Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 30
Sobrevivendo a Seus Iguais


Notas iniciais do capítulo

Título ruim, bléh.
Oi lind@s!
Chegamos aos 200 reviews! Awn ♥ !
Perdoem a demora, mas estou estudando pra minha semana de provas e a querida Física está tirando meu sono, rs.
Sem contar que nesse cap eu tinha de apresentar nosso querido CHB, e por isso tentei caprichar - FAIL.
Bem, aproveitem. Não é um cap OHHHH mas eu estou sem inspiração D:
P.S.: Preguiça de revisar, então já sabem. Ignorem erros.
P.P.S.: CAP 30! UHULES o/ -not.



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I’m sorry

Nothing can hold me

I adore you still

But I hear them calling

And nothing can hold me

~ Swimming Home

.

.

Percy correu por anos. Correu milhas e milhas. Ou, ao menos era o que parecia.

Annabeth era mais leve do que ele imaginava, mas isso não tornou as coisas mais fáceis. Suas pernas estavam pesadas de lama e a chuva distorcia o caminho. A coruja à sua frente voava em velocidade máxima tentando apontar a melhor trilha, e Percy sofria para acompanhá-la. Tropeçava nas pedras e escorregava na terra molhada, sentindo cada músculo e hematoma gritar de dor. Mas, o que importava? Ele carregava nos braços uma vida quase perdida.

Todo tipo de pensamento atravessava sua mente. Agora no reino todos sabiam de sua natureza, e sua mãe suportava terríveis afrontas. Fritz não deixaria que isso fosse tratado de forma simples. Seu pai estava doente; talvez até mesmo morto. Quem estaria governando? Dern Castellan? E Rachel, estaria sendo torturada? Será que o odiavam, será que o povo queria sua morte?

Doía correr como um fugitivo, como um desonrado, mas nesse momento era exatamente o que Percy fazia. Engolia o medo, o choro e a culpa e corria, corria, corria.

Quando as forças de seus braços começaram a falhar e ele ameaçou desistir, a coruja diminuiu a velocidade. Percy já havia parado de correr e agora apenas dava passos largos e desestabilizados. Em pouco tempo, estaria quase tão desacordado quanto Annabeth.

À frente, ele viu um monte alto. Na escuridão da noite não pôde defini-lo muito bem, e a dor que sentia o impediu de observar com atenção. Mas, era um monte curioso. Erguia-se dentre as árvores, e era mais alto do que os outros ao redor. Percy iria desviar dele, mas a coruja voou em sentido contrário – voou para o monte. O menino parou, cansado e olhando para a subida com uma expressão chocada. Não tinha certeza se conseguiria escalá-lo, considerando todos os seus ferimentos e uma Annabeth adormecida.

Como a coruja era tão teimosa quanto ele, Percy não teve escolha. Com um suspiro exausto, ele cravou uma das mãos na terra e pôs-se a subir devagar. A grama, molhada e escorregadia, era um obstáculo gigante, tanto quanto a dor lancinante que sentia embaixo das costelas esquerdas. No frio da noite, a única coisa que o esquentava era o sangue que vertia daquele corte.

Com os pensamentos perdidos e confusos em sua mente, mal percebeu quando o monte findava-se. Percy apoiou o braço sobre o topo do monte e, com um esforço cuidadoso, ergueu Annabeth e a deitou ali. Logo, ele arrastou-se com dificuldade e se sentou. De onde estava, conseguia ver – embora tivesse a visão desfocada pelo sono – pequenas construções espalhadas por uma região que alcançava o curso do rio.

Piscou os olhos algumas vezes, com medo de estar tendo uma miragem ou algo parecido, mas suas desconfianças cessaram quando a coruja pousou ao seu lado. Como ela não indicava mais nenhum caminho a ser seguido, Percy concluiu que a viagem, enfim, havia acabado.

Permitiu-se sorrir por um breve segundo, antes de tomar mais uma vez Annabeth nos braços. Agora, ela já estava totalmente pálida e respirava superficialmente. Percy pensou nos guardas feridos que deixara para trás e que poderiam segui-los, e por isso encheu-se de uma determinação frágil e desceu o monte.

Conforme alcançava o fim da descida, começou a ouvir vozes e cochichos. Isso o fez parar bruscamente, com um pensamento que congelou seu coração: ele era o príncipe. Natalie.

Balançou a cabeça e continuou, voltando toda sua atenção em salvar Annabeth e a si mesmo. Ambos estavam machucados, famintos e cansados. Se desejassem matá-lo, que o fizessem; mas antes ele chegaria até o fim daquela viagem na qual Annabeth tanto se empenhara.

A escuridão permaneceu até ele tocar o chão, ao fim da descida. Quando seus passos provavelmente foram ouvidos, archotes acenderam-se. A luz do fogo tremulou em um ponto distante, e logo outra chama acendeu-se mais perto dele. As duas luzes movimentaram-se, e Percy viu os rostos que carregavam os archotes em sua direção.

Eram adolescentes como ele, talvez mais novos. Tinham as sobrancelhas franzidas em desconfiança e usavam uma armadura e um capacete que cobria a metade debaixo de suas faces. Um alarme soou, bastante parecido com o alarme de guerra do reino. Percy sentiu que havia acordado todo o Acampamento, e então parou. Sua perna direita falhou, fazendo-o cair de cansaço sobre um joelho. Ele estava abraçado a Annabeth, como se isso pudesse mantê-la viva.

O archote chegou perto do seu rosto. Ao lado da chama, dois olhos castanhos arregalaram-se de repente.

Diga de uma vez quem é, Thomas! – uma voz impaciente de menina ordenou. Percy percebeu que deveria estar um tanto irreconhecível.

O semideus que segurava o archote tirou o capacete subitamente, e encarou Percy assustado. Ele tinha uma pele branca salpicada de sardas, e a boca estava aberta em exasperação.

– É... é... é o príncipe! – anunciou.

O círculo que se formou ao redor passou a cochichar entre si, e alguns gritos foram ouvidos, além de um “deuses, vieram nos atacar!”.

– Calem a boca, seus estúpidos – a mesma menina repetiu. Ela veio para perto e empurrou Thomas para o lado com força. Aproximou o rosto ao de Percy, examinando-o com olhos superiores. – Isso é ridículo. Este aqui é apenas um fracote que...

Sua fala foi interrompida quando ela ergueu a cabeça de Percy com a mão direita, reconhecendo-o. Ao contrário do garoto, porém, ela não se assustou. Alternou olhares entre ele e Annabeth, e sua expressão escureceu gradativamente. A menina subitamente agarrou Percy pelo colarinho rasgado, grudando seu nariz ao dele.

O que você faz aqui, seu maldito? – vociferou, com o capacete tornando sua voz abafada.

Percy não soube o que dizer por alguns segundos. Enquanto isso, a pergunta da garota pareceu como que um aval aos outros semideuses, pois Percy ouviu espadas sendo retiradas de bainhas.

– Clarisse, solte-o! Ele carrega Annabeth! – outra menina disse.

– Então venha buscar sua irmãzinha morta, que o príncipe fez questão de trazer-lhe pessoalmente – respondeu a garota, que deveria se chamar Clarisse. – Mas ele eu não solto, pois tenho um assunto pra tratar com a realeza.

Percy foi segurado pelos braços e alguns semideuses levaram Annabeth para longe. A fraqueza que sentia o impediu de lutar contra os dois meninos fortes que o mantinham erguido no ar, mas mesmo assim Percy não amoleceu o olhar que dirigia aos semideuses.

Quando os irmãos de Annabeth foram embora, Clarisse sorriu maleficamente.

– Você tem uma única chance para falar o que quer, antes de morrer – decretou, apoiando a mão sobre o punho da espada. – E seja breve, pois terá muito que ouvir de nós. Ah, e não se preocupe com sua família. Mandaremos os pedaços de seu corpo quando acabarmos por aqui.

Percy molhou os lábios, antes de falar.

– Eu... eu... – percebeu, com um medo súbito, que não sabia o que dizer.

– Se você disser outra vez “eu”, mandarei cortar sua língua fora – avisou Clarisse¹.

– Parem imediatamente com isso – uma voz firme e estranhamente familiar ordenou. O círculo em volta de Percy abriu-se para dar passagem a um cavalo... com uma metade humana. Percy estreitou os olhos, achando que estava louco, mas era real: ele via um centauro. Fazia sentido, até aí, afinal já leu muito sobre centauros. Sua surpresa veio mesmo quando focalizou o rosto sereno de sacerdote Bernard.

– Soltem-no, agora – mandou. – Levem para a enfermaria², consigam comida e água. Chalé de Apolo, vocês tem mais dois para cuidar.

Ninguém se moveu por alguns segundos, até Clarisse gritar:

– O QUÊ?!

– Você ouviu, La Rue.

Ela respirou pesadamente, apontando com ódio para Percy.

– O senhor enlouqueceu?! Ele é o príncipe, o idiota que mandava todos os semideuses para a fogueira! Como pode simplesmente...

– Responda-me, Clarisse – interrompeu Bernard, com voz educada – quantos mortais você já viu atravessando a fronteira mágica do Acampamento?

Clarisse abriu a boca para responder, mas então pareceu dar-se conta do fato. Voltou seus olhos castanhos para Percy, como se o menino houvesse lhe dado um soco.

– Ele... e-ele... – ela gaguejou.

– Sim, Clarisse – disse Bernard. – O príncipe é um semideus. Por isso, devem recebê-lo gentilmente.

– Mas ele...

– Perseus não tinha culpa pela lei – defendeu o centauro. – E, além disso, Perseus é o Herói da profecia. Deem as boas-vindas a ele, e não se esqueçam do que pedi.

A correria começou no mesmo instante. Todos os semideuses afastaram-se para cumprir as ordens de Bernard, até mesmo os garotos que o seguravam. Restaram apenas Percy, Bernard e Clarisse.

Ela parecia indignada com a história, e pelo modo como manteve a mão sobre o punho da espada e os olhos fixos nele, Percy sentiu que ela o odiava muito mais do que antes.

Quando Clarisse também foi embora, Bernard sorriu-lhe.

– Graças aos deuses vocês chegaram – ele disse. – Por um momento, pensei que... - seu olhar pousou sobre a mancha de sangue na roupa de Percy, fazendo-o se calar. – Venha, vou levá-lo até os filhos de Apolo.

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– Meu nome real é Quíron – esclareceu o centauro. – Perdoe-me pela atuação no castelo. Foi necessário.

– Não se preocupe Ber... Quíron – respondeu Percy, deitado sobre uma cama improvisada. Ainda estava dolorido e bastante atordoado com tantas novas informações. Olhava para Bernard/Quíron com uma mistura de medo e curiosidade, e perguntava-se internamente o que fariam agora.

O sol do meio-dia brilhava janela afora, e o barulho de crianças conversando e espadas sendo brandidas ecoava no ar. Dentro do quarto pequeno onde estava, havia apenas uma mesa de madeira com pedaços de ambrosia e o desenho de uma lira dourada na parede.

– Como está Annabeth? – perguntou Percy, quebrando o silêncio.

Quíron suspirou, preocupado.

– Ela acordou logo pela manhã. Perguntou sobre você, e depois tomou uma taça de néctar.

– Então, ela está melhor?

– Nem tanto. Adormeceu minutos depois. Está bastante ferida.

– Está porque quis – retrucou Percy. – Não quis me ouvir, quando disse para correr.

– Annabeth é orgulhosa. Acostume-se.

– Ela quase morreu.

– Para salvar você, é o dever dela – considerou Quíron. Percy lhe encarou.

– E a ela? Quem salva?

Quíron calou-se por um tempo. Seu silêncio deixou Percy profundamente desconfortável.

– Descanse garoto – ele disse. – Você precisa. Caso Annabeth acorde, mandarei avisá-lo.

.

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Percy não aguentou ficar na cama o dia todo. Assim que se sentiu melhor, levantou-se com cuidado e saiu do pequeno hospital do Acampamento. Surgindo à porta, todos voltaram seus olhares para ele. Percy tentou ignorar o modo como era observado e deu alguns passos para fora.

Todos no Acampamento trajavam roupas alaranjadas, sendo vestidos longos para as meninas ou gibões rústicos para os meninos. Não se recordava de ter visto estas roupas antes, e imaginou que deveria ser algo importante ligado ao Acampamento, que faria os semideuses evitarem ser vistos usando-as.

Caminhou entre um anfiteatro e um lugar que se assemelhava ao Salão Real, exceto pelo número elevado de mesas de jantar a mais. Atravessou devagar – por causa das dores que ainda sentia – campos de treinamento de arco e flecha e lutas de espadas. Alcançou o estábulo e surpreendeu-se com a quantia de pégasos, e quão fortes e belos eram. Um dos animais o fez lembrar-se de Blackjack, o simples cavalo que tinha no reino. Perguntou-se se estaria sendo bem tratado, ou se já haviam sacrificado.

Percy então chegou a um lugar onde existiam várias casas pequenas que, juntas, formavam um U. Cada semideus chegava ou saía de determinada casa, e não entravam nas outras. Algumas estavam fechadas, enquanto outras estavam lotadas. Cada casa tinha um modelo diferente – desde uma fachada de pedras até um telhado coberto por grama. Porém, o que mais o cativou foi um chalé que cheirava a mar.

Era uma construção baixa e alongada, de fachada simples e decorada com conchas. Atrás, Percy sabia existir uma montanha parecida com o Pico Inglês, de onde teria uma visão do mar. A imponência que a casa ostentava lhe provocou leves arrepios.

– Este poderia ser seu chalé – a voz de Annabeth disse ao seu lado. Ela também observava a construção, e estava coberta por curativos.

– Meu o quê?

– Chalé. Um tipo de construção, talvez você não conheça. Isso quer dizer que lá dentro existem apenas camas, para você e seus irmãos.

– Então... cada deus possui um... chalé para seus filhos – concluiu ele.

– Sim. Mas você só poderá ocupá-lo quando for reclamado por seu pai divino. Isso não significa que seu pai seria...

– ... o deus do mar – completou Percy. – Sei que não podemos dizer os nomes ao acaso. Minha mãe... me ensinou quando era pequeno.

Um breve silêncio se formou, até Annabeth voltar a falar.

– Obrigada.

– Sim?

– Obrigada – repetiu, contrariada. – Por... não ter me abandonado na floresta.

– Por que faria isso?

– Não sei – ela admitiu. – Talvez pensasse que eu o atrapalharia na volta, estando desmaiada. Mas, esqueça. Comeu alguma coisa? Não me refiro à ambrosia.

– Não – respondeu Percy, tentando não insistir no assunto que Annabeth havia encerrado. – Não sinto fome.

– Bem, isso é bom. Se as ninfas ainda servissem no refeitório, elas reclamariam por você não ter comido antes.

– Ninfas? Vocês tinham ninfas aqui?

– Sim – Annabeth deu de ombros. – Mas elas se juntaram aos sátiros e nos deixaram, e agora sofremos para arrumar comida para todos.

Annabeth era fria na hora de falar, mas Percy sabia o quanto deveria ser difícil. Pensou em toda a comida que lhe era servida no castelo, e uma pontada de culpa lhe cutucou, e incomodaria o resto do dia.

– Clarisse o irritou? – perguntou Annabeth, sarcástica.

– Desde ontem, não.

Ela riu baixinho.

– Não estranhe se ela cismar com você. É filha do deus da guerra.

– Hm... Hefesto?

Annabeth arregalou os olhos.

– Ares – corrigiu, e logo depois acrescentou: - E nunca mais confunda os dois, se não quiser acabar espetado em uma lança. Cuide com os nomes.

Percy assentiu rapidamente. Então, um menino de cabelos louros surgiu atrás deles, carregando algumas ervas.

– Perseus – ele disse, com certa reverência. – Michael o chama para trocarmos o curativo das costelas. E Quíron pediu que chamasse vocês para conversar em particular, assim que Percy estivesse pronto.

– Na Casa Grande? – pediu Annabeth. O menino assentiu.

– Quíron está conversando com o Sr D perto dos morangos, ele já estará lá.

– Certo, vamos – falou Percy. - Eu os encontro lá.

.

.

O curativo foi trocado com um pouco de ardência, mas já estava bem melhor. Michael Yew parecia bastante novo, mas era um excelente médico. Ele lhe contou que isso era uma característica recebida do pai divino, no seu caso, Apolo.

Percy saiu em direção à Casa Grande mancando. O novo curativo era um pouco mais incômodo, e por isso ele mantinha a mão sobre o ferimento, numa tentativa de diminuir a dor. Pensou em mergulhar, mas lembrou-se de Annabeth pedindo-lhe para manter em segredo suas proezas com a água, e por isso esqueceu a ideia.

A Casa Grande era uma enorme casa de madeira, com varandas e toda revestida com pedras. Percy aproximava-se quando viu Quíron por uma das janelas, e Annabeth já estava com ele. Antes de entrar, Percy ouviu com clareza um pedido que o deixou tenso:

– Annabeth, fique aqui depois que eu acabar e Percy tiver ido embora. Preciso conversar com você, a sós. É importante.


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Notas finais do capítulo

¹ Se alguém assistia Sunny entre Estrelas, talvez se lembre desse diálogo (exceto pela parte da língua ser cortada fora, haha) :D
² Desculpem pelo enfermaria. Faltou-me uma palavra melhor.
Clarisse dá o ar da graça. É meio difícil falar sobre uma chegada ao CHB e não inserir essa graça de pessoa /no. Desculpem de novo, mas eu não gosto dela (somente em raras exceções) então dificilmente vou torná-la legal LOL
Não se preocupem, Percabeth viverá. Eu sou boazinha, vai ficar tudo bem.
Até o próximo! :)