–Mas qual o problema com a torta?_Daiane perguntou assustada com as reações deles visto que agora Wendler havia se aproximado do irmão e o olhava cem saber o que fazer.

–O Wilhelm é alérgico a maçã._Wendler respondeu analisando mais uma vez o irmão.

Mais uma vez era notável que aquela noite estava muito longe de acabar.

-Como assim alérgico a maçã?_Daiane falou exasperada chamando a atenção dos demais.

-Acho que essa não é a hora mais propicia para o meu irmão explicar a você o que significa o termo “alérgico”._Wilhelm disse bravo e Daiane revirou os olhos.

-Gente, desculpe interromper a briga de vocês, mas acho que a gente tem que levar o Wilhy na farmácia para comprar um anti alérgico._Wendler disse e o irmão concordou.

Os quatro jovens andaram apressados pela sala e o senhor e a senhora Martinez pareceram um pouco surpreso com a forma frenética com a qual eles diziam palavras rápidas e desconexas e de como Daiane, Wendler e até Dayse mantinham uma aproximação constante de Wilhelm.

-O que houve?_Foi Débora quem perguntou e fez pela primeira vez a atenção das filhas se desviar de Wilhelm.

-Mamãe o Wilhelm é alérgico a maçã e a Daiane passou a torta de maçã nele, e se agente não correr para a farmácia e comprar logo um anti alérgico ele vai começar a inchar e no final vai estar prestes a explodir como um baiacu de estouro._Dayse respondeu tudo rapidamente e viu a mãe arregalar os olhos em seguida.

-Santo Deus._Débora disse no instante seguinte em que viu as duas filhas e os respectivos namorados se jogarem porta a fora e correrem em direção a garagem, não sem antes os dois rapazes darem um polido “Adeus” aos anfitriões. A educação germânica era mesmo invejável.

Os quatro correram para um único carro, que era o de Wendler e logo o rapaz passou frente aos flashes e segui rapidamente pelas ruas estreitas da cidade, dando o maximo de si no volante do carro. Ele descobriu que Wilhelm era alérgico a maçã desde o dia em que ele mesmo fez o irmão comer a fruta para em seguida descobrir o motivo de sua mãe sempre os manter afastados de maças.

-Como você se sente Wilhelm?_Daiane perguntou mostrando preocupação cm o rapaz, o que fez até o próprio Wilhelm a olhar um tanto assustado. Se fosse em outra situação, ele é quem perguntaria se ela estava doente para se comportar daquele jeito.

-Estou bem. Na medida do possível é claro._Ele disse fechando os olhos mais uma vez.

A reação alérgica causada pela fruta, era fechar as vias respiratórias aos poucos, e por isso acontecia o inchaço naquela região.Era notável como o rapaz já fazia certo esforço a mais para respirar. Todos deram graças aos céus quando o carro parou em frente a porta de uma farmácia 24 horas.

Wendler desceu do carro acompanhado de Dayse e Daiane ficou no carro com Wilhelm.

Daiane observava atentamente cada reação de Wilhelm e esse mesmo que de olhos fechados percebia como a garota nunca desviava o olhar, e pela forma como o banco do carro se mexia levemente, mostrava o nervosismo que ela estava.

Abriu levemente os olhos e a viu de olhos fechados movendo levemente os lábios. Era uma prece silenciosa para que tudo ficasse bem. Ele sorriu.

Minutos rápidos se passaram e Wendler abriu com força exagerada a porta do carro e entregou o remédio ao irmão que sem mais delongas entornou parte do remédio na boca.

-Não vai tomar o vidro todo, por que se fizer isso, ao invés de ter uma reação alérgica, vai ter passe livre para o lado de lá._Dayse disse e Daiane arregalou os olhos arrancando no mesmo instante o remédio da mão do rapaz.

Wendler riu e mais uma vez notou que talvez a falsa cunhada já estivesse adquirindo sentimentos verdadeiros.

Ele dirigiu um pouco mais e logo Daiane e Dayse perceberam que aquele não era o habitual caminho de sua casa.

-Pra onde está nos levando Wendler?_Dayse perguntou e ele fez sinal de silencio com as mãos.

-O remédio faz ele dormir amor, eu tenho que levá-lo para casa._Ele disse simplesmente e Dayse em especial se focou na parte em que ele disse de livre e espontânea vontade a palavra “amor” no meio da frase.

Depois da pequena explicação ele continuou dirigindo rapidamente para o local onde eles estavam hospedados. Pingos de chuva começaram a cair sobre o automóvel e logo os pequenos pingos se tornaram uma chuva densa do lado de fora.

-Era só o que faltava mesmo._Wendler reclamou assim que parou o carro no portão do prédio para logo em seguida ir para a garagem. Ele abriu aporta do motorista e fez sinal pra Dayse correr para a recepção enquanto ele pegava o irmão adormecido no banco de trás.

-Vai Daiane que eu levo ele._Wendler disse e Daiane negou com a cabeça.

-Você não vai agüentar carregar ele sozinho._Ela disse enquanto tentava despertar Wilhelm.

-Acorde ele._Wendler gritou enquanto ficava ensopado pela chuva forte do lado de fora.

-Estou tentando._Daiane respondeu enquanto sacudia levemente o corpo entorpecido de Wilhelm. No instante seguinte ela puxou uma das mãos molhadas de Wendler e tocou com ela no rosto do rapaz que fez com que ele despertasse parcialmente por alguns instantes.

-Vamos lá irmão._Wendler disse o puxando para si enquanto Daiane também saia do carro._Hora do banho.

Ele apoiou o irmão de um lado e Daiane o apoiou pelo outro e juntos andaram rapidamente, em uma tentativa falha de correr até a recepção do prédio.

-Amanhã mesmo você começa um regime cara._Wendler reclamou e Daiane riu.

Juntos levaram o rapaz para o andar onde estava hospedados, e mesmo usando os elevadores, Wendler pela primeira vez na vida achou ruim o fato de estarem na cobertura.

-Eu vou vestir uma roupa seca._Wendler disse assim que colocou o irmão sobre a cama._Vou ver se acho uma camisa nossa para vocês duas e depois eu visto o meu irmão.

-Mas ele vai ficar resfriado Wend._Daiane reclamou._

-Antes ele do que eu._O mais velho disse e deu de ombros segurando uma risada._Mas você pode trocar a roupa dele se quiser.

Daiane revirou os olhos e Dayse foi junto com Wendler, segundo ela para buscar toalhas. A mais nova se sentou na cama ao lado do rapaz e em um movimento quase que inconsciente tocou os fios dourados e excessivamente molhados dele.

-Desculpa._Ela sussurrou e viu ele mover os lábios minimamente formando um sorriso.

-Na próxima vez que quiser me matar, tente ser mais eficiente._Ele disse e ela apenas sorriu.