Dead Or Alive escrita por Juh Begnini Collins


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Então, babies... chegou a hora de os Winchester tentarem terminar com a carnificina da Elizabeth... parece fácil, mas nada na vida desses dois é fácil, não é mesmo?
Booom, já falei demais por aqui. Espero que gostem!



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Capítulo 8

            - Hey Dean, estou de volta e... o que foi que aconteceu aqui? Parece que você apanhou de um gorila! – disse Sam, olhando para o irmão.

            O Winchester mais velho era, normalmente, aquele que não se deixava abater por nada, aquele cujas feridas cicatrizavam antes mesmo de nascerem. Era o que ele queria fingir ser, e Sam o respeitava por isso.

            Naquele momento, porém, aquele mesmo homem que antes não deixava-se notar por dor, agora estava jogado na cama, um travesseiro por sobre a cabeça, parecendo sofrer uma enxaqueca terrível. Pior foi quando ele tirou o travesseiro da face, mostrando as grandes e visíveis olheiras que ele exibia logo abaixo dos olhos.

            O cara parecia ter bebido a noite toda, e acordado em algum lugar desconhecido, no qual ele não lembrava de ter estado.

            - Obrigado pelo apoio, Sam. Você foi muito útil.

            O mais novo foi até a caixa de isopor e juntou duas cervejas. Nada levantava seu irmão melhor que uma cerveja. Depois, fechando a caixa, dirigiu-se até a cama do irmão. Sentou-se do lado, puxando-o por uma mão para que se sentasse ao lado dele.

            Assim que Dean sentou-se, Sam entregou-lhe a cerveja. O mais velho abriu, bebeu dois goles e depois respirou fundo.

            - Agora você já pode me contar o que aconteceu aqui.

            Dean revirou os olhos, frustrado. Não queria ter que contar aquele seu passado para o irmão, porém, se não o fizesse, talvez nunca conseguissem parar Liz. E ele precisava detê-la, devia isso a ela.

            - Então, Sam... enquanto você esteve aqui estudando, eu fiquei caçando com o papai. Naquela época, fomos investigar o caso de um demônio que estava rondando uma cidadezinha de fim de mundo. – ele fez uma pausa, e por um momento, transportou sua mente para as ruas arborizadas da cidadela. – O demônio era bom em esconder sua identidade, e demorou muito tempo até percebermos quem era o culpado. Além disso, não sabíamos exatamente como mata-lo, por que se você se lembrar, só encontramos o Colt depois que o papai já havia sumido.

            Ele parou e ficou encarando fixamente o chão. Sam pôs a mão em seu ombro, mas ele puxou-o, fugindo do contato. Não queria consolo, não precisava daquilo.

            - Então... – motivou Sam.

            - Enfim... havia uma garota... o nome dela era Elizabeth. Eu a conheci em um bar, e ela foi difícil comigo. Normalmente as difíceis me irritam, mas algo nela me chamou a atenção. Ficamos dois meses naquela cidadela, o recorde de tempo em um mesmo local, e nesse tempo, eu posso ter nutrido alguns sentimentos por ela.

            - Nutrido, tipo... apaixonado? – disse Sam, descrente, suas feições em um misto de riso e descrença.

            - É, que seja. Enfim... quando finalmente descobrimos quem era o demônio, ele estava prestes a dizimar a família da Elizabeth. Eu e papai invadimos a casa dela, e então o demônio libertou a família, que correu e trancou-se em um quarto qualquer, ou sei lá. O que sei é que ele ficou com a Liz, e depois... depois ele possuiu ela.

            Dean pronunciou essas últimas duas palavras como uma ofensa, com nojo, e bebeu mais um pouco de sua cerveja. Depois, fixando novamente o olhar no carpete bege do chão sujo do quarto, deixou-se levar novamente pelo passado.

            - Eu tentei impedir, mas... o demônio esfaqueou ela. Ele prendeu eu e papai na parede, e eu o vi esfaquear Liz tantas e tantas vezes, que em algumas horas, eu já não fazia ideia de quanto tempo se passara desde que começara aquela tortura. E então, ele simplesmente saiu do corpo dela, e deixou-a caída, sangrando e gritando de dor, pedindo pela minha ajuda. Eu peguei a arma e, da maneira mais difícil, fiz o que tinha que fazer. Terminei com a dor dela.

            - Mas Dean, isso não é sua culpa e...

            O mais velho encarou o irmão, a dor estampada nas suas finas feições que tentavam sempre demonstrar tanta força.

            - Foi minha culpa, Sammy. Eu usei ela como isca. Pus a família dela toda em perigo. Era inexperiente, e achei que daria conta com uma estaca de madeira de carvalho branco, embebida em sangue de carneiro. Cara, era nojento, mas me disseram que funcionava. E eu acreditei. Eu matei Liz, e tudo por que acreditei em uma merda que não tinha a mínima chance de dar certo.

            Sam olhou para a figura sofrida de seu irmão à sua frente. Poucas vezes vira Dean sofrer daquela maneira, ou pelo menos, demonstrar sua dor daquela maneira. Ele seria o cara a levantar-se, dar um tapa em uma cadeira qualquer e dizer “foda-se, vamos em frente”. Ele sempre fazia aquilo.

            Ou, aparentemente, quase sempre.

            - E por que desenterrar isso da memória agora, Dean? Por que você fica remoendo o passado dessa maneira?

            Dean deu mais um gole na garrafa em suas mãos, terminando com o seu conteúdo. Ficou analisando o rótulo da mesma, e quando respondeu ao irmão, sua voz já estava fria e metódica novamente, como se arquitetasse um plano unicamente seu e o guardasse em sua mente até o momento em que fosse correto dizê-lo.

            - Por que, Sammy, o sobrenome dela era Petterson. Elizabeth Petterson. A coisa que eu “deixei escapar” sobre o caso. Nossa peça perdida do quebra-cabeça.

            - Dean, pode não ser...

            - É, Sam. – disse Dean, interrompendo-o. – É a mesma. Ela apareceu para mim, falou comigo. E não me venha com a história do “você não puxou o gatilho”, por que fui eu sim. Eu a matei.

            - Ela morreria de qualquer maneira e...

            - Sam, só para de tentar fingir que não é culpa minha! Ela não morreria pelas minhas mãos, não morreria com raiva por eu ter atirado nela... seria livre, partiria com o ceifeiro, e tudo teria terminado. Essas pessoas morrendo não passam de um efeito da decisão que eu tomei anos atrás.

            Ele levantou-se, caminhando de um lado para o outro e passando a mão pelos lábios, descendo pelo queixo, naquele seu tique nervoso tão conhecido.

            - O único momento em que ser egoísta era a escolha correta, em que eu podia sentir a necessidade de tê-la comigo até seu último momento, e eu simplesmente decidi pelo altruísmo, a matei para poupar seu sofrimento. Sabe por quanto tempo, depois, eu fiquei me culpando por puxar aquele gatilho?

            Sam olhou o irmão, preocupado. Dean estava conturbado. O rapaz guardava dentro de si muitas coisas desnecessárias, e quando percebia, estava explodindo todas as suas mágoas, sentindo-se culpado por coisas que não tinham nenhuma relação com ele.

            Não que aquela situação toda não tivesse relação com Dean, na verdade.

            - Tá, então nós vamos até o cemitério e queimamos o corpo. Você sabe onde ela foi enterrada, não sabe? Isso tudo diminui o trabalho pela metade.

            - Ela foi cremada, Sam.

            - Então deve haver algo ligado a ela que...

            - Não há. Eu saberia se houvesse algum objeto ligando-a a esse mundo. Dois meses, e eu a conhecia melhor que a mim. Simplesmente não consegui lembrar de nada com que ela tivesse uma relação tão forte ao ponto de ainda manter-se aqui.

            - Nós vamos encontrar um jeito, Dean. Eu sei que vamos.

            O loiro jogou-se novamente no duro colchão de sua cama, sentindo os buracos em suas costas. Passou as mãos pelo rosto, jogando-as por detrás da cabeça como um travesseiro.

            - Hey Dean... por que você nunca me contou isso? Digo, sobre Liz.

            - Por que você não me contou sobre a Lory, também? É como você disse: para quê desenterrar o passado, afinal?

~~*~~

            - Bom dia. – disse aos rapazes próximos ao Impala preto em frente à cena do crime.

            - CARAMBA, CASTIEL! Que merda, algum dia você ainda vai me matar, seu desgraçado! – disse Dean, dando um pulo, o coração descompassado.

            Cass tinha aquela mania desagradável de aparecer atrás de você quando menos esperava, chegar falando e quase te matar de susto.

            E como Dean odiava aquilo. Ah, ele odiava.

            E enquanto refletia sobre o tamanho do seu ódio, Sam ria descontroladamente.

            - Desculpe. Não foi minha intenção. Enfim... o que aconteceu?

            - A Liz, de novo. – respondeu Sam, enquanto as feições de Dean ficavam duras.

            Desde que ele desabafara sobre Elizabeth com Sam, a simples menção de seu nome tornou-se algo árduo para o rapaz. Ainda negava-se a acreditar, em seu interior, que aquela ruivinha que ele tanto amara tornara-se um monstro.

            - Dessa vez... – principiou-se Dean, explicando para o anjo. – Dessa vez foi um cara chamado Robert. Robert Shelbs. Era um tremendo figurão. Na verdade, ele era a definição perfeita de cafetão. Dono de uma boate de strippers, prostitutas para todo o lado prestando contas para ele... Ah, nada como um caso sobre strippers.

            - Dean! – disse Sam, indignado com o irmão. – O caso é que Rob Shelbs foi encontrado no mesmo estado que os demais corpos, mesmo modus operandi, mesmas palavras impressas... definitivamente, o nosso caso de novo.

            - E sobre o caso de Angélica?

            - Angie? Consegui roubar os arquivos do caso dela, mas não foi a mesma criatura.  Definitivamente, outro dos nossos casos. Casa fechada, corpo mutilado, coração faltando. A diferença é que, na época, Liz ainda estava viva.

            - Sem ligação?

            - Aparentemente.

            - Hey, mocinhas. Vocês vem ou o que? – disse Dean, arrumando as mangas da camisa branca e ajeitando a gravata azul.

            Os outros dois o seguiram, aproximando-se da visível fita amarela isolando o local.

            - FBI. – disse Dean, erguendo o distintivo para um policial à porta do local. Os outros dois o alcançaram.

            - E ele? – perguntou o parrudo de uniforme azul marinho, apontando para o anjo.

            Dean encarou-o de cima abaixo, para variar, ele estava de sobretudo, camisa branca e gravata azul.

            - Ele estava com frio. – disse Sam, olhando estranho para o anjo como todos os outros.

            - Aham, sei. – disse o policial, um tanto desconfiado. – Entrem.

            Os três passaram pela porta, e Dean pediu à Castiel que lhe entregasse o sobretudo.

            - Não! Tem valor sentimental!

            - Castiel, agora. – disse o Winchester mais velho, a mão estendida ao amigo.

            O anjo tirou o longo casaco e entregou-o ao humano, sentido.

            Olhando daquela maneira, ele bem que poderia ser um Federal. Camisa branca, gravata azul escura e uma calça social preta a combinar com os sapatos, ele estava exatamente igual aos homens de negócio que se via todos os dias tendo uma vida decente.

            Claro que a vida daqueles três não era exatamente a definição de decência, mas rendia a paz de espírito no fim do dia. Ou quase.

            - Cara, você está parecendo um business man chato e entediante!

            - Dean, não brinca com ele. Ele está parecido com você.

            O loiro olhou para o anjo, depois para si próprio. Camisa branca, gravata azul escura lisa, calça preta e sapatos bem engraxados.

            Eles estavam uniformizados, praticamente.

            - Droga Cass! – reclamou Dean, bufando.

            Entraram na casa, rondando os quartos pela segunda vez naquele dia. Enquanto caminhavam, Castiel, por sua própria conta, tirava suas conclusões sobre os ambientes da casa por onde passavam.

            Quando finalmente saíram do casarão, Dean estava decidido a dirigir direto à um restaurante qualquer e pedir um mega-hambúrguer com muito queijo.

            E foi o que ele fez. Entraram no ambiente não muito confiável do H&E e sentaram-se em uma mesa nos fundos, onde teriam mais liberdade para falar sobre seu caso.

            - Posso anotar seus pedidos? – disse a jovem garçonete às suas frentes.

            Era loira, tinha olhos negros, esbelta, e encarava Castiel com aquele mesmo olhar que normalmente era dirigido à Dean.

            A cena chegava a ser cômica para aqueles que assistiam, e enquanto Cass parecia não notar o que estava acontecendo, Sam não pode deixar de dar uma risada leve.

            Dean pigarreou, e a atenção da garçonete dirigiu-se, contra a sua vontade, ao rapaz do outro lado da mesa.

            - Eu quero o maior hambúrguer que vocês tiverem. E uma cerveja bem gelada seria bom também. – disse ele, sorrindo docemente para a carrancuda garota que o encarava como se ele tivesse destruído a cantada do século.

            - Eu quero uma salada e um bife de frango. O mesmo para beber. – completou Sam.

            - E para você, garanhão? – disse ela, puxando de leve a gravata do anjo para que ele a olhasse.

            - Ele quer o mesmo que eu, obrigado. – pronunciou Dean, assim que Cass enviara-lhe um olhar pedindo socorro.

            A garota reclamou um pouco, aos sussurros, enquanto dirigia-se para a cozinha para entregar o pedido. Dean pigarreou, o que fez Sam rir.

            - Eu acho que ela gostou de você, “garanhão”. – disse Dean, enquanto pegava a gravata de Castiel na mão e imitava a garota que acabara de sair de sua mesa. – Quem sabe seja uma chance de você perder essa sua virgindade celestial, hein?

            - Dean, fica quieto. – disse o anjo.

            Os irmãos Winchester riram enquanto o anjo mostrava-se desconfortável com a situação. Foi só quando o ataque de risos cessou que Sam principiou-se a falar.

            - Dean... você sabe o que nós temos que fazer, não sabe? – disse o mais novo, pausadamente, tentando avaliar a reação do irmão à informação. – Nós temos que saber o que a liga a esse mundo. Ela não pode continuar matando ninguém.

            - Eu sei, Sammy! Quem sabe negócios inacabados? Quem sabe seja eu?

            - Você sabe que não é suficiente, dude. Ela não ia ficar aqui só por que tinha um negócio inacabado com você. Deve haver algo!

            Dean afundou a cabeça nas mãos, sem saber o que dizer. Os pedidos chegaram, o que arrancou mais um pigarreio, dessa vez de Sam. A loura, antes de partir, não deixou de entregar a Castiel um papel com seu número de telefone.

            O anjo encarou os dois para que não rissem dele novamente. Só surtiu o efeito contrário.

            - Mas por que ela matou Robert? Ele era solteiro e descomprometido, não havia um motivo aparente.

            - Eu acho que sei por que. Ela não está atrás de traidores. – disse o mais velho, pausando.

            - Meu silêncio é sua deixa, rapaz. – Sam incentivou-o.

            - Eu percebi isso no momento em que ela me visitou, mas só assimilei essa informação agora. Ela está atrás daqueles caras que estão com a garota, mas não tem intenção de ficar. Está atrás daqueles que costumam ter “só mais uma noite”. De caras como eu.

            O olhar dele baixou, e ele deu novamente uma mordida no seu hambúrguer, tentando fingir que estava tudo bem. Não estava.

            - Mas então isso facilita demais nossa situação, Dean! – disse Castiel. – É só nós atrairmos ela, você... faz o que você sabe fazer de melhor, e então nós a exterminamos de vez. Eu sou um anjo, posso dar conta dela.

            - Não. Não pode ser o Dean. Tem que ser outra pessoa, Cass. Ela não vai acreditar se for o Dean. Tem que ser eu.

            - Mas a ideia do Castiel é boa! Claro, ele é um anjo! Se consegue dar fim em demônios, consegue dar fim em um espírito também.

            Quando os três saíram do bar, já sabiam o que deveria ser feito. Um feitiço simples, e eles estariam livres de Elizabeth.

            O próximo passo era reunir tudo o que precisavam para um feitiço. Não poderia ser tão difícil, não é?


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Notas finais do capítulo

E era isso... será que estamos nos dirigindo ao fim?
Isso eu conto para vocês no próximo capítulo, prometo.
Beijoos, e espero que tenham gostado.
PS.: se gostaram, ou mesmo se não gostaram, que tal um review? Pelo menos para eu saber que vocês leem. Seria muito bom mesmo, viu? ^-^