Narração por Scorpius Malfoy

O sol já havia raiado, e já passava das seis da manhã quando cheguei ao dormitório. Quando entrei Luke levantou-se em um salto, observando minhas expressões tristes e depressivas.

- E aí, como foi? – perguntou de forma hesitante. Cansado, eu me joguei na cama, olhando para o teto.

- Foi... Perfeito... O melhor encontro de minha vida! – falei, forçando um sorriso ao ser invadido por memórias da noite passada.

- Como perfeito? Isso lá é cara de quem teve um encontro perfeito? O que aconteceu? – insistiu, chutando minha canela, impaciente.

Soltei o ar antes de começar a respondê-lo. – Ela foi convidada para jogar pelo Belmore Flames. Na Rússia, dentro de um mês. Ou seja, eu só a veria em jornais e ouviria seu nome por ser uma celebridade. Ficaria sem contato algum com ela... – falei, apertando os olhos.

Ficamos em silêncio durante um tempo, mas logo foi rompido pelo Zabine.

- Ah cara... – começou, mas eu o cortei.

- O que é que eu faço Zabine? Se eu pedir pra ela ficar, eu sou egoísta, mas se eu a deixar ir, eu não sei nem se vou sobreviver direito. Você me conhece, sabe que ela não é qualquer garota para mim. – falei em tom rápido, parecendo, por um segundo, enlouquecer.

O Luke sentou-se ao meu lado, olhos fixos no chão.

- Olha cara, eu vou dar minha opinião. É uma oportunidade única que ela recebe, e aposto que não vai acontecer de novo. Se você a ama, e quer que ela seja feliz, e que realize esse sonhozinho besta de mulheres no quadribol, você deveria incentivá-la a ir. – falou, olhando para meus olhos. – Se fosse comigo, pelo menos, eu aguentaria sentir a dor da saudade pelo sucesso da menina que eu amo.

Fixei o olhar no vácuo, pensando em suas palavras. Realmente, fazia sentido. Parecia ser o certo. Mas porque me doía tanto fazer isso? Tentei imaginar um dia em que eu acordasse e fosse à quadra de quadribol, e lá eu não encontrasse aqueles olhos verdes brilhantes e determinados. Doía.

- Você acha que eu devia deixá-la ir? – perguntei receoso.

- Eu gostaria que fizesse isso por mim, no lugar dela. Você querer que ela fique só vai deixá-la mais confusa. Vai por mim. – Luke deu um tapinha fraco em minhas costas e saiu, entrando no banheiro.

Em minha cabeça tudo parecia confuso. Eu queria poder fazer alguma coisa pra diminuir essa distância que um dia ainda vai chegar a nos separar. Eu queria, precisava disso. Rose estava virando essencial em minha vida.

Um mês e aquele sorriso, aqueles olhos, aquela alegria, se iriam, e não me sobraria nada. Ela era única, e eu a tinha pra mim durante mais um mês. Qual idiota iria perdê-la dessa forma? Talvez um que a ame verdadeiramente. Mas uma coisa é certa, por mais que eu faça tudo para permanecer ao lado dela, eu ainda prefiro vê-la feliz, progredindo.

Mas, porque não juntar isso? Porque ela não poderia ir, lutar, ser feliz, e ao mesmo tempo continuar ao meu lado? Eu estive pensando muito em como ajustá-la em minha vida, quando na verdade o mais necessitado dela sou eu. Eu deveria me incluir em sua vida. Eu deveria ir para a Rússia com ela.

Levantei da cama, impulsionado pela ideia, e me dirigi ao dormitório feminino, onde ela, nesse momento, deveria estar dormindo. Mas eu esperaria, só precisava falar com Rose.

Narração por Rose Weasley

Ao acordar eu me espreguicei com um sorriso bordado nos lábios. A noite anterior havia sido perfeita. Olhei no relógio acima de minha cabeça e vi que já eram três horas da tarde seguinte, e eu havia dormido poucas horas apesar disso.

- Rose! Finalmente você acordou, sua monstra. Você estava dormindo enquanto o Scorpius Malfoy te espera durante a manhã inteira na porta do quarto sem dormir nem comer nada! – berrou uma de minhas colegas de quarto. Demorou algum tempo para eu raciocinar, e só então levantei e fui em direção à porta.

Ao abri-la, notei um Scorpius com grandes olheiras – que a propósito, não tiraram seu charme de modo algum – sentado na beira da escada. Ao me ver ele levantou os olhos e se pôs a sorrir. Ele levantou, vindo em minha direção.

- Scorpius, o que você... – comecei, mas ao perceber a plateia de meninas que nos assistia, eu parei. – Você quer entrar? – chamei-o para entrar no quarto, me arrependendo no mesmo instante. Ele sorriu, assentindo, e entrou.

Ele pareceu admirar cada detalhe do quarto, em especial o pequeno canto em que eu dormia. Cocei a garganta para chamar-lhe atenção, e logo seu sorriso voltou-se para mim.

- Rose... Eu precisava falar com você, sobre a Rússia... – meu sorriso murchou quando ele me lembrou que eu tinha mais vinte e nove dias para tomar a minha decisão. – Eu quero que você vá. Quero que vá, entre para o time, e vire esse ícone mundial que você tem a capacidade de ser. Mas eu quero ir junto.

As palavras pareceram não se encaixar e não fazer sentido em minha cabeça.

- Claro, se você deixar e me ajudar. Eu quero ir pra Rússia com você, não posso me afastar de você mais do que estamos separados agora nunca mais. – falou, dando um passo em minha direção.

- Mas Scorp, como você iria? – perguntei.

- Ainda está tendo testes para o time, Belmore Flames. Eu posso tentar, e sei que com a sua ajuda, e com você me treinando, eu consigo. Sei que sim. Só preciso que você aceite. – ele falou, segurando minhas mãos com força.

Foquei o meu olhar no chão. Tinha certeza que estava sorrindo. Ele estava me pedindo pra ir para a Rússia comigo, por mim. Não é como pedir pra sair comigo, nem passar o Natal comigo. É morar fora, em outro país, ao meu lado. Eu não sabia nem como dizer sim, que definitivamente era minha resposta.

- Lógico que eu aceito! – falei sorridente, e não sei de onde me veio a coragem, mas eu o agarrei pelo pescoço e o beijei intensamente.

Finalmente eu podia dizer e afirmar: eu estava apenas começando a história de minha vida, e nem o quadribol e nem nada poderia superar o que eu estava sentindo no momento em relação ao Scorpius.

Eu sou a garota mais feliz do mundo, no momento.