Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 3
Justa Seleção?


Notas iniciais do capítulo

Oie õ/
Não sei, não gostei tanto desse capítulo quanto pensei que gostaria, mas está aí.
Digam se ficou ruim, please xD



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A fogueira já crepitava sob o pôr do sol quando Annabeth chegou, atrasada e com um livro embaixo do braço.

Os bancos ao redor da fogueira estavam cheios e todos os olhares voltaram-se para ela assim que ela apareceu. Constrangida, Annabeth ergueu timidamente o vestido para pular a montanha de galhos secos próximos aos bancos e sentou-se ao lado de Cassie.

Quando ela pensava que ninguém mais se importava de ela ter se atrasado de novo, Dioniso fez o favor de recordar.

— Senhorita... Chase? — Ele não tirava os olhos da taça de vinho à sua frente, falando com preguiça. — Será você, querida? Atrasada? — Sua ironia era feroz. — Não me diga! É sempre tão pontual.

— Dioniso, deixe a menina em paz — retrucou Ártemis ao seu lado, então virou-se para Annabeth. — Tenho certeza de que não o fez por mal.

Annabeth sorriu e negou com a cabeça, mas Dioniso balançou a mão de uma forma irritante.

— Ah, da mesma forma como ela não quis chamar a atenção dos soldados na semana passada? Estou lhe dizendo — ele apontou um dedo para a deusa —, se algo acontecer a eles, não vou fazer esforços para salvá-los.

A expressão doce de Ártemis desapareceu.

— São ordens de Zeus, Dioniso — ela falou secamente. — É sua obrigação cuidar do Acampamento Secreto. Estou aqui apenas por causa de minhas caçadoras.

— E não vejo a hora de você ir embora. Pelo menos sei que boa parte dessas menininhas você levará consigo.

— Por favor, senhores, poderíamos começar? — interrompeu Nick, o filho cantor de Apolo. — Logo ficará tarde demais para fogueiras, e assim não poderemos homenagear os...

— Certo, comece de uma vez — cortou Dioniso. — Sei que nenhum de vocês cantará pra mim, mesmo.

O Acampamento ficou em silêncio. Dioniso não transparecia, mas todos sabiam que, por trás daquelas palavras, existia a dor da perda de seu único filho, Castor, que fora queimado vivo há nove meses, em uma investida da corte contra toda espécie de semideuses no território inglês.

Ele era o único que homenageava Dioniso.

Mas aquela noite era especial. Se o Acampamento ainda possuísse seu Oráculo, as coisas seriam bem mais fáceis. No entanto, com a morte da última hospedeira, o Oráculo desapareceu.

Segundo os Antigos Escritos, naquele dia era comemorado o memorial em lembrança dos semideuses sacrificados em campo de batalha na última guerra dos Cento e Vinte Anos, e também por todas as outras. Todos ali sabiam que uma nova guerra se aproximava, mas sem o Oráculo por perto, era difícil dizer quem seria o escolhido para proteger o novo herói.

Tudo dependia de um sinal dos deuses agora, e isso não acontecia.

Annabeth cantava distraída a canção, imaginando a si mesma como a heroína da lenda. Ela era a mais inteligente ali, e sabia que era capaz de guiar o povo meio-sangue, mas perguntava-se quem seria sua Mão.

A lenda se constitui por uma Mão de ajuda, uma proteção que deve encontrar o líder da batalha. Annabeth não tinha certeza de como isso aconteceria, e temia não estarem prontos para quando a guerra começasse.

A canção era entoada baixo, sem chamar muito a atenção de quem estava longe. Apesar de procurarem lugares longínquos para se instalarem, a guarda real estava sempre no rastro dos semideuses. E as fronteiras mágicas, que tornavam o Acampamento invisível aos olhos mortais e de monstros, podiam garantir proteção, mas não garantiam a alimentação. Os meio-sangues plantavam e caçavam, no entanto a terra era infértil e os tempos eram difíceis. Afastar-se do Acampamento era comum, mas o real problema eram os monstros que atraíam os semideuses e os deixavam expostos aos guardas.

A última morte constatada pelo Acampamento Secreto fora de Laura Diher, filha de Deméter, há só duas semanas.

Sem ela, havia apenas mais três filhas de Deméter, que estavam constantemente cansadas por usarem seus poderes para tratarem a terra. Em todo o Acampamento, havia poucos semideuses. Isso era preocupante, pois uma guerra era esperada e baixos números de soldados não era favorável. Em suas orações, Annabeth pedia que, fosse ela ou não, o herói tinha de aparecer o mais cedo possível.

Quando a cerimônia de homenagens chegava ao fim, o sol já havia se posto. Todos se colocavam em pé e dirigiam-se às suas barracas: belas construções gregas, doze no total, sendo cada uma dedicada a um deus, e feita para seus filhos. Quem olhava de fora nada via, mas quem estava dentro era capaz de contemplar um belo lugar.

Pelo que Annabeth conhecia, o Acampamento sempre fora farto e colorido, proporcionando proteção e cuidado a todos os meio-sangues. Sendo assim, ela entendia que o Acampamento nunca conhecera tempos tão maus quanto o que eles viviam.

Annabeth já estava de costas para a fogueira, quando uma mão tocou seu ombro. Ela se virou de repente, sem nem pensar direito, encontrando apenas o rosto amável de Ártemis.

— Precisamos conversar, querida.

Ela levou Annabeth até a Base, uma construção de dois andares verde, onde dormiam Dioniso, o antigo Oráculo e Quíron, que partiu em uma missão e ainda não retornara.

Ambas sentaram-se em uma mesa branca na varanda da Base, e Ártemis parecia apreensiva para começar a falar.

— O que houve, senhora? — perguntou Annabeth, percebendo o nervosismo da deusa.

— Você, Annabeth, com certeza notou como as coisas estão difíceis.

— É claro, senhora.

— Enfim... eu parto amanhã, ao meio-dia, e me sinto terrivelmente culpada por deixá-los nessa situação. O Olimpo parece não mandar notícias, e...

— E...? — instigou Annabeth, erguendo as sobrancelhas.

Ártemis segurou as mãos da semideusa nas suas.

— Preciso que você encontre nosso herói. Já passa da hora.

Annabeth arregalou os olhos.

— O quê? Ele... vocês... j-já sabiam que ele... existia?

Ártemis baixou os olhos para a mesa antes de responder.

— Sim.

— E porque não escolheram de uma vez a mão?

— Há algo errado, não sei dizer — Ártemis justificou.

— Como não? Tem contato direto com os deuses! — injuriou-se Annabeth.

— Não é tão simples quanto parece — a deusa respondeu, fria. — Sabes muito bem que as relações do Olimpo são... complicadas.

Annabeth soltou suas mãos e tampou o rosto, soltando o ar pela boca.

— Não posso, não posso fazer isso. Não é justo.

— Por que não?

— Estão me escolhendo porque não existe outra opção.

— Não pode ter certeza.

— Sempre pensei que... que me preparariam, me ensinariam se eu fosse selecionada... tenho pavor de mortais. Meu pai me odiava, quem dirá esses outros?

— Isso está abaixo de sua missão. O que os outros farão não é o que você busca saber.

— Posso morrer! Quer que eu fique feliz em ser enviada para lá, assim, de repente?

— Deve — retrucou Ártemis. — Você é, sim, capacitada, e saberá se virar lá fora sem mim.

Annabeth abriu uma fresta entre os dedos para enxergar a deusa. Pensou em dizer alguma coisa, mas não o fez. Ela respirou fundo, colocou as mãos sobre a mesa e ficou em silêncio por um longo tempo. A alegria e o orgulho tinham um lugar, sim, em sua mente. Sempre esperara por um dia parecido, mas quando as coisas acontecem, é muito mais difícil assimilar tudo. É confuso no início, assustador, e perguntas nunca antes feitas surgem. Uma briga nascia: seu coração estava em festa, mas sua mente não via coisas boas. Que sensação terrível!

— Então... todo esse tempo... eu sempre fui a Mão?

— Não se sabe até ela ser escolhida — respondeu Ártemis, mais doce. — Tenho orgulho de você. Sei que não nos decepcionará. Atena a guiará até nosso herói, e a partir de então, é com você. Deve estar sempre de olhos postos nele, fazendo dos passos dele os seus.

 


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