Originals escrita por Bellah102


Capítulo 10
Capítulo 9 - Pego




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Rebekka

                Paramos a marcha, caindo, exaustos, dentro de um arbusto. Essa era nossa vida nos últimos dias. Estava surpresa que Klaus e Scott não tivessem nos encontrado ainda. Provavelmente tinham julgado que avançaríamos mais lento e ficado para trás, ou não nos ouvido nos arbustos ou na água e passado reto. De um jeito ou de outro, eu e Elijah estávamos seguros por algum tempo.

                -Estou com fome, Bekka.

                Meu irmãozinho reclamou, sugando a chupeta. Nos últimos dias, vínhamos nos alimentando basicamente de peixes, rãs e cobras aquáticas. Bebíamos seu sangue e as vezes comíamos suas carnes cruas, mas era difícil manter algo no estômago com toda a marcha forçada.

                -Feche os olhos e tente ignorar, pequeno Mikaelson.

                Eu disse, encolhendo-me de frio. Ele gemeu e encostou-se mais a mim. Os minutos se passaram e o estômago de Elijah roncou. Ele fungou e coçou o nariz, reprimindo o choro.

                -Desculpe, mana.

                Pediu, fungando novamente. Abri os olhos sonolentos e pesados e encontrei seus olhos azuis agoniados me encarando na escuridão. Ele era submisso demais para pedir novamente por comida. Se Klaus colocasse as mãos nele, o transformaria no soldado perfeito. Ele se importava mais em agradar à família do que com as próprias necessidade.

                -Não tem problema. Está tudo bem ter fome, meu doce.

                -Elijah não quer que a mana se incomode com ele.

                Acariciei seu cabelo.

                -Mas eu me importo com você. Quero ver você feliz.

                Ele se mostrou confuso, unindo as pequenas sobrancelhas.

                -Feliz?

                Fiz que sim.

                -Como a mamãe era. Quando carregava você.

                Ele assentiu, olhando para o nada, como se gravasse a informação na memória. Ele pensou um pouco, ligando pontos na sua mente. Alguma pergunta brilhante está por vir, eu sei disso.

                -Porque ela era... Tão feliz?

                -Porque ela te amava. Porque ela nos amava.

                Ele parou novamente para pensar.

                -E onde ela está?

                -Em casa. – A mentira veio fácil, como para as pessoas da cidade onde dormíamos. Balancei a cabeça. – Morta.

                -Morta? – Testou a palavra na boca. Fez uma careta, parecendo não gostar. – Não.

                Negou, simplesmente, como se morte em si fosse algo tão facilmente negável. Ficamos em silêncio. Ele fechou os olhos para dormir. Seu estômago tornou a roncar. Ele gemeu baixinho.

                -Desculpe.

                Pediu mais uma vez, teimosamente. Suspirei.

                -Posso procurar algumas frutinhas para você, se você quiser.

                -Bekka não vai ficar brava?

                -Não.

                Assegurei.

                -Estou com fome.

                Suspirei. Elijah sabia montar poucas frases e fazia o melhor para se virar com elas. Isso incluía repetir algumas. Frequentemente.

                -Vou procurar. Fiquei aqui e tente fazer silêncio até eu voltar.

                Ele fez que sim, obediente. Saí do meio dos arbustos, olhando em volta cautelosa, como um animal saindo da toca para caçar durante a noite. Rápida, silenciosa e leve, como dizia Klaus.

               

Elijah

                Eu estava muito feliz que Bekka tivesse aceitado buscar frutinhas para mim. Apesar de eu saber que era perigoso, e de não querer, de jeito nenhum, que Bekka fosse pega pelo nosso papai – que ela parecia não gostar tanto – eu estava com muita muita muita fome. Permaneci quietinho, pedindo à minha barriguinha que não emitisse sons. Fechei os olhos, tentando dormir para que diminuísse o tempo que Rebekka levaria para voltar.

               

                Ouvi passos do lado de fora! Dera certo! Ela viera rapidinho! Abri os olhos, sonolento. Lembrei-me que Bekka pediu que eu ficasse quieto até que ela voltasse, então me mantive calado, porém animado ao extremo. Até minha barriga parou de roncar, na expectativa. Os passos continuaram, como se circundassem o arbusto. Não agüentei sua brincadeira.

                -Estou com fome, Bekka.

                Reclamei, para que ela viesse logo. Os passos pararam. E voltaram, mais lentos que antes. E sem que eu esperasse, uma mãozorra surgiu, agarrando meus cabelos.

                -Achei... – Rosnou uma voz da qual eu nunca gostava. O amigo de papai puxou-me para fora dos arbustos e eu gritei com dor. Ele em segurou a frente do seu rosto assustador – Achava que ia fugir para sempre, monstrinho? Onde está a menina?

                Enquanto eu lutava com meus braços, fracos contra sua mão nos meus cabelos, ele chutou o arbusto, arrancando-o das raízes, fazendo-o quicar pela grama. Ele me levantou novamente.

                -ONDE ESTÁ?!

                Gritou, com o rosto colado ao meu. Seu hálito cheirava a sangue e álcool. Gemi.

                -Eu não sei!

                Gritei de volta, assustado. Ele balançou-me violentamente.

                -ONDE ESTÁ?!

                -ME SOLTE!

                Implorei, chorando.

                -Tem sorte de eu não ser o seu pai.

                Ele disse, me jogando contra uma árvore. Pisquei atordoado, mas a dor na parte de trás da minha cabeça me fez acabar.

Rebekka

                Quando ouvi Elijah gritar, larguei todas as frutinhas no chão e escalei ma árvore. Ouvi a voz de Scott e a do meu irmão. Espiando entre as folhas, vi que o vampiro segurava Elijah pelos cabelos, e o pequeno gritava, se debatendo, desesperado. Scott disse algo e jogou-o contra uma árvore. Levei a mão à boca, sobressaltada, desejando ajudá-lo, mas não podia. Klaus teria que se contentar com Elijah. Jamais me teria novamente. Não poderia me dar ao luxo de lhe dar outra arma. Porque eu o amava, e faria qualquer coisa que ele pedisse para vê-lo feliz, ou orgulhoso.

                Então tive que assistir, com o coração apertado, Scott jogar Elijah semi-consciente sobre o ombro e ir embora, procurando por mim. Uma lágrima escorreu pelo meu rosto.

                Desculpe, irmão. 


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