Narração por Rose Weasley

Eu nem acreditava que já era segunda-feira pós Natal. Eu estava novamente em Hogwarts e não conseguia parar de pensar em tudo o que aconteceu nesse feriado. Eu havia me aproximado do Scorpius assustadoramente, e ainda não sabia o que pensar daquilo.

A verdade é que eu havia me iludido um pouco nos últimos dias, e ele não estava ajudando nem um pouco. Conhecendo o Scorpius como eu conheço já sei que hoje ele vai passar por mim como se nem me conhecesse direito, assim como antes. Esse feriado mudou muito na minha percepção quanto a ele, mas aposto que tenha mudado algo vice-versa.

- Rose? – alguém bateu na porta de meu dormitório me chamando, e logo o rosto do Hugo apareceu na porta. – Me chamou?

- Chamei. – falei me levantando e indo até a porta, tendo em mente que ele não podia entrar no dormitório feminino. – Nós vamos treinar quadribol, você precisa se preparar para seu primeiro jogo no time amanhã de manhã.

Nós já começado a caminhar rumo ao campo, e logo reparei Hugo meio cabisbaixo.

- O que foi? – perguntei.

- Não foi nada... – ele falou, e tanto eu quanto ele sabia que era mentira, mas eu resolvi não estender esse assunto. – Por que quer me ajudar? Pensei que estivesse chateada por não estar no time por minha causa.

Olhei para ele, ainda pensando no que ele perguntou. Então era isso que ele tanto pensava?

- Você é meu irmão, e eu quero te ajudar. – falei, dando de ombros.

- E você não está com raiva? – perguntou assim que chegamos ao campo. Paramos um em frente ao outro enquanto ele esperava minha reação.

- A verdade? – perguntei, e ele assentiu. – Eu não estou com raiva, só que eu batalhei muito para poder conseguir entrar para o time. Eu li e reli os termos do quadribol várias vezes procurando brechas que me permitissem jogar. Eu enfrentei, praticamente, a sociedade inteira vindo participar dos testes e ainda sofri com zoações de várias pessoas. Eu batalhei muito para nada. Mas não me importo, eu desisti do time e do quadribol por você. De qualquer coisa, na verdade. Porque eu te amo, Hugo.

Quando terminei o Hugo baixou a cabeça, e seu cabelo caiu sobre o rosto de forma que eu não podia ver seu rosto. Eu não sabia se tinha dito algo errado, mas sabia que ele havia ficado triste.

- Hugo...? – chamei-o, e quando pousei minha mão em seu ombro ele simplesmente saiu correndo dali. Eu pensei em correr atrás dele, mas achei melhor não. Ele podia precisar ficar sozinho.

Fiquei parada por um tempo no meio do campo vazio, e logo sentei na grama, observando os aros. Fiquei pensando como seria incrível eu estar amanhã no jogo contra nosso maior rival defendendo as bolas. Seria um sonho realizado, porém não vai acontecer.

Meu coração acelerou e eu dei um pequeno salto para frente ao sentir uma mão pousar em meu ombro esquerdo. Assustada eu olhei para trás e vi o Scorpius, me surpreendendo novamente.

- Que susto Malfoy! – falei, pondo a mão no peito. Ele apenas riu, sentando-se ao meu lado.

- Desculpa linda – ele falou, e eu fiquei automaticamente sem graça quando ele me chamou de linda, e pelo visto ele se sentiu da mesma maneira, pois mudou rapidamente o assunto. – Então... São oito da manhã, o que faz aqui sozinha?

- Ah... Nada. Eu ia treinar com o Hugo para seu grande estréia amanhã, mas ele não quis. Estou só... Dando um tempo de tudo. – falei, e parei para observar sua reação. Ele parecia decepcionado, e eu sabia bem o motivo.

- Você sabe o que eu penso sobre isso. – falou.

- Sim, você acha que eu tenho que pensar no melhor para o time. Mas entenda, o Hugo é a minha prioridade.

- Você deveria ser a sua prioridade. – ele rebateu. Ele tinha razão, no fundo. Mas eu não tinha nada para fazer, era o meu instinto protetor falando mais alto. Eu era assim, e não tinha nada que podia fazer quanto a isso. – Você sabe que o Hugo só está no time porque você me pediu, não sabe? – perguntou.

- Sim, eu sei, e agradeço muito por isso. Você está sendo ótimo comigo ultimamente. – falei, e um em minha cabeça eu só me perguntava o porquê disso.

- Não precisa agradecer. – ele falou, e logo ficamos em um silêncio horrível durante um tempo.

Ele parou e ficou olhando para meu rosto enquanto eu fitava o nada. Ao perceber que ele me observava, voltei-me pra ele. Nossos olhos nos encontraram por um segundo, mas constrangida eu desviei o olhar, rindo baixinho.

- O que foi? – ele riu de minha reação. – Fica sem graça quando eu te encaro, é? – ele falou, e tocou meu queixo virando-o para seu rosto. Ele havia nos aproximado muito e agora estávamos com os rostos separados por alguns poucos centímetros.

Nesse instante eu olhei no fundo de seus olhos cinza e não consegui mais desviar o olhar. Sua pele clara estava um pouco rosada nas bochechas e algumas mechas loiras caiam perto dos olhos, causando um charme ainda maior para ele. Meus olhos voltaram-se então para seus lábios que estavam semicerrados e iam se abrindo devagar. Reparei então que os meus lábios faziam o mesmo movimento, os dois se aproximando um do outro. Quando reparei, nós já estávamos nos beijando.

No começo foi um beijo calmo. Nenhum dos dois sabia o motivo de aquilo estar acontecendo, e os dois foram pegos desprevenidos, mas logo o ritmo foi aumentando e o ardor junto a ele. Sua mão estava em minha cintura puxando-me para si enquanto a minha estava em sua nuca, acariciando seus cabelos ferozmente.

Aos poucos o ar nos foi faltando, e contra nossa vontade nós tivemos que nos afastar. Ficamos um tempo em silêncio, olhando um paro o outro. A ficha parecia não ter caído. Eu o havia beijado, e ele havia retribuído.

- Isso foi... – ele começou, mas eu o cortei.

-... Um contra tempo. Eu tenho que ir. – falei, me levantando. – Nós nos falamos depois! – Saí correndo dali, incumbida pela vergonha. Aquilo parecia tão errado!

O que havia acontecido? Eu havia beijado um Malfoy. Ou melhor, um Malfoy me beijou. Nós nos beijamos. O que há de errado comigo? Eu não tenho tempo nem paciência para um relacionamento agora, nem que seja pra trocar uns beijos.

Se fosse para namorar eu estaria realmente procurando um namorado. Eu tenho certeza de poucas coisas na vida, e uma delas é que Scorpius Malfoy, sem sombra de dúvidas, não é o cara certo para mim.