PARTE IX – O Garanhão de Konoha!

O silêncio havia tomado conta da cozinha. Hinata simplesmente não sabia como reagir diante daquilo... Neji era um rapaz de poucas palavras, era sempre muito discreto, então se ele queria falar sobre Naruto, era porque se tratava de algo sério.

Instintivamente, ela se perguntou se ele havia descoberto. Mas o que ele poderia descobrir se não estava acontecendo nada – pelo menos fisicamente – entre ela e o Uzumaki?

Então, percebendo que não havia muito a temer, ela se sentou ao lado do primo, e com os olhos curiosos, esperou até que ele prosseguisse. Demorou um pouco.

Estava tenso, e tentava escolher as melhores palavras possíveis. Enfim, tomando uma coragem que nunca imaginou, puxou uma das mãos de Hina e a segurou com carinho fraternal, fitando os olhos perolados idênticos aos seus.  – Eu estou preocupado com você. – Ele começou ainda tenso. – Percebi que tem andado muito com Naruto Uzumaki, e isso me preocupa porque você não o conhece como eu conheço.

- O que quer dizer? – Ela começava a ficar confusa. Imaginou que aquela seria uma conversa curta onde Neji, assim como Hiashi faria, ordenaria que ela se afastasse do loiro sem explicações além da costumeira: “Você é uma Hyuuga e deve se comportar como tal.”.

O primo, entretanto, estava longe de parecer autoritário. Ele mais parecia... Envergonhado? – Eu sei como você deve se sentir em relação à nossa família. Sei que é difícil ter tantas responsabilidades sobre você... E também estou ciente que o colégio é como a nossa válvula de escape. Acredite, eu tenho a sua idade, também já passei pelo que você está passando. Já quis quebrar as regras e... Eu também já me apaixonei antes. – Ela precisou de um minuto para absorver a informação.

Neji? Neji Hyuuga, um colegial apaixonado?! Era uma ideia quase inconcebível, mas ela preferiu não comentar. Ele estava levemente corado, e os olhos fitavam a mesa. Era óbvio que nunca esteve naquela situação, então a garota podia imaginar o que ele estava sentindo no momento. – Ela era da minha sala, sabe? Uma tagarela e briguenta... Eu não sei quando, nem porque, mas nós começamos a sair. – E então suspirou pesadamente. – Namoramos por quase dois meses, e na nossa primeira briga, Naruto Uzumaki começou a flertar com ela. – Os olhos da garota se arregalaram surpresos. – Eu sei que você pode não acreditar, mas aquele cara não tem uma boa reputação. Mais que por sua família, ele era conhecido como o “Garanhão de Konoha”. Você poderia perguntar a qualquer um no colégio... Ele não perseguia suas colegas, mas de resto... – E apertou os punhos. – Era um pegador de veteranas. Não sei o porquê, mas ele parecia um fanático em paquerar mais velhas, e minha namorada... Digo, minha ex- namorada foi uma dessas.

-... E vocês romperam...? – Ela perguntou com hesitação, e ele assentiu.

- Você acha mesmo que eu poderia perdoá-la por fazer algo assim? – E tornou a fitar os olhos da mais nova. – O nome dela é Tenten, ela pode confirmar a história se você quiser. – Quase de imediato, Hinata negou com a cabeça.

- Não é necessário. – Ela disse num tom baixo, e o silêncio foi imenso por alguns minutos. – Eu vou chamar a Hanabi e vamos jantar. – E com o acenar do primo, ela se levantou, seguindo para seu próprio quarto em passos lentos, mas nada calmos. Afinal... Quem conseguiria ficar calmo depois de descobrir que seu primeiro amor... Já foi um destruidor de corações. E o pior de tudo era que ele tinha conseguido quebrar um coração que Hina, até então, considerava de pedra.

No dia seguinte, Hinata fez questão de não se atrasar e não se surpreendeu ao encontrar apenas Sasuke na sala vazia. Ela o cumprimentou com um aceno e ele sorriu com desânimo e constrangimento.

A moça seguiu para o seu lugar, e levou apenas alguns minutos para que Sasuke se levantasse e se sentasse no lugar do melhor amigo, olhando para a Hyuuga com o rosto envergonhado. – Hinata... – Ele começou, pigarreando. – Quero me desculpar por ontem. Eu não tinha dormido muito bem, então estava desnecessariamente estressado. – Ela corou e negou rapidamente.

- Não tem problema, Sasuke-kun! – Se apressou em falar. – Eu cheguei atrasada, mereci uma bronca. – Mesmo assim, ele negou.

- Não. Eu fui muito grosseiro com você... Naruto tinha razão, por isso peço mil desculpas. Se houver qualquer coisa que eu possa fazer por você... Por favor, me avise. – Ele concluiu com um sorriso, e um pensamento horrível ocorreu pela cabeça da de cabelos azulados. Enquanto Sasuke furava uma caixinha de suco de soja, ela decidiu perguntar.

- Você já ouviu falar... Do “garanhão de Konoha”? – E foi só dizer o termo que ele praticamente cuspiu metade do que havia bebido numa tosse frenética e suspeita.

- Onde ouviu isso?! – Ele parecia nervoso.

- Neji nii-san me contou. – Ela confessou e o Uchiha suspirou pesadamente, praguejando o nome do primo de Hinata baixo demais para que ela ouvisse de fato.

- Se ele te contou você já deve ter uma ideia do que pode ser.

- Não que eu não confie no Neji nii-san... – Começou, constrangida. – Mas eu prefiro ouvir isso do Sasuke-kun. – E a resposta causou mais um suspiro cansado.

-... Bem, já que quer saber... Há uns dois anos, Naruto começou a perseguir garotas... Embora ele quase não mexesse com ninguém do nosso círculo de amizades, ele era bem popular, e vou avisá-la que não é nenhum santo. Ele já fez coisas que você sequer imaginaria que aconteciam em algum lugar do mundo. – Hina enrubesceu. – Naruto é um descabeçado, você sabe disso. Eu sinceramente não sei o que ele pensava... – O silêncio dela o fez se sentir mal, imaginando se estava traindo o amigo ou ajudando a ser sincero. – Mas ele parou com isso alguns meses antes de você chegar, então não precisa se preocupar tanto. – Completou apressado. Mesmo assim, os olhos pensativos de Hina não mudaram. E a quietude durou até a animada Ino adentrar à sala com uma Sakura sorridente que tomou toda a atenção do Uchiha.

Durante o passar das aulas, Sasuke não conversou sequer uma palavra com Naruto nem Hinata, muito menos com Sakura e Ino. Ficou em silêncio durante todo o período, prestando atenção única e exclusivamente nas conversas risonhas das garotas, concentrando-se especialmente na voz de Sak, que descrevia as maravilhosas qualidades de Sasori, que o moreno havia se lembrado na noite anterior que era um velho conhecido de Itachi. A voz não estava muito alta, mas também não muito baixa, era o ideal de uma voz feliz, o que fez o rapaz se perguntar mais de uma vez se ela estava fazendo aquilo apenas para provocá-lo, ou porque realmente tinha gostado da presença do ruivo de Suna.

Hinata também não havia trocado muitas palavras com o Uzumaki. Parte disso era graças ao atraso dele, que pela primeira vez a fez dar graças aos céus. Mas mesmo que ele se virasse e tentasse conversar, ela só respondia com um assentir, ou vez ou outra com “Talvez”, intrigando o jovem. Estava pensando em como enquadrá-la na hora do almoço quando o sinal soou, e numa velocidade digna de maratonista, Hinata desculpou-se com Sakura, dizendo que hoje almoçaria com o primo, e saiu da sala sem nenhuma explicação ao loiro. – O que ela tem afinal? – Ele murmurou para si mesmo. Ao seu lado, o Uchiha pousou o cotovelo sobre a mesa e a cabeça sobre a palma, e com um sorriso divertido na direção do amigo, lançou:

- O seu passado negro, meu amigo. A garota deve estar com medo de ser violentada. – Debochou, mas Naruto ignorou completamente a piada, e se lançou sobre a mesa do Uchiha.

- P- Passado negro? O que quer dizer?! O que você disse a ela?!

- Eu não disse nada! – Soou ofendido. – Foi o Neji quem te dedurou. Ela me perguntou e eu achei melhor confirmar e dizer que você tinha parado alguns meses antes dela aparecer.

- Neji?! – O loiro pareceu surpreso. – Por que ele faria isso?

- Além de proteger a prima de você? – Aquele olhar de ironia nos olhos de ônix era realmente insuportável. – Ok, eu te dou mais um motivo: Ela era uma veterana, gostosa, morena... – E lembrando-se de que falava com Naruto Uzumaki, ele prosseguiu. – Tenten Mitsashi, veterana popular, quente, mas um pouquinho tagarela. Ela era namorada do Neji.

- VOCÊ ROUBOUA NAMORADA DO CARA?! – A voz de Ino soou por toda a sala, e ela imitou o amigo, praticamente se jogando sobre a mesa de Sasuke. – Como assim, Naruto?! Ele vai te ferrar legal! Vai acabar com todas as chances que você tem com a Hina! Já viu como aquela garota é misericordiosa? Ela vai acabar nunca mais chegando perto de você!

- Logo quando ele estava pegando o jeito, se comportando... – Sak lamentou de seu lugar. O loiro bagunçou a cabeleira freneticamente, se levantou num supetão e correu saindo pela porta. Ino riu da atitude, e decidiu ir atrás dele, prometendo à Sasuke e Sakura que depois contaria tudo, fazendo a rosada perceber que aquilo não passava de um pretexto para que ela deixasse ambos a sós.

Maldita loira inconveniente! Será que ela não entendia a seriedade de ser rejeitada? A dor de nunca mais poder conversar do mesmo jeito com o cara que você gosta?

Então, com o peito nervoso e rosto borbulhando, ela puxou um livro de dentro da bolsa e começou a folheá-lo quando notou, pela visão periférica, a cadeira de Sasuke se virando de costas para que eles ficassem frente a frente. – Como foi a festinha? – Ele começou com uma voz desinteressada. Não queria que ela percebesse que ele sabia de alguma coisa.

- Ótima. – A moça ainda encarava as páginas amareladas do livro.

- Você demorou ontem. – Ela suspirou, incomodada.

- Por quê? Estava me esperando? – Perguntou impaciente.

- Sim. – Ele falou tão francamente, tão calmamente que a assustou. Os olhos verdes esmeralda da garota foram até os ônix indiferentes, assustados.  – O que estava fazendo com Sasori? – Ela sentiu o calor subir em seu rosto e ele, um leve incômodo em demonstrar que se importava com o fato.

- E- Ele... Ele estava no karaokê. – Explicou gaguejando. – Você conhece? – O moreno assentiu, coçando a nuca.

- Ele é amigo do onii-san. – Explicou calmamente. – Eu já o vi algumas vezes.

-... O que você acha dele? – Ela perguntou com hesitação, e ele juntou as sobrancelhas, como se pedisse para que ela explicar o que queria dizer com aquilo. Sak deu um sorriso tímido e olhou para a mesa. – Ontem ele pareceu um bom rapaz, me chamou para sair... Então eu gostaria de saber o que você acha-...

- Você está brincando comigo? – A voz saiu tão fria, tão gélida e tão intimidadora que ela se calou, sentindo o incômodo frio na barriga. Mesmo assim, fitou os olhos dele. Sasuke estava sério, com uma expressão indiferente e olhar indecifrável. – Um dia diz que me ama, outro dia insinua desistir de mim e hoje já parece interessada em outra pessoa? Que tipo de mulher você é? – Como era de se esperar, a rosada não gostou da insinuação. Respirou fundo e contou até dez lentamente, antes de se levantar, mas Sasuke não estava nenhum pouco interessado em deixar esse assunto para outra hora, portanto, segurou com firmeza o pulso feminino. – Não foi uma pergunta retórica. – Ele pontuou.

- Mas isso não significa que eu tenha que responder. – Ela revidou, e mais uma troca de olhares intensa foi registrada pelos curiosos espectadores, conhecidos como Shikamaru e Shino – que sempre estavam presenciando momentos, já que ninguém os notava.

- Mas você vai. – Ele foi firme, mas ela não se deixou levar pelo rostinho lindo de irritação do moreno, e se soltou assim que pôde, só para que ele se levantasse e a segurasse por ambos os antebraços.

Os dois sentiram o rubor subir aos rostos, e depois de um longo minuto de silêncio interminável, o Uchiha virou o rosto, parcialmente, na direção dos rapazes inconvenientes que ainda não haviam deixado a sala. E compreendendo de imediato, eles pularam a janela com facilidade, já que estavam no térreo.

Suspirando profundamente, os olhos negros tornaram a encarar o rosto alvo da garota Haruno, que sentia seu coração palpitar como nunca antes.

Enquanto corria pelos corredores do colégio na direção de uma sala em especial, Naruto se perguntava se já havia batido algum Record de velocidade nacional. Quando alcançou o lugar almejado, nem mesmo hesitou antes de puxar Neji, que estava na porta conversando com Lee, pelo colarinho e colocá-lo contra a parede. – Onde ela está? – Perguntou furioso. O Hyuuga sorriu, deleitando-se do olhar que era de claro desespero.

- Você poderia ser mais específico?

- O que diabos você disse para Hinata?!

- “Hinata”?! – As sobrancelhas castanhas se juntaram. – Não devia chamá-la de maneira tão íntima. Mesmo assim vou perdoá-lo, e responderei desde que seja uma pessoa educada e peça desculpas pela abordagem. – Com os punhos apertados, Naruto recuou.

- Desculpe senpai. – Ele pediu com desgosto. – Pode chamar a sua prima, Hinata-san, para que eu possa conversar com ela? – O sorriso do mais velho foi tão irritante que o loiro sentiu vontade de espancá-lo, mas não o fez.

- Ela veio aqui há pouco tempo, na verdade. Ela queria conversar com a Tenten... Lembra-se dela, Naruto? Foi uma das suas garotas. – Os olhos azuis se arregalaram. – Agora, se quiser saber onde está a Tenten... Lá embaixo, no treino de tênis. – E sem esperar mais nada, o Uzumaki correu como um furacão na direção da quadra.

- Mas a Tenten está almoçando lá em cima! – Lee exclamou quando Naruto não estava mais por perto, e Neji deu os ombros, despreocupado. Mas para a sorte do loiro, a cupido Yamanaka não deixava passar nada, e correu para alcançar o amigo.

Hinata estava incerta sobre aquilo. Mesmo que ela tivesse conversado com o primo no dia anterior... Mesmo que tivesse garantido à ele que não precisava conversar com aquela garota para acreditar, no fim das contas ela quis ir até a veterana.

Em frente à porta que dava acesso ao terraço, ela ficou parada por no mínimo dois minutos, e depois de tomar muita coragem a abriu. Ficou constrangida ao notar não só uma, mas três veteranas que a olharam de cima a baixo. A mais bonita delas, morena com uma boa altura, a reconheceu pelos olhos e sorriu como uma criança. Ela se levantou, deu saltos alegres até a Hyuuga e puxou as mãos pálidas. – Eu sou Tenten, Mitsashi Tenten. Você deve ser a Hinata-chan, irmã do Neji, certo?! – Perguntou com animação. Hina negou.

- E- Eu sou a prima do Neji-san. – Explicou nervosa.

- Entendo, entendo. Eu a vi dançando com Naruto-kun ontem, por acaso vocês já...? – Ela havia sussurrado a última parte, mas mesmo com o tom de voz tão sugestivo, Hina não tinha compreendido. – Ah...! – A morena se surpreendeu ao notar. – Você é tão fofinha, tão pura! O que está fazendo se envolvendo com um cara como Naruto Uzumaki?! – Questionou preocupada.

- Desculpe, eu realmente não entendo... – E com um suspiro profundo, a de olhos castanhos a puxou para um lado reservado, longe das amigas. Elas se sentaram no chão, e coçando o rosto, a Mitsashi imaginou se deveria ou não contar o que estava prestes a dizer. Ao concluir que Neji só devia ter mandado a preciosa prima – de quem ele falava desde que namoravam – até ela, era porque queria que a menina soubesse.

- Hinata-chan, seja sincera. – Ela pediu com gentileza. – Você estava me procurando, não é? Para quê? – A de cabelos azulados hesitou, mas concordou com um assentir.

- Eu quero saber... Por que o Neji nii-san fala aquelas coisas do Naruto-kun. – E a fitou com olhos temerosos. – Quero saber se é verdade! – A veterana inspirou.

- Eu posso apostar que ele está tentando te proteger.

- Me proteger?! – A voz de Hina estava trêmula. – Por quê?!

-... Escute Hinata-chan... Naruto Uzumaki é um “vida boa”, um Casanova. Galinho, garanhão, pegador de veteranas. – Foi tão sincera que ela ficou paralisada. – Até pouco tempo, ele costumava fazer festas bombásticas em casa, enquanto os pais viajavam e a irmãzinha ficava com os avós. Tinha todo tipo de gente, todo tipo de garota... Menos as boas moças, claro.

- M- Mas era só uma festa... Ele só queria se divertir. – A morena riu alto, e negou com a cabeça, se contendo para não magoá-la ainda mais. Depois de pigarrear, continuou.

- Não, Hinata-chan. Definitivamente não era para se divertir... Pelo menos não o tipo de diversão que você está pensando. Uma vez, seu primo fez algo horrível a mim, e eu fiquei tão revoltada que acabei indo... Bem, o resultado foi uma noite de sexo estupidamente incrível. – O rosto pálido ficou vermelho só de ouvir a palavra. – Com Naruto. – Ela adicionou, fazendo a Hyuuga pasmar. – E claro, mais umas duas garotas que eu não me lembro. – Concluiu com o indicador no queixo. – Os olhos perolados se encheram d’água, e ela preferiu se calar.

Viu a prima de Neji levantar-se lentamente, ainda em silêncio, e caminhar hesitante até a porta por onde havia entrado. – Ei... Você está bem? – A Mitsashi perguntou preocupada, mas Hina não respondeu.

Abriu a porta debilmente, e embora tenha se surpreendido com Naruto ali, com a mão na maçaneta, ofegante de tanto correr, não o olhou diretamente nos olhos. – Hinata... – Ele começou, mas foi ignorado completamente.

A garota passou por baixo do braço dele, e desceu calmamente as escadas, com medo de tropeçar já que seus sentimentos pareciam estar embaralhados. – Hinata! – Naruto exclamou mais uma vez, e a voz dele só fez as lágrimas, antes contidas, descerem pelo rosto de porcelana.

Mas ela não queria ser visto chorando. Não por ele. Então ela correu, sem se importar com o fato de estar fugindo... Sempre fora criada com a ideia de que fugir era inútil, mas ela realmente não queria enfrentar aquilo. Não podia enfrentar aquilo!

Se apaixonar... Sempre pensou nisso como a coisa mais bonita que poderia ter acontecido em sua vida. E agora, descobria que o dono de seus sentimentos não passava de um aproveitador de garotas! Um destruidor de relacionamentos insensível e irresponsável! Que não só tinha acabado com o romance do primo querido, mas também com os sonhos doces que ela cultivara desde que se descobrira uma garota romântica.

Enquanto corria incansável pelos corredores, pelo pátio, pelo campus e pelo portão, ela só conseguia pensar nos planos que fez mesmo inconsciente, nos doces e pratos que havia feito pensando em sua opinião, nas roupas novas que ela tinha escolhido, mais modernas, apenas para agradá-lo... Nas conversas com as amigas, na dança, nas trocas de olhares, no parque... Todas aquelas lembranças lindas, incríveis, que ela gostaria de guardar por toda sua vida – que até então não imaginava sem a presença dele – jogadas ao vento ao descobrir que embora seus pensamentos fossem puros, os dele eram sujos! – HINATA CUIDADO! – Ela só ouviu o grito quando escutou o som do sino de bicicleta, mas quando se deu conta que estava no meio da ciclovia, chorando e com uma bicicleta profissional em alta velocidade que parecia pesada demais para o seu corpo, vindo diretamente em sua direção, já era tarde demais para correr ou para o motorista desviar ou brecar.

- NEJI! – Tenten chegou ofegante até o 3-A, com um rosto desesperado e olhos arregalados. O Hyuuga estranhou, já que a ex- nunca fora de gritar o nome dele nem nada parecido, também não era acostumada a se assustar ou se surpreender com algo, e ela definitivamente não parecia zangada.

- Que foi? – Ele perguntou enquanto se levantava. Preocupando-se ao lembrar que a filha de Hiashi devia estar conversando com a morena naquele momento.

- Hinata-chan...!

- Ei, parece que alguém foi atropelado por uma bicicleta! – Ouviu Lee gritar da janela. E foi só juntar 1+ 1 que ele entendeu, e empurrando a morena para dentro da sala, correu para o local do acidente, onde uma rodinha de alunos se formava, e se desesperou.

Afinal... Havia sangue estava por todos os lados.