A Life Time escrita por Lu Falleiros
Cavalgávamos já fazia alguns minutos, e seu movimento começava a me enjoar, era próximo da hora do almoço. Mas não desejava comer, a galeria era mais importante.
— Espere! – Disse ao passarmos por uma loja de bonecas de porcelana. – Pare a carruagem. Só eu descerei! – Afirmei para Izadora.
— Qualquer coisa me chame. – Disse ela sorridente.
Entrei na loja, que mais parecia um furgão. O que me levara até lá? Sentia que havia algo que deveria comprar naquela loja. Deparei-me com uma bela boneca, de olhos azuis e vestidos negros. Seus cabelos eram tão negros quanto o vestido, porém no sol pareciam azulados pela velhice.
— Eu quero uma dessa. – Indaguei à vendedora, que mais me parecia uma daquelas outras bonecas.
— Sim senhorita. – Ela respondeu pegando e embalando a boneca com olhos grandes. Ela me entregou, assenti com a cabeça, ainda com uma sensação estranha. Sai da loja, e enquanto caminhava até a carruagem ouvi uma voz conhecida.
— Qual eu levo? – Perguntava a voz, que parecia focada.
— Não sei Jovem Mestre, você quem desejava escolher. – Era Ciel e seu mordomo Sebastian, não sei porquê mas Sebastian sempre me lembra a Izadora, será que eles são... O mesmo tipo de mordomo?
Desviei rapidamente o olhar. Para quem eram as flores? E por que ele queria escolher? Espere, porque estou me preocupando com tais coisas? Tão triviais... E ah! Pare Lucy! Pare! Forcei-me a dizer. Era tão estranho, mas de repente senti como se alguém me observasse. Mas quem?
Antes de retornar à carruagem, vi uma loja de bengalas. Ciel usava uma em nosso primeiro encontro.
— Com licença? – Perguntei para o vendedor.
— Sim senhorita... Wi... Willian? – Ele indagou surpreso.
— O que há de errado? – Perguntei.
— Nunca vi a senhorita tão encantadora. – Ele respondeu.
— Ah! Obrigada, eu acho... – Disse com o olhar já em algumas das bengalas feitas de pinho. Ele gostava de azul. Pinho era uma boa para combinar.
— Deseja algo avermelhado? – Ele perguntou – Como pau-brasil?
— Porque desejaria? – Perguntei. Minhas cores favoritas eram azul e cor de pele, salmão.
— Ah... Bem... Esqueça. – Ele disse guardando a bengala de pau-brasil.
— Eu quero esta de pinho. – Disse analisando a bengala, meu pai era um colecionador, e esta era sem dúvida muito bela.
— Em tom escuro? Peculiar para a senhorita, mas não irei discutir. – Ele disse com um sorriso enquanto retirava a bengala de minha mão.
— Sim! – Respondi imperativa, ele desejava se impor à minha opinião. Ah! Lembrei após alguns segundos. Eu não era 'eu'.
Sai pela loja e busquei a voz de Sebastian e Ciel. Não as ouvia mais, devem ter partido. Mas não por muito tempo, eu suspeitava.
— Obrigada! – Assenti ao cocheiro entrando na carruagem. – Vamos à galeria...
— Jovem Mestra? – Izadora perguntou quando me virei para ela. – O que a atraiu para tal loja?
— Nada que lhe consinta. – Respondi sem interesse de explicar. Ela pareceu perceber em meu tom de voz que eu escondia algo.
— Muito bem, Jovem Mestra. Vamos à galeria. – Ela sorriu. Ao mesmo tempo em que os cavalos relincharam.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!