A Life Time escrita por Lu Falleiros


Capítulo 2
Nossas histórias... São as mesmas?




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Estava começando a me acostumar com o balanço da carruagem, proporcionada pelo cavalo, o chão de pedras e as rodas de madeira... incrivelmente, se parece com um carrocel. Antes que pudesse começar a aproveitar o percurso, chegamos no lugar determinado. Soltei um suspiro aliviado.

—Chegamos! – disseram ambos os cocheiros com um sorriso. Como as pessoas são animadas por aqui, eu ainda me encontrava atônita, tentando entender a situação.

—Ah... Obrigada! – disse tímida pela tamanha atenção que estava recebendo. Sai da carruagem e esperei. A moça que me acompanhava, como era seu nome? Olhava para ela tentando supor algo em minha mente, claro, sem sucesso. Maria, Ângela, Clotilde, Tânia... Para minha sorte, que incrivelmente estava constante - ou azar, ainda estou a definir isto - o cocheiro, que era baixinho, porém, muito gentil, perguntou:

— Isadora? Vai jantar com a Senhorita hoje? – Disse ele, vermelho como um pimentão.

— Se assim a Senhorita desejar! Sim! – disse a menina que me acompanhava, Isadora, certo?

O cocheiro me encarou por alguns instantes, acho que desejando que eu falasse algo... Não disse que poderia ser azar. Olhei para Isadora tentando ler sua mente, seu sorriso angelical ainda em seus lábios, e eu, decidindo o que fazer.

— Bom... Isadora? – Disse em tom baixo por de trás do leque como vi outras senhoras fazendo.

— Sim, Senhorita? – Disse ela voltando toda atenção para mim.

— Se desejar, não precisa jantar comigo... – Disse ainda em tom baixo, o que me irritava. Cordialidades estúpidas...

— Obrigada senhorita! – Seu sorriso aumentou, acho que ela estava feliz, ou ao menos, queria parecer assim.

— Por onde começamos? – Perguntei à Isadora quando a carruagem finalmente partiu.

— O parque é da Senhorita, você quem sabe... – Ela disse com uma risadinha.

— É meu? – Perguntei. Seu sorriso aumentou.

— Deixe de piadas, Senhorita. – Ela assentiu com uma piscadela. – A senhorita é a maior economista de Londres, com muitos empreendimentos.

Uma, apenas uma de minhas sobrancelhas se ergueu em surpresa. – Sério? – Perguntei. Ainda me sentindo atordoada, já não bastava eu não estar no tempo certo, eu ainda tinha que ter responsabilidades? Por que não podia ser uma jovem normal, com vida normal, sem voltar no tempo?!? Os deuses, ou Deus, se estiver lá em cima, deve estar rindo... Eu sinto isso...

— Sim, Senhorita! Devemos aproveitar o dia. Afinal, amanhã teremos o almoço com os grandes jovens. – Disse ela, guiando-me pela entrada do parque. Quem seriam os grandes jovens? Perguntava-me, enquanto tentava respirar com o espartilho a me esmagar a cintura. – Gostaria que afrouxasse seu espartilho? – Disse ela baixo para que mais ninguém ouvisse.

— Obrigada! – Respondi. Pelo visto não era tão certinha assim, no quesito espartilho, pelo menor, isso me deixou mais aliviada... literalmente. Ou talvez, Isadora tivesse percebido que eu estava prestes a desmaiar. Eu ainda estava um pouco em dúvida, seria o espartilho ou toda a situação que azonzava minha mente? – Por que só temos o dia de hoje livre?

— Você deve cumprir com suas responsabilidades. – disse, Isadora, sentando-se em um banco, próximo de onde crianças brincavam. – Amanhã teremos dois compromissos e o almoço, – disse, repetindo-se, por que esse almoço era tão importante? – Para a nova galeria, que a senhorita está montando.

— Só eu trabalho? – Perguntei, agora preocupada, eu só tinha 15 anos, como coordenaria um, um não, vários empreendimentos econômicos em Londres?

— Sim... – disse Isadora com pesar. – A Senhorita, me proibiu de falar nesse assunto, é o único tema que a Senhora é rígida quanto a seus criados.

— O que é? – Perguntei curiosa. Algumas lembranças daquele parque passaram pela minha cabeça, eu quando pequena, brincando com uma boneca de pano, que era de minha trisavó. Lembrei-me disso ao observar algumas crianças correndo com seus brinquedos, será que uma dessas crianças poderia ser ela? Perguntei-me em meus pensamentos.

— Senhorita, está passando bem? – Ela me perguntou com a mão em minha testa, como se tivesse estranhado a minha reação curiosa, sobre um assunto proibido por mim mesma, ou pela minha distração. Não sei ao certo. – Bom! Se quer tanto saber, seus pais faleceram, e você se acidentou quando tinha sete anos. – Espera! É exatamente como minha história, desde pequena meus pais foram ausentes, mas, eles faleceram quando eu completei sete anos. Será que a história era a mesma?? Pisquei algumas vezes tentando assimilar o que estava acontecendo, talvez fosse melhor, simplesmente, ignorar tudo...

— Vou dar uma andada. – Disse para Isadora, levantando-me bruscamente e seguindo para um caminho desconhecido.

— Espere-me! – Disse a mocinha agora também já sobre seus dois pés, correndo delicadamente até mim, não demorou muito para me alcançar. Eu sei que era seu trabalho, mas precisava pensar, sozinha!

— Por favor, você poderia me deixar sozinha por apenas alguns instantes? – Perguntei, tentando não parecer rude, pois ela me parecia muito confiável, ou pelo menos, foi uma das poucas pessoas até agora que realmente conversara comigo.

— Sim! – Respondeu-me com um sorriso. – A Senhorita normalmente faz isso quando falam de seus pais... – Seu sorriso desapareceu por alguns instantes enquanto falava. – Não esqueça do leque! É perigoso! Ainda mais para a Senhorita, a única herdeira da economia Willian.

Peguei o leque em mãos, que cerimônia mais babaca. – Sim, pode deixar! – Disse enquanto a deixava sozinha, acho que seria melhor se ela retornasse para seu jantar, eu tinha muito que pensar, dizia para mim mesma enquanto caminhava pela grama, tentando absorver a tudo, sem cair em um buraco ou pisar em fezes caninas.


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Notas finais do capítulo

Conhecendo os personagens:
— Nome: Isadora Vienarde
— Idade: 25 anos
— Altura: 1,57 metros.
— Função: Mordomo da família Willian (mais especificamente de Lucy Willian), é muito dedicada ao seu trabalho.
— Informações extras:
Ela não é o que aparenta ser, muito dedicada ao seu trabalho, inteligente e boa em tudo. Só se surpreendeu uma vez, quando percebeu que Lucy Willian estava diferente!



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