Memories escrita por taay


Capítulo 9
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

Cap 8, o começo de tudo.
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/280947/chapter/9

Capitulo 8

  Mesmo sendo a segunda vez que dizia seu nome, lembranças ruins vieram a minha mente — se é que ruim pode ser usado nesse sentido.

  Sabia que Luke iria me fazer a pergunta. E eu responderia, sem hesitar. Apesar de ser arriscado demais.

  O nome Ryan Williams, a meu ver, devia-se ser colocado no dicionário com letra em negrito e sublinhado, nas maiores letras possíveis: NÃO SE APROXIME! Talvez colocassem foto também, junto com o número de sua identidade. Ou até escrevessem nas paredes de fora de sua casa “MANTENHA DISTÂNCIA SE QUISER VIVER”.

  É claro que era quase um hábito vê-lo na rua, perto de minha casa. Os olhar fuzilador não abandonava minha mente. Era como um alarme que a cada segundo de devaneios aleatórios, se alastravam por minha mente como fogo, em dias secos e em folhas secas; devastador, perturbador, mas sobre tudo, um sinônimo quase de morte. Já passara por minha cabeça, a algum tempo atrás, em mandar o xerife de minha cidade para o sanatório, com uma denúncia anônima, é claro; por ele não mandar pelo menos expedirem um mandado de prisão domiciliar á aquele homem. Mas é claro que ele preferia correr o risco de ter mais pessoas iguais a mim por está cidade, vagando como zumbis, mas mais humanos do que isso. Com aquele olhar vago, que procura algo, e nunca irá encontrar.

  E então, enquanto via Luke com um olhar meio pensativo, enquanto caminhávamos, me lembrei de uma das noites de uns bons três anos atrás. Poucas semanas depois daquilo acontecer; em uma das noites em que meu teto branco era tudo o que eu queria ver. Em que ficava deitada em minha cama, não que estivesse sonolenta, muito pior do que isso. Sentia-me literalmente um zumbi. Não dormia há semanas; e nem pretendia fazê-lo.

  Foi antes que minha mente vagasse para uma das piores lembranças que Luke me lembrou de onde estávamos.

  — Ér... Kimberlly; importa-se de ir até minha casa, e passar a tarde comigo? Estarei sozinho e aposto que você também; sabe, n-não pense coisas... estranhas, não é a mi-minha intenção, eu só...

  Vê-lo se atrapalhando com as palavras foi quase tão adorável que ver suas bochechas já levemente rosadas, ficarem vermelhas. Controlei minha vontade de apertá-las.

  — Tudo bem, não me importo, e não precisa se preocupar não pensei nada de mal.

  Sorri.

  Presumi que já haviam se passado mais de uma hora, e eu ainda estava na casa de meu vizinho e mais novo melhor amigo. Conversávamos sobre coisas aleatórias, sem sentidos, riamos de nós mesmos nos atrapalhando com as palavras mais fáceis do dicionário. Até que o silêncio pairou, e nele permanecemos. Senti uma estranha sensação de que era a hora de falar sobre mim, já que nos últimos trinta minutos falávamos sobre coisas engraçadas de sua vida.

  — Acho que está curioso sobre Ryan Williams, estou certa?

  Eu estava sentada em sua cama, na cabeceira, ele estava sentado quase do meio da cama para o final. Nossas mochilas, a muito esquecidas no chão bem em baixo de sua janela que ainda precisavam de cortinas.

  — Apenas com a parte do desprezo que você fala no nome dele.

  — Se eu fosse dar um nome pro sentimento que sinto por aquele homem, para ser mais específica, seria nojo. Mas eu te entendo, você é novo na cidade. Bom por onde eu começo... Ah, já sei. Logo depois de meu pai morrer, minha mãe se envolveu em uma camada bem espessa de depreção, ainda não se curou, pode-se ver a tristeza que ela tenta encobrir e confeço que não dá muito certo.

  “Há três anos, ela trabalhava em outro lugar, não me lembro muito bem com o que, mas não é a mesma coisa que hoje. Ela tinha alguns amigos no trabalho dela e conheceu Ryan por eles. Ele era um dos amigos, de um amigo da minha mãe. Ryan, logo de cara se notava que era um ótimo ator; sempre cavalheiro, simpático, respeitoso, gentil até. Em uma noite em que ela chegou sorridente em casa, lhe perguntei o que havia acontecido; ela disse que não teria tempo de me contar por que sairia com um novo amigo que mais tarde vim a descobrir que era Ryan.

  “Ela se arrumou, quase se atrasou por não conseguir se decidir entre dois vestidos. Por fim, quando saiu, eram dez da noite. Disse que voltaria antes da meia noite e que queria chegar e que estivesse dormindo. Mas eu não conseguia dormir. Então peguei um de seus comprimidos brancos para depreção, que a faziam ficar apagada quase um dia inteiro, cortei no meio e tomei. Trinta minutos depois, consegui dormir, na sala, estava vendo um filme de comédia.

  “No outro dia quando acordei, tomei um suco de laranja e subi até seu quarto para ver se ela ainda dormia. Mas ela não estava lá. Pelo resto do dia, ela não apareceu. Ao final da noite, o telefone tocou e uma voz que eu não conhecia me disse coisas horríveis. Disse que iria á matar, e quando pensei bem, conclui que ele estava a mantendo em cativeiro. Depois de duas semanas com a polícia envolvida, conseguimos achar a localização. Entrei lá e o vi. Minha vontade era de arranjar a coisa mais pesada possível e bater nele até virar só um monte de carne moída, mas me contive. Quando a polícia veio atrás de mim e o prendeu ele jurou que iria me destruir, pelas pessoas a minha volta. Um por um.“

  Parei, fechei os olhos. A raiva ainda borbulhava em minhas veias como água fervendo. Por fim, dei continuidade.

  — Ele jurou aquilo, e por semanas eu não conseguia dormir. Não importava quantos comprimidos para insônia eu tomasse; eu fechava meus olhos e via aquela cena de novo e de novo. Quando fui ao seu julgamento, quase estrangulei o juiz por dar apenas 11 meses de prisão á aquele homem. E depois de tanto tempo, eu sei que ele pretende começar sua vingança pela minha prima. Tenho tanto medo pelas pessoas à minha volta. Pode-se falar que fiquei meio paranóica, mas parece que toda vez que saio de casa, ele está em algum canto, se espreitando. Deve estar esperando a barragem dos meus sentimentos se romperem e eu mesma tentar matá-lo.

  Eu olhava Luke enquanto pronunciava cada palavra e tinha noção da minha mão coçando; querendo aliviar a tensão batendo em alguém. Por trás da barreira que não mostrava seus sentimentos eu soube que ele tinha medo. Eu também teria se fosse ele.

   — Quantas vezes já contou isso a alguém?

  — Está é a primeira; esse acontecimento é a mais pura razão deu tentar me manter afastada de todos da escola. Luke; amanhã terei de mostrar a escola aos alunos novos e eu sei que eles provavelmente iram fazer amizade conosco, tenho medo pela segurança deles; mesmo antes de conhecê-los.

  — Mas ele não estará na escola, Kimberlly...

  — Mas ele conhece as inspetoras da escola, elas me observam na escola e em qualquer canto que puderem me olhar. Vejo que anota os nomes das pessoas que elas percebem que são meus amigos, e...

  Meu toque irreconhecível de meu celular, que apitaria caso recebesse uma nova mensagem de texto soou alto, assustando a mim e Luke, que nem percebi que havia se curvado mais na minha direção. Peguei-o no bolso e desbloqueei o teclado rapidamente. Abri a mensagem, era de um número restrito, consequentemente eu não conhecia.

Espero que tenha alguns discursos para quando for aos enterros das pessoas que você mais ama Kimberlly.

E que os jogos comecem”

  Olhei Luke, e lhe entreguei o celular. Não precisei pensar muito para saber de quem era a mensagem de texto.

  Os olhos amendoados e negros como a noite de Ryan vieram a minha mente e logo soube quem ele havia pegado.

  Outro som, desconhecido soou quase tão alto quanto o meu e Luke pegou seu celular na escrivaninha no canto do quarto como um raio, voltando a cama logo em seguida. Seus gestos eram anciosos.

  Logo, depois de quase sete segundos, ele me estendeu o celular com um olhar de raiva tão profundo que quase pude adivinhar do que se referia.

            “Claro, como se pode escrever um discurso, ou dedicar um sem saber quem são as pessoas a quem se refere. Desculpem-me pelo erro. Espero que saibam quem são Zachary Evans e Giovanna Ellie O’Connor. Dediquem suas orações agora a eles; creio que iram precisar”

  Fiquei sega, senti meu rosto esquentar.

  Eles não Ryan, eles não! — Gritei mentalmente.

  Estendi o celular a meu amigo e vi minhas mãos trêmulas. Ele me olhava com um olhar mesclado de ódio e preocupação.

  A cada segundo que se passava, meu rosto esquentava mais e mais. Quando pousei a mão esquerda na perna, apertei-a e senti minhas unhas arranhando-as, afundando, esmagando, dilacerando. Não me importei. Queria sair, procurar aquele Williams e apertar seu pescoço forte o bastante para quebrar sua coluna. Depois faria uma fogueira e o jogaria nela. Talvez eu pudesse dançar em volta da fogueira em quanto ele queimava, crepitando junto com a madeira. Mil maneiras de matá-lo vieram a minha mente, tantas formas e de certa forma, queria fazer todos eles.

  — Kimberlly? Vo-você, está bem? Está meio... com um olhar de psicopata, quer que eu ligue para sua mãe, te levar ao médico, ou...

  — Estou bem, reação colateral da raiva. Preciso ir para casa, não precisa me acompanhar até a porta; e não se preocupe, eu estou realmente bem. Vou pra casa e irei tentar uma forma de me distrair, e depois que minha mãe chegar em casa, irei lhe contar sobre Ryan; mas teremos de esperar para ver se não é um blefe. Até amanhã.

  O abracei enquanto dizia e me senti acolhida como nunca. Mas a raiva era tamanha que se sobrepôs. Eu sabia que a angustia viria mais tarde, quando minha ficha caísse.

  — Passe na minha casa amanhã de manhã e iremos a escola juntos novamente, tudo bem?

  Ele apenas assentiu e me viu pegar minha mochila, passá-la pelo ombro e sair quase correndo de sua casa. Nem me importei em verificar a rua, para ver se vinha carro.

  Se morresse agora, seria quase um favor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Reviews? :)



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Memories" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.