Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 29
Monstro que Sangra


Notas iniciais do capítulo

Oi gente! Tudo bem? Feliz Março! (que triste, meu mês acabou :c)
Fico feliz em informar-lhes que este é (finalmente) o último cap na floresta!
~le todos comemoram
E também por dizer que eu tinha terminado ele ontem mas segurei até hoje pra postar porque eu sou dumal e.e
Me perdoem pelas péssimas cenas de ação as quais não tenho dom para escrever .-.
Aproveitem!



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Annabeth acordou ao som de estocadas contra uma árvore.

Toc, toc, toc.

- Tente por cima, um pouco mais – a voz de Grover disse.

De Percy saíam apenas resmungos.

- Calma, você não está cortando a árvore fora, está apenas matando uma Fúria – lembrou-lhe o sátiro, mas Percy pareceu não se importar. As estocadas continuaram, em um ritmo violento e irritado.

Toc, toc.

Ela suspirou deitada sobre a relva verde. Abanou um mosquito que passou por seu rosto e piscou os olhos várias vezes. O sol ainda era um amontoado de raios pequenos e rosados no horizonte escuro, indicando que era bastante cedo. Quem diria que Percy levantaria antes dela? Então, Annabeth lembrou-se da conversa da noite anterior, e compreendeu que o menino provavelmente não dormiu a noite inteira.

Ela se levantou e caminhou silenciosa na direção dos dois. Grover acenou para ela, mas Percy mal percebeu sua presença.

- Bom dia, Percy.

Ele continuava concentrado em acertar a árvore, que já estava toda marcada com profundos sulcos de Anaklusmos.

Grover pigarreou. Percy olhou para ele, curioso, até o sátiro apontar com a cabeça para Annabeth. Percy virou-se para ela e corou.

- Oh, me desculpe – pediu urgentemente, como o príncipe que dificilmente deixaria de ser. – Não a vi, me perdoe.

Ela deu de ombros.

- Esqueça, não tem problema. Você... acordou cedo. Está tudo bem?

- Está – ele assentiu, um tanto nervoso, olhando para a espada.

- Você ao menos dormiu direito?

Ele a olhou surpreso.

- Você dormiu? – perguntou retoricamente. – Porque eu não consegui com tudo o que acontece ao mesmo tempo.

Houve um silêncio por parte de Annabeth, que suspirou perigosamente calma. Grover interveio:

- Na verdade, a culpa foi minha. Pelo menos, em parte – sorriu sem graça. – Disse-lhes que ia embora pela manhã, e por isso acordei antes. Mas vi Percy de olhos abertos e decidi perguntá-lo se ele treinava. Ele... ele descansou – garantiu a Annabeth.

Percy rolou os olhos. Annabeth lhe encarava aflita.

- Obrigada Grover – ela agradeceu. - Mas, não se preocupe conosco. Ainda hoje estaremos no Acampamento. E Percy treinava esgrima no castelo, se me lembro bem.

Percy voltou a estocar a árvore. Sua expressão era cansada e tinha olheiras escuras sob os olhos, mas seus golpes eram perfeitos, leves e rápidos. Talvez ele tenha percebido que Grover e Annabeth assistiam seu treinamento, e então parou. Olhou para Annabeth.

- Desculpe – murmurou a contragosto.

Annabeth sentiu aquela culpa que odiava sentir. Pousou a mão direita sobre o ombro dele.

- Não peça desculpas. Está tudo bem, lembra? – afirmou, sorrindo com pouca certeza sob o olhar desconfiado de Percy.

- Bem, creio que devo partir – anunciou Grover, juntando sua bolsa de couro cru. – Vou me afastar de vocês para que não volte a causar problemas, mas tenham cuidado com os outros grupos na floresta.

Percy e Annabeth sorriram para o sátiro.

- Obrigado, Grover – Percy disse, de forma sincera.

- Ajudou-nos muitíssimo – acrescentou Annabeth. – Talvez nos encontremos novamente?

Grover abria a boca para respondê-la, quando teve de se abaixar bruscamente. Uma coruja cinzenta passou raspando por sua cabeça, como se tentasse atacá-lo. Pousou levemente sobre um galho da árvore que era alvo de Percy e, de lá, ficou a fitar incansavelmente o sátiro e todos os seus movimentos.

- Acho que sei como encontrarão o caminho – ele disse, de olhos na ave e ansioso por ir embora. Então, olhou novamente para Annabeth. – Sim, talvez um dia... nos vejamos de novo – falou rapidamente.

Grover deu uma última olhada amedrontada para a coruja, que o seguia com os olhos, e acenou. Percy e Annabeth acenaram-lhe de volta, e ficaram olhando até que a figura desengonçada e engraçada de Grover desaparecesse dentre as árvores.

- Sua mãe está com pressa – comentou Percy quando Grover partiu, tentando manter a boa paz. A coruja pareceu entender e bateu as asas de onde estava.

- Sim – sorriu Annabeth, amistosa. – Vamos, ainda falta um bom pedaço.

.

.

Pelo resto do dia, caminharam, mas pouco conversaram. Percy evitou voltar a falar sobre o pai doente, e Annabeth tentava mantê-lo distraído de preocupações. Em partes do caminho, quando paravam para descansar, Percy voltava a lutar contra uma árvore. Annabeth riu das primeiras vezes, mas depois passou a acompanhá-lo.

Fazia tempo que não treinava usando sua adaga, e viu o quanto isso lhe fez mal durante os quatro meses no castelo. Já Percy estava em completa forma, e não facilitava para ela. Sua espada era longa e parecia encaixar-se nele como parte de seu corpo, e Annabeth estava quase sempre sendo derrubada. Certa vez, ela estava cansada e fingiu jogar-se no chão, segurando com força a perna esquerda e gritando de dor. Percy baixou contracorrente e aproximou-se dela preocupado, mas Annabeth levantou-se num salto e apontou a adaga para o pescoço do príncipe.

- Atenção, Perseus – ela sorriu vitoriosa. – Inteligência também conta.

Quando a fome surgia, Percy e ela compartilhavam as frutas que Grover lhes dera, que agora eram guardadas em uma bolsa parecida com a do sátiro – um presente dele.

Em determinada altura do caminho, tiveram de se afastar do curso do rio, pois a trilha tornava-se tortuosa e difícil. A coruja, pairando de cima, muitas vezes desaparecia e voltava em poucos minutos, tentando encontrar um caminho seguro para eles, mas parecia não existir. Antes que pudessem imaginar, viram-se andando na estrada real, que cortava a floresta.

Apesar da tensão de estar literalmente andando em uma linha de alto risco, o caminho começava a parecer familiar a Annabeth. Quando viera da primeira vez a viagem fora mais curta, mas ao voltar com Percy, tiveram que dar a volta no Pico e acabaram demorando-se ainda mais.

Annabeth, ao reconhecer o caminho, inicialmente sorriu e comemorou com Percy, mas logo passou a sentir-se mal. Uma mistura de ansiedade e insegurança encheram seu estômago de borboletas, e ela teve de esforçar-se para manter-se firme no que estava fazendo.

Estavam andando há quase três horas quando as pernas doeram e escolheram parar. Annabeth olhou para o céu, e o sol já começava a se pôr novamente. Engoliu uma maldição, ao constatar que provavelmente levariam outro dia ainda para chegar ao Acampamento. Imaginou que Quíron provavelmente já teria chegado, com a rapidez de sua metade cavalo e notícias de Percy para os outros semideuses. Agora a demora a irritava, pois pensava que Quíron começaria a acreditar que teriam se perdido ou até mesmo morrido.

Ambos sentaram-se no chão, e Annabeth ainda usava a capa da invisibilidade que ganhara da mãe, Atena, mas apenas por cima dos ombros. Enquanto Percy alongava as pernas e respirava pesadamente o ar frio da floresta, Annabeth sentiu um desconforto. Já o vinha sentido há bastante tempo, desde que comera uma fruta estranha pela primeira vez. Agoniada, pediu a Percy que ficasse onde estava enquanto ela procuraria por água.

Percy protestou, mas ela preferia que ficasse onde estava. Seria breve, e do jeito que conhecia a impulsividade de Percy, temia que ele saísse em busca de água e não voltasse mais. Combinaram de se encontrar próximo a um chorão, distante alguns metros da estrada real e bom o suficiente para manter-se escondido. Annabeth lhe ofereceu a capa, mas Percy recusou.

Qual não foi a alegria de Annabeth ao encontrar água, em uma poça pequena, próxima dali. Juntou as mãos em uma concha e jogou sem medo a água contra o rosto. A água estava fria, mas Annabeth sentia que melhorava. A alergia que a fruta lhe provocara lhe deixou com manchas avermelhadas pelo rosto, conforme viu no reflexo da poça. Ainda estava enjoada e nauseada, mas lembrou-se de Percy sozinho. Pensou se seria imprudente deixá-lo lá, e então recolheu um pouco de água em um cantil que Grover lhe dera, feito de casca de coco, para levar para ele.

Seu reflexo tremeu na água, e Annabeth sentiu as pequenas e frias gotas de chuva cair em suas costas. O céu passou a escurecer lentamente, e um trovão sacudiu a terra. Annabeth cobriu-se com a capa tornando-se invisível e correu para o chorão.

Quanto mais chegava perto, mais o coração pesava dentro de si. Focalizou o chorão entre as gotas agora grossas da chuva, mas não encontrava Percy. Lembrou que estava invisível e, desesperada, passou a gritar seu nome, mas ninguém respondia.

- Percy! – chamou. – PERCY!

Gritou uma, duas, três, mil vezes o nome dele, mas ele não veio. A culpa atingiu-lhe como uma facada no peito, e ela sentiu que lágrimas começavam a brotar em seus olhos, deixando sua visão embaçada.

Tremia quase que involuntariamente, e a chuva a deixava atordoada. Sua tontura e enjoo a deixavam lenta, mas ela continuou chamando por ele, segurando com força o cabo dourado de sua adaga. Cansada, deu um ou dois passos para trás, olhando a sua volta, até tropeçar violentamente sobre uma pedra.

A adaga voou para longe, e a capa a descobriu. Annabeth arrastou-se na terra lamacenta atrás da adaga, até alcançá-la. Antes, porém, de se levantar, topou com o casco de um cavalo.

Ergueu a cabeça temerosa e preparada para o pior. Acima dela, pairava a imagem de um imponente e frio cavaleiro.

- Então, o que o povo diz é meia mentira – ele disse. – O príncipe está vivo, o que é verdade, e a menina também, ao que me parece – sorriu. Atrás dele surgiram outros quatro, montando os mesmos belos animais e fardados com as roupas azuis e brancas do reino Jackson.

Annabeth foi erguida do chão com força e sacudia-se teimosamente nos braços do homem, buscando com os olhos o príncipe. Encontrou-o sobre um dos animais, com uma expressão assustada no rosto, enquanto erguia com cuidado um pedaço de madeira de dentro da roupa, tencionando acertar o cavaleiro à sua frente na nuca. Annabeth balançou negativamente a cabeça em uma tentativa desesperada de evitar que Percy fizesse qualquer besteira.

Com tanta movimentação, um guarda só não pôde segurá-la. Ela conseguiu um pouco de espaço e, num último ato, chutou estabanadamente o ar, acertando o cavalo do guarda que antes lhe falava. O cavalo, assustado, empinou e relinchou. Os olhos verdes de Percy arregalaram-se subitamente, e então ele os fechou. Dois segundos depois, todos os cavalos passaram a balançar a cabeça e empinar, exceto o que Percy montava.

O guarda, provavelmente o líder do grupo, amaldiçoava e gritava com o animal, mas não o domava. Dois dos cavalos correram, e os outros derrubaram de cima deles seus cavaleiros. O guarda que segurava Annabeth a soltou assustado e correu na direção de seu cavalo.

Percy abriu os olhos e deu um sorriso travesso. Annabeth ainda recuperava-se do susto, quando um dos homens falou:

- Aqui! Eles estão aqui!

Annabeth olhou para Percy pálida, e o menino a ajudou a subir no cavalo manso. Ele bateu as rédeas do animal e este desatou a correr, mas não foi suficiente. Muito próximo deles ouvia-se o trote de mais cavaleiros, e Annabeth sabia que em pouco tempo os alcançariam.

- Como você se meteu nisso? – ela gritou raivosa atrás de Percy.

- Não acho a melhor hora para discutir – ele devolveu, de olhos fixos no voo rápido da coruja, que agora voava sob tom de urgência.

- Percy, eles vão... – dizia Annabeth, olhando por cima do ombro, quando Percy a interrompeu:

- Calma, calma! – ele gritava, com os músculos tensos. – Vai dar tempo, vai dar tempo – repetia, como se o ajudasse a se manter forte.

Annabeth olhou novamente para frente, mas era tão horrível quanto olhar para trás. A velocidade do cavalo transformava a paisagem em borrões indefinidos que, somados à chuva, tornava-se praticamente impossível de definir. Os fortes galopes do animal contra o chão começaram a piorar o estado de Annabeth, deixando-a cada vez mais e mais enjoada. Em pouco tempo, não conseguiria mais continuar.

Abraçou-se a Percy e afundou o rosto contra as costas dele, tentando ignorar a tontura e medo que sentia. Atrás dela, Annabeth ainda ouvia o som de vários cavalos muito próximos a eles, e a tensão a deixava ainda mais assustada.

Quando o cavalo de um salto para passar por cima de um pequeno desnível, um forte empurrão foi sentido no lado direito. O cavalo foi jogado para a esquerda e caiu sem vida. De seu lombo emergia uma flecha comprida, que fez brotar uma vertente de sangue.

Percy e Annabeth foram jogados ainda mais longe, batendo com força contra a pedra de uma encosta. Annabeth ergueu a cabeça zonza, e os sons pareceram abafados. Não ouviu Percy chamando-a, por isso o menino teve de puxá-la pelas mãos para que pudessem sair dali juntos.

Annabeth tropeçava a cada dois passos, e Percy ajudava-a a caminhar debaixo da chuva torrencial. Ela havia perdido totalmente o foco e o mundo parecia girar rapidamente à sua volta. Quando começou a retornar ao estado normal, encontrou a si mesma e a Percy cercados por inúmeros cavaleiros, que mantinham armas apontadas para os dois.

Ela ainda apoiava-se sobre Percy, quando uma figura baixa em um alto cavalo branco cortou caminho entre os outros soldados. Annabeth quase perdeu o equilíbrio novamente quando o reconheceu, de cima de toda sua arrogância e crueldade.

- A paz seja convosco, queridos – a voz de Fritz era carregada de sarcasmo e desprezo. – Ou, talvez não.

A mão de Percy fechou-se em um punho, e Annabeth deu um passo vacilante à frente. Ela ainda era a guardiã, e não permitiria que mal nenhum chegasse até Percy.

- É a mim que buscam – ela disse, sentindo o estômago revirar-se e reclamar dentro dela. – Levem-me, mas Percy é um príncipe, e não deve obrigá-lo a retornar convosco.

Fritz deu um risinho falso, como se julgasse a atitude de Annabeth infantil.

- É claro que a levaremos, criatura diabólica – vociferou ele. – Mas não queimará sozinha na fogueira desta noite – seus olhos pálidos e frios pousaram sobre Percy, e o sorriso de Fritz assemelhava-se ao de uma cobra sibilante.

Annabeth continuava como um escudo entre Percy e Fritz. Ergueu sua adaga instintivamente, mas, com ódio, lembrou que não feriria o homem mortal – embora ele não parecesse um. Antes que pudesse raciocinar, Percy gritou atrás dela.

- Basta! Não tolerarei tamanha estupidez, sacerdote – falou gravemente Percy. – Deixe-me passar – ordenou, com um tom de ameaça.

- Não adianta, senhor – respondeu Fritz. – É tarde demais. Todos no reino sabem o que você é, e inclusive a senhora sua mãe já pagou por isso.

- Deixe-me... passar – repetiu Percy friamente.

Fritz deu um passo à frente com o cavalo.

- Homens, prendam-no... – Fritz encerrava a frase quando seu cavalo empinou e ele foi jogado de costas contra o chão. Annabeth sabia que era novamente Percy falando com os cavalos, mas não sabia exatamente o que ele pretendia, até o menino dar um grito de guerra.

- Rááááá – ele avançou na direção do sacerdote, sendo cercado ainda mais de perto pelo outros soldados. A coruja desceu em um rasante e bateu contra o rosto desprotegido de um dos homens. Annabeth pegou a espada do homem atacado pela coruja e a brandiu contra os outros.

Quando viu Percy novamente, ele erguia Anaklusmos e a mirava no sacerdote que ainda estava deitado no chão. Annabeth gritou “Percy, não!”, acreditando que a arma não machucaria o velho e que Percy houvesse se esquecido disto, mas o menino desceu a espada mesmo assim e a transpassou por Fritz.

Ouviu-se um grito, e Fritz ergueu-se com um corte profundo no braço direito, onde Percy havia lhe atacado, porém sem muita precisão. Os olhos de Annabeth arregalaram-se ao ver o sangue escorrendo do filete que Percy lhe deixara.

Entretanto, não teve tempo de raciocinar. Ao grito do sacerdote, os homens avançaram terrivelmente contra Percy e Annabeth. Percy largou Anaklusmos e empurrou um cavalo, roubando a espada de seu cavaleiro. Agora, ambos lutavam sozinhos contra aproximadamente vinte homens armados, e Annabeth temia que não aguentasse muito tempo.

A tontura a tomava e a deixava desnorteada, atacando o que quer que fosse que estivesse a sua frente. Em um momento, quase decepou o próprio Percy, se o menino não tivesse se abaixado no momento exato. Derrubou alguns homens, mas a espada que usava era pesada e ela não tinha a habilidade de manejá-la como tinha com sua adaga.

Percy, porém, lutava bravamente, com as costas coladas às de Annabeth. Usava ao mesmo tempo sua influência sobre os cavalos, o que confundia os soldados. Fritz gritava de dor, atirado contra o chão, com seu corte suspeito a verter sangue vermelho, comum.

De tempos em tempos Annabeth recuperava o equilíbrio e acertava o golpe, mas as coisas pioraram drasticamente quando recebeu um corte nas costelas direitas. Contorceu-se de dor e caiu de joelhos ao chão, respirando com dificuldade. Percy não tinha tempo de socorrê-la, então ela movimentava-se com uma dor aguda a latejar em seu corpo.

O homem que a atacara ergueu sua espada acima da cabeça para matá-la, mas foi impedido pela coruja, que voou de encontro ao seu capacete. O homem batia as mãos ao ar, tentando afastar a ave, quando Annabeth levantou sua espada e o acertou na perna. O homem caiu e ela então cravou friamente a arma na barriga dele.

O esforço, entretanto, a fazia quase delirar. Annabeth via Percy cansado, ainda lidando com três ou quatro soldados, quando chamou por ele. Percy veio recuando, brandindo a espada e dando estocadas vez ou outra contra os adversários, até alcançá-la. Derrubou um dos homens, e então um cavalo interpôs-se na briga. Durante a distração causada, Percy ergueu Annabeth pelos braços e afastava-se com ela, que mancava.

Um relinche doloroso se ouviu e ambos souberam que o cavalo foi morto. Annabeth olhou para trás rapidamente, e viu que um dos dois soldados restantes estava mais perto do que Percy julgara, e mantinha a espada ao ar, e agora descia com ela sobre as costas descobertas do príncipe.

Em um súbito ato de desespero, Annabeth desvencilhou-se do apoio do menino e desferiu a espada que carregava consigo contra o homem, quase o cortando ao meio. Percy virou-se no minuto preciso e deu cabo do último cavaleiro real.

Annabeth caiu ao chão desmaiada, com a dor do corte a queimar como fogo cada parte de seu corpo e pensamentos. Tremia violentamente de frio e a chuva a cobria, cada vez mais pesada. Antes de entregar-se por completo à inconsciência, acreditando fielmente que seu trabalho como guardiã do herói havia chegado ao fim, sentiu duas mãos sob suas costas arrastando-a com cuidado pela relva molhada e pedregosa.

Então ela suspirou fracamente, e tudo escureceu.


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Notas finais do capítulo

Por incrível que pareça não tenho nada legal (ou não) pra dizer aqui... Exceto, talvez por eu ter tido a triste descoberta que Poseidon não pode ter filhas.
Anyway, até o próximo!
φιλιά!
.
(quero ver alguém descobrir que idioma é esse u.u)