Que Chegue Até Você. escrita por L-chan_C-chan


Capítulo 37
Parte XXXVII – Akai Ito.


Notas iniciais do capítulo

Demorei, mas cheguei!
Queridos amados, trago-lhes o último capítulo de Que Chegue Até Você!
Eu me esforcei muito para escrevê-lo, e o resultado foram doze páginas e 5.200 palavras.
Eu revisei uma vez, apenas, mas creio que esteja tudo certo. :)
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Obrigada a todos que me acompanharam, a todos que me ajudaram a seguir com essa história que eu realmente AMEI escrever.
Estou muito feliz. :)
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O prólogo prometido poderá, se vocês quiserem, ser escritos. Mas só vai ser postado semana que vem, porque infelizmente eu não tive tempo nem de respirar, quem dirá ter ideias e desenvolvê-las em um capítulo. q
Fiquem a vontade para dar ideias!
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Espero que gostem.
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Aqui está o link da minha nova fanfic: http://fanfiction.com.br/historia/362733/The_King/
Eu realmente espero que confiram! ^-^v



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Parte XXXVII – Akai Ito.

“Um fio invisível conecta os que estão destinados a conhecer-se, independentemente do tempo, lugar ou circunstância. O fio pode esticar ou emaranhar-se, mas nunca irá partir.”


Quando Hinata abriu os olhos naquela quente manhã de natal, seu corpo estava surpreendentemente dolorido. Ela podia sentir os braços fortes e grandes envoltos à sua cintura, e os lábios do eterno amado respirando contra os seus longos cabelos bagunçados. A respiração dele era tranquila e ritmada; Hina podia sentir o peito dele contra suas costas e sorriu por constatar que ele estava tão próximo.

Ela não queria sair dali nunca, mas ao ouvir o barulho vindo da sala de estar – provavelmente a filha – percebeu que não tinha jeito. Cautelosamente, tentou se desvencilhar dos braços do amado, que respondeu puxando-a ainda mais possessivo. Ela riu baixo para não acordá-lo, e continuou tentando, e falhando miseravelmente. Claro que depois da quarta tentativa, ela percebeu que ele estava acordado.

Desvirou-se para fitar o rosto dele e beijou-lhe os lábios que sorriam travessamente. – Bom dia. – Ela falou como se o tivesse pegado no flagra. Os olhos azuis se abriram, brilhantes como ela se lembrava na adolescência.

– Bom dia... – Ele puxou a nuca fina para beijá-la novamente. Hinata retribuiu de bom grado, alisando o rosto mal barbeado e rindo quando ele colocou o seu corpo sobre o dela.

– Não faça isso... – Ela murmurou entre os lábios dele.

– Por quê? – Ele respondeu sem parar de beijá-la.

– É manhã de natal, eu preciso fazer um almoço...! – Ele pareceu não se importar muito com o argumento, já que as mãos ousadas desceram até as coxas brancas e grossas da Hyuuga. – Naruto! – Ela repreendeu, batendo de leve nas costas da mão do rapaz, que riu com a reação.

– Querida, não sei o que aquela família louca te ensinou, mas não se fazem “almoços de natal”, se fazem “ceias de natal”, na virada da noite. – Ela cerrou os olhos e socou de leve o peito másculo.

– Eu sei disso. – Falou sem tirar os olhos dos músculos bem definidos. – Só que... – O indicador pequeno delineou-os lentamente, fazendo o rubor subir para o rosto do Uzumaki. – Ontem todos perderam a ceia de natal por nossa causa, então eu os convidei para um almoço em agradecimento. – E finalmente levou os olhos de lua até os de safira. – Você saberia disso, se estivesse prestando atenção na conversa. – Ele suspirou, e alisou as faces da mulher.

– Ontem não foi exatamente o melhor dia da minha vida. – Ela corou. – Tirando, claro... – Os lábios do rapaz deslizaram pelo pescoço alvo, e Hinata ergueu a cabeça, deliciada com o toque. – O final da noite... – Sentiu os beijos dele e suspirou. Estavam a ponto de ceder quando a inconveniente batida na porta soou.

– Mamãe? – Yume perguntou um pouco curiosa, um pouco envergonhada. Os pais suspiraram.

– Sim, querida. Eu estou aqui. – Hina avisou com a voz calma. Naruto se levantou e ajudou a amada a fazer o mesmo. Eles se vestiram e saíram para atender a filha. Rikka enrubesceu ao ver o pai sem camisa. Inicialmente, ela sorriu pelo fato deles estarem juntos (fazendo algo que ela ainda não entendia), mas depois se lembrou da noite anterior, e desviou os olhos para o chão.

Naruto suspirou, sorriu e a puxou de supetão, pendurando-a em seu pescoço. – É agora que eu fico corcunda! – Ele reclamou brincalhão. – Quando é que você engordou tanto, Rikka? – A menina não respondeu, ainda estava emburrada.

– Ah, ela come muitos bolos. – Hinata resolveu ajudar. – Eu aposto que são os de chocolate. Sempre aviso pra não roubar da geladeira. – E balançou a cabeça em desaprovação.

– Eu não pego mais bolos de chocolate da geladeira! – O rosto da menininha enrubesceu. – E- Eu juro mamãe! Quando você falou pra eu parar, eu parei! – Hinata riu de tamanho nervosismo. Naruto pulou, fazendo a filha não só gritar, como agarrar seu rosto. – Papai! – Ela reclamou.

– Bem melhor. – Ele sorriu. – Vamos tomar café?

~

O clã Hyuuga sempre foi silencioso, mas aquela manhã estava muito pior do que o normal. Depois daquele desastroso acontecimento no dia anterior, Suzuki concluiu que seria melhor para o marido que ficasse deitado, acamado até seu cardiologista visitá-lo e não poderia passar por mais nenhuma emoção muito forte.

Isso era terrível para os planos de Neji, que praguejou sobre o quão bendita foi a hora em que aquela garotinha Uzumaki havia escolhido para sumir. – Eu preciso falar com ele, Suzuki! – O sobrinho, mas a médica estava decidida.

– Você vai fazê-lo enfartar! – Ela exclamou em resposta. – Tem noção do quanto Hiashi espera de você, Neji?! Falar algo assim poderia acabar com ele! – Hanabi, que estava casualmente passando pelo corredor, não pôde evitar cessar os passos ao ouvir a madrasta tão nervosa justamente com o “santo” da residência.

– Tia Suzuki, não é algo que possa esperar. – Ele suspirou. – Eu também não quero magoar o tio, e é por isso que quero conversar com ele sobre isso. – Os olhos da mais jovem se estreitaram curiosos. Poderia ser algo sobre Hinata?

– Primeiro eu quero que você tenha certeza do que está fazendo. É isso mesmo o que você quer? Você vive bem aqui, tem a sua família por perto... Iria mesmo conseguir viver no exterior? – Aquilo a pegou de surpresa.

– Exterior...? – Ela se perguntou, e praticamente gritou assustada ao sentir a mão firme do pai sobre seu ombro.

– É horrível espiar por trás das portas, Hanabi. – Ele a censurou com uma expressão tão séria que a fez esquecer-se do fato de que ele, provavelmente, também estava ali para espiar.

O senhor Hyuuga passou pela filha e abriu a porta de papel, surpreendendo os que conversavam.

Ele caminhou firmemente até uma poltrona que servia para sua leitura regular e olhou para o sobrinho com calma. – Diga, garoto. – Neji hesitou.

Mas ele não podia continuar assim... Como Tenten dizia, ele tinha que ser corajoso. Aproximou-se do tio, agachou-se em frente a ele e segurou firmemente suas mãos. – Tio... Eu vou me casar. – Hanabi, ainda na porta, não pôde sequer piscar. Hiashi também se surpreendeu.

– Casar? Mas eu pensei que...

– Desculpe meu tio... Eu sei o que você pensa, mas não consigo ver Hanabi como nada além de uma irmã muito querida. – Ele sorriu ao dizer aquilo, mas a própria Hanabi teve vontade de chorar rios de lágrimas.

– Neji... Você sabe que eu o vejo como um filho. – Ele apertou as mãos do sobrinho com carinho. – Mas você não é meu filho. Mesmo se fosse... Depois de tudo o que aconteceu entre mim e Hinata... Eu não mais poderia ser egoísta com as pessoas que eu amo. Ainda assim, peço que reconsidere... Que pense em tudo porque lutamos nos esforçamos juntos... – Neji negou com a cabeça.

– Eu tenho muito respeito pelo senhor, meu tio. Mesmo que tenha errado com a Hinata... Você sempre foi um homem honesto. É por isso que eu quis olhar nos seus olhos, e dizer que eu vou me casar, e vou para o exterior.

– Exterior?! – A voz de Hanabi soou desesperada, e o primo não teve coragem de olhá-la. – Neji! Mas...!

– Desculpe Hanabi. Tio. É algo certo. – Os olhos perolados do rapaz estavam decididos como nunca. – Eu já decidi. Aceitei um emprego em uma grande empresa americana, e devo ir para lá assim que mandarem as passagens. – Aquilo era demais... A mais jovem correu de volta para o quarto para chorar, e Suzuki foi acolhê-la.

– Eu vejo que já escolheu seu caminho. Sendo assim... Como seu tio... Eu só posso esperar que seja muito feliz. – Neji sorriu, e abraçou o tio afetuosamente – talvez aquela fosse a primeira expressão de afeto que eles demonstravam um pelo outro.

~

Sasuke praticamente arrombou a porta da casa da mãe de tão desesperado.

Ele havia ido para o escritório colocar os trabalhos que perdera, graças à filha de Naruto, em dia e não passou duas horas no escritório antes que Mikoto ligasse para seu celular, eufórica, dizendo praticamente aos gritos que Sakura havia passado mal novamente.

Tudo bem que aquilo já estava virando uma rotina na vida dos Uchiha, mas não era por isso que ele ia ficar menos preocupado com a esposa, certo?

Então, como o bom marido que ninguém podia negar que era, fechou os trabalhos salvos e correu para o sedã preto e acelerou a caminho do condomínio de casas sem se preocupar com o fato do chão estar um tanto escorregadio pelos flocos de neve que caíam desde a manhã. – Não quebre a porta! É inverno! – Itachi exclamou brincalhão. – Não vai querer sua família incomodando a vida de recém-casados, vai? – Ele sentiu o rosto corar, mas preferiu ignorar o mais velho.

– Onde está a minha esposa? – Itachi deu duas palmadas amigáveis no ombro do irmão, fez uma careta de pena e apontou com a cabeça para o banheiro. Sasuke se apressou; empurrou Fugaku – ele estava parado ao lado da porta aberta – que olhava abismado e sinceramente preocupado com o estado da nora, e pôde ver a amada pendurada na pia da casa da mãe; ele podia ver, mesmo de longe, o rosto pálido de Sak.

Mikoto, que até então acudia a esposa do filho, se afastou para que ela pudesse se recompor. – O que houve mamãe? – O sorriso da senhora Uchiha foi no mínimo suspeito. – Mãe?

– Exatamente! – Ela sorriu ainda mais, e ele não entendeu inicialmente. Itachi também havia se juntado ao pai, curiosíssimo para ver a reação do irmão.

Sak levou os olhos esverdeados apreensivos ao marido, que ainda não havia entendido bulhufas. – Querido, - Sentiu a mão de a mão pousar sobre seu rosto. – Como é que pode se formar no exterior e entender sinais tão simples? – Todos riram; Mikoto levou os olhos negros até a nora, que corou com o olhar insinuante. – Você também não pode falar nada, Sakura Uchiha. Uma médica formada na Toudai, não conseguir entender que está grávida... – Sasuke paralisou no mesmo lugar. Itachi gargalhou quando o rosto do mais jovem empalideceu e ele fez questão de empurrá-lo em direção à esposa. Mikoto riu daquilo, mas se retirou do lavável e levou os dois curiosos junto.

– V- Você está bem? – Ele estava tão atordoado que não sabia o que falar, ou como reagir. Sakura tornou a olhar para a pia e assentiu timidamente.

– E você? – Ela perguntou hesitante, e Sasuke riu nervoso.

– M- Mas é claro que eu estou bem! – Ele gaguejou, e aquilo a fez se sentir péssima. Os olhos verdes se cerraram, a ponto de chorar; ele suspirou e praguejou mentalmente por ser tão idiota. Abraçou a cintura fina – que de fato estava um pouco mais saliente do que o normal – e beijou a cabeleira rósea.

– Um pouco surpreso. – Ele confessou num murmúrio que a fez rir.

– “Um pouco”? – Ela arqueou a sobrancelha duvidosa e ele deu os ombros.

– Eu não tinha pensado na possibilidade. – Aquilo a fez rir.

– Francamente, nem eu. – Puxou o enxaguante bucal, gargarejou pela décima vez e cuspiu na pia de mármore sempre impecável.

O silêncio perdurou por muito tempo, até ele puxar o queixo da mulher gentilmente e sorrir. – Vamos ser pais. – Ele riu desacreditado, e só aquela tentativa de fazê-la feliz, de fato a fez feliz.

O sorriso dela foi iluminado, e os olhos verdes brilharam. – Vamos ser pais! – Ela exclamou antes de abraçá-lo.

~

O almoço de Hinata, no fim das contas, não foi tão grandioso quanto ela havia imaginado. Os Uchiha ligaram avisando que não poderiam comparecer. Neji, embora de fato tivesse ido até o apartamento da prima – com Tenten, aliás -, explicou-lhe que infelizmente não poderia comparecer, já que tinha malas a fazer.

No fim das contas, de uma lista de quase vinte ou trinta convidados, só os Uzumaki, Suzuki e Hanabi compareceram. Além, é claro, de um funcionário de Sasuke que Hinata não conhecia muito bem, mas que havia colaborado com a procura de Rikka.

Ainda assim, havia sido um natal iluminado.

Juntos, Akimichi e Yamanaka comemoraram o primeiro natal da filha mais jovem da família, a pequena Sanae, que havia ganhado presentes que não deveria usar, no mínimo, em cinco anos. Uma comemoração feliz que teve direito até a uma competição de shogi com o padrinho da garota, que obviamente ganhou.

Os Uchiha comemoraram alegremente a chegada do novo herdeiro com uma reunião familiar estranhamente alegre para aquela família, com direito a brindes com suco de laranja – em respeito à Sakura, claro –, piadinhas sobre quanto Itachi e Mayuki subiriam ao altar, e uma infindável discussão sobre o nome do bebê, onde se ficou decidido que, caso fosse uma menina, seria chamada de “Meiko”, junção de “Me”, de Mebuke – a mãe de Sakura – e “iko”, de Mikoto. Caso fosse um menino, se chamaria “Kizashi”, como o falecido pai de Sakura. Claro que em meio à discussão, lágrimas de emoção não foram contidas.


– Você, vá trocar de roupa. – Hinata ordenou ao amado. Ela já estava vestindo um vestido curto, tomara que caia azul. Naruto fez uma careta para ela.

– Eu vou colocar um terno, de qualquer jeito. – Rikka riu.

– Papai não quer tomar banho! – Cantarolou zombeteira, e o pai, em resposta, lhe deu um cascudo. Hina riu.

– Eu posso só tomar um banho aqui... – Ele puxou a mulher pela cintura; Hina estreitou os olhos e apontou com a cabeça para a menininha ao lado deles, que ria inocentemente. – Tudo bem. Eu vou lá, tomo um banho e volto. Dois minutos.

– Tome um banho de quinze, por favor. – Hinata ria enquanto falava, e ele teve oportunidade de roubar-lhe um beijo rápido, que a fez enrubescer. O loiro se afastou antes que pudesse levar algum tapa.

– Volto logo. – E piscou para a filha antes de sair.

Ele estava sorridente demais quando abriu a porta do apartamento ao lado, mas o sorriso logo se desfez ao ver a sempre inesperada visita daquela mulher.

Shion levantou-se imediatamente; ainda usava a roupa do dia anterior, e tinha um embrulho em mãos. Ela sorriu timidamente, e esticou o embrulho. – É um bolo. – Disse meio sem graça.

O loiro suspirou. Coçou a nuca e olhou para a prima. – Shion... Vai pra sua casa, é sério. – Ele pediu com toda a calma do mundo, e o rosto dela empalideceu.

– Mas... Mas eu vim para ficar com você! Até trouxe um bolo... Eu pensei que íamos passar a noite de natal juntos, mas acho que... – O rosto dela enrubesceu de revolta. – Acho que sua filha precisava de você, então entendi o porquê de não voltar para casa na noite passada. – O primo suspirou longamente; aproximou-se e segurou a outra pelos ombros.

– Shion, vá para sua casa. – Ele falou firmemente, e os olhos da Senjuu encheram-se de lágrimas. Ela se esquivou.

– Por que eu deveria?! – Exclamou em voz alta. – O que aquela mulher te disse?! – Ele estreitou as sobrancelhas loiras, confuso. – Se você estiver com raiva por causa daquela carta, eu não tive culpa! Eu perdi! As pessoas perdem as coisas! – E ela começou a chorar do nada. – Eu te amo, Naruto-nii! Eu sempre te amei, e você sabe disso! Eu pensei que... Pensei que tínhamos algo!

– Carta...? Do que você está falando? – Os olhos dela se arregalaram diante a confusão dele. -... Espera um momento... Você não está falando daquela carta, que a Hinata sempre disse que me mandou avisando suas condições, há uns dez anos atrás, está?! – A loira não respondeu; havia perdido a fala, já que imaginara que a rival a havia entregue. – Shion. – A voz dele foi de repreensão. – Me responda! – Exclamou.

Shion fungou; limpou o rosto, puxou a bolsa e saiu do apartamento sem mais explicações. Aquilo era o suficiente para ele entender.

Bom... Talvez quinze minutos de banho, no fim, não fosse o suficiente para ele pôr tanta informação em ordem.


Hinata e Yume formavam uma dupla esplêndida quando o assunto era arrumar a mesa da sala de jantar, que ficava escondida atrás de uma porta discreta na cozinha.

Elas ajeitaram os pratos em número certo para os convidados que não haviam cancelado; enquanto a mãe arrumava a comida, a bebida e os pratos, a filha cutucava o pudim, o bolo e furtava guloseimas. Hina olhou para o relógio disfarçadamente, já havia passado trinta minutos desde que o loiro saíra para se trocar. – Mamãe, agora você é a namorada do papai? – Hina sentiu o rosto enrubescer, mas não parou com a arrumação.

– Acho que... Pode-se dizer que sim, querida. Por quê?

– Eu estou feliz. – A pequena disse simplesmente, sorrindo. Aquilo fez Hina rir; ela se afastou da mesa e beijou a testa da menina. A campainha soou, e a mais jovem se apressou para atendê-la. – Vovô! – Ela exclamou cheia de alegrias, pulando sobre Minato que a pegou habilidosamente. Afinal, com os filhos – e a esposa – que tinha, estava acostumada àquelas ações impulsivas.

– Feliz natal, Rikka! – Ele a ergueu com facilidade, fazendo-a gargalhar.

– Nós trouxemos muitos presentinhos para nossa netinha preferida. – Kushina exibiu os embrulhos que Suigetsu trazia; Karin riu da postura desajeitada dele.

– E única, eu espero. – Naruto surgiu do apartamento ao lado sorrindo. Estava disposto a esquecer de tudo e agir como se nada tivesse acontecido, mas Shion não estava mais lá para ele se preocupar; o rapaz usava uma calça social simples e uma camisa preta. Cumprimentou Mayuki, Kushina e Karin com beijos no rosto e o pai, com uma palmada no ombro. À Suigetsu, preferiu contribuir no cargo de “carregador”.

Hinata apareceu à porta, segundos depois, e os convidou a entrar. Os convidados se sentaram na sala para conversar enquanto esperavam Suzuki e Hanabi, e tanto Mayu quanto Kushina puderam notar a diferença na aproximação dos pais de Rikka, em comparação à semana anterior. Naruto estava quase agarrando a cintura da Hyuuga num claro anuncio de que ela lhe pertencia.

Minato não reparou muito no casal, já que estava entretido com os jogos que a esposa comprara para a neta.

Não demorou até que as atrasadas chegassem, e eles foram logo almoçar – embora já fosse quase hora do jantar.

Todos se deliciaram com as refeições feitas por Hinata, e Kushina mais de uma vez deixou um claro convite para Hina fazer parte de sua família quando quisesse.

Eles brindaram ao retorno de Rikka, e à felicidade de seus pais. Infelizmente, mesmo que aquela noite estivesse tão mágica e feliz, nem todos conseguiam se sentir da mesma forma.

Hina notou quando Hanabi, discretamente, levantou-se e se retirou da mesa depois do jantar terminar, mesmo que as conversas continuassem animadas; Suzuki também pôde perceber, mas preferiu deixar as irmãs se envolverem, tornando a prestar atenção na interessante história de Kushina sobre as fugas de Mayuki.

A sacada do apartamento era realmente muito bonita. Não era o último andar, mas dali, Hanabi conseguia enxergar toda a cidade muito bem. Como era uma área coberta, ela não precisou se preocupar com os flocos de neve caindo sobre sua cabeça. Mesmo que usasse um vestido de tecido fino, ela se encolheu, sentou-se numa das cadeiras de madeira e ficou olhando a chuva de gelo. – Você está bem? – Hinata se aproximou com um olhar preocupado. Hanabi não pôde deixar de corar.

Ela baixou o olhar um pouco, mas assentiu. – Estou bem. – Mentiu, e a irmã percebeu isso.

Hesitante, Hinata se sentou ao lado dela. – Hanabi... Nós não pudemos falar direito ontem... – Hana negou com a cabeça.

– Está tudo bem, onee-chan. – Ela sorriu com desânimo. – Eu sei que o papai foi um crápula. Sei que você teve todo o direito de fazer o que fez... – E olhou para ela. – E eu te apoio, de todo o meu coração. – Hina não respondeu. – Eu pensava que você havia deixado sua filha no orfanato, e depois, para evitar um escândalo nos seus negócios, tinha resolvido inventar essas coisas da nossa família, mas... – Ela riu sem humor. – Isso não é do seu feitio. Pensando agora, foi uma ideia insana. – Sentiu as mãos suaves e geladas da mais velha ajeitarem seu cabelo castanho, mas não teve coragem de olhá-la nos olhos.

– Hanabi... Você é uma das pessoas que eu mais amo na minha vida. – Ela falou com um sorriso gentil. – Acho que, acima de você... Apenas a minha filha. – A mais jovem assentiu, constrangida pela situação. – Ainda assim... Eu não fui uma boa irmã. Eu fui negligente, foi afastada. – Desesperada para que a outra não pensasse dessa forma, Hanabi negou com a cabeça.

– Não, onee-chan! – Ela exclamou. – De maneira alguma! Você estava perdida! Depressiva... – Ela baixou os olhos. – É natural que tenha se afastado, você precisava de uma vida nova... – Hina sentiu lágrimas finas escorrerem por seu rosto, e riu.

– “Uma vida nova”... Na realidade, acho que essa foi a decisão mais covarde da minha vida, depois do suicídio. – Hana não respondeu, porque ainda não tinha se acostumado com o fato de a irmã ter tentado fazer uma atrocidade daquelas consigo mesma. – Isso só me fez mal... – Ela puxou as mãos da irmã. – Eu me tornei uma empresária famosa, um nome conhecido... Uma solteirona rancorosa, uma mulher desesperada com a vida. – E fungou. – Dependente de remédios, de consultas... – Hana também fungou, e apertou as mãos da irmã.

– Onee-chan, eu sinto tanto... – Mas Hina negou com a cabeça.

– Se eu tivesse sido mais corajosa... Se eu tivesse dito “sim”, ao Naruto, ou “sim” ao papai... Eu não teria passado nem por metade do que eu passei. – Sorrindo, ela ergueu os olhos. – Se eu tivesse tido a coragem para voltar a Konoha, dez anos atrás... Talvez eu tivesse mais filhos. Talvez eu estivesse casada... Talvez eu tivesse aprendido a ser forte o suficiente para recuperar a minha filha sem apelar para coisas tão sufocantes como a imprensa. Talvez, se eu tivesse sido mais forte... Eu fosse uma irmã melhor para você. – Hana negou com a cabeça, e apertou os dedos da mais velha.

– Onee-chan, tudo aconteceu como deveria ter acontecido... – Ela sorriu solidária quando Hina ergueu os olhos. – Não existe algo como “acaso”. Tudo o que você passou... Tudo o que nós passamos... Tudo tem um motivo. – A de cabelos castanhos enlaçou, com o mindinho, o mindinho da outra. – O destino das pessoas é imutável, então você não deveria se atormentar com a ideia de “eu poderia ter feito isso” ou “eu deveria ter feito aquilo”, você fez o que o destino decidiu para você. – A mais velha estava abismada, surpresa pelas palavras de consolo de Hanabi, que sorriu entre lágrimas silenciosas. – Mas não adianta quantas peças o destino nos pregue... Nós somos irmãs. O nosso amor sempre vai nos fazer voltar a ficar juntas. – Sem se segurar, Hinata abraçou a moça, que retribuiu saudosamente.

Elas ficaram ali por alguns minutos, sorrindo, chorando e aproveitando a presença uma da outra. Embora quisesse muito, Hanabi não teve coragem de falar sobre Neji. Não àquela noite... – Bem, acho que vou beber com a Mayu. – A jovem se levantou; elas se despediram com um sorriso e Hana adentrou novamente no apartamento, deliciando-se com o ar quente. Ela enrubesceu ao notar Naruto parado ao lado da porta de vidro que dava para a sacada; ele lhe deu um sorriso solidário e ela se apressou, constrangida, para chegar até a amiga.

Hinata permaneceu sentada no mesmo lugar, olhando a neve que agora, caia mais grossa e majestosa, quando sentiu uma manta quente cobrir seus braços. Ela olhou de lado e sorriu ao ver Naruto, que lhe entregou uma caneca com chocolate quente que foi aceita de bom grado. Enquanto bebericava do líquido delicioso, viu-o se aproximar e sentar-se à sua frente. – Fico feliz que tenha se reconciliado com sua irmã. – Ela assentiu com parte do rosto escondido pela caneca.

– Fico feliz que ela tenha me perdoado. – O loiro riu, e beijou a testa da amada.

– É impossível não te perdoar, Hinata Hyuuga. – Ela corou. – Vocês duas se parecem muito... – Ele comentou. – As duas são muito românticas. – Hina corou ainda mais. – Esse negócio de destino...

– Sim, é muito romântico. – Naruto assentiu, concordando; puxou do bolso do paletó um cordão vermelho não muito fino e o laçou no anelar direito da mulher, que observou curiosa, em silêncio. – Eu acredito que cada um faz o seu próprio caminho. – Ele murmurou. – Exceto no amor... Eu realmente acredito naquela história de “o fio vermelho do amor”. – Hina riu.

– Mas o Akai Ito se liga nesse dedo. – Ela ergueu o mindinho. – Acho que foi um erro técnico, senhor Uzumaki. – Mas, para sua surpresa, o loiro negou, confundindo-a. Ele suspirou, como se estivesse chateado por ela subestimá-lo, e retirou o restante da linha do bolso; o pequeno anel que ela havia ganhado há quase doze anos atrás estava solto, e era segurado por ela. Naruto prendeu a outra ponta – que já estava amarrada – no seu próprio dedo. – Nós passamos por muitas coisas, Hinata... – Ela estava tão surpresa que não conseguiu se sentir constrangida. – Juntos, separados... E enfim juntos de novo. – A mão dele ergue-se estrategicamente, de forma que o anel deslizasse até o anelar dela, encaixando-se perfeitamente. – Eu te amo desde os meus dezesseis anos de idade. – Ele murmurou baixo. – Hinata Hyuuga... Você se casa comigo? – No seu cérebro, não havia sequer uma atividade que trabalhasse regularmente naquele momento. Ainda assim, ela ouviu-se dizer “sim”, e foi beijada.


Quando Naruto e Hinata tornaram à sala, todos notaram algo estranho em suas expressões. E quando o Uzumaki anunciou orgulhoso e feliz, o noivado repentino, a família inteira explodiu em alegria. Infelizmente, Rikka, a que mais ficaria feliz, já estava dormindo nos braços do avô e não poderia saber da notícia até a manhã seguinte.

Karin estava sinceramente feliz pelo primo, mas por sentir-se culpada por pelo menos parte do que aqueles dois haviam passado, preferiu não parecer hipócrita, e se afastou depois de dar seus sinceros parabéns. – Você não é o tipo de pessoa que se isola. – Suigetsu se aproximou dela, que estava escondida na cozinha. A ruiva bufou com a aproximação e deu os ombros.

– Não pense nada errado, eu estou mesmo feliz pelo meu primo. – Ela esclareceu com um beicinho revoltado, e ele se aproximou mais. – Ei, o que está fazendo? – Ela o empurrou para ter espaço. Mas ele, encorajado pela bebida, tornou a se aproximar.

– Vamos! Você sabe que vai terminar uma solteirona. – Ela revirou os olhos. – E se ao invés disso, você tentasse encontrar outro homem que não fosse casado e a ponto de ter um filho ou noivo e com um filho. – Ela riu.

– Eu não sou apaixonada pelo meu primo! – Exclamou divertida, mas Suigetsu deu os ombros.

– É apaixonada pelo Sasuke. – Toda a graça sumiu dos olhos vermelhos da Uzumaki, que deu os ombros e virou a taça de vinho para bebê-la em um gole. – Vamos lá, Karin... Só uma saidinha? – Ela ergueu a sobrancelha.

– Você está bêbado. – Concluiu com um pouco de incômodo interno. Sui negou.

– Eu bebi, de fato. – Concordou. – Mas sei que você é a mulher mais linda que eu conheço desde que a vi pela primeira vez... – Ela corou. – Também sei que é a mais fiel das mulheres, e vai ser fiel ao seu amor até se apaixonar novamente... – Ele se aproximou mais, e ela não conseguiu se afastar. – E sei que eu sou capaz de te fazer esquecer aquele almofadinha. – Murmurou antes de beijá-la.

Claro que o relacionamento deles não se desenvolveu como um supetão depois de um simples beijo. Mas aquele beijo alterado pelo vinho do natal resultou em um encontro de ano novo, que posteriormente, resultou em um jantar casual, que se tornou um jantar romântico e em poucos meses, eles eram um casal oficial.

Sasuke, e principalmente Sakura, ficaram realmente alegres com a notícia de que eles estavam mesmo juntos. O casal Uchiha também foi convidado, assim como o casal Akimichi, para apadrinharem a união de Naruto e Hinata, que se tudo desse certo aconteceria dentro de alguns meses.

A caçula dos Uzumaki não podia saber se estava mais feliz por ser noivinha, ou por ter os pais juntos.

Neji Hyuuga mudou-se para Nova York quarenta dias após o aviso ao tio. Ele e Tenten se casaram antes da mudança, em Kyoto, perto dos pais. Hinata foi madrinha do casamento ao lado de Rock Lee, amigo do casal, mas nem por um momento cruzou olhares com o pai. Hanabi passou a cerimônia inteira sentada, sorrindo falsamente, mas desejando sinceras alegrias ao casal durante a despedida.

Aqueles meses foram muito difíceis pra ela. Desde que Hinata fora embora, Neji era seu porto seguro, seu protetor. Ela realmente estava apaixonada, e era feliz com a ideia de que um dia eles iriam se casar. Todos aqueles sonhos, entretanto, foram em vão. Suzuki era quem mais entendia essa dor, pois presenciara todo o desenvolvimento daquele amor platônico.

Por sorte, a sobrinha e o casamento da irmã conseguiram ocupar sua mente o suficiente para ela quase se esquecer de Neji. Ela seria uma das damas de honra, e entraria logo atrás da irmã, enquanto a pequena Yume abriria caminho para a mãe.

O dia D enfim chegou, e enquanto a imprensa cercava o maior e mais requisitado hotel de Tóquio – que, de fato, havia sido alugado pelos Uzumaki para a distração dos malditos intrometidos -, o porto de Konoha, cenário do primeiro encontro do casal, era enfeitado com flores brancas, amarelas e róseas que combinavam perfeitamente com o buquê.

Todos os velhos amigos de Hinata e Naruto estavam presentes. Ao lado da noiva, Shikamaru e Temari – que tinham acabado e se conhecer – e Ino e Chouji. Ao lado do noivo, Sasuke e Sakura, mesmo barriguda, ao lado de Itachi e Mayuki.

Assim como o combinado, a pequena Yume abriu caminho à Hinata, que andou sozinha pelo longo tapete vermelho enquanto Hanabi segurava a calda não muito longa do vestido simples.

Naruto estava esplêndido dentro do terno negro feito sobe medida, e sua filha, adorável dentro do vestido de saia cheia de tule.

Tudo ocorreu como haviam planejado: uma cerimônia bela e simples. Todos foram convidados, e todos compareceram, exceto Shion.

Embora Suzuki estivesse na primeira fileira, no lugar que pertenceria à mãe Hinata, Hiashi estava afastado de todos, quase escondido atrás de um dos enfeites altos de flores.

A festa foi levada até o jardim dos Uzumaki; casais feitos e improváveis foram feitos àquela noite: Mayuki foi erguida por Itachi da cadeira de rodas, e eles riram e sorriram enquanto dançavam; Rikka pisava nos pés do avô que a guiava animadamente; Suzuki e Kushina, para não ficarem sentadas solitárias, acabaram – surpreendentemente – dançando juntas com uma coreografia antiquada; até mesmo Hanabi dançou! Com um estagiário da empresa do novo cunhado chamado Konohamaru, que não tirou os olhos da moça nem por um instante em toda a festa, que foi interrompida pela bolsa estourada de uma das madrinhas, o que tornaria não só o dia mais importante da vida de Naruto e Hinata, como também de Sasuke e Sakura.

Enquanto, no hospital, a senhora Uchiha gritava o nome do marido desesperado e dava a luz à pequena Meiko Uchiha, a nova senhora Uzumaki e o marido, sozinhos em uma suíte reservada pelos sogros se esforçavam para formar um novo herdeiro.

E todos estavam juntos, todos estavam felizes. Cada um deles, mesmo depois de dor, separações, reencontros e novos encontros, todos estavam bem.


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Notas finais do capítulo

Obrigada por tudo, gente. Eu não vou me despedir, porque vou trazer o epílogo na semana que vem!
Um epílogo e mais uma surpresinha que (eu espero) vocês vão gostar!
~
Minha nova fanfic: http://fanfiction.com.br/historia/362733/The_King/
Aos que prometeram ler, eu vou mesmo cobrar!
É algo totalmente diferente de tudo o que eu fiz, e eu vou me esforçar muito para continuar prosseguindo. Espero que vocês estejam ao meu lado, como estiveram em Que Chegue Até Você.
~
Fiquem a vontade para mandar opiniões e ideias sobre o epílogo!
~
Dúvidas? Críticas? Sugestões?!
~
Até domingo que vem, pessoal!!