Capítulo 7 – Depois dizem que eu sou nerd

Quando cheguei á casa dos McKinnon, Marlenne surtou me xingando de nomes que nem sabia que existiam (e olha que eu tenho um vocabulário bem extenso de xingamentos pro Potter). Ela estava duplamente surtada pela nova regra de ter de usar uniforme, que não era feio, e ela concerteza iria fazer alguma coisa, não era da Marlenne aceitar esse tipo de ‘violação da moda’ (como ela mesmo chama) sem fazer nada.

Eu ia voltar para a mansão Potter, por que além de Marlenne me encher pra ir pra lá, minha mãe é muito amiga da Srª Potter, e quando ela sai eu fico lá a maioria das vezes. Conheço Potter desde criança, mais ele é tão infantil que acabou com nossa amizade.

Bufei ao me lembrar do acéfalo que eu tinha que chamar de namorado.

– Vamos Marlenne, para de frescura – disse empurrando ela porta a fora.

– Não, Lílian. Isso é tudo culpa sua, você sabe que eu gosto dele e faz isso comigo – disse apontando o dedo no meu rosto – é tudo culpa sua. Pensei que fosse minha amiga!

– Como se o que você fez comigo fosse diferente – disse com os dentes trincados – Você sabe que eu o odeio desde aquele dia – hesitei – Você sabe que eu o odeio e fez aquilo comigo, totalmente consciente. Não vem me dizer o que é ser amiga, por que você perdeu esse direito há tempos.

Passei por ela controlando as lágrimas e esbarrando de propósito em seu ombro. Não iria chorar, não mesmo. Andei algumas quadras tentando espairecer e encontro o melhor maroto, Remo, sentado em um banco de praça lendo seu livro.

Remo era bonito, sim, mais ele era diferente. Ela era um nerd, um super nerd. Não só daqueles que estudam e tiram boas notas como eu, mais daqueles que sabem todos os nomes dos personagens de Guerra nas Estrelas, sabe decodificar um sistema operacional de olhos fechados e joga todo o tipo de vídeo game existente.

Depois dizem que eu sou nerd.

– Oi Remo. – disse sorrindo e sentando ao seu lado, ele desviou seus olhos do livro e sorriu pra mim.

– Oi Lily, tudo bem? – outra coisa que irrita em Remo, ele sabe ler muito bem as expressões. Mentir perto dele é quase impossível.

– Tudo – disse dando um sorriso, um pouco forçado – e você?

– Ah, normal – deu de ombros fechando o livro e começamos uma conversa animada. Contei a ele sobre o vídeo e ele começou a rir, dizendo que não acredita que perdeu a cena.

– Vamos pra casa dos Potter, ai você vai ver – disse risonha depois das risadas. Tinha esquecido momentaneamente minha briga com Marlenne. Ele assentiu e fomos andando, conversando amenidades.

Logo chegamos á casa dos Potter, nossas casas eram quase vizinhas. Entramos sem nem pedir licença, e logo encontramos Sirius e o Potter tentando concertar o vaso quebrado, sem sucesso nenhum.

– Minha mãe vai matar o Sirius – disse Potter – é um vaso que ela trouxe do Japão.

Eu riria da expressão dos dois se não fosse o Tio Chalus chegar em casa e ver o vaso quebrado, e acabando tropeçando nos próprios pés.

– James... – ofegou ajeitando a armação do óculos idêntica á de James – Não me diga que você fez isso...

Potter apontou para Sirius, que tinha colado os próprios dedos com a cola quente.

– Vocês estão ferrados – disse depois que um momento de silêncio, dando uma gargalhada – Sarah vai arrancar o pescoço de você, Sirius.

Eu e Remo rimos de Charlus e o seguimos até a cozinha, onde pegou uma cerveja e ofereceu pra gente. Tio Charlus era bem legal e extrovertido, e tinha o mesmo senso de responsabilidade do filho.

Remo pegou a cerveja, e eu dando de ombros, também.

– Cadê a Marlenne? – perguntou dando um gole na cerveja.

Engoli seco.

– Ficou na casa dela – disse com a boca seca, pra logo dar um longo gole na bebida amarga. Remo pareceu perceber que algo havia acontecido e logo distraiu Charlus puxando uma conversa sobre basquete, a qual Charlus tinha muito orgulho de seu filho ser o capitão.

Patético, eu sei. E me corrigindo, tinha o mesmo senso de responsabilidade e a fixação em basquete do filho.

Dei outro gole na bebida amarga e logo larguei a garrafa, odiava beber. Fazia mal a saúde, o gosto era péssimo, tirando que sou fraca em questão de bebidas, 5 garrafas e já desmaio.

Aprendi isso na pior maneira possível. Acho que me empolguei demais na primeira vez que bebi e quase não me lembro do que aconteceu, só sei que vomitei muito e prometi nunca mais beber.

Logo Sarah chegou e começou a berrar com Sirius e o Potter, e eu posso jurar que ela estava vermelha assim como os próprios cabelos. Sim, ela era ruiva. Na verdade, todas as mulheres dos Potter eram ruivas.

Estranho não? E eu achando que a cor do meu cabelo é tão rara assim.

Logo ela veio pra cozinha, murmurando coisas desconexas e bebendo um pouco de água, para depois olhar para nós três.

– Ah, olá – disse sorrindo numa subtia mudança de humor – Lílian, querida, cadê Helena?

– Trabalhando, Tia – respondi sorrindo, Helena é minha mãe, pra quem não sabe.

Peguei a garrafa para beber mais um gole e senti ela ser arrancada de minha mãe pela Sarah, que arrancou a de Remo também e logo acarretou uma discussão sobre responsabilidade com Charlus.

Eu e Remo saímos de fininho, nunca queira ver Sarah Potter com raiva.

Resolvi ir pra casa e me despedi de todos, seguindo a rua e andando um pouco mais lentamente que o normal, pensando em Marlenne e Sirius, em parte ela tinha razão, mas o que ela havia feito comigo não fora nada legal, e resolvi ligar pra ela. Cheguei em frente á minha casa. Passei pela cerca e atravessei o jardim, abrindo a porta e me deparando com a cena mais horrível que eu já presenciei na vida.

Minha irmã cara-de-cavalo estava sentada no colo de seu noivo gorducho e ridículo, Valter Dursley, eles se beijavam furiosamente que dava nojo.

Quem conseguia beijar um cara que parece um híbrido de buldogue com porco?

Nem fiz questão de chamar a atenção, passei correndo por eles e subindo as escadas e entrando no meu quarto, quase vomitando.

Eu queria ligar pra Marlenne, mais acho que se abrir a boca vou vomitar minhas tripas.