintos fizeram o resto. Ela começou a desabotoar a camisa do rapaz, e ele acariciou a cintura dela pelo máximo de tempo possível. Aquilo, afinal, não duraria mais que um ou dois minutos.

            - Sam, se afaste! – gritou Dean, e o rapaz deu dois passos para trás.

            Mal dera tempo de Sam caminhar para longe do espírito, Castiel já estava com a mão na cabeça dela, enquanto Dean traçava um círculo com sal.

            Mas nada aconteceu.

            - Meus poderes! Algo está bloqueando eles! – gritou Cass, olhando para trás e encarando, de maneira inexpressiva, os dois irmãos.

            - Entra no círculo! – ordenou Dean, e os dois obedeceram, enquanto Elizabeth encarava-os, irritada.

            - Vocês mandaram UM ANJO me matar? Não conseguem fazer o trabalho sozinhos e ficam pedindo apoio ao cãozinho de vocês? – dizia ela, aproximando-se cada vez mais do círculo.

            Sam atirou na garota, e as balas de sal grosso a fizeram desaparecer.

            - Au, essa fez cócegas. – disse ela, aparecendo do outro lado do círculo. – Mas vocês sabem qual é a única coisa que poderiam ter feito para me deter, não é? Qual é, vocês são caçadores, têm experiência... é óbvio.

            - Seu corpo foi cremado. – Dean a interrompeu. – Eu o vi sendo cremado.

            - Mas era só meu corpo que interessava, Dean? – disse ela.

            E então, Dean lembrou de algo. Algo que ele não deveria ter esquecido jamais.

            “- Seu idiota! – disse a ruiva, batendo forte no peito do rapaz. – Você sabe que não deve falar esse tipo de coisas na frente de uma jovem e inocente dama, não sabe? É errado.

            - Então não devo comentar o que fizemos ontem de noite E hoje de manhã? – disse Dean, colocando-se na frente dela.

            Eles estavam caminhando pelos arborizados jardins da rua onde Elizabeth morava. Nesse momento, sabia ele, deveria estar trabalhando. Mas não queria ter que trabalhar. Queria ficar pelo menos mais cinco minutos conversando com Liz.

            Na verdade, pensava que pudesse passar a vida toda falando com ela, se lhe fosse permitido.

            ‘Eu estou parecido demais com Sammy’, pensou Dean, ao abraçar a cintura da garota.

            - Nós não fizemos nada, Winchester. Você fez. Eu fui só mais uma vítima dos seus esquemas ardilosos. Garanto que você faz isso em toda cidade por onde passa.

            - É... eu faço sim. – disse ele, rindo e beijando-a ternamente.

            Não era de seu feitio ficar “aos carinhos” com uma garota, muito menos durante um caso, mas com ELA era diferente. Ele não queria ter que fugir, não queria precisar siar da cidade, mas sabia que era necessário. E mais cedo ou mais tarde, teria que contar a ela.

            Além de que, a vida Apple Pie, definitivamente, não tinha sido feita para ele.

            - No que você está pensando? – perguntou ela, docemente.

            - Em nada. – mentiu.

            - Eu sei que sim. E me deixe tentar: você vai embora, não vai? Amanhã de manhã. Depois que seu trabalho aqui estiver terminado, depois que essa loucura de demônios tiver um fim... você vai partir. – não era uma pergunta.

            Dean passou os dedos pelo rosto da garota, docemente. Como ela podia decifrá-lo daquela maneira? Nem ele mesmo conhecia-o tão bem.

            - Eu queria não ter que fazê-lo, acredite... mas preciso. Meu trabalho, bem... não é algo que eu possa largar tão facilmente. Não é nem mais uma maneira de viver: passou a ser parte de mim. Eu não posso dar as costas.

            - É, eu sei. – disse ela, cabisbaixa. Depois, um sorriso iluminou seu rosto de traços infantis. – Mas, enquanto você estiver aqui, e enquanto tiver um tempo livre para mim, a gente pode aproveitar, não pode?

            Dean riu, transferindo-se para o lado da garota, para que pudessem continuar caminhando.

            - Claro que podemos.

            Seis horas depois, estando de volta ao motel onde estava hospedado com seu pai, ao tirar a jaqueta de couro surrada, algo caiu do bolso. Dean baixou-se e juntou o papel.

            Olhou, atônito, para a foto que a garota, que era apaixonada por fotografia, havia tirado deles dois na tarde do dia anterior.

            Reparou no lindo sorriso que ela exibia em seus lábios, e, pela primeira vez, ao olhar-se em uma foto, viu-se inteiramente feliz.

            E, atrás da foto, uma inscrição.

            ‘Para você lembrar-se sempre de nós. Para lembrar que quando essa vida te cansar, você sempre terá um lugar para correr e um ombro amigo para chorar. Guarde como se guardasse meu coração. Quem sabe, afinal, essa foto não seja meu coração?

            Com amor, L.’

            Então Dean percebeu que jamais veria aquele sorriso. Que aquele ombro amigo, o lugar para o qual fugiria caso aquela vida o cansasse... nada daquilo era real. Não mais.

            Não depois que ele puxara aquele gatilho.”

            - Dean, cuidado! – gritou Sam, tirando-o de seus devaneios.

            O mais velho abaixou-se, e uma faca passou por cima de sua cabeça.

            - Sinto muito, Dean. Eles eu não tenho motivos para matar. Você, em compensação... você é meu  negócio inacabado.

            - Eu estou dentro do círculo de sal, caso não tenha reparado.

            - O que quer dizer, meu doce Winchester, que eu não posso entrar. Mas nada impede que eu atire coisas em você, e elas eventualmente te acertem. Afinal, até onde eu sei, esse faqueiro é tão real e material quanto você.

            Dean não deu-se ao trabalho de revidar. Tirando a arma de seu bolso, atirou contra o espírito. Assim que aquele sumiu, ele saiu correndo em direção à porta.

            - Dean! Aonde você vai?

            - Dar fim ao meu negócio inacabado! – gritou o outro, batendo a porta atrás de si.

            Agora, finalmente, ele sabia o que deveria fazer.

~~*~~

            - Mas que merda, Dean, onde foi que você colocou aquela porcaria? – perguntava a si próprio, irritado.

            - Procurando por algo? – disse a voz, por detrás dele, e ele atirou novamente, tentando afastar o espírito.

            Novamente, virou para o Impala, passando a mão freneticamente por debaixo dos bancos.

            Ouviu um roncar de motor e jogou-se para dentro do veículo, fechando a porta bem a tempo de ver um carro passando em uma velocidade enorme ao seu lado, quase grudado no Impala, exatamente onde ele estivera alguns segundos antes.

            - Sua vaca! Queria me matar atropelado? – reclamou, para si, continuando a procurar por debaixo do banco do motorista.

            - Ora, cada um luta com as armas que tem. – disse a voz ao seu lado, e o espírito agarrou-se ao seu pescoço.

            Dean tateou pelo carro, desesperadamente, à procura da arma que havia voado de sua mão. As mãos do espírito continuavam a apertar o pescoço do rapaz, impedindo-o de respirar.

            Finalmente, encontrou a arma e atirou nela.

            - Droga, sua vadia! Vou ter que trocar o vidro de novo! – esbravejou. – Sinto muito, Baby! Eu não queria ter feito isso. – completou, dessa vez para o carro, enquanto continuava a tatear às cegas.

            Finalmente, seus dedos encontraram algo por debaixo do estofado. Dean foi juntando, pedaço por pedaço, a foto que ele havia rasgado.

            Seis exatos pedaços. Para cada dia em que estiveram juntos “daquela maneira”. Um para cada dia em que ele realmente ponderou sobre largar sua vida de caçador e ficar com ela.

            Saiu do carro, segurando em uma mão os seis papéis e na outra um isqueiro. Colocou-os no chão.

            - O que? – ela disse, surgindo em frente àquilo, espantada.

            - Adeus, Lizzie. – disse ele, colocando fogo na foto, queimando-a lentamente.

            E junto à imagem, o espírito de Elizabeth Petterson começou a queimar. Sem gritos, sem urros. Apenas uma face agradecida a encarar o Winchester, como quem precisava de ajuda, mas não podia pedi-la.

            Tão rápido quanto fez-se, o espírito desapareceu.

            E naquele momento, ela era livre. Finalmente livre.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!
Tem mais um capítulo a ser postado, no mínimo. Aí depois vem aquela famosa pergunta: O final?
Quem sabe... o que vocês acham? Estaria a fic próxima ao fim?
Beijoos e até a próxima.
PS.: Não esqueçam do review. :)