POV Narrador

– Vamos Annie… - Percy implorou pela décima vez naquele instante. Acredite, ela estava contando.

– Eu não vejo o porquê disso Percy! Sair para jantar nós três para nos conhecer sendo que eu já conheço a Rachel!

– Você conhece a Rachel capitã das líderes de torcida, não a Rachel artista e minha namorada.

– E tem diferença? - Annabeth pergunta. – As duas são insuportáveis para mim. – a última parte Annabeth sussurrou para si mesma.

– Por favor... – Percy pediu olhando para ela com seus lindos olhos. Os mesmos olhos que a faziam perder a noção do tempo, os olhos verde mar que ela não conseguia resistir.

– O que eu não faço por você Perseu?

[...]

Annabeth passou as mãos sobre os cabelos agora lisos. Ela sempre se sentia diferente quando fazia chapinha. Seu pai sempre dizia que ela parecia uma fada sem seus cachos. Percy, pelo contrário, não gostava. A primeira vez que Annabeth alisou os cabelos – ela tinha uns dez anos – ele não a reconheceu. É uma cena bem engraçada seu melhor amigo achar que você era uma desconhecida e te achar esquisita. Annabeth se lembrava do acontecido todas as vezes que tirava os cachos.

Olhou para o relógio e percebeu que já era a hora de ir ao restaurante. Deu uma olhada de relance mais uma vez ao espelho e saiu de seu quarto.

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Chegou até a porta da sala de estar, onde seu pai se encontrava lendo um livro entretido.

– Pai? – Annabeth falou calmamente. Sabia que o pai odiava ser interrompido durante uma leitura.

– Hum?

– Lembra que o senhor tinha dito que me levaria ao jantar com o Percy?

– Hum.

– Bom, eu já estou pronta. – Annabeth parou em frente ao pai.

Frederick Chase levantou os olhos castanhos para filha pela primeira vez desde que a mesma estava na sala. Pareceu sério por um segundo, mas logo depois soltou o seu grande sorriso.

– Claro fadinha.

Annabeth deu uma risada.

– Pai!

– Faz tanto tempo que eu não a vejo assim. Desde quando nos mudamos.

– É. Eu acho que eu gostava de alisar o cabelo em São Francisco por causa do Percy. Ele sempre ficava confuso. – Annabeth não pôde evitar o grande sorriso ao falar do amigo.

O pai de Annabeth levantou-se da poltrona em que estava sentado.

– Tudo bem para você ir jantar com ele e com a namorada?

– Ah pai. Eu sinceramente não sei. Mas o Percy insistiu tanto nisso.

– Você não precisa fazer nada que não queira filha. – diz Frederick colocando a mão no ombro da filha. – Eu sei que é difícil para você o ver com outra pessoa. Principalmente quando você ficou tão feliz quando ele se mudou para Nova York.

– Mas como...

– Filha, você nunca conseguiu esconder nada do seu velho aqui. Porque acha que nós fizemos aquele jantar? Para vocês dois se aproximarem.

– Ah papai... – Annabeth não conseguiu dizer completar a frase. Ela sabia que tinha o melhor pai que poderia pedir. Ela não tinha como agradecer tudo o que ele fazia por ela.

Seu pai pareceu entender, porque pegou a chave do carro sem dizer mais nada.

O caminho para o restaurante foi silêncioso. Chegaram alguns minutos antes do combinado. Annabeth estava descendo do carro quando seu pai a parou.

– A propósito filha, você está linda.

– Obrigada papai.

A loira se despediu do pai e observou o local. Não era um restaurante chique, como Annabeth esperou que Rachel fosse escolher. Ela adentrou o local procurando uma cabeleira ruiva e outra preta. Mas não achou. Quer dizer achou só uma.

Percy estava usando uma blusa de botões branca e parecia que tinha tentado arrumar seus cabelos. O que não funcionou. Quando ele a viu soltou um sorriso e se levantou.

– Dessa vez me reconheceu? – Annabeth perguntou quando chegou à mesa.

– Eu era um idiota aquela época.

– Era?

– Outch.

Percy arrastou a cadeira para Annabeth se sentar, e a mesma não conseguiu evitar ficar surpresa.

– Então, onde está sua namorada? – Annabeth se esforçou ao máximo para falar a palavra sem repulsa nenhuma.

– Ela não chegou ainda, avisou que iria se atrasar um pouco.

– Ah.

– Então, você alisou os cabelos só para se encontrar conosco?

– O que te faz pensar que eu não alisei por que eu quis?

– Por favor, Annie! Nós dois sabemos que você ama os seus cachos.

– E você também, pelo que pareceu há seis anos, quando você me disse que eu ficava esquisita assim.

– Agora eu me corrijo. Eu quis dizer que você fica incrivelmente sexy. Mas eu não diria isso a você, diria?

– Você tinha dez anos Percy! Nessa época você ainda tinha nojo das garotas!

– Bom, então agora eu acho isso.

– Percy! – a garota deu um tapa de brincadeira em seu braço.

– Você não respondeu minha pergunta.

– Silena inventou de fazer uma espécie de salão de beleza na casa dela e eu acabei fazendo a burrada de deixá-la fazer chapinha nos meus cabelos.

– E a mãe dela a deixou fazer o salão?

– Se deixou? Ela que deu a ideia! Você não conhece a tia Afrodite, ela consegue ser pior que a Silena.

– Tudo é possível então.

Annabeth deu um breve sorriso

– Eu acho que ela está chegando. – disse Percy depois de alguns segundos.

– Você acha Percy? Ela é ruiva dá para enxergá-la da esquina!

– OK então. Ela está definitivamente chegando.

Percy se levantou de sua cadeira com um grande sorriso. Annabeth virou-se para enxergar melhor. Rachel usava um vestido verde simples que dava cotraste com seus olhos verdes e seu cabelo. Mesmo que Annabeth não gostasse da garota ela tinha que admitir que Rachel era muito bonita.

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Percy se aproximou da ruiva e deu um grande abraço. Annabeth sentiu uma pontada no coração e se repreendeu por isso. Ela era namorada dele, os dois se abraçavam. Annabeth se levantou da mesa alisando seu vestido, evitando olhar para o casal que no momento estavam se beijando.

– Annie?

– Oi? – respondeu levantando o olhar.

– Annabeth! Você está tão linda! Eu nunca tinha te visto de cabelo liso! – disse Rachel a abraçando.

– Anh, obrigada? – Annabeth procurou o olhar de Percy por trás do abraço e viu o garoto sorrindo.

Rachel não parecia ser tão ruim quanto pensava. A loira respirou fundo antes de soltar a ruiva.

– Você também está linda Rachel.

– Vamos sentar? – perguntou Percy.

– OK

O garoto levou Rachel para a cadeira do seu lado e repetiu o ato que tinha feito com Annabeth.

– Então, Percy me contou que vocês se conhecem desde pequenos Annabeth. – diz Rachel.

– É.

– Como ele era? – diz Rachel sorrindo para o moreno.

– Um charme. Igual agora. – Percy fala bagunçando os cabelos.

Annabeth riu.

– Na verdade, ele era bem atrapalhado. Tia Sally costumava dizer que por onde o Percy passava ele destruía alguma coisa. E ele também se sujava todo. Parecia um porquinho.

– Você não me contou isso Percy. – Rachel disse rindo.

– Não é verdade. Eu sempre fui uma criança bem cheirosa. – Percy fala com um bico.

– Tenho certeza que era. – Rachel o beijo.

Annabeth engole em seco e olha para o lado oposto.

– Acho que já podemos pedir. – comenta.

– É. Eu estou morrendo de fome. – Percy concorda.

O moreno chama o garçom que chega à mesa trazendo os cardápios. Annabeth olha por cima do seu e viu Percy e Rachel de mãos dadas. É, vai ser uma longa noite. Pensou.

[...]

– Peraí. Quer dizer que vocês brigaram por causa de um garoto?

– Não foi exatamente assim. – fala Rachel.

– Minhas amigas e as da Rachel não se davam bem e então nós duas começamos a gostar do mesmo menino e a situação piorou.

– Quem era o garoto?

– Will Solace. – responde Rachel.

– Will Solace?! Mas ele é um idiota.

– Bom, é.

– Mas na época nós não sabíamos. – Rachel tenta argumentar.

– E a partir daí vocês começaram a se odiar. -

– Não odiar... – começou Annabeth.

– Era mais para não querer ver a outra nem pintada. – termina Rachel

– Alguma de vocês ficou com ele pelo menos? – pergunta Percy mal humorado.

– Não. Ele acabou ficando com outra. – fala Annabeth

– Melhor assim. – fala Percy se encostando à cadeira com uma carranca.

– Ah Percy, não é para tanto. Nós tínhamos 14 anos.

Percy continuou com raiva, mas pelo menos retirou a careta.

– Acho que já podemos ir.

Os outros dois concordaram e juntos saíram do restaurante. Annabeth foi olhar o jardim enquanto esperava Rachel e Percy se despedirem. A noite tinha sido bem melhor do que ela esperava. Rachel tinha mudado muito. Ela não era mais aquela garota fútil que gostava de maltratar os outros. A ruiva tinha contado que ele nunca gostou de fazer tal ato, mas as suas amigas a obrigavam. Só que um dia conheceu Samantha e viu que as garotas com quem ela andava era más influências e as deixou.

– Pode admitir, não foi tão ruim. – Percy estava parado a seu lado.

– É. Foi legal.

– E agora vocês podem ser melhores amigas!

– Não exagera Percy.

Percy riu com gosto.

– Está tudo bem? Você está meio cabisbaixa.

– Tá, eu só tenho que ir para casa.

– Ok. Tchau.

–Tchau.

Annabeth começou a andar em direção a seu carro - seu pai já havia chegado. Quando chegou virou-se para Percy.

– Você realmente gosta dela né?

– Gosto. Muito.

Annabeth assentiu dando um meio sorriso e entrou no carro.