Lindamente Desfigurado escrita por Hamish


Capítulo 14
Tate


Notas iniciais do capítulo

Enfim, tá acabando. Não vou culpar vocês se não quiserem mais ler, eu demoro mesmo... Mas eu estou trabalhando, estudando e fazendo mil coisas... Se tu não desistiu ainda, parabéns, você me orgulha muito



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As coisas pareciam correr bem naquela casa. Os pais de Violet ainda não se importavam o suficiente com ela para checar se a garota estava no quarto ao invés de matando aula, as asas haviam desaparecido da vida de Tate, assim como sua mãe, que ainda não notara que nada havia mudado desde que viera com aquela ideia idiota de eliminar a namorada do filho. Tudo estava normal... Quer dizer, o mais normal que se pode ser em uma casa em que quase todos os membros estão mortos e presos ali para sempre. Violet e Tate estavam bem, estavam juntos, descobrindo como os discos desconhecidos de David Bowie podiam ser extremamente viajantes quando se estava chapado. Vivien descobrira que estava grávida e ficara extremamente feliz com a notícia, que dera durante um jantar com a família. Ben não parecia muito satisfeito de início, mas quando ela disse que desejava um menino, o sorriso apareceu em seus lábios. Ele ainda pensava na noite que tivera com Moira pensando que fosse Vivien... Ou será que aquilo havia sido um sonho? Talvez fosse melhor deixar do jeito que estava, não tocar no assunto e não machucar ninguém... Ou talvez se animar para tornar aquela uma pratica frequente entre ele e a empregada.

– Que nome você acha que devemos colocar no teu irmãozinho? – perguntou uma sorridente Vivien para a filha que mexia sem vontade um pedaço de frango no prato.

– Acho que James é um nome muito bonito – e pela primeira vez desde que se mudaram, Violet não demonstrava um pingo de ironia durante o jantar com a família – Ou pode ser David... Tenho escutado bastante Bowie ultimamente e acho que seria um nome muito lindo para se colocar em um moleque... Imagina só se ele nasce meio androgino?

– Não vamos nos precipitar nesse tipo de coisa, certo? – Ben saiu de seus pensamentos a tempo de ouvir os devaneios da filha – Mas os dois nomes são realmente muito bonitos, apesar de David ser aquele do qual eu mais gosto.

– Sim, David é realmente bonito – Vivien concordou, espetando um pedaço de cenoura com o garfo e o enfiando inteiro na boca – Muito bonito mesmo, filha.

Violet olhou para a mãe e para o pai, pensando realmente em lhes perguntar porque estavam sendo tão legais assim com ela... Foi quando ela pensou que aquele clima estava bom demais para que ela o estragasse com mais um dos seus ataques de acidez. Então, ela simplesmente colocou um pedacinho de frango na boca e o mastigou, esperando que pudesse ir para o seu quarto e parar de fingir que ainda tinha a capacidade fisiológica de comer qualquer coisa que fosse... Lembrando, ela estava morta.

...

Tate estava no quarto da namorada, ouvindo “Station to Station” de Bowie. Ele e Violet estavam completamente viciados no camaleão e sabiam disso. Bowie e maconha era a melhor combinação de todas e ele só estava esperando Violet chegar para que começassem mais um álbum. Escutou os passos rápidos subindo as escadas e se sentou na cama em que estava completamente esparramado. Violet entrou, bateu a porta e se jogou na cama ao seu lado.

– Mamãe tá grávida, consegue acreditar nisso? – perguntou ela, soltando uma risadinha – Eu não consigo acreditar num troço desses, na moral!

– Por que não, Violet? – ele se deitou ao lado dela e apoiou a cabeça em seus peitos – Tua mãe é bem gostosa ainda – Tate levou um tapa na cabeça loira – Mas é verdade, ué – Ele se virou de barriga para baixo e colocou a mão dentro da camiseta da namorada – Claro que ela nunca vai ser tão gostosa quanto a filha dela.

Violet riu, tirando delicadamente a mão de Tate de lá e entrelaçando seus dedos aos dele.

– Eu te amo – falou ela – E eu faria tudo aquilo novamente se isso fosse te trazer pra mim novamente.

– Eu sei disso – Tate fez carinho na mão da namorada com o polegar – E também te amo... Tipo, demais mesmo... Fica até chato pensar tanto no assunto, porque é bastante... Tipo muito...

Violet riu e se inclinou para beijar os lábios do namorado. Se ela ainda pudesse sentir alguma coisa, sentiria que seu coração palpitava, pulava de excitação com os toques dele. Estava tudo bem, finalmente estava. Ela estava com Tate, seus pais estavam se acertando... Tudo estava bem.

Bem até demais.

...

O casal não precisava dormir, ambos estavam mortos, mas ainda era força do hábito fazê-lo. Após uma semana desde que toda a bagunça ocorrera, nenhum deles voltara a pensar no assunto. Não mesmo, de jeito algum. Tate via, de vez em quando, olhos negros em seus sonhos que o diziam como estavam desapontados com seu comportamento... Mas ele fingia que nada estava rolando, deveria ser só uma babaquice que seu inconsciente estava fazendo com que ele ficasse preocupado. Essas coisas sempre rolam, né?

Quando Tate acordou de mais um daqueles sonhos, com Violet adormecida ao seu lado, ele se sentou e passou os dedos pelos cabelos louros, depois no rosto, secando o suor frio que escorria dele.

– Se você tá puto comigo porque simplesmente não vem até mim e fala? – perguntou ele, entre resmungos enquanto colocava seu cabelo todo para trás, limpando a testa extremamente suada.

– Tu tens ideia de como é complicado achar um substituto para o meu trabalho? Não é uma das tarefas mais ordinárias, oh filho meu.

Tate se virou bruscamente para o lado do quarto de onde a voz vinha, mas não viu nada, nada além da bagunça habitual de Violet e do escuro do quarto com as luzes apagadas.

– Tu estás com medo, filho meu? Não deveria ter medo da escuridão, tu és cria minha.

Agora a voz vinha do outro lado do quarto, do lado para o qual Tate estava de costas. Ele se virou, buscando pelo dono da voz, mas ele ainda não aparecia, apenas paredes, fotos na parede e mais sombras, formadas pela fraca luz da lua que entrava pela janela de Violet.

– Para com isso, caralho – Gritou o garoto, ficando cada vez mais assustado – Eu não tenho medo de você – Claramente isso era mentira... Das grandes – Aparece logo, covarde.

Tate esticou as mãos trêmulas em direção ao interruptor que ficava ao lado da cama de Violet, que continuava dormindo por mais que Tate tivesse gritado e o apertou, temendo o que pudesse ver ao acender das luzes. Assim que a luz se acendeu, ele sentiu um hálito quente baforando seu cangote. Se virou lentamente e o que viu fez com que ele caísse no chão e se arrastasse até a parede mais próxima, sem tirar os olhos daquilo.


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