Narração por Scorpius Malfoy

Eu havia conseguido. Havia desentalado tudo o que me impedia de sorrir. Agora a Rose sabia o que eu sentia por ela, e ainda havia conseguido retribuir. Parecia insano, até mesmo louco achar que isso realmente existe. Amor.

Eu fitava aqueles brilhantes olhos verdes que cintilavam para mim. Ela sorria intensamente, e logo reparei que eu era o motivo de seu sorriso. Eu. No momento não era seu pai, seu irmão, ou o quadribol que a fazia feliz, e sim eu.

Meu coração disparou e eu não consegui mais segurar a empolgação, a puxando para outro beijo, dessa vez mais foi profundo, desesperado, mais ardente. Mais apaixonado. Ali, nos braços dela eu sentia uma segurança que nem em filmes eu enxergava, pois era algo real e estranho para mim. Ela me faz bem.

Nos separando do beijo contra nossa vontade ela encarou meus olhos, profundamente. Ela parecia confusa, e eu deveria estar também, mas não conseguia, pois estava decidido.

Seus olhos estavam pousados nos meus, e ela mordia o lábio inferior, pensativa. Retirei uma mecha ruiva que caia em seus olhos, e sorri para ela. Sem nem mesmo pensar, falei:

- Eu nunca me imaginei assim...

- Assim como? – ela perguntou, surpreendida.

- Assim... Pensando em uma garota durante o dia todo e ainda ter que correr atrás. Acho que nunca me imaginei apaixonado, mas você é diferente... – enquanto eu falava e acariciava seu cabelo, ela sorria envergonhada, sempre desviando o olhar para o chão.

Eu via as bochechas queimarem, e mesmo com a vergonha seu sorriso não se desmanchava. Eu me sentia bem por fazê-la sorrir.

- Eu poderia lhe falar todos os motivos por gostar tanto de você, mas eu quero resumir em uma coisa: eu quero que isso dure. Quero que um dia eu possa te chamar de minha namorada, e isso só depende de você. – ela olhava para mim ansiosa enquanto eu continuava. – Então, Rose... Você quer sair comigo?

Seus olhos começavam a lacrimejar, e eu senti que havia feito certo. Era a primeira vez que eu me importava com a pessoa que eu chamava para sair, e eu queria que o pedido fosse perfeito. Ela sorriu, e sem palavras balançou a cabeça para frente e para trás.

- Sim, eu quero sair com você Scorpius. – falou. Sorri, beijando-a novamente. Sorrindo ela olhou para o lado, desenlaçando nossas mãos. – Eu... Tenho que ir agora, tenho que me despedir de meu pai, ele está voltando pra casa...

De imediato, eu disse:

- Posso passar em seu quarto hoje à noite? – arrependi-me no mesmo instante de tê-lo dito, afinal ela poderia pensar em um segundo sentido para a frase, mas não. Ela sorriu e disse que sim, eu podia.

Ela ia embora, mas antes disso eu colei nossos lábios novamente. Logo, deixei-a ir, e fiquei ali na torre, com um sorriso gigante e ridículo.

Narração por Rose Weasley

Eu saí da torre quase saltitando. O que eu entendia sobre encontros ou casais era o que eu via em filmes e livros, e aquilo tudo o que havia me acontecido me parecia surreal demais. O que eu mais quero é acreditar, e se tudo o que ele falou foi mentira, então que minta outra vez pra mim, porque aquilo estava me fazendo feliz. Eu sei, provavelmente, pode soar como um clichê adolescente, mas que mal tem?

Eu tento fugir, mas o mundo conspira, estou até começando a acreditar. Mas qual a probabilidade de alguém como ele gostar de alguém como eu? Uma esquisitona que joga quadribol com o maior artilheiro de Hogwarts. Parecia improvável, e poderia ser mentira. Uma ilusão, não minha, mas do Scorpius para mim.

Assim que cheguei na sala de entrevistas onde meu pai me aguardava para se despedir eu avistei dois senhores de meia idade sorrindo, ao lado de meu pai e do Hugo.

- Oi... Quem são eles? – perguntei, ao chegar ao lado de meu pai.

- Rose, esses são o Sr. Rewen e o Sr. Dounter, são os técnicos do Belmore Flares e eles queriam ter uma conversinha com você. – meu pai me abraçou, e fez-me sentar em uma cadeira na frente da dos senhores.

Senti um calafrio. O nervosismo me invadiu por completo quando eu reconheci aqueles rostos. Eram simplesmente os melhores técnicos do mundo bruxo, e lideravam o melhor time de quadribol que já existiu. Belmore Flares é, foi e sempre será o time que eu vou torcer obcecadamente.

- Rose, por favor, me chame de Jack, e meu amigo de Austin. – o Sr. Rewen se apresentou, aproximando sua cadeira alguns centímetros à frente. – Nós viemos falar com você imediatamente assim que assistimos ao seu jogo de estreia, algumas horas atrás.

- O fato é que estamos abrindo vagas para uma “categoria de base”, onde jogadores mais jovens e com alto destaque estariam em treinamento para ser titular no Belmore Flares. – o Sr. Dounter completou.

- Nós vimos seu desempenho no jogo e, uau, ficamos impressionados! Tanto nós quanto os jogadores do BF, o Rodrick ficou falando de você por horas seguidas! – comentou, sorrindo. Eu praticamente engasguei com a notícia.

- RODRICK? O Rodrick Palamar? O grande Palamar assistiu meu jogo?! – falei, em um berro, jogando-me para frente.

- Sim, e ele mesmo insistiu para nós virmos até aqui pedir pessoalmente para você fazer o teste para a categoria de base. Nós todos ficamos mais que impressionados, você é muito ágil! Eu nunca havia visto um jogo de três horas acabar com um time sem levar bolada nenhuma! Você é um gênio! – Sr. Dounter ressaltou, animado.

Demorou uma fração de segundos para eu entender o que eles queriam dizer. Me queriam na Belmore Flares.

- Então, o que você me diz? Vai fazer o teste? – o Sr. Rewen perguntou, na expectativa. Olhei para meu pai e para Hugo, que sorrindo acenavam pra mim.

Não tinha o que pensar, era meu futuro e minha carreira ali, sendo propostos, logo afirmei:

- Sim, eu vou fazer o teste. – assegurei, firmemente. Eles alargaram um sorriso, levantando-se das cadeiras.

- Maravilha! Eu vou mandar o pessoal te buscar ainda nessa semana, por favor, arrume suas coisas. – o Sr. Rewen falou, indo em direção a porta.

- Me arrumar para quê? – perguntei, inocente.

- Como para o quê? Para se mudar para a Rússia, para atuar no time, é claro! Não há dúvidas de que você irá passar no teste, então deve morar lá conosco. Seu pai já aceitou em levar a família junto, se você se sentir melhor assim. – falou, sorridente.

Só então a ficha caiu, e eu percebi que não só teria que mudar de cidade, como de país, mas também teria que largar tudo para trás. Escola, amigos, Scorpius... Antes eu deixaria sem hesitar, mas agora que “Scorpius” havia acabado de entrar em minha vida, eu não sei se conseguiria.

- Não... – falei, deixando todos calados. – Quer dizer... Eu preciso pensar ainda. É uma grande decisão e não sei se estou preparada, afinal vai mudar tudo! Quero um tempo. – pedi, cruzando os braços. Por um instante achei que eles fossem desistir de mim e ir embora, mas não, eles insistiram.

- Tudo bem, te damos um mês, que é o tempo que os testes começam, mas você terá que treinar aqui, e saiba que essa oferta não é feita para qualquer um, e nós realmente queremos tê-la conosco. – disse o Sr. Dounter.

Suspirei aliviada vendo os dois rapazes saindo da sala. Joguei-me na poltrona, olhando para meu pai e para Hugo, que estavam confusos, só não tanto quanto eu. Parecia errado desistir de meu sonho e de meu futuro por um garoto que eu nem sei se está sendo sincero comigo. Era insensato!

Com esse tempo que eu recebi eu poderia pensar, mas sempre lembrando: se eu escolher o Scorpius eu perco o quadribol profissional para sempre. Se eu escolher o quadribol, eu perderia o Scorpius. O difícil é saber qual desses eu sobreviveria sem.