SIGLAS : E: Emily / M: Motorista

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K: Não sei o que compro Em.

E: Qualquer coisa Káh! A gente está a tarde toda no shopping já! Meus pés estão doendo! K: Eu não posso dar qualquer coisa Emily! Ele é especial! Tem que ser alguma coisa especial!

E: Especial é?? Hmmmm...

K: Idiota.E: Aposto que você deve ter ido no camêlo e comprado qualquer coisa para mim já que você não fez esse drama todo com meu presente ué!

K: Para de ser dramática! Eu conheço você melhor, e nosso relacionamento não é tão...

E: Enrolado? - Rimos juntas -

K: É acho que sim.

Continuamos percorrendo o shopping e de vez em quando parávamos para olhar algumas vitrines, mas ainda nada. Meus pés também estavam doendo e eu estava cansada, afinal, tinham sido três horas rodeando o shopping à procura de presentes. Eu já havia comprado presentes para Paul, Harry, Austin, menos Emily que estava comigo e... John! Eu não fazia a mínima ideia do que dar para ele. Tinha que ser algo especial, nem muito caro nem muito barato, afinal eu não era nem um pouco rica, não trabalhava, só estudava.

Eu já tinha escolhido até meu vestido para o maldito baile que eu fora obrigada a ir, e isso também não tinha sido uma tarefa fácil. Eu não queria impressionar ninguém, tanto que quase nunca usava maquiagem, ia para escola parecendo um zumbi e não gostava das coisas que a maioria das pessoas gostava. E mais uma razão para eu não querer ir era que eu seria a única de nós que não tinha par, e não teria tão cedo.As meninas da minha sala já tinham convidado todos os meninos praticamente, mas eu era cafona, gostava de ser convidada por um menino, gostava de coisas românticas, mais antigas e em pleno século XXI ainda penso desse jeito, e por ser assim já tinha perdido praticamente todas as minhas chances. Se ninguém me convidasse eu não iria convidar ninguém, eu sou chata, sempre serei, não iria me desesperar no último minuto à procura de alguém, parecendo uma louca desesperada – o que eu não era -. Se não arrumasse um par - ou melhor, se não fosse convidada - iria sozinha mesmo, não me importava com essas coisas.

Meus pensamentos de baile foram - Graças a Deus - interrompidos por Emily.

E: esse vestido é bonito. - Ela disse enquanto apontava para a vitrine -

K: É mesmo.O vestido era bonito sim. Era um vestido curto, creme de alcinhas finas e continhas algumas pedrinhas coloridas espalhadas delicadamente da cintura para baixo, onde se concentravam no final do mesmo.Continuamos andando e conversando, parando em algumas vitrines, até que decidi que estava cansada daquilo tudo.

K: Em vamos embora, já estou cansada, volto outro dia para procurar o presente dele.

E: Graças a Deus você me ouviu! - Ela gritou, eu ri de sua cara, então ela começou a me puxar pela mão em direção a saída do shopping.

K: Calma! Anda mais devagar meus pés estão doendo!Eu reclamei, mas ela ignorou meu comentário e continuou me puxando rápido.

Até que chegamos no ponto de ônibus e Emily foi a pé, já que sua casa era perto dali. Fiquei sozinha no ponto, e já começava a escurecer, tive certo medo, mas permaneci ali. Até que um homem alto, estranho sentou do meu lado, acho que ele também estava esperando o ônibus. Ele não disse uma palavra, e ficamos lá esperando o ônibus que parecia que nunca iria chegar. Às vezes eu percebia que ele me olhava, e cada vez mais ficava com medo, - Eu sou medrosa mesmo - até que o bendito chegou e rapidamente me levantei dali e adentrei-o, o mesmo fez o homem, mas resolvi sentar-me bem longe dele.

A viagem foi tranquila, nada mais aconteceu, minha casa ainda era longe dali, o dia tinha sido exaustante, minhas pálpebras começaram a pesar, eu não queria dormir, mas parecia impossível resistir à tentação do sono, então acabei dormindo. Acordei com uma voz grossa, quando abri os olhos percebi que era o motorista.

M: Está é a minha última parada.

K: Tudo bem, eu acho que adormeci. O senhor pode-me dizer onde estamos?

M: Estamos no Terminal Rodoviário.

K: Qual deles?

M: O do lado oeste.

O desespero tomou conta de mim, eu morava no lado leste, e estava muito longe de casa. Meus olhos percorreram o ônibus e percebi que era a única pessoa além do motorista. Eu havia dormido todo esse tempo?

K: Que horas são por favor?

M: São dez e meia.Eu havia ficado dentro do mesmo quase quatro horas, dormindo. Minhas sacolas ainda estavam comigo e nada havia sido roubado. Rapidamente desci do ônibus, e em míseros segundos o mesmo desapareceu.

O terminal se encontrava deserto e escuro. Além de alguns poucos postes, a lua também iluminava uma parte do mesmo. Peguei meu celular, tentei ligar para Emily, que não atendeu, mas ela não poderia fazer nada, pois assim como eu, não tinha carro. Tentei esperar por outro ônibus ou um táxi, mas nenhum dos dois apareceu. Cada vez mais o medo me corroía, eu estava praticamente sozinha lá. Disquei o número de Austin, caixa de mensagens; disquei o de Harry, caixa de mensagens; disquei o de Paul, o mesmo atendeu.

P: Alô?

K: Oi Paul é a Káh.

P: Oi Kam´s. – Só ele me chamava assim – Tudo bem? Por que me ligou uma hora dessas?

K: Eu estava no shopping com a Emily, peguei o ônibus para ir para casa, mas eu dormi dentro dele e agora eu estou no terminal do lado OESTE! Ele começou a rir da situação, eu confesso que também ri um pouco.

K: Preciso que você venha me buscar, estou sozinha e está tudo escuro.

P: Tá eu já estou saindo, mas vai demorar uns trinta minutos para eu chegar ai se o trânsito não estiver congestionado.

K: Tá bom, mas vem logo. Eu estou com medo. – Ele riu –

Desliguei o telefone e fiquei lá, encolhida, sentada em um banquinho morrendo de medo, pensando em como minha vida era estúpida a ponto de eu dormir em um ônibus e vir parar do outro lado da cidade. Eu teria de ficar lá até Paul chegar, o que daria quase meia hora. Vi um carro vindo em minha direção, deduzi que uma hora dessas só podia ser Paul, mas quando o carro parou do meu lado, a janela abriu e eu vi...