Narração por Scorpius Malfoy

Sentia meu coração desacelerar, e eu tentava parar pra ouvir a respiração dela devagar em meu pescoço. Aquilo era anestesiante. De repente ela se levantou em um salto, ao ouvir dez badaladas vindas de um sino logo ali perto. 

- O que foi? - perguntei.

- São dez horas. Tenho que voltar para a ceia. - falou, sobressaltada. Ela ia sair correndo dali, mas parou. - Você quer ir comigo?

- O quê? - perguntei, confuso. - Quer dizer, pra quê?

- Como pra quê? Para me fazer companhia. Claro, isso se você não se importar. - ao perceber minha hesitação, ela insistiu. - Poxa Scorp, vamos lá! Vai ser divertido!

- Tudo bem, tudo bem... Mas eu não vou ficar muito... - falei, e ela sorriu largamente. Logo ela puxou-me pelo braço e saímos pela neve rumo à sua casa.

Assim que entramos eu senti o calor da lareira acesa invadir meu corpo agasalhado. Algumas pessoas me encaravam curiosos, porém contentes. Eu costumava vir aqui quando pequeno para brincar com o Albus, mas eu já não vinha faziam anos.

- Rose!, onde você estava menina? - a avó da Rose perguntou, indo falar com ela.

- Desculpe vovó, eu fui ali fora e encontrei o Scorpius... E aí o convidei para entrar, tudo bem? - falou, meio sem jeito.

- Oh, Scorpius... Já faz um tempo hein rapaz? Nunca mais apareceu por aqui... Como andam as coisas? - sorriu gentilmente, e quando fui cumprimentá-la com um aperto de mãos ela me puxou para um forte abraço. Sorri, divertindo-me. Logo Albus apareceu e me cumprimentou gentilmente, e assim todos os Weasley's vieram atrás.

Eles me convidaram para comer, e assim fomos para a grande sala de jantar. Sentei-me entre Hugo e Albus, em frente à Rose, que se divertia com toda a atenção que eu estava recebendo. Muitos perguntavam sobre quadribol, sobre como foi que o Hugo entrou para o time, e tanto a Rose quanto o próprio Hugo ficavam sem graça com isso. Eu apenas limitei-me a dizer que ele era muito bom e merece estar no time. Eu fiquei meio confuso por não terem contado a verdade para a família, afinal eu nunca havia imaginado ver Rose Weasley mentindo.

Na hora que o jantar foi servido eu fiquei meio chocado. Havia posto na mesa uma espécie de galinha, dizendo ser comida de trouxa, o chamado Frango Assado. Rose riu de minha expressão. Como os trouxas comeriam galinhas? Aqui, para nós bruxos, as galinhas eram como animais de estimação. 

Observei em volta para ver se tinha algum jeito diferente de se comer o chamado Frango Assado, e Rose, ao perceber, começou a tentar me demonstrar. Ela pegou algo que deve ser a coxa da galinha, pelo osso, e levou-a a boca. Começou a roer o osso como um animal em sua volta. Meio enojado, comecei a tentar imitá-la.

De repente, ela começa a rir. Eu estava fazendo tudo muito errado. Quando percebi a mesa estava bastante enojada, pois eu sem querer joguei frango para todos os cantos. Agora não era só ela que ria, e sim a mesa inteira. Senti-me extremamente envergonhado, e desistindo de comer eu fiquei quieto em um canto. Todos tentaram me incentivar a voltar a tentar comer, mas eu recusei.

O jantar foi passando, e logo depois eu e Rose fomos lá pra fora de novo, pois todos começaram a soltar faíscas pela varinha para o céu, como em todos os anos. Nós dois subimos para o telhado da casa, que era mais escuro e dava para ver melhor as luzes lá em cima. Estava ventando forte, e nós estávamos muito próximos um do outro agora.

- Sabe... Esse deve ser o meu primeiro Natal de verdade, sabia? Todos os anos, quando vocês começavam a atirar faíscas no céu, eu parava na frente da minha porta e observava, e sempre atirava uma verde de leve, apenas pra marcar presença. - eu ri, baixando a cabeça.

- Ah, então era você! - ela riu. - Nós já fizemos excussão para tentar descobrir quem era! - comentou, e nós dois rimos. Logo um momento tenso nos cercou. - Scorpius... Eu acho que... - ela ia falar algo, mas parou de repente, fitando o chão.

- Acha que...? - incentivei-a a continuar. Ela balançou a cabeça, negando.

- Não é nada, deixe para lá. - falou, encostando a cabeça em meu ombro. Eu sabia que ela tinha mesmo algo para me falar, mas decidi não insistir. 

Fiquei pensando em mim, ao estar em cima do telhado dos Weasley's com a Rose, assistindo à fogos de artifício sobre as estrelas, com ela encostada em mim. A sensação era boa. Trazia conforto. Sorri, e logo Rose falou algo.

- Veja Scorpius, uma estrela cadente. - ela apontou ao longe e eu vi uma estrela migrando pelo céu. - Faça um desejo. - ela fechou os olhos, com força e tocou seu peito. Fiz o mesmo.

Eu desejo que essa noite não acabe.