Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 8
A Água da Taça


Notas iniciais do capítulo

oi gente õ/
primeiro, eu tenho que dizer que recebi uma msg desesperada e quase morri de rir xD
Sim, eu sou lerda pra escrever e não quero que ninguém tenha um treco kkkkkkkkkkkk por isso vou tentar postar SEMPRE na sexta. Em ocasiões "especiais" pode ser que eu posta antes ou depois, mas aí eu explico porquê.
Sorry, minhas lindas xD



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Bitter and hardened heart

Aching, waiting for life to start

~ Bend & Break

.

.

Percy se olhou no espelho, arrumou mais uma vez a roupa, mas ainda acreditava estar torta. Ou talvez sua expressão tediosa fosse quem piorava a situação.

Então Sally entrou em seu quarto. Ela vinha com a intenção de lhe dizer alguma coisa, mas calou-se diante dos olhos cansados do filho. Inspirou profundamente e trocou um olhar com ele pelo espelho. Percy virou-se para ela, e a rainha começou a arrumar corretamente os botões de sua roupa.

Sally mexeu em seus cabelos e lhe jogou um pouco de perfume.

– Anime-se querido. Por favor.

– Vou estar animado quando isso acabar – ele retrucou.

Sua mãe o encarou com reprovação.

– Se não faz isso por você, faça por seu pai e eu.

Percy rolou os olhos.

– Vou tentar.

– Seja bonzinho.




A mesa estava ricamente posta. Travessas de salada, potes de molhos e um grande frango assado no centro indicavam um jantar longo, muito longo. O relógio acima da cabeça de Percy, na parede, mostrava oito horas da noite – o jantar já começaria, mas não havia sinais dos convidados.

Paul olhou para sua família. Sally e o filho encolheram os ombros. Os três sentaram-se, desconfortáveis.

– Não acredito nisso – Percy bufou – vão se atrasar de novo.

Vão, não – respondeu o rei – se atrasaram.

– Quietos – repreendeu Sally – o conde Bobofit teve apenas um contratempo, só isso.

– Pela sexta vez? – perguntou Percy – E eu estou contando.

– Graças a Deus, este é o último jantar – Paul fechou os olhos, tentando acalmar-se.

– Para o senhor, não é? Para mim, são apenas os primeiros – reclamou Percy.

– Por favor, filho, não será tão ruim. Veja: sua mãe e eu também fomos arranjados e não morremos com isso.

– Quer mesmo comparar?

– Calados, ambos! – exclamou a rainha, corada – Eles chegaram.

Percy olhou para a família com vergonha. Os Bobofits eram a família mais extravagante do reino, tanto pelo patriarca, o senhor Gabe Ugliano Bobofit ter cheiro de tripas de cavalo quanto por sua esposa Helia e a filha sardentas serem extremamente vaidosas e sem o mínimo de senso do ridículo.

Nancy sentou-se pesadamente ao lado de Percy, ignorando por completo sua existência. Quando Sally olhou para Nancy e depois para ele significativamente, Percy entendeu e tentou cumprimentá-la de modo cortês.

A única resposta foi um “humph”, seguido de uma chuva de cachos vermelhos sendo jogados de propósito em sua cara quando a filha do conde virou-lhe o rosto. Percy pôde sentir a raiva crescer dentro dele, mas engoliu em seco e tentou suportar o jantar em amor a seus pais.

Nancy não era a única culpada. Seus pais eram piores. Helia tinha uma voz esganiçada e um nariz parecido com um gancho, e tratava a rainha Sally quase como uma empregada. Já Gabe era, além de feio e arrogante – e fedido -, estranho. Percy nunca se sentia a vontade com ele por perto. Era como se estivesse constantemente desejando que o castelo explodisse e toda a família real morresse na tragédia. Certo, ele não tinha nenhum direito ao trono, mas algo nele era tão esquisito que Percy temia, de verdade, o fato de ele ser capaz de qualquer coisa para ter o que quisesse – seja lá o que for.

Gabe e o pai conversavam sobre política e economia. Ambas as mães pensavam em detalhes do casamento, e Nancy dava pitacos durante a conversa, algo que irritou até Percy. Ele imaginava em sua mente como ficaria um casamento onde cortinas vermelhas deveriam combinar com madrinhas vestidas de roxo e rosas amarelas espalhadas pelo chão. Com o resultado, Percy perdeu o apetite definitivamente.

Ele até tentou entrar na conversa do pai, mas não durou muito tempo. Gabe o fazia sentir um inexperiente, mesmo ele sabendo muito bem do que se tratava o assunto. Então, o príncipe desistiu de vez de tentar interagir. Apoiou a cabeça contra o punho e escolheu entregar-se à sua mente divagante. Porém, antes que pudesse pensar em quê imaginar, um rosto surgiu.

Era bronzeado, tinha cabelos loiros cacheados e olhos cinza como tempestades de verão. Com um susto, deu por si pensando na menina feita prisioneira a quem fora visitar no dia anterior. Não havia mais se lembrado dela até aquele momento, e até esquecera-se do modo estranho como ela o encarara após levantar o véu. O mesmo modo como ela o fez durante o julgamento. Mas isso não o assustava, pelo contrário: o deixou profundamente curioso.

Algo naqueles olhos cinzentos lhe parecia vagamente familiar, como se devesse conhecê-la ou ao menos saber porquê ela estava ali. Ela também parecia não temer o fato da natureza real de Percy. Ela tinha um jeito inteligente e sagaz de ser, tão diferente de Nancy e de outras quaisquer meninas do reino. E ele conversara com ela apenas por alguns segundos, talvez um minuto. Desejou, do fundo do coração, vê-la de novo. Conversar com ela de novo, saber quem era e de onde vinha, e que boas novas trazia. E para onde ia. Queria vê-la, queria tê-la por perto, somente.

Uma cotovelada repentina o acordou de seus devaneios. Era Nancy, cutucando-o para que ele ouvisse a pergunta de sua mãe.

– Meu querido príncipe, está animado com o casamento?

Percy olhou para Helia, refletindo na pergunta por alguns segundos que causaram estranheza a todos os presentes. Era esquisita a ideia de casar-se em pouco menos de dois meses, e ter outra moça ocupando seus pensamentos mais internos.

– Ah, sim... claro, quer dizer... sim – ele gaguejou. Nancy lhe fez uma cara feia – como sempre fazia – e cortou a fala dele.

– É claro que estamos animados, mamãe – ela disse, jorrando falsidade pelos poros – Será o casamento do século, marcará o reinado de Percy. Todos os outros reis saberão, e suas filhas desejarão o mesmo para elas e...

– Certo, acho que todos nós entendemos, meu bem – interveio Paul, olhando para Percy com algo que beirava a dó.

Nancy pareceu satisfeita. Então, deu um sorriso zombeteiro para Percy, de criança que vai aprontar:

– Ah, querido, agora vamos ficar juntos, assim como você me pediu quando tínhamos seis anos!

O conde Gabe e sua esposa caíram na gargalhada. Paul e Sally olharam-se aturdidos, e Percy sentiu sua pele avermelhar-se de fúria. Sally pediu a ele, com o olhar, que tentasse se controlar, mas antes que ele pudesse reagir, a água da taça de Nancy espirrou com força em sua cara, borrando toda a sua maquiagem malfeita e encharcando seu vestido – algo incrível para a pouca quantidade de líquido que havia na taça prateada.

Nancy deu um grito agudo que perfurou o cérebro de Percy. Estavam ainda todos estáticos pelo que havia acontecido, mas logo começaram a rir. Dessa vez, o rei e a rainha também permitiram-se rir a vontade, e até Percy riu levemente, mas no fundo perguntava-se como aquilo haveria de ter acontecido. Ele apenas olhara para taça dela, nada demais.

Talvez apenas uma coincidência. Sim, apenas isso. Helia tentava limpar a maquiagem da filha, que continuava a gritar irritantemente. Os olhos de Percy encontraram os de sua mãe, e ela ria, mas sua risada morreu aos poucos. Seus olhos castanhos pousaram na taça e depois em Percy, e ela engoliu em seco.

Percy franziu o cenho. Mas foi apenas uma coincidência, mãe.


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Notas finais do capítulo

Té sexta, gente :D