Quando chegamos em casa, Austin já apareceu gritandoA: Olá CASAL! - Dando ênfase na palavra casal -Eu olhei para John e ele estava sorrindo, então desta vez deixei passar e não o fuzilei com o olhar- como sempre-, só dei um sorrisinho e falei com o olhar "vai ter troco". Ele pareceu ter entendido e saiu rindo de minha cara. Ai como esse menino amava encher meu saco! Então subi para tomar banho e os meninos ficaram na sala.Quando cheguei em meu quarto percebi que ainda usava o casaco de John, eu sorri quando lembrei de suas palavras "...não sou eu quem importa aqui". O segurei com as mãos e percebi que tinha seu cheiro, doçe mas amadeirado ao mesmo tempo.

Quando desci os meninos estavam fazendo uma guerra de almofadas na sala e haviam muitas delas no chão, além de sapatos, controles, discos, fios espalhados pelo mesmo. Me encostei na porta e esperei que eles notassem a minha presença, e quando o fizeram pararam de brincar e como eu estava com cara de séria eles olharam para baixo parecendo arrependidos, como cachorrinhos. Quando vi aquela cena eu não me controlei e começei a rir estericamente e todos me olharam com cara de "como assim". Então os meninos começaram a rir também.

K: Ok chega de graça, vocês vão limpar tudo agora! - E continuei rindo -Mas quando eu disse isso, fui a única que continuei pois todos me olharam com cara de bravos.

K: Não acharam que iriam escapar do castigo né CRIANÇAS?Dei uma risadinha sarcástica e me joguei no sofá enquanto eles começaram a arrumar e pegar os objetos do chão.

K: E é melhor estar tudo limpinho quando eu for olhar! - Austin me fuzilou como eu sempre fazia para ele -Peguei meu notebook, entrei nas redes sociais e conversei com minhas amigas do Brasil, ao entrar no twitter tirei uma foto dos meninos limpando a sala e pus como legenda:

– É assim que se mantém a casa limpa! -

Depois que terminaram o "serviço" os meninos estavam morrendo de fome, principalmente John, então pedimos comida chinesa. Estávamos assistindo outro filme - é a gente só fazia isso - e os meninos dormiram. Só restando eu e John acordados, permanecemos em silêncio até o final do mesmo, às vezes nossos olhares se encontravam, mas rapidamente nós dois os-voltavámos para a televisão, ainda sem dizer nada.

J: Estou com fome!- Eu ri -

K: Essa hora John?

J: Não tem hora para comer!!Fomos à cozinha e ele preparou um sanduíche, parecia delicioso até me deu fome, então tirei um pedaço.

J: Káh me devolve esse pedaço agora!Saí correndo e o coloquei inteiro em minha boca, engolindo-o rapidamente. Ele me seguia então quando percebi ele já havia me alcançado e me segurou, começando a fazer cócegas em mim. E como sempre eu ria muito alto, fazendo um escândalo. Até que me lembrei dos meninos que dormiam lá embaixo.

K: Shhh! Vai acordar os meninos!Ele parou, descemos as escadas com cuidado e eles ainda dormiam.

J: Dá próxima vez eu não vou parar! Nunca mais roube meu sanduíche!

K: O que?! Foi só UM pedço para de ser exagerado! E sorte sua que nenhum deles acordou!

J: Eles parecem pedras dormindo, nunca iriam acordar!

K: Olha quem fala você é igual Sr. Halex!Ficamos conversando até ele terminar o sanduíche, depois eu subi para dormir e ele foi se deitar no sofá.

Fiquei fitando o teto, pois não consegui dormir, o que já era esperado depois do dia que eu tivera. Os meninos haviam descoberto meu passado, quase todo pelo menos. John e eu havíamos quase nos beijado. Quando essa lembrança veio à minha cabeça, parei de lembrar o que havia acontecido e me foquei somente nisso. Eu pensei em John e a voz de Austin ecoou em minha cabeça "...John gosta de você desde que ele te viu pela primeira vez, isso está na cara dele e você não percebe". Pensei em seus olhos azuis, em nossos corpos colados, na sensação de sua mão desçendo por minhas costas, em nosso quse beijo.... Eu tudo isso me fazia acreditar que havia mesmo uma possibilidade de eu estar gostando dele. Será que para ele havia também essa possibilidade?

Bloqueei esses pensamentos, assim como fazia todas as vezes que ele resolviam passear por minha mente. E como sempre dava as mesmas desculpas à mim mesma por bloqueá-los: Eu iria magoá-lo, eu não estava pronta, eu não podia me apaixonar, ainda não era hora. Meu coração "sabia" que eu estava fingindo, que havia uma possibidade de eu estar pronta, de eu estar me apaixonando. Mas minha cabeça sempre me "dizia" o contrário, querendo que eu me afastasse cada vez mais da ideia de um novo amor.Minha vida era confusa, era como se eu estivesse dormindo e não conseguisse acordar. Não via uma solução para isso.

Abraçei meus joelhos e começei a chorar. - Como esse menino conseguia fazer isso comigo? - Abri a gaveta do criado mudo e peguei uma foto minha e de meu pai, eu devia ter uns 10 anos na mesma, a foto fora tirada pouco tempo antess dele falecer. Ao lado da mesma havia uma lâmina que sorria para mim e parecia que me chamava. - Sou mais forte - Fechei a gaveta com força e permaneci com a foto na mão. Examinei cada mílimetro da mesma com cuidado passando meus dedos pela borda. Na parte de trás havia uma frase que fora escrita por meu pai: "Siga seu coração" eu me proibia de lembrar dele, pois era muito doloroso. Mas nessa noite era justo o que eu queria mais fazer, eu queria que ele estivesse comigo, saberia o que me dizer, o que fazer e isso sempre foi uma das mais admiráveis características em sua pessoa. Eu me permiti de lembrar dele pois fazê-lo parecia menos doloroso do que em meus problemas. Abraçei a foto e fiquei lá entre algumas lágrimas que caíam em minha face. Naquela noite eu não sonhei com ele.

Acordei com uma figura semelhante sentada na beirada de minha cama, parecia pensativa, demorei a reconhecer quem era, pois meus olhos estavam pesados, e demoraram a abrir-se.

K: Bom dia Johnny!Sua cara estava meio amassada assim como sua roupa e seus cabelos loiros estavam levemente desarrumados, parecia que havia acordado a pouco tempo. -Ri da situação -

J: Bom dia!

K: A quanto tempo está ai?

J: Sei lá... Uns 15 minutos.

K: O que você estava fazendo ai?

J: Pensando... - Por um momento senti uma vontade de saber sobre o que ele pensava -

J: Eu também estava te observando dormir, sabia que você parece um anjo dormindo?

Eu corei, de um jeito que só acontecia quando eu estava perto dele.

J: Na verdade eu tinha vindo te acordar, mas quando te vi fiquei com pena de você pequena. Então fiquei por aqui mesmo. - Dei um sorriso de orelha a orelha -K: E os meninos?

J: Já foram.

K: Huum... - Fiquei pensando porque ele havia ficado ali, mas fui interrompida -

J: Ei pequena, quem é esse?Ele virou a foto de meu pai para mim. Não respondi de imediato e fitei a foto por alguns segundos.

J: Estava no chão.Ainda sem resposta John me entregou a foto e por fim eu disse.

K: esse é o meu pai e essa sou eu.

J: Porque você demorou a responder?

Eu teria de contá-lo a verdade.

K: Porque eu sinto a falta dele.Eu não tinha mentido, eu realmente sentia saudades de meu pai - e muitas - eu só não tinha contado a história toda, mas um dia ele iria saber. Uma lágrima escorreu em meu rosto.

J: Hey pequena não chore, não tem problema sentir falta de quem a gente ama. Ele enxugou minha lágrima com o polegar e sorriu, eu sorri de volta. Apertei suas bochechas, ele odiava quando eu fazia isso, então fez uma cara de bravo, eu ri.

Desçemos para tomar café, e quando eu me dirigia à cozinha, meus olhos rapidamente se voltaram para a janela da sala, estava nevando. Eu saí correndo para observá-la caindo, Me encostei no parapeito, parecia uma criança. John veio andando até o meu lado e ficamos observando a paisagem em silêncio. Até que resolvi quebrá-lo.

K: Eu nunca vi a neve sabia?Ele me olhou com uma cara de "como assim", e eu ri.

K: Esqueceu que no Brasil não neva?

J: Tinha me esquecido que você era brasileira!K: Pareço uma garota britânica? - Abri os braços e fiz beiçinho -

J: Hmm... - Ele me examinou - Você ainda esta muito bronzeada.

K: Que mentira! - Dei um tapinha de leve em seu braço -

J: Doeu sabia?

K: Coitadinho do Johnny! Estou morrendo de pena! - Apertei suas bochechas para irritá-lo ainda mais. -

J: Ah é? Vai ser assim?Ele me pegou pelas pernas e me colocou em seu ombro e saiu correndo... PELO APARTAMENTO. Começei a dar murros em suas costas.

K: Me solta John!

J: Só se você pedir desculpas!

K: Fala sério!!Ele ignorou meu comentário e continuou correndo.

K: Tá John eu me rendo! Desculpa! Satisfeito?Ele me colocou no chão, minha calça do pijama subiu e meu cabelo estava ainda mais bagunçado, minhas tentativas de arrumá-lo. Ele riu da minha cara.