POV Narrador

Thalia andava pela multidão de pessoas com uma carranca no rosto. Odiava Silena por ter falado dessa festa! Odiava Annabeth por tê-la convencido a ir nessa festa! E principalmente, odiava Leo por dar essa festa e por se um idiota.

Estava pensando em maneiras de torturar as amigas quando um corredor escuro chamou sua atenção. Não o corredor em si, mas quem estava nele.

Dois garotos se encontravam naquele estreito cubículo. Um era alto e sua pela bronzeada, Thalia não o deu muito atenção. O outro foi o que o seus olhos decidiram se prender. Ele era um pouco mais baixo que o companheiro e usava preto por todo o corpo, parecia entregar um saquinho com um conteúdo branco em pó ao outro menino. O mesmo sorriu e tirou um punhado de dinheiro de seu bolso.

Não! A garota não acreditava no que via. Não podia ser ele! Apesar de ele ter agido de forma diferente nos últimos dias.

Thalia esperou o garoto mais alto sair do corredor, se escondendo em uma grande pilastra ao lado. Quando o menino se foi, Thalia se esgueirou pelo lugar silenciosamente, para ele não ouví-la. Chegou perto o bastante e quando abriu sua boca para falar, gritar e berrar o que tinha em mente, nada saiu. A única coisa que conseguiu sairforam grossas lágrimas que escorreram pelo seu rosto.

O garoto de preto virou-se abruptamente, sua expressão se transformou em medo quando viu a morena parada atrás de si.

– Thalia?

– Por favor... Me diz que não é o que eu estou pensando. Não pode ser... – mais lágrimas caíram.

– Thalia, eu posso explicar... – o garoto tocou seu ombro.

– E dizer o que Nico? – Thalia desvencilhou-se de seu braço - Que era leite ninho naquele saco? Você acha que eu sou burra? Você acha que eu acredito nessa história?

– Eu não uso Thalia... – Nico falou baixinho.

– Mas vende! Isso é tão errado quando! – Thalia enxugou as lágrimas que ainda insistiam em descer. Ela não iria chorar por ele. Única coisa que sentia era raiva. – Só me diz Nico... Por quê? Por que você faz isso? Você sempre teve tudo o que quis...

– Não vá falar como se soubesse das coisas Thalia! Você não sabe o que acontece comigo! Você não sabe como é ter a mãe morta antes de se lembrar como ela era! Não sabe como é ter um pai que te culpa todos os dias pela morte da esposa. Não sabe como é ser um fardo para pessoas. Porque é isso que eu sou não é? Um fardo. O garoto emo esquisito que vocês têm que aguentar. – Nico gritou com os olhos marejados. Há tanto tempo ele queria dizer essas coisas a alguém. Infelizmente Thalia teve que ouvir isso da pior maneira possível.

– Nico... Porque você nunca disse isso a ninguém? Nós nunca... Nunca pensamos que você se sentia assim... Eu... – a voz de Thalia falhou. Ela sabia que o primo tinha passado por várias coisas, mas ele sempre pareceu ignorar tudo. – Mas isso não é motivo para fazer o que você faz. Você está sofrendo, eu sei, mas vender drogas não vai te ajudar nem um pouco. Só vai prejudicar mais a sua vida! Nico, você não está sozinho! Você tem a mim, ao Percy, seus amigos, sua irmã! Você não é um fardo para nós.

– Me desculpe Thalia. Eu... Eu não sabia o que fazer... – Nico se jogou nos braços da morena.

Havia tanto tempo desde o ultimo abraço entre os dois. Tanto sentimento.

– Eu preciso que você me prometa que nunca mais irá vendar drogas. Prometa. – Thalia falou.

Nico a soltou do abraço.

– Eu prometo.

– Ei, não chora. Cara, você é o homem dessa relação não eu.

Nico soltou uma gargalhada. Thalia se perguntou a quanto tempo que ele não ria.

– Embora você seja machona demais algumas vezes Thalia.

– Quando nós éramos pequenos, você não era assim.

– Eu era uma estúpida. Nessa época Zeus ainda me dava atenção. – os olhos azuis eletrizantes de Thalia se perderam em um ponto.

Nico tinha pensado só em seus problemas que tinha esquecido que Thalia também tinha problemas com os pais. E ela estava lá, sem precisar vender drogas para se sentir melhor, apesar de um pouco mais amargurada.

– Você era uma gracinha. Naquela época você ainda deixava os cabelos grandes, e os costumava prender com laços enormes. – Nico diz.

– Você se lembra disso? – Thalia voltou sua atenção para ele.

– Claro. Eu costumava aprestar muita atenção em você nessa época. Eu... – o moreno hesitou. Respirou fundo e continuou. – eu tinha uma quedinha por você.

Thalia soltou um risinho.

– Que ridículo... É eu também. - Nico arregalou os olhos. – O que? Foi há muito tempo tá bom? Você era uma gracinha.

– Eu sou uma gracinha. – diz Nico convencido.

– Aham. Com certeza senhor “eu sou muito gostoso”.

– Porque amor próprio é tudo. – o moreno respondeu.

Thalia revirou os olhos, mas por dentro estava feliz por Nico ter voltado a ser o mesmo idiota de sempre.

– Ridículo

– Um ridículo que você ama. – ele se aproximou perigosamente de seu rosto.

A respiração de Thalia acelerou, o hálito quente de Nico bateu em seu rosto, a garota fechou os olhos quanto esperava os lábios de Nico chocarem aos seus em um breve selinho.

– Pelos velhos tempos. – sussurrou ele antes de se levantar e deixar Thalia sozinha naquele bendito corredor.

“Everybody got a dark side. Do you love me? Can you love mine? “