Narração por Rose Weasley

Eu desejo entender o que se passa comigo. Pedi, assim que avistei a estrela cadente passando pelo céu. Olhei para Scorpius ao meu lado, que estava de olhos fechados e pressionava suas pálpebras.

- O que você pediu? – perguntei.

Ele voltou-se para mim com um sorriso zombeteiro.

– Se eu contar não se realiza, e eu quero que se realize. – ele sorriu, e abraçou meus ombros. Eu sentia-me estranha com essa nossa rápida aproximação. Nós sempre nos conhecemos, e desde pequenos tivemos uma leve inimizade, afinal ele era amigo de James, meu primo, e vivia me pirraçando, o tempo todo! Agora ele havia crescido, amadurecido, e eu não conseguia mais vê-lo da mesma forma de antes.

Agora eu via que o que nos aproximou, para começo de conversa, foi essa história do quadribol, e por mais que eu não goste de admitir, é estranho estar com ele dessa forma. Ainda me lembro de quando eu era menor e era louquinha por aquele loiro azedo que vivia me chateando, e agora ele estava aqui comigo. Ok, não que isso signifique algo, mas é estranho de qualquer forma.

O tempo foi passando silencioso, e eu não me incomodava nem um pouco com o quão quietos estávamos. Eu nem sentia mais frio, mesmo estando nevando e ventando muito.

Olhei para baixo, onde minha família soltava fogos. O Hugo olhou para nós e deu um sorriso de canto. Logo reparei o que estava acontecendo. Eu estava em cima do telhado, no escuro, sozinha com o Scorpius. Dá pra ser mais inseguro?

Visando as consequências eu levantei-me.

- O que foi? – perguntou.

- É que, está frio... Vamos descendo né? – falei, inventando uma desculpa de repente. Ele logo deu de ombros decepcionado e me ajudou a descer. Ele, na verdade, desceu primeiro, e ajudou-me a descer carregando-me pela cintura, e puxando-me para perto de si. Corei de imediato.

Ouvimos ao longe o badalar da meia noite, para nossa surpresa. O tempo quando eu estava com ele havia passado muito rápido, e como na tradição de nossa família, à meia noite nós íamos dormir no Natal.

- Bom... Nós nos vemos na escola, então? – perguntei, timidamente.

- Amanhã ainda é feriado. Posso passar aqui e nós podíamos sair, para dar uma volta, talvez. – ele falou, balançando-se. Era impressão minha ou ele parecia estar nervoso?

- Ah... Ok, passe aqui ainda pela manhã. Nós podíamos... Hã, cavalgar, o que acha? – sorri tentando parecer o mais confortável possível.

- Perfeito. Então até amanhã, hã, Rose. – ele saiu andando de ré, e só então piscou um dos olhos para mim e virou-se, indo para sua casa. Esperei até perde-lo de vista, e só então entrei em casa. Todos ainda estavam lá fora, então eu estava sozinha.

Fui direto para meu quarto, e só ao passar pelo espelho que notei  um sorriso meio bobo em meu rosto. Observando-me eu passei a mão pelos cabelos. O que estava acontecendo, afinal? Scorpius parecia tão diferente que eu poderia jurar que era uma ilusão de minha cabeça. Novamente eu me sentia iludida. É o que geralmente acontecia, pois eu costumava me apaixonar demais, mesmo mal conhecendo a pessoa. Era só ela ser gentil comigo e puf!, já era.

Mas o Scorpius sempre fora alguém neutro em minha vida. Eu nunca o vi de maneira nenhuma sem ser a de jogador da Grifinória. Nós nem nos falávamos! Claro, eu sempre o considerei um tremendo gato, um dos mais bonitos do colégio, mas nunca havia tido nenhuma quedinha por ele, e olha que eu tenho por muitos garotos!

Na verdade, desde que eu havia feito o teste para o time de quadribol ele têm agido diferente comigo. No começo ele parecia incomodado, pois eu o havia surpreendido. Mas depois, com o tempo, ele parecia admirado!

O problema todo de esse meu envolvimento com ele é que eu começo a pensar coisas demais – romântica do jeito que sou era capaz de eu me apaixonar de verdade. Isso seria uma tremenda furada, até porque ele não era garoto do tipo de relacionamento sério. Era mais garoto de festa, imaturo, que só pensava nele e no agora.

Puxa, ele já deve ter tido tipo mil encontros! Não, mais que isso. É, talvez seja por isso que eu esteja tão iludida e boba. Ele tem experiência. Quantas garotas ele já deve ter enrolado antes de mim? Incontáveis! Ele deve até ter decorado textos, sempre usando o mesmo cronograma.  Eu devo ser a milésima deste ano, pelo menos. Praticamente todas as garotas do colégio já se envolveram e sofreram com o Scorpius, e eu não queria ser a próxima. Ah, é, como se eu tivesse algum controle sobre isso...

Ah, como estou convencida! Ele é gentil e fofo comigo e eu já penso que está dando em cima de mim? Ele jamais se interessaria por alguém como eu, tão simples. Ele consegue e merece líderes de torcida, isso sim.

Agora já é tarde, quando meus pensamentos começam a ficar confusos e acelerados é porque já era, de verdade. Eu me iludi demais! Caramba, é só me pôr debaixo de um luar com fogos de artifícios, a sós, com um cara maravilhoso sendo fofo e gentil comigo que eu me perco? Sou fácil assim?

Ah! Quem eu quero enganar? Qualquer uma se perderia com isso. É a coisa mais romântica que poderia acontecer! Mesmo tão pouco tempo em cima daquele telhado e ele me deixou tão boba, com as pernas bambas... E amanhã? Como será então? Ele virá, falará comigo e me levará para cavalgar. Como vou me aguentar em pé? Como vou falar sem gaguejar? Odeio quando isso acontece. Em um dia pareço forte e segura, tentando entrar para o time masculino de quadribol, e no outro estou nervosa com algumas palavras bonitas de um garoto qualquer.

Certo Rose, acalme-se. Você vai esquecer toda essa noite e o quão legal ele foi com você. Agora o relacionamento de você e Scorpius será inteiramente profissional, apenas dedicado ao time. Isso! Amanhã vocês vão jogar quadribol com o Albus, Hugo e papai. Sim, eu sabia que pensar em terceira pessoa ajudaria.

Amanhã será só eu, uma vassoura, três aros e o Scorpius.