Calçei meu all-star - nem amarrei direito- e sai correndo de casa com a roupa que estava mesmo, os meninos ficaram lá em casa, acho que ainda estavam abalados, mas eu não liguei pois a única coisa em que eu pensava agora era: John.

Eu desci as escadas correndo e quase quebrei a porta de vidro do prédio, mas nada importava, não naquele momento. Continuei correndo pela calçada, batia em algumas pessoas, empurrava outras, eu ouvia até xingamentos, eu sei que não deveria mas eu nem olhava direito para atravessar as ruas, continuava correndo, e nada de John. Eu parecia uma mendiga descabelada de moletom correndo pelas ruas.O vento gelado era forte, batia em meus cabelos que batiam o tempo inteiro em minha face, o frio era congelante e percorria todo o meu corpo, até a ponta de meus dedos.

Várias vezes eu levantava meu pescoço e ficava na ponta dos pés na esperança de vê-lo, mas nada. Minhas esperanças já estavam praticamente perdidas, então eu parei de correr, fiquei parada na calçada em meio à diversas pessoas e começei a me afogar em pensamentos assim como hoje cedo.Será que ele estava bravo por eu ter escondido aquilo? O que será que ele pensa de mim agora? Onde será que ele está? Ele será o mesmo comigo? E se ele se distanciar de mim? Porque ele havia saído daquele jeito? Por que será que eu estou tão preocupada? E o que será que ele sente por mim?

Eram muitas perguntas percorrendo minha cabeça e no momento eu não tinha nenhuma resposta e nem tinha John ao meu lado para me dizer que tudo iria ficar bem, para me consolar. Minha esperança já estava fora de mim, quando por mais inútil que fosse minha tentativa, levantei minha cabeça novamente rumo à um parque do outro lado da rua, e eu o vejo. Ele estava parado em frente à um pequeno rio de águas claras que não parecia fundo. Antes que eu pudesse me dar conta já sorria e já estava correndo em direção à ele. Essa últimas ações tinham sido por impulso e por causa delas já florecia em meu coração a idéia deque eu poderia mesmo estar apaixonada por ele.

Cheguei mais perto e pulei em suas costas, o que fez nós dois cairmos dentro do rio. Rimos, e quando escutei sua risada minha preocupação diminuiu e por um momento todas aquelas perguntas sumiram de minha cabeça. Ele parecia ser meu porto seguro. Desci de suas costas e me dei conta de quanto a água estava gelada.

J: O que você estava pensando?

K: Por que você saiu do apartamento sem dizer nada?

J: Eu perguntei primeiro.

K: Tá bom... -bufei- Eu só queria te fazer uma surpresa, queria ver seu sorriso novamente. -Dei um sorriso melancólico que foi respondido com um sorriso tímido -

K: Sua vez de responder. - Ele tirou o pequeno sorriso do rosto, respirou fundo e começou a falar -

J: Eu não queria te ver chorando daquele jeito. Você é minha amiga, não aguentava te ver assim. Eu não sabia o que fazer, o que dizer. Fiquei preocupado. Ninguém nunca tinha me dito algo tão sério assim. - Uma pontada de culpa me atingiu por ter o feito se sentir daquele jeito - Me desculpe por ter saído dem falar nada.

K: Não tem problema, você só precisava pensar. Mas não se preocupe o pior já passou.

Tentei sorrir, mas o melhor que fiz foi dar um sorriso forçado.Ele me abraçou. Tinha um abraço firme, bom. Afundei minha cabeça em seu ombro. Eu me sentia segura com ele, não queria soltá-lo, não queria deixá-lo ir. Eu acho que ele havia percebido isso pois ficamos abraçados por um bom tempo. Quando ele me soltou percebi que nós ainda estávamos no rio.

J: Vai ter troco.

K: Como assim?

John não respondeu, então ele saiu correndo para longe e não entendi o que ele iria fazer. Enquanto ele subia a colina, saí do rio e percebi que algumas pessoas me olhavam. Minha tentativa de arrumar o cabelo fora inútil, pois der repente ele veio correndo e me empurrou novamente dentro do rio. Agora eu entendia o "troco" eu ele quria me dar por tê-lo empurrado mais cedo.

K: Então vai ser assim Halex?

Eu o puxei para dentro do rio, a água ainda estava congelante. Começamos uma guerra de água, eu adorava vê-lo sorrindo, eu adorava sua gargalhada. - Para Kamilla, o John é só seu amigo, ele não gosta de você - Então me veio à cabeça o que Austin havia me dito -John gosta de você desde que ele te viu pela primeira vez -

Mesmo que ainda tivesse uma ponta de amor por ele em meu coração, eu não podia acreditar, eu ainda não aceitava, eu não estava pronta.Voltei à realidade e ainda estávamos brincando. Seus olhos azuis brilhavam como os de uma criança, e eles me hipnotizavam como os de ninguém nunca haviam o feito. Continuavámos nossa guerra. Até que meus olhos se dirigiram à um homem alto que vinha em nossa direção.

Parei de atirar água em John e me endireitei, chamei a atenção dele para o homem que ainda caminhava em nossa direção. Depois de olharmos ele por meros segundos, saímos do rio e ficamos esperando ele chegar.Enquanto se aproximava reconheci a roupa que ele vestia, era um uniforme de guarda do parque. Eu estava com muito frio, estava tremendo, mas não falei nada. O guarda chegou mais perto, e quando estava em nossa frente finalmente disse.

G: Desculpem interromper, mas é proibido entrar no rio.

J: Me desculpe seu guarda não o faremos novamente. - Fiquei encolhida de frio ao lado de John observando os dois sem falar nada -

G: Vocês não vão receber nada agora, mas se forem pegos novamente dentro do rio vão ser multados. Estou de olho em vocês!

J: Sim senhor.Enquanto nos distanciavámos dele ouvimos;

G: Esse adolescentes de hoje!

Começamos a rir e então saímos do parque e nos dirigimos à minha casa. Até que John tirou seu casado e o colocou sobre mim. O tirei rapidamente e estendi minha mão à ele.

K: Não estou com frio.

J: Aham. Seus lábios estão roxos e você está tremendo.

K: mas se eu aceitar você vai ficar com frio.

J: Hey - Ele disse levantando minha cabeça e olhando fundo em meus olhos - Não sou eu quem importa aqui.

Quando ouvi àquelas palavras dei um sorriso de orelha a orelha e acho que havia percebido pois deu um risinho. Ele me ajudou a vestir seu casaco, que parecia mais um vestido de mangas muito longas. Rimos da situação e continuamos andando em direção à minha casa. No meio do caminho John me abraçou, então me aconcheguei embaixo de seu braço. Percebi que ele havia sorrido.