Memories escrita por taay


Capítulo 10
Capítulo 9


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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  Dois meses haviam se passado.

  E junto com os dias, minha raiva se esvaiu até uma quantidade controlável. Haviam me aconselhado praticar ioga e eu sinceramente ainda pensava nisso, numa parte nublada em minha mente.

  Mas apesar daquela raiva ter se esvaído quase que completamente, ainda podia invocá-la facilmente. Havia ido para uma parte minúscula que era como nos desenhos animados: sempre chovendo naquela região, com raios e trovões. E havia a parte de mim que não sabia como se sentir, se medo por aqueles que mais prezo, se raiva pelo homem que destruía aos poucos o mundo que conheço.

  Como eu esperava, Williams estava blefando sobre sequestrar Giovanna e Zachary. Mas no naquele dia, depois que cheguei a minha casa, minha mãe já estava lá; exasperada e muito confusa. Disse para mim que minha tia havia chegado a sua casa e encontrado Giovanna amarrada numa cadeira, em seu quarto, ensanguentada e com uma fita cobrindo-lhe a boca. O mesmo aconteceu quando acharam Zachary. Mas seu estado era pior; ele estava inconsciente e respirava com dificuldade. A polícia acabou se envolvendo, e acabaram por fizer dois boletins de ocorrência por tentativa de homicídio ao Williams. Mas é obvio que ele não apareceu à delegacia, mesmo depois de terem lhe mandado uma intimação.

  Meus pensamentos mais infames sussurravam para mim que ele estava mais próximo de mim do que eu jamais imaginei.

  Sabia que ele estava me rondando, sorrateiro e esperto.

  Mas eu também estava lhe rondando. Comecei a fazer aulas de wushu três dias depois do ocorrido; e nesse tempo decorrido, minha musculatura ficou mais forte, evolui um pouco mais do que o básico para uma iniciante. Já tinha ouvido falar desse tipo de arte marcial chinesa e gostava um pouco de como os movimentos são precisos e audaciosos. Mas era um pouco mais do que eu imaginava. Tirem-lhe o fôlego, e te fazem soar e gastar tanto os músculos que quando chega a casa, quer apenas uma boa ducha e uma noite de sono bem longa e tranquila. Uma vez, em meus devaneios diários antes de dormir, me peguei desejando bater em minha cabeça com a coisa mais pesada que encontrasse, pois só assim teria uma noite tranquila.

  Ninguém pareceu entender o porquê deu fazer aquelas aula, além de Luke. Mas obviamente eu havia lhe dito que queria saber me defender e poder defender quem eu amo caso Williams atacasse novamente. E é claro que ele atacaria novamente.

  Giovanna voltou uma semana depois do ocorrido a escola, ainda tinha marcas roxas que variavam até o verde em várias áreas, mas as que mais eram aparentes eram as do pescoço. Vinham da nuca até quase o busto, em tons de azul, roxo e verde. Eu sabia que ele tinha tentado estrangulá-la. Zachary demorou quase quinze dias, por seus ferimentos não serem apenas superficiais mas também serem internos; provavelmente Williams havia lhe batido e cheguei a pensar que eu poderia descontar toda a raiva que Zachary alimenta desde então, com minhas próprias mãos. Mas as pulsei logo que vieram.  

  Os garotos novos que eu ajudei nos primeiros dias de aula, acabaram virando nossos amigos, como imaginei. E para minha surpresa, eles vieram da mesma escola e já eram amigos. Talvez não tivesse ficado tão surpresa assim, mas apenas talvez.

  Aiden Carter, com certeza era o mais responsável entre os três. Tinha os olhos em um tom de castanho intenso e meio chocolate; lindo aos olhos das meninas das outras séries, e bem... aos meus também. O cabelo era quase do mesmo tom dos olhos, num castanho claro, a castanho médio, que quase sempre estava do jeito que ele acordava; pois ele não se importava muito com o jeito de se vestir, apesar de ser bem vestido em todos os sentidos.

  Mason Brown, a segunda pessoa mais engraçado que eu já conheci na minha vida.  Giovanna, Luke, Aiden, Matthew e Mark concordavam que Mason se parecia muito comigo. Menos eu achava isso. Ele era totalmente bonito, apesar do jeito simples de se vestir. Tinha os olhos verdes-azulados muito profundos e bipolares, como ele diz, sempre mudando para mais escuro, ou tão claro que chegava a ser azul. Seu cabelo era num tom exclusivamente castanho, e cacheado, mas combinava com ele. Mas não era as roupas que chamavam a atenção, já que quase sempre ele aparecia com camisetas de cores lisas e calça jeans seus com all stars; mas sim o sorriso. E eu tenho que ressaltar que nunca vi minha prima ficar tão vermelha tanto quando lhe apresentei ao Mason. Obviamente, ele sorriu tão abertamente que me perguntei se não doeram suas orelhas. E mais tarde naquele dia, descobri que Giovanna se encantou profundamente pelo seu sorriso, mas também pelas covinhas que sempre apareciam, querendo ele ou não.

  Mark Collins era de fato, o cara mais engraçado que eu já conheci em toda a minha vida medíocre e sem graça. O cabelo castanho médio, quase castanho escuro eram o de menos naquela pessoa que em outra época seria um bobo da corte sem pestanejar. Tinha os olhos verdes em tom quente, quase castanhos claros de tão escuros e que sempre estavam brilhando com a possibilidade de fazer uma nova piada, mesmo sendo a mais sem graça que ele já pensou em toda sua vida. Seu estilo para roupas não deixava a desejar; sempre contrastando com sua personalidade inquietante; e seu sorriso — quase permanentemente em seu rosto — era magnífico. Era uma daquelas pessoas que te fazem rir apenas olhando para você; e sempre parecia estar tão feliz, de bem com a vida, e essa é uma qualidade que eu adorava nele.

 Então, consequentemente, nossa turma de amigos no intervalo aumentou. Zachary, ou Evans, como ele gosta de ser chamado, voltou para sua turma de amigos superficiais e que não dão a mínima para os sentimentos de ninguém. Então, ficamos eu, Giovanna, Matthew, Luke, Mark, Mason e Aiden.

  Isso foi visto como ameaça por Brianna, provavelmente; não quis ter a confirmação pessoalmente ou sequer por escrito. Sentia minhas costas formigarem quando passava pelo corredor, seu olhar me queimando, ou tentando. E toda a razão disso, é apenas do mesmo jeito que ela tentou coagir Matthew em seu primeiro dia de aula; ela faz isso com todos, ameaçando, sufocando sua alma, até que literalmente se ajoelhem aos seus pés pedindo por paz.

  Estávamos em um dos nossos assuntos épicos que sempre acabavam em piada que tudo começou a ficar estranhamente sério. Até demais.

  — Kimberlly, posso fazer-lhe uma pergunta? — Aiden, que estava sentado a minha frente, tentando seguidamente desviar de um galho meio solto da árvore a cima de nós, que quando o vento batia, ia diretamente em seu rosto com um pouco de violência, dependendo da velocidade do vento, me olhava sério enquanto pronunciava as palavras pausadamente.

  Estávamos sentados quase perto do portão de entrada, fazia um sol ligeiramente quente e a árvore ajudava por deixarem se infiltrar apenas alguns feixes de luz. O vento, quando batia nos meus cabelos, indo para trás, quase atingiam Mark que insistiu em se sentar ao meu lado e de Luke o olhar e fazer uma careta estranha. Percebi que Luke havia quase entrada em um profundo estado de se preocupar comigo, um protetor. Sorri diante disso.

  — Claro, Aiden.

  — Eu estava indo até a minha sala, e ouvi uma daquelas meninas que andam com a Brianna comentando que você começou a fazer aulas de arte marcial e eu fiquei curioso para saber se é verdade; mas se não quiser responder não tem problema.

  — Não, é verdade, na verdade eu já sabia que logo todos estariam comentando sobre isso. Depois do que aconteceu, vocês sabem, daquilo com o Evans e com a Giovanna, quero ser capaz de me defender e defender alguém, se necessário. E eu tenho a forte impressão de que será necessário; mesmo que não for contra quem eu penso que será. — Terminei de falar e olhei meu novo melhor amigo e ele me mandava um olhar cúmplice, soube naquela hora que ele estaria do meu lado se tivesse que lutar contra alguma coisa.

  — E qual arte marcial você faz?

  De repente todos me olhavam curiosos, menos Luke, que já sabia de tudo.

  — Wushu, arte marcial chinesa. É bem interessante, não é só lutar, você trabalha com armas também como espadas, ganchos, correntes, e alguns bastões.

  — Legal... — ri baixinho quando todos falaram em uníssono, mas Matthew tinha uma expreção diferente no rosto que eu estranhei um pouco. Mas logo se esclareceu quando ele resolveu se expressar.

  — Eu já pratiquei quando era mais novo wushu, meu pai tinha uma academia dessas na cidade que a gente morava, mas só aprendi o básico, era muito novo. — quase pude visualizá-lo praticando aquela arte marcial, seu físico ajudaria bastante se ele fizesse hoje.

  — Ele dava aulas? — A curiosidade em minha voz era evidente a mais de três quilômetros, ele sorriu.

  — Está na minha família, meu bisavô treinou eu avô, meu avô treinou meu pai, e meu pai... bom, ele tentou me treinar, entretanto, preferi que não, pelo menos não agora. Quero focar em meus estudos, e me formar. Quem sabe um dia.

  — Acho que vou me matricular nessa aula, que dias você faz aula Kim? — Foi Mason quem perguntou.

  — Segundas; quartas e sextas. Pode ir comigo amanhã á aula. É numa academia a alguns quarteirões da minha casa, se não se importar, pode me encontrar depois da aula na frente da minha casa. Mas falamos sobre isso amanhã.

  Aqueles meninos eram muito fáceis de conviver. Talvez fácil, não seja a palavra certa, mas era pacífico. Eles se entendiam, apesar de em muitos momentos você ter que intervir e mandá-los se desculparem como crianças brigando por doces no Halloween.

  Logo o sinal bateu, como um ponto final em um parágrafo de uma história ainda não terminada. E todos foram para as respectivas aulas.

  Olhava o teto de meu quarto, esperando, tentando imaginar o que aconteceria num futuro não tão distante. Talvez tivesse gastado tempo demais pensando.

  — Estou interrompendo?

  Virei à cabeça levemente para o lado e vi uma cabeleira loira, olhos azuis e uma roupa que nem me dei ao trabalho de olhar. Luke e eu tínhamos combinado de ele dormir na minha casa, minha mãe parecia confiar o bastante nele para não se dar ao trabalho de chamar minha prima. Sorri.

  — Não, pode entrar, só estava... pensando. — Enquanto pronunciava as palavras, levantei meu tronco e meu cabelo deslizou do ombro para trás assim que me sentei. Olhava seus movimentos que pareciam tão despreocupados mas também tão tencionados. Sabia que algo lhe estressava, mas não precisei perguntar, já sabia a resposta.

  — Sua mãe vai mesmo sair com o diretor da escola? — Assenti enquanto o via colocar uma bolsa média ao lado de meu guardarroupa.

  — Talvez seja bom para ela, desde a morte do meu pai, ela meio que não saiu com ninguém se você não contar o quase romance dela com o Williams que quase lhe levou a morte.

  Ajeitei minhas pernas dobradas, em forma de índio, me virando de frente para a cabeceira da cama quando ele se sentou encostado na mesma.

  — Sua mãe deixou você dormir aqui?

  Ele fez que sim com a cabeça, sua expressão era de alivio.

  — Ela ia sair. Se eu não dormisse aqui, provavelmente ou ficaria sozinho, ou ela daria um jeito do Zack dormir na minha casa. E eu não gosto da terceira opção, a única diferença de ficar sozinho é que eu o tenho pra vigiar. Mas ele é pior que uma criança que comeu muito açúcar, não para num lugar só e eu fico tão surpreso de minha mãe não ver isso.

  — Realmente.

  — Sua mãe chamaria sua prima se eu não viesse?

  — Sim, ou se você não aceitasse ou se ela não confiasse o bastante em você para me deixar numa casa sozinha.

 — Mas não estará sozinha, tem a mim. Então pode colocar um sorriso nesse rostinho lindo. — Não precisei sorrir, ele estava pegando os cantos da minha boca e os levantando a força num sorriso forçado. Ele ria levemente quando me soltou.

  — Certo, agora, para começar bem a nossa noite... tenho algumas perguntas.

  — E qual seria a primeira? — Cruzou a perna e a dobrou colocando sobre a outra, fechou o punho e colocou-o apoiando o queixo enquanto erguia uma sobrancelha e me olhava divertido.

  — Se Williams atacasse novamente, você me ajudaria a salvar aqueles que ele pegou?


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Notas finais do capítulo

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