A Life Time escrita por Lu Falleiros


Capítulo 19
Negócios, entre apenas 2 pessoas é melhor.




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Após dez minutos eu possuía alguns cortes na parte de cima de meu vestido, principalmente próximas do pescoço e dos braços, e ele algumas partes de sua calça e quadril estavam com cortes, não muito profundos. Ainda bem que espadas de esgrima não cortavam tão profundamente. Entre alguns coupes e outros, eu o fitava fulminantemente, tentando interpretar o que ele pensava, ele era uma das poucas pessoas que eu achava difícil interpretar. Continuamos lutando em silêncio por mais alguns minutos, quando de repente ele rasgou um grande pedaço de meu vestido, deixando minha marca à mostra, a das costas. Ela permanecia vermelha, sem alterações, embora brilhasse de leve. Ele então sorriu, e parou de lutar, virou as costas e começou a andar para fora do palanque dizendo:

— Temos negócios a resolver. – Ele estava me ignorando, ele não havia visto a marca, mas acabar uma luta assim era injustiça. Apertei o punhal de meu sabre, girei até sua cabeça e puxei seu tapa-olho, tentando atrair sua atenção, para que não saísse daquele jeito da luta, de qualquer luta. Quando percebi que arrancara o tapa-olho, fiquei um tanto envergonhada, mas sorri pegando-o na minha mão:

— Um pedaço de meu vestido, - que estava rasgado, com um retalho em seu sabre. – Por um tapa-olho. Justo? – Perguntei, com voz sínica, ao mesmo tempo em que chegava à sua frente e dizia – Vamos jantar? – Sorri para ele, apreciando ao olho roxo com a marca que possuía. Era semelhante à uma estrela, totalmente diferente da minha, embora, houvessem algumas semelhanças, como algumas das letras estranhas entalhadas entre as linhas do desenho. Ele viu que eu não estava surpresa, e queria me indagar o porquê. Impedi-o com minha mão, virei de costas para ele, e deixei que visse a marca, não sei por que fiz aquilo, mas foi interessante ver sua reação. Ele não riu, não sorriu, não cerrou os olhos, queria transmitir indiferença. Mas foi exatamente isso que me transmitiu outra coisa, o oposto, ele estaria mais atento a mim de agora em diante.

— Vamos jantar. – Completou ele para mim ainda imparcial. Caminhamos juntos pela escada, nos separando apenas na própria mesa de jantar, quando ele sentou em uma ponta e eu em outra. Izadora ao meu lado, em pé, e Sebastian servindo a decorrência de pratos atenciosamente bem feitos, porém com um gosto semelhante aos de Izadora. Entre algumas garfadas e outras, soltávamos algumas informações importantes como, por exemplo:

— Eu adoraria que minha loja se localizasse naquele lugar em específico. Aquele no qual nos encontramos ainda hoje. – Disse Ciel com olhar imparcial de negociante. Eu sempre sorridente para ele, neste momento meu sorriso estava maliciosamente convidativo, tentando não expressar meus consentimentos com as ideias dele.

— Eu sei o porquê de querer que sua loja se localize ali, é a passagem onde mais passarão pessoas, graças ao péssimo projeto da Galeria. – Eu sorria ainda. – Eu decidi modificar algumas coisas. – Acrescentei com outra garfada sobre o doce. – Veja a planta. Você é o primeiro não espalhe. – Sorri para ele entregando um papel desenhado à mão do dia anterior, com todas as mudanças de planos. – A galeria agora será um espaço mais aberto, com todas as vitrines voltadas para a rua, haverá quatro entradas não duas, que formarão uma cruz, encontrando-se em um pequeno espaço, onde haverá um vitral no telhado, podendo relaxar próximo à fonte. – Expliquei apontando tudo sobre a planta que havia feito. – Será mais propício para os negócios, se deixar sua loja mais próxima do centro, pois muitas crianças optariam por visitar a fonte onde poderiam brincar. – Sorri para ele, enquanto via seu rosto mudar levemente com as informações. – E ainda, não perderá em vitrine, pois os espaços que ficaram na área perpendicular da Galeria, terão um espaço ao ar livre para seus negócios, ótimo para uma loja de brinquedos como a sua, inovação. As crianças poderão brincar do lado de fora. E aproveite agora, a época das festas para vender mais. O que acha? – Perguntei, vendo se o convencera. Nada que dissera era mentira, só não havia falado sobre o preço.

— Tudo isso parece esplêndido. Mas acho que o preço será maior por essa área privilegiada, não? – Ele perguntou como que lendo a minha mente. Meu sorriso não desapareceu, embora abalada pela pergunta abrupta, eu tinha que convencê-lo. Sorrindo acrescentei.

— Sim, realmente. Mas nada que seja impossível para o senhor Phantomhive, não é mesmo? – Disse me lembrando da discussão sobre o pinheiro, a flor, e a dominação dos mesmos.

— É verdade. – Ele terminou por falar, aceitando o acordo.

— Muito bem. – Sorri para ele. – Agora se me dá licença. – Comecei a me levantar, mas Ciel me impediu com a mão pedindo que eu sentasse.

— Não gostaria do chá? – Ele perguntou surpreso.

— Claro... – Respondi um tanto duvidosa, o chá é tomado apenas de manhã e a tarde. Por que tomar agora?

Quando Sebastian servia o chá, a porta bateu, e ele se interrompeu para atendê-la. Eu esperei pacientemente, enquanto Ciel já com seu chá, se via irritado, pois este estava esfriando. Uma voz esganiçada e jovem percorreu todo o lugar, que antes estava silenciosamente sereno.

— CIIIIIEEEEEELLLLLL!!! – A voz de uma menina muito fofa, rompeu a porta da sala em que estávamos ela possuía um vestido fofo demais para qualquer garota, rosa demais, frufru demais, e fútil demais. Eu a encarava estática, um tanto chocada, como uma menina de 16 anos se vestia daquele jeito. Agradeci por minha antiga eu não ter vestidos assim, ou pelo menos, Izadora os escondera.

— Eliza? – Ele perguntava encarando Sebastian com ira. – Saia daqui. Estamos em meio a um negócio. – Ordenou.

— Ora Ciiiiiiellllll – Disse ela puxando demais o L me fazendo rir levemente. – Eu sou sua noiva, não deveria estar feliz por me ver? – Ela se via chateada, ou fingia bem. Espera, noiva? O que está acontecendo, porque estou me sentindo tão... Tão revoltada?

Ciel se limitou a por a mão na cabeça e pedir para que Sebastian a tirasse da sala, um tanto envergonhado ainda, disse-me – Desculpe por isso, não vai se repetir. – Eu sorri tristemente para ele, ainda tentando entender o porque de minha revolta. O que estava sentindo? Era tão estranho.

— Tudo bem, eu já estava de saída. – Respondi tentando sorrir docilmente para ele. Ele concordou e tentando ignorar sua noiva que gritava pela casa, pegou-me pela mão e me levou até a porta. Izadora seguiu-nos em silêncio, e ao chegarmos à grande porta que havia se aberto não mais que cinco minutos atrás, percebemos que estava chovendo. Izadora e eu pegamos os casacos que ela estava segurando, vestimos e partimos até a carruagem que nos esperava. Eu sorri novamente para ele antes de entrar, Izadora me esperava, quando ele retribuiu ao sorriso, entrei na carruagem e partimos para a longa viagem de volta para casa.

Após dez minutos de um silêncio constrangedor Izadora me perguntou – Qual o problema, jovem mestra?

— Estou curiosa, também tenho um noivo? – Perguntei fitando-a, finalmente vendo-me preocupada por algo tão trivial.

— Sim senhorita, ele é um príncipe francês, chamado Renold, ele vem uma vez por mês visitá-la, senhorita. – Sorriu para mim, embora não desejasse, ela também queria saber o porque de minha preocupação.

— Bom, vamos esquecer isso. – Disse voltando a minha verdadeira eu. – Qual o caso que investigaremos amanhã? – Sorri para ela.

— Ah jovem mestra, é muito interessante... – Começou a dizer. Por todo caminho até a casa, conversamos sobre o caso e o que poderíamos fazer para adiantar a investigação. Quando chegamos, ela me guiou até o quarto, aonde tivemos a mesma conversa de sempre.

— Boa noite, jovem mestra.

— Izadora espere até que eu durma? – Perguntei enquanto ela ainda me ajeitava, com uma mão, e segurava o castiçal com a outra.

— Sim, jovem mestra.

— Você ficará comigo até o fim? – Perguntei novamente, já sonolenta.

— Sim, jovem mestra, por todo lugar aonde quer que vá, ao seu lado estarei, até que o fim chegue. – Ela sorriu para mim, enquanto sentia um ardor em minhas costas aumentar, depois disso cai no sono, e ela se retirou, junto com a luz que restava no cômodo.

No dia seguinte, tudo poderia acontecer.


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