Guardiã do Rei escrita por Miss America


Capítulo 10
Ela é Desastrada


Notas iniciais do capítulo

não gosti do título do cap., mas tô com sono pra pensar em um melhor.
OIEEEE
Antes de mais nada, perdão pela demora. Mudei de escola, fui obrigada a estudar conteúdos totalmente diferentes do que eu estava aprendendo - sem contar que não gostei da escola nova U_U - e ainda, na outra sexta, quando deveria ter postado, estava estudando pra uma prova que valia uma bolsa de estudos em um colégio particular.
Mil perdões gente, sério mesmo. Nem vou contar tudo o que aconteceu de mais nessa semana, mas basta saber que vocês me amam e me perdoam (VOCÊS ME AMAM, NÉ? '-')
Eu ia fazer tipo uma mini FAQ com as perguntas que recebo nos reviews fofos que vcs mandam, mas tô quase dormindo em pé - estando sentada, FUCK LOGIC - e só vim dar um oi geral ae.
Ah, e MUITO OBRIGADA À MINHA PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO, VALEU MESMO, QUASE CHOREI DE EMOÇÃO, QUERIA FAZER UM BOLO E COMEMORAR -sqn
Mas sério, valeu mesmo >



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E lá estava Percy, olhando para suas próprias mãos, sentado no telhado mais alto do castelo contrariando tudo o que sua mãe sempre lhe pedira.

Quando lembrou-se da cara irritada de Nancy, toda molhada e sua maquiagem ridícula desfeita com a água da taça e de suas próprias lágrimas, olhando para o mordomo e respirando pesadamente, não evitou um sorriso lateral. O pobre do senhor de cabeça branca, que, desde que Percy conhecia-se por gente, sempre tivera aquele rosto de cem anos, não compreendeu inicialmente do que se tratava.

Com a mão em punho ela socou a mesa, deu outro berro demitindo o senhor, mas o rei Paul interveio e pediu que se acalmasse. Era impossível que a água pudesse ter sido erguida contra seu rosto, ainda mais por culpa de um velho. Ao ser contrariada, Nancy ergueu-se da cadeira e, antes de deixar a sala, tentou beijar Percy nos lábios, mas encostou apenas em sua bochecha quando o menino virou-lhe o rosto, assustado com sua maquiagem derretida.

Suas sardas e seu cabelo vermelho atribuíram-lhe uma expressão hilária, e Percy só não caía em soltas gargalhadas por culpa do olhar transtornado de sua mãe. A rainha Sally passou a dar leves e amarelas risadinhas constrangidas, e, para abrandar a situação constrangedora, escolheu acompanhar a família Bobofit pessoalmente até o portão do castelo.

Quando deixou Percy e o rei Paul a sós, o menino não se conteve.

– Pai, o que a mãe tem?

O rei tinha as bochechas vermelhas e ria como um menino, e então limpou as lágrimas do rosto e pensou um pouco.

– Do que está falando, garoto?

– Ora, o senhor deve ter apercebido. Mamãe pareceu...

– ... uma dama ao ignorar o acidente. Querido, as mulheres têm esses dons de dissimulação – então o rei deu uma risadinha sarcástica – E agora, percebo que também podem assustar até a água quando estão feias – e riu novamente.

Percy desprendeu-se por um momento de sua pergunta para rir com ele. Pensou consigo mesmo se não estaria vendo coisas, mas a resposta de seu pai sobre “assustar a água”, como se esta pudesse ser controlada, o instigou.

– Não venha a crer que estou enlouquecendo... mas, a água... ela, hã, realmente... saltou para o rosto dela?

Rei Paul deixou a risada morrer lentamente. Suspirou e refletiu por alguns segundos.

– Apenas se houverem poderes sobrenaturais para fazer isso – ele retrucou, como se tratasse de algo estúpido – o que, sabemos, não existe.

Percy retraiu-se, então falou:

– Alguns povoados acreditam que há um deus que controla as águas. Ele é do tipo que pode ter filhos?

Paul olhou seriamente para Percy.

– Onde ouviste isso?

– Ora, nos arredores da cidade.

Ele analisou o filho por alguns segundos, então balançou a mão.

– Ah, isto é um absurdo. Esse deus não pode ter filhos. E mesmo se tivesse, ele já está morto.

Percy estremeceu.

– Como sabe?

Paul gaguejou, e então foi salvo pela volta de Sally à mesa.

– Querida, explique ao nosso filho que as águas não podem mais serem controladas.

Sally alternou um olhar curioso para o marido e para o filho, tentando entender o tipo de conversa que houvera em sua ausência.

– Bem... alguns deuses são realmente antigos, e possuíam esses poderes. Mas agora foram sepultados pelo tempo e já não vivem. Os que ainda estão vivos já não fazem mais filhos, e... – sua expressão alterou-se - Percy, filho... vá para a cama. Este é um assunto inútil. Amanhã terá um dia cheio. O que viu... foi coisa de sua cabeça, deve estar com sono.

Percy enfureceu-se com a falta de informações.

– Não fazem mais filhos porque as crianças são mortas?

– Percy – a voz de Paul estava firme e séria – obedeça a sua mãe.



No outro dia, Percy levantou-se da cama em um salto. Na verdade, não dormira a noite toda, pois o sono havia se dissipado e o abandonara por completo. Olhou-se no espelho, e viu como era jovem. Pensou em todas as crianças que foram mortas apenas por terem nascido, e sentiu-se sujo por dentro, como se lhe fosse atribuído o dever de parar esta loucura.

Por todos os deuses, existindo ou não, Percy agradecia o fato de nenhum outro semideus ter sido encontrado até agora. Não deveria ser um fardo leve, Percy concluiu. Perguntou-se se era capaz de ser como eles. Sua mente não devolveu uma resposta.

Olhou em volta. Não sentia apetite para servir-se no café matinal, então optou por subir no telhado. Sua mãe detestava, dizendo que era perigoso aproximar-se tanto do céu. Mas ela não entendia o porquê dele gostar tanto de seu esconderijo secreto.

Lá, era o único lugar de onde tinha uma visão perfeita do mar.

Nunca tivera contato com aquela grande mancha azul. Sabia que a água era salgada e tudo mais por meio de seus professores, mas nada além de pura ciência para os jovens da corte. Sua mãe não lhe permitia aproximar-se de lá. Quando criança, fugiu do castelo para chegar perto daquela imensidão, mas assustou-se profundamente ao ver pequenos rostos femininos rindo para ele.

Um desejo genuíno de mergulhar apossou-se do garoto, mas os rostos lhe assombraram de tal forma que fez o pequeno Percy de seis anos voltar correndo para os braços preocupados e tensos da rainha Sally. Ele lhe contou sobre sua visita e sobre os rostos, mas nada sobre a vontade de mergulhar. Sally, primeiramente lhe fez uma cara de reprovação, mas conteve-se, pensando que Percy havia criado aversão ao mar, e nunca mais chegaria perto daquela água.

Pobre mulher.

Percy examinou suas mãos. Por um momento, teve vontade de estendê-las e erguer toda a água do mar, e quem sabe, do oceano. Riu, ao pensar que aquela pequena quantidade de água que espirrou na cara feia de Nancy pudesse ter sido obra daquele deus enterrado sob os anos. Desejou poder conversar com aquele ser, pedir-lhe para ensinar os segredos daquela misteriosa água que cobria o mundo e encobria tantos segredos. Então, parou de rir.

Não, ninguém deveria saber de seu afeto pelo líquido salgado. Nunca, jamais. Poderia ser taxado como louco ou simpatizante de semideuses, e seria queimado com eles nas chamas infernais que lhe iluminam os piores pesadelos. Sentiu-se covarde, porém, por não querer estar ali, com aquelas crianças. Por outro lado, odiava ser um mortal inútil que se casaria com alguém que não amava e continuaria com as mesmas leis idiotas.

Sua fúria o dominou, e ele pegou uma pedra e atirou com força de onde estava. A pedra voou livremente, ganhando asas pela primeira vez, e estatelou-se no pátio real do castelo, com um baque surdo imperceptível para Percy. Ali, ela repousou, em seu novo lar, esperando alguém dar-lhe asas outra vez.

Antes que Percy pudesse refletir uma analogia estúpida de sua vida com a aventura da pedra, uma ave cortou-lhe a visão. Um sorriso brotou em seus lábios, e um pensamento divertido lhe ocorreu, dentre tantos dolorosos: a coruja voltara, como fazia todas as manhãs. E viera ao seu encontro, exatamente onde estava. Todas as outras vezes, ela aparecia na janela e esperava ser acariciada, e, quem sabe, ganhar alguma recompensa. Depois partia em direção ao mar, sumindo, até que outro dia nascesse.

Percy aproximou-se dela, mas a ave, pousada no telhado, deu alguns passos para trás, o encarando. Ele entendeu de imediato a brincadeira, e continuou seguindo a pequena coruja acinzentada, rindo como criança e esquecendo suas crises existenciais por alguns minutos. Já havia percorrido quase todo o telhado que cobria a região dos quartos do castelo e aproximava-se da cozinha, quando a ave finalmente deu-lhe uma trégua. Aninhou docemente sua cabeça sob a mão de Percy, enquanto o menino massageava suas penas.

De onde estava, agora, Percy acompanhava o ritmo da cozinha, a parte menos elegante de todo o castelo real. Quando era menor, era ali que ficava, tendo seu segredo guardado pelo velho cuidador de cavalos, John, que lhe alcançava pacotes de bolacha, atirando-lhes para cima do telhado. Lembrando-se da cena, Percy riu e continuou observando a área, aguardando por mais lembranças divertidas, quando uma delas apareceu.

Mas não era exatamente a lembrança que esperava. Na janela da cozinha, uma menina de cabelos loiros, amarrados sob um pano pobre de uniforme, lhe observava como se houvesse visto um fantasma, e então um barulho agudo de porcelana se quebrando foi ouvido.


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Annabeth escondia-se atrás das pilhas de louça suja, evitando o olhar penetrante do velho Fritz. Engoliu uma maldição, com ódio da visita repentina do sacerdote, que de casual nada havia. Ela sabia de sua insistente desconfiança, e qualquer palavra dele era ouvida sem questionar. A reputação do sacerdote Fritz era, talvez, o que lhe tornava mais perigoso.

A rainha Sally, tão doce mulher, mal acordara e já fora das atenção ao velho. Educada e gentil, respondia-lhe todas as perguntas que Fritz fazia, nunca demonstrando insegurança ou algo do tipo. Annabeth vinha lhe observando há bastante tempo, procurando algo nela que denunciasse a natureza quase divina do filho, mas a rainha era tão discreta que era difícil afirmar qualquer coisa.

Quando Sally aumentou o tom de voz, para ser ouvida pelas empregadas, pediu que fosse servido chá de ervas doces para o sacerdote. O pedido fora direcionado à ignorante Taylor, mas esta jogara a responsabilidade em cima de Annabeth, depois de perceber o quanto a menina evitava o olhar do sacerdote.

– Vamos lá, novata – a empregada magricela e enrugada grasnou – sirva o sacerdote, é uma honra. Ou teme alguma coisa? Castigo vindo dos céus?

E riu descontroladamente.

Annabeth reprimiu suas palavras de ódio e preparou o chá, tendo, por alguns instantes, o desejo de cuspir dentro da xícara. Balançou a cabeça e decidiu-se focar no que estava fazendo.

Pegou a bandeja com força, e esta era tão pesada e ao mesmo tempo delicada que fizeram Annabeth tremular as mãos. Ignorou os risos das empregadas idiotas e pensou que havia amigos por ali – a velha gorda Meg e o cocheiro John. Era apenas um chá, afinal, e Annabeth o serviria sem hesitar.

Quando aproximou-se, desviou os olhos do olhar penetrante do sacerdote, curvando-se para a rainha e para ele timidamente, e apoiando a bandeja sobre a mesa pequena que havia na saleta da cozinha. Virou as costas para os dois para segurar o bule com firmeza e encher as taças.

– Não acredito – a rainha disse, indignada. – Chamei por Taylor, e mandaram a menina nova. Ela não tem experiência, estão aproveitando-se dela! – então um farfalhar de saias soou, mas Annabeth mantinha os olhos sobre o bule, tendo o máximo de cuidado para não quebrá-lo – Aguarde um momento, sacerdote Fritz, por favor. Devo ter uma conversa com minhas criadas, com licença.

Ao sair, pousou a mão no ombro de Annabeth com compaixão, e afastou-se, deixando a menina sozinha com o próprio demônio.

– Então – ele grunhiu, como sempre fazia – arrumou um emprego.

Ela não respondeu.

– Usou algum feitiço para convencer-lhes, bruxinha?

Annabeth inspirou longamente, mantendo os olhos na segunda xícara ainda não servida.

– Desculpe-me, senhor, mas não entendo o que tem contra mim.

O velho desdenhou.

– Não fale assim comigo, sabe que não me engana, garota – exprimiu a última palavra como se tivesse o gosto de uma fruta azeda.

– Perdoe-me, senhor, mas não deve agir assim. Já me confessei, e o senhor disse que eu tinha o perdão divino. Não há motivo para culpar-me.

Fritz não respondeu por alguns segundos. Annabeth não pode evitar um sorriso, e um agradecimento silencioso por ser filha da sabedoria, enquanto tantos outros colonizadores ignorantes acatariam tudo o que o sacerdote lhes dissesse, sem questionar.

– Não me engana, estou de olho em você. Lembre-se disso – repetiu ele estupidamente, e foi nesse momento que Annabeth rolou os olhos por tamanha estupidez e focou na janela. Segurando uma das xícaras na mão e o bule a outra, ficou a admirar uma coruja – a sua coruja – sendo acariciada... pelo príncipe. Sentiu um frio na espinha. Era como se fosse a última prova que sua mãe lhe daria que ele era quem Annabeth procurava, mesmo que ela não o quisesse admitir.

O velho Fritz resmungou alguma coisa irritantemente ao seu lado sobre apressar-se, e ao virar-se abruptadamente, Annabeth tropeçou no vestido e viu, com um desespero atrasado, seu bule e sua xícara tão preciosos alguns segundos antes agora voarem para cima do sacerdote.



Tudo aconteceu mais rápido do que se podia lembrar. Em uma fração de segundos, a xícara e o bule derramaram seu líquido fervente em cima do velho Fritz, arrancando-lhe um grito gutural, que arrepiou Annabeth e triplicou seu sentimento de culpa. A porcelana estilhaçou-se contra o piso e se fez em mil pedaços. A rainha surgiu apavorada na porta, seguida de todos os outros empregados.

O sacerdote berrava e sua roupa estava grudada à pele, e uma leve fumaça subia do tecido. A rainha alarmou a todos pedindo socorro em nome do velho, e Annabeth fora deixada de lado. Assustada, tentava recolher os cacos com as mãos trêmulas, quando sentiu o peso do olhar do sacerdote em suas costas. A rainha apenas lhe dirigiu um olhar de mãe, preocupada.

Annabeth correu os olhos pela janela uma última vez, mas o príncipe já não estava lá.


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Percy pulou os últimos quatro degraus que dirigiam à entrada da cozinha.

– Mãe, o que houve?

Sally tentou arquejar algumas palavras, mas foi encoberta pelos gritos do sacerdote. Percy presumiu que havia ocorrido uma séria queimadura, e ele seria levado até um dos quartos de hóspedes. Ofereceu-se para ajudar, mas sua mãe tinha outros planos. Com um olhar, mostrou o que havia atrás de si, e o deixou ali.

Percy deu alguns passos tímidos, perguntando por alguém. Não entendia, acreditava que todos teriam subido para ajudar o sacerdote. Mas antes de deixar a cozinha, Percy ouviu um suspiro e algumas palavras raivosas, vindas detrás de um sofá que cheirava fortemente a chá.

– Com licença...? – Percy aproximou-se.

Dois olhos grandes e cinzentos o inspecionaram. Percy os reconheceu, mas tentava disfarçar a alegria que a tarefa lhe dada produzia em si. A menina, a mesma menina... como poderia esquecer-se? Ela pôs-se em pé com cuidado, as mãos segurando vários cacos perigosos, e seus olhos estavam marejados.

– Desculpe-me, senh... – ela começou, mas foi interrompida.

– Não, não precisa desculpar-se – Percy disse docemente. – Isso acontece com frequência.

Na verdade jamais acontecera, mas ele não desejava que a menina sentisse culpa. O sacerdote Fritz sempre o fizera ter uma sensação de culpa, e não queria o mesmo para a moça.

Ela olhou em volta, ainda segurando os cacos, totalmente perdida. Parecia encantada com a visão de Percy, mas ao mesmo tempo transtornada. Ele tomou os cacos de suas mãos e os colocou sobre o sofá. A menina cobriu o rosto, claramente constrangida.

– Eu... ah, como pude... sou uma tola, sou uma...

– Venha – Percy tomou-lhe o braço, tentando ignorar os saltos do seu coração. – acalme-se. Não há nada o que temer. Venha comigo, vamos conversar. Tudo ficará bem. Meu nome é Percy Jackson, mas creio que ainda não me disse o seu.




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Notas finais do capítulo

EEEEEEEEE
ANTES de me deixar seu lindo review, QUERO PEDIR AQUI QUEM QUE JÁ LEU "A Menina Que Não Sabia Ler", de John Harding (:
É que eu terminei de ler hoje (na aula, vida loka) e estou APAIXONADA PELO LIVRO, TOTALMENTE EMOCIONADA COM O FIM.
Bem, estou naquele estado de torpor que a gente se encontra depois de terminar um livro MUITO FODA que nem esse.
Se você já leu, deve ter percebido os nomes dos personagens eu eu coloquei nesse cap, em homenagem ao livro (:
BESOS :*