Capítulo 9 – Confusões e Conversas

Nossos lábios se separaram lentamente, e eu buscava pelo oxigênio. Ainda de olhos fechados, senti novamente as sensações que sentira. Não tinha coragem de encará-lo naquele momento, era tudo tão confuso... Mas tão bom...

Abri meus olhos lentamente e vi que ele me encarava por trás das lentes. Nossos rostos ainda estavam próximos, nossas respirações ofegantes ainda estavam misturadas e eu, num ato impensado, levantei em um pulo do banco e desci as escadas laterais, correndo enquanto chorava.

O porque de eu ter feito isso? Eu não sei. É tão confuso pra mim isso tudo. Maldita Marlenne e maldita aposta!

Sequei as lágrimas rapidamente enquanto diminuía os passos, fazendo uma caminhada lenta. Sai do shopping e indo de encontro a rua fria e nublada. Seria bom para pensar.

Bem, o Potter me beijou, isso é óbvio. Tínhamos combinado de fazer isso, para deixar o namoro mais ‘oficial’ só que algo estava me incomodando. Uma queimação no estomago, parecia que ele dava voltas e eu sentia um estranho calor dentro do peito.

E o que mais me incomodava, era que eu sabia o que significava aquilo, mesmo que eu nunca admitisse em voz alta.

Bem, eu cheguei em casa e toquei a campainha e minha mãe logo abriu, com seu robe e expressão preocupada.

– Cadê James, Lily? - perguntou enquanto me puxava pela cintura e fechava a porta atrás de nós. Caio no choro outra vez. Ela me guiou até meu quarto e me colocou na cama, me embalando nos seus braços fraternais.

– O que aconteceu? – perguntou preocupada e eu desabafei contando sobre a aposta, o que eu fiz como vingança pra cima da Marlenne e do Sirius e do recente beijo, dos meus medos...

– Filha... – disse e eu me preparei pro maior sermão do mundo, mas me surpreendendo com sua gostosa gargalhada – VOCÊ É LOUCA!

Berrou e até me assustou. Minha mãe havia bebido?

– Você está bem, mãe? – perguntei hesitante, me sentando e encarando minha mãe rolando na cama em meio as gargalhadas.

– Estou – disse puxando um pouco de ar – é que... Filha, como você foi se meter nisso? Namorar o James? Por duas semanas? Você o odeia! E ainda por cima bêbada, menina, essa concerteza não foi a educação que eu lhe dei.

Eu não sabia se ria ou se chorava. Minha mãe deve ter bebido, ou coisa assim. Ela simplesmente não pode estar sóbria. Ela saiu rindo do meu quarto e eu estava meio incrédula, ainda processando.

Isso, com certeza, não foi normal.

(...)

Acordei com sono, como isso é possível eu não sei, só sei que acordo assim todo dia. Enfim, eu me levantei bocejando e passando as mãos nos meus cabelos ruivos e que estavam parecendo um ninho. Estava com uma horrível dor nas costas e na cabeça. Estava com a mesma roupa do cinema e me senti suja por não ter tomado um banho.

Logo meus malditos pensamentos voaram em direção ao garoto de cabelos espetados e negros que tanto me enchiam. Para esquecer, fui tomar um rápido banho, demorando na lavagem de meus cabelos, pois tinha cada nó que parecia que foi proposital.

Sai do banho e me vesti rapidamente com uma blusa masculina gigante e um short jeans e procurei por meu secador, que não estava em lugar nenhum e logo lembrei que minha querida irmã cara de cavalo havia tacado ele na piscina da casa do namorado porco dela.

Como meu secador foi parar lá é um mistério.

Fui silenciosamente até o portal do inferno (lê quarto de Petúnia) que cheirava fortemente a perfume de rosas, que me parecia cheiro de cândida. Abri a porta lentamente e quase fechei os olhos de tanto rosa, rendas e glitter.

Ela estava dormindo pesadamente, toda esparramada pela cama da Barbie. Olhei em volta e visualizei o seu secador. Ele tinha mil e um botões diferentes.

Pra mim, ele secando cabelo já esta bom.

Fui sorrateiramente até a cabeceira e peguei o secador com cuidado, dando meio volta, só que eu tive de tropeçar no salto alto altíssimo e cair com um baque no chão.

– ABERRAÇÃO! – berrou Petúnia, completamente furiosa ao ver seu salto e seu secador em mil pedaços. Engoli seco.

Adeus, vida.

Ela ficou parecendo um touro, começou a respirar com dificuldade e começou a correr em minha direção, prestes a me dar uns bons tapas e eu, de reflexo, desviei de seu corpo e coloquei meu pé na frente, fazendo ela cair e ir de cara na cabeceira.

– O-ou – disse observando o sangue no chão e as lágrimas da minha irmã. Me senti culpada e preocupada.

Acima de tudo, ela era minha família.

Ela tirou a mão da frente da boca e vi que seu dente havia quebrado e sangrava muito.

Mesmo preocupada, não resisti e comecei a gargalhar.

– LÍLIAN – berrou minha mãe da porta do quarto e eu não perdi tempo em sair correndo e desviando dos braços da mesma.

Eu desci as escadas correndo, já pensando em um bom lugar pra me esconder quando vejo quem eu menos quero sentado despreocupadamente no sofá da sala.

– Potter? – perguntei fracamente, ele me encara meio divertido e sério e abre a boca pra falar algo, mas Petúnia começa a descer as escadas aos tropeços e sangrando, soltando grunhidos berrando meu nome.

Eu sai correndo, é claro. E o acéfalo veio atrás rindo.

Isso era bem a cara dele, se meter em encrencas e sair rindo.

Fui me refugiar na casa dos Potter, e me trancar na sala de estar enquanto via Petúnia aos prantos e sangrando passar na frente e reto.

Comecei a rir depois de um tempo e o Potter me acompanhou, mas quando as risadas cessaram ele se sentou em seu sofá e me olhou seriamente.

– Precisamos conversar, Lírio – começou.

– é E-V-A-N-S e não, não precisamos – disse num tom birrento, ele respirou profundamente passando a mão nos cabelos e os bagunçando ainda mais.

– Você vai se sentar, vai ficar quietinha e vai me ouvir, eu não estou pra brincadeiras hoje, Evans – frisou meu nome com ironia.

Eu estava pronta pra dar uma de criança birrenta quando olhei em seus olhos e estavam brilhando de fúria, não pude fazer nada a não ser sentar.

Ele não faria nada contra mim, não é?