Assim que a luz se acendeu, Tate viu uma coisa que lhe assustou bem mais do que um cara gigantesco com cascos de bode, todo vermelho e com chifres curvados. Aquela criatura o assustava e ele não costumava ter medo de nada. Seu pai estava na forma do próprio Tate, com cabelos loiros bagunçados, olhos negros e o corpo magro completamente nu. Tate se sentou, reto, olhando fixamente para a figura à sua frente, que não se aproximava e nem se mexia, apenas o olhava com uma expressão desafiadora.

– Já decidiu quando vai me dizer o que quer? – Tate reuniu toda a coragem dentro de si para conseguir dizer aquelas palavras ao seu outro eu à sua frente – Não quero que ela acorde e veja isso.

– Oh, me desculpe, filho meu – A figura riu, deliciando-se com a situação – Não imaginei que isso ia lhe assustar tanto assim.

– Eu não estou com medo – Tate falou, frisando cada palavra para ver se ele mesmo começava a acreditar nelas – Nunca ficaria com medo de você.

A figura riu novamente. Abriu os olhos e eles estavam vermelhos como sangue. Tate se controlou para não dar um pulo na cama. Não queria mesmo que Violet ficasse assustada ou acordasse com aquela imagem na sua frente.

– Ok, eu posso estar assustado, mas ainda quero saber o que você quer.

– Na realidade, eu que quero saber o que tu queres, filho meu – A voz que saia dos lábios do outro Tate era bem mais grossa e meio rouca. Quando ele falava, Tate sentia um arrepio na espinha. Ele se aproximava de pouco a pouco, chegando perto da cama e fazendo com que Tate se encolhesse inconscientemente. – Sabe que tu tinhas duas escolhas: Ajudar-me a montar o meu exército ou me dar aquilo o que você mais ama. Tiraste a garota de mim - o outro Tate passou o dedo no rosto de Violet, que ainda dormia tranquilamente, sem nem ter noção do que estava acontecendo à sua volta. Tate cerrou os punhos, irritado com a indulgência da criatura – Não me ajudou com o que eu pedi do exército, não me ajudou em nada... O que tu pensas que devo fazer? Diga-me que eu posso pensar na tua proposta.

Tate não sabia o que dizer. A criatura estava ao lado de Violet e claramente podia fazer algum mal a ela quando quisesse. Ele respirou fundo, levantou o olhar e encarou os olhos, do mesmo formato que o seus, negros com um leve toque de vermelho sangue.

– E quanto à minha mãe? – Perguntou Tate, olhando ficamente para aqueles olhos extremamente sinistros. - Você não a quer? Talvez tendo-a ao seu lado possa até... tentar de novo? Fazer outro herdeiro... Você é poderoso, você pode fazer aquilo o que quiser. E sabe muito bem disso.

A criatura lambeu os lábios, realmente pensando na possibilidade. Tate não se sentia mal por ter entregado Constance daquela maneira. Talvez até estivesse ajudando sua mãe a ter enfim seu filho perfeito, aquele filho perfeito que ela sempre sonhara. Tá, seria filho do capeta do mesmo jeito, talvez cometesse os mesmos erros de Tate, mas isso não era mais problema dele.

– O que me diz? – Tate perguntou, se forçando a sorrir, como se estivesse se sentindo satisfeito com aquela conversa toda – Quer tentar de novo já que essa vez não deu certo? E você sabe tudo o que eu fiz, sabe que se um dia essa casa acabar caindo por terra eu vou estar ali... em baixo junto com você e com o teu filho perfeito.

A criatura olhou para Tate, levou a mão aos lábios, mordeu levemente a ponta dos dedos. Olhou para o quarto em que estava, olhou para Violet e novamente para seu filho.

– E se ela não aceitar? – perguntou a criatura.

– Pode ter certeza, cara – Tate já estava bem mais confiante agora que tinha conseguido interessar seu pai – Se você prometer um pirralho pra ela, ela te dá qualquer coisa... Até a buceta.