A Filha Da Morte escrita por Messer


Capítulo 11
I'm With You




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/281518/chapter/11

É, eu até que sou boa no arco-e-flecha.

Pelo menos o campista que implicou comigo deve ter ficado em choque com aquele passarinho.

Eu andava indo junto da Aline e do Jared, quando soou uma trombeta.

- Vamos - disse ela - , acho que você vai ser reclamada agora. Esse é o chamado pro jantar.

Caminhamos em direção ao refeitório. Eles se separaram e foram para junto de outros adolescentes quase iguais a si mesmo. Deviam ser seus irmãos e irmãs.

- Os não reclamados aqui! - Gritou Atena.

Eu e mais dez adolescentes nos arrumamos numa fila. Eu fiquei como última.

Enquanto os outros se sentavam, Atena nos organizava em uma fila por volta da mesa principal. Depois de um tempo, todos ficaram em silêncio. Olhei para o Jared e a Aline, e eles balançaram a cabeça, me deixando mais calma.

- Como sabem, o Brasil possui vários semideuses - disse Atena. Ela olhava todos na sala, exceto nós, pois estava de costas. - Sempre nos chega mais deles, sendo guiados por protetores ou sozinhos. Então, cada semideus e semideusa aqui presentes serão reclamados agora. Por favor - ela se aproximou da garota no outro lado da fila - , vamos começar por você.

Ela estava nervosa. Torcia as mãos num ritmo frenético, como se tivesse se metido em uma encrenca.

Um homem queimado de sol, com roupas havaianas se levantou e se aproximou dela.

- Ana Marcia Marcon - disse ele num tom de voz claro e firme - filha de Poseidon!

O que parecia ser a mesa de Poseidon se explodiu numa alegria. Havia cinco campistas lá. Ela continuou parada, e alguns símbolos apareceram em sua cabeça. Uma lira, e uma coruja. Deveriam ser as bênçãos.

Isso se repetiu com os outros oito campistas, até que chegou a minha vez. Meu coração estava num ritmo frenético, como ficou quando eu fugia do ciclope. Só não foi pior do que quando o Jared tocou no cadeado de minha pulseira. Só de pensar nele meu coração ficava mais louco ainda.

Os deuses na mesa principal me olhavam. Uns com curiosidade, outros com indiferença, outra com raiva.

- Bianca Morbeque - levantou um homem todo de preto - filha de Hades.

Todos perderam a cor.

Ele se levantou, e foi atrás de mim, se abaixou e sussurrou no meu ouvido:

- Não tenha medo. A última vez que tive filhos, eles deram, muita, mas muita confusão.

Então, ele arrumou a postura, e fez uma cara como se dissesse: ''vocês vão ficar parados aí ou vão vim abençoar a minha filha?''

Um caduceu, um coração e um javali apareceram na minha cabeça. Afrodite fez cara feia.

E, então, quando todos haviam se recuperado do choque, ficaram pasmos de novo. Uma coruja apareceu em cima de todos esses símbolos. Então tudo sumiu e eu fui a mesa de Hades. Vazia. Todos olhavam pra mim. Eu parecia uma atração internacional que todos aguardavam ansiosamente.

Então, foi servido o jantar, cada deus se sentou junto com seus outros filhos, queimamos parte da comida como oferenda e começamos a jantar.

- A Carol fez aquilo pois queria seu bem - meu... bem, pai, disse. - Não se irrite. E ainda bem que você chegou salva.

- O que aquela coruja mais alta significava? - Perguntei, sem olhá-lo.

- É a benção suprema. Isso te torna quase filho de outro deus ou deusa também. É bom, mas perigoso.

Eu assenti com a cabeça.

Jantamos em silêncio. Não gosto de falar muito com estranhos, por mais que ele seja o meu pai. Terminamos, e fomos em filas para os chalés. Cada um sendo puxado pelo deus que representava. O meu era feito de uma pedra inteiramente preta. Havia dois pilares com tochas de fogo verde. As portas e o triângulo do telhado tinham detalhes em dourado. E é claro, em estilo grego, como todos os outros.

Nós entramos e meu pai fechou a porta. Ele puxou uma corrente do bolso.

Ah, outra corrente não! Pensei. Mas então ele disse para eu me virar e a colocou. Era preta, com um pingente de arco-e-flecha.

- Vi que você é realmente boa nisso - ele disse. - Se não fosse pelo que você fez com o campista de Apolo, não acharia isso tão legal. Mas tem uma faca aí também, pra você poder invocar, logo que consegue abrir fendas sozinha - ele se sentou numa cama e sorriu. - Puxe.

Obedeci e quase morri de susto. O pingente se transformou em um arco preto e grande. Minhas costas pesaram, e pelo espelho pude ver que eu tinha várias flechas com pontas douradas no guarda-flechas. Algo se envolveu em minhas duas pernas. Havia mais um guarda-flechas em cada uma. O da esquerda com flechas pretas e o da direita vazio. Só tinha uma espada presa á cinta que o prendia.

- Caso você perda alguma, ou em uma batalha as acabe, encoste a ponta do arco na corrente. Ele vai voltar a ser um pingente. E a espada serve para envocações, que vou te ensinar amanhã.

Eu não aguentei, e corri a ele e lhe dei um abraço. No início, ele pareceu surpreso, mas depois me abraçou também. Logo me soltei.

- Obrigada - disse, soltando um sorriso tímido.

Ele assentiu.

- Está na hora de dormir. Vamos, vou pegar pesado amanhã com você - disse, sínico. Encostei a ponta do arco na corrente, e ele se soltou da minha mão e virou um pingente novamente. E eu apaguei.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Filha Da Morte" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.