Que Chegue Até Você. escrita por L-chan_C-chan


Capítulo 27
Parte XXVII – A Surpresa de Rikka.


Notas iniciais do capítulo

Olá meus queridos dangos! *-*

Antes de qualquer coisa, vou agradecer à linda recomendação da Lulu-chan! (Aliás, eu também recomendo a fic dela, Os Adoráveis Filhos do meu Chefe. É muito divertida e bonitinha. XD). Muito obrigada. Sua recomendação foi muito fofinha, e eu me senti ótima ao lê-la! sz

Também agradeço aos reviews! sz Mas vocês são meio assustadores em questão do Hiashi... Alguns querem a morte, outros querem que ele sofra... q Bem, na semana que vem ele vai aparecer, então espero que não me batam! XD

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Eu terminei esse capítulo no começo dessa semana. Gostei muito, e acho que a Rikka é exatamente o que eu queria que ela fosse! :)

O Capítulo foi betado só uma vez, mas acho que tá certinho. Qualquer erro, perdoem-me!

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Divirtam-se!



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Parte XXVII – A Surpresa de Rikka.

Aos oito anos de idade, Rikka Takagi era de longe a companhia favorita de Naruto em suas horas vagas. Três anos haviam se passado desde a primeira vez que viu a menininha, e os anos só a deixara mais fascinante aos olhos do Uzumaki.

Ela era esperta, energética, e tinha uma estranha mania de fugir sempre que diante qualquer brecha. Claro que Konan, a diretora do lar, era inteligente demais para permitir que ela fosse muito mais longe do que o necessário.

A menina o encantara tanto que ele passava a maior parte dos finais de semana em Okinawa, na casa da avó, mesmo que trabalhasse em Konoha. Ele também era a opção numero um, quando se era necessário aconselhar a garotinha, portanto, sempre que era chamado por Konan, mesmo em dias de semana, ele corria para o Lar das Joaninhas sem pestanejar.

Aquele era um dia daqueles, um dia de broncas. Ele levou duas horas para chegar ao orfanato – era uma viagem que ele já tinha se acostumado a fazer há muito – e se aliviou ao ver Rikka sentada, emburrada, provavelmente por ouvir meia hora do sermão da diretora. Ele se aproximou com um sorriso divertido, e sentou-se ao lado dela. – Fugindo de novo? – Ela fez um beicinho, mas não respondeu. – Eu gostaria de saber aonde você quer ir, de fato. Se eu te levasse com ordens, não ia facilitar?

– Você não vai querer me ajudar. – Ela murmurou emburrada.

– É claro que vou, Rikka. – Ele soou ofendido propositalmente, o que a fez olhá-lo. – Eu vou te ajudar em tudo o que precisar, lembra? Sou seu bem feitor. – Ela pareceu hesitar. Suspirou profundamente, e deu os ombros.

– Eu quero achar a mamãe. – Ah, aquela história de novo... Naruto sempre se preocupava, quando ela entrava nesse assunto. E ela sempre entrava nesse assunto.

–... Por que você não tenta um novo lar? Uma casa de verdade, com uma família de verdade... – Ele sugeriu. Podia até imaginar um belo quarto infantil instalado no seu apartamento novo.

– Eu não quero. – Ela cortou sua imaginação. – Eu tenho pais, não quero ser adotada. – E se levantou teimosa. Naruto respirou fundo... Era sempre assim.

– Você não vai conseguir encontrá-la assim, do nada, sozinha. E sabe se ela quer que você a encontre? – Ele se arrependeu no mesmo instante em que falou. O rosto pálido da menininha corou levemente, e os olhos azuis tremeram, segurando lágrimas.

– Eu não sei. – Ela murmurou. – Mas eu vou saber. – E correu para os quartos sem esperar resposta. Naruto suspirou pesaroso, e coçou a nuca. Rikka era uma menina fascinante, e ele realmente a amava. Não fosse o bendito desejo de encontrar os pais verdadeiros, e a teimosa decisão de não querer ser adotada... Sim, ela provavelmente já estaria em sua casa há anos.

– Teimosa. – Ele reclamou ao se levantar, e seguiu para fora da sala.


Rikka bateu a porta do quarto com força, irritada. – O que foi?! – Uma das meninas novas, a tal Yuuki, surpreendeu-se com a entrada repentina.

– Desculpe. – A morena corou um pouco. – Não queria atrapalhar.

– Você fugiu de novo? – Sayuri, uma das garotas mais velhas, riu. – Não se cansa? A diretora sempre vai te pegar, bobona.

– Isso é assunto meu. – A mais nova suspirou.

– Ah, sim... “A Busca pela mamãe” – Ela riu mais alto. – Coisa de criança. Como acha que vai encontrar sua mãe, sem nem mesmo saber o nome dela? Só mesmo uma idiota como você.

– Eu vou encontrá-la! – A de cabelos azuis insistiu, mas as outras riram mais. Yuuki se aproximou, e com a cabeça, sugeriu que ignorasse as outras. Juntas, ambas saíram do quarto.

– Mas elas têm razão, você não pode encontrar sua mãe sem informação nenhuma. – A novata comentou.

– Como eu vou conseguir informações, do nada?! – A de olhos azuis suspirou chateada, e chutou a bola cor-de-rosa. – Não poderia ser tudo mais fácil se estivessem escritos na nossa cama o nome da mãe, do pai e tudo mais?! Como nos berçários.

– Mas existem documentos, na verdade. – Ah, aquilo era interessante. Os orbes safira da pequena Takagi se iluminaram com a informação, e ela ouviu atenta, sem tentar transparecer a curiosidade. – A família tem que preencher uma ficha pra entregar a criança para a adoção. Eu vi, quando meus tios assinaram... Acho que lá deve ter todas as informações... – Rikka assentiu pensativa. Fichas, hm... Ela sabia muito bem onde encontrar uma papelada.

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Yume’s era referência quando se tratava de casamentos e aniversários; um Buffet “com gostinho de mãe”, esse era o slogan que o marketing pregava e mesmo que soasse tão cruel para Hinata, a dona, depois de longos dois anos, ela aprendera a lidar com aquilo da maneira mais profissional possível.

E como não poderia? Tantos aniversários, ela serviu... Tantas crianças felizes comemorando ao lado de suas mães, enquanto ela não tinha sua menininha.

Mesmo depois de oito anos, ela ainda não superara, e sinceramente duvidava que algum dia fosse. Ela se focou única e exclusivamente no trabalho, portanto, mesmo com tantas propostas atraentes envoltas no assunto “relacionamento”, ela nunca mais foi vista com nenhum homem que não fosse Neji, ou tio Hizashi.

Era uma tarde qualquer quando ela adentrou em uma das matrizes, e reconheceu, sentadas numa das suas mesas, provando bolos, as duas únicas amigas que fez na vida. Inicialmente ela se surpreendeu, depois se assustou, e depois, considerou que seria muita má educação da parte dela fingir que não as viu. Então, aproximou-se vagamente, e tocou o ombro de Sakura no momento em que a rosada provava um pedaço de um dos bolos com recheio de avelã. – Hinata! – Ela se surpreendeu. Levantou-se e abraçou a Hyuuga sem importar-se com os anos sem contato. – Você está linda! – Ela se afastou, e deu uma bela olhada na eterna amada do melhor amigo. Hina usava um vestido à lá camponesa, que a fazia parecer mais nova.

– Você também está linda. – A Hyuuga respondeu com sinceridade. O rosto corado, como sempre. Observou surpresa as madeixas mais cumpridas de Sakura, mas antes que pudesse comentar, foi cortada pela Haruno.

– Sente-se, sente-se! – Era quase uma ordem, que foi obedecida com muita timidez depois de um longo abraço de Ino, que continuava exatamente a mesma. Ela fez muitos elogios, tanto à morena, quanto às receitas "sempre maravilhosas".

– Sabíamos que o Yume’s tinha sido fundado por você, mas nunca imaginamos que nos encontraríamos! – A loira comemorou. – É tudo lindo, Hina. As lojas, os anúncios... Principalmente a comida. Chouji adora. – Ela riu ao falar disso.

– Chouji...?!

– Você se lembra dele, não é? – Ino ergueu a mão esquerda, exibindo uma grossa aliança de ouro que simplesmente chocou a morena. – É engraçado, não acha? – Ela riu da cara da amiga. – Aconteceu há três anos. Ele é um ótimo marido. Viemos aqui a negócios... Ele está pensando em abrir um restaurante em Kyoto. Como precisávamos achar um bolo pra essa aqui... – Cutucou Sak com o ombro, e a rosada corou. Hina riu.

– Fico feliz que tudo tenha dado certo com o Sasuke-kun. – Sakura enrubesceu com a sinceridade do sorriso da outra.

– Eu me formei. Então vamos nos casar agora... – Escondeu uma mecha do cabelo rosa atrás da orelha. Ino puxou a mão da melhor amiga e exibiu o anel de noivado de prata que tinha um belo ônix no lugar que deveria ser de um diamante.

– Lindo! – Hina elogiou com um sorriso doce.

– Vocês são sempre tão tímidas... Nós éramos íntimas, no colégio. Uma relação daquelas não se desfaz assim, de um dia pro outro. – A loira suspirou, pesarosa. – Por favor, meninas! Alegrem-se!

– Querida! – A voz masculina soou da porta da loja. Todas as três levaram os olhares até o grande Chouji, que vestia um terno elegante de tamanho especial, e segurava uma coisinha muito pequena, se comparado a ele, em seus braços.

– Ah! Ele chegou. – A nova senhora Akimichi levantou-se e se apressou para chegar até o marido. Trocou poucas palavras com o grandalhão; pegou a pequena coisinha que era embrulhada por cobertores e se aproximou das amigas com um olhar encantado. Hinata temeu a aproximação daquilo.

A loira sentou-se na cadeira do meio, entre a morena e a rosada, e exibiu o lindo bebezinho loiro adormecido. – Veja Hina... – Ela sussurrou para não acordar a criança. – Essa é minha pequena Sanae. Não é preciosa? – Os olhos perolados da Hyuuga se apagaram, e o seu chão pareceu sumir. Ela observou cada detalhe do rostinho de joelho cor porcelana... Os cabelos ralos eram tão louros quanto os de Ino, e os lábios, gordinhos como os de Chouji. Quietinha, o bebê respirava com lentidão deliciosa. Uma... Duas... Três... Quatro respirares, e Hinata se levantou, subitamente. Só então percebeu que estava chorando, e que as amigas estavam assustadas com a sua reação. Ela esboçou um sorriso constrangido, e limpou o rosto apressada.

– Desculpe-me, tenho que ir. – Pegou a bolsa, quase trêmula. – Parabéns, Sakura-san. Ino-san. – Cumprimentou-as com um aceno da cabeça, despediu-se de Chouji da mesma maneira e trancou-se no escritório. Precisou de três minutos até se recuperar plenamente, e quando conseguiu aquietar a respiração, sentou-se a mesa do escritório e da gaveta, tirou um vidrinho de calmantes que agora eram sempre necessários. Puxou o telefone e discou o numero da psicóloga quase trêmula. – Dra. Temari? Sou eu, Hinata Hyuuga... A senhora tem algum horário vago essa semana?

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Já era madrugada. Todas as luzes do Lar das Joaninhas estavam apagadas, e todos os moradores do lugar, descansando... Ou assim deveria ser, não fosse uma certa garotinha travessa.

Uma semana, ela teve que esperar... Uma semana, até que tivesse certeza que não estava mais sendo vigiada pela última fuga.

Rikka já estava acostumada a arrumar problemas, mas ela tinha certeza que se fosse pega dessa vez, nunca mais teria uma chance, então esperou até que o relógio infantil marcasse três horas da manhã para levantar-se da cama.

Corajosa, ela enfrentou todo o medo comum que crianças da sua idade deviam ter do escuro, e passeou pela casa apenas com a luzinha de um celular de brinquedo.

A porta do escritório de Konan estava fechada, é claro, mas ela já tinha cuidado disso a tarde, quando “pegou emprestada” a chave mestra que a faxineira tinha. Girou-a na fechadura com cuidado, tentando fazer o mínimo barulho possível, e assim que o “TIC” soou, abriu e entrou no lugar na velocidade da luz. Inicialmente, ela ligou o abajur grande, e subiu na cadeira para procurar nas gavetas que ela sabia estarem cheias de papeis, mas depois de poucos minutos de procura inútil, teve uma ideia melhor.

Primeiro, ela colocou de volta tudo o que tinha bagunçado, e seguiu para o computador de Konan. Por sorte, a própria diretora a havia ensinado a usá-lo, e ela a conhecia bem demais para saber que o nome do filho seria sua senha. Depois de logada, ela se concentrou em procurar qualquer banco de dados que parecesse útil, e após clicar num programa nomeado “registros”, percebeu com alívio que tinha conseguido.

Uma janela negra se abriu. Ela escreveu seus dados nos indicadores: nome, data de nascimento, endereço do Lar e clicou no “procurar”; demorou pelo menos cinco minutos para encontrar a sua ficha, e ela quase chorou de alegria ao encontrar o nome que sempre ansiou saber. “Hinata Hyuuga”, esse era o nome da sua mãe. Ela anotou na memória, já que não podia se arriscar tirar mais nada do lugar. Desligou o computador, o abajur, e saiu furtivamente do lugar. Tomou o cuidado de deixar a chave mestra caída perto da cozinha antes de ir se deitar, e na cama, fez os planos para o dia seguinte. Definitivamente, ela encontraria a mãe!

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Sasuke desligou a tela do computador e bocejou. Levantou-se da cadeira confortável e seguiu para o quarto, visivelmente cansado. Encontrou a noiva no computador, na sala, visitando alguma página que com certeza tinha a ver com os preparativos do casamento. Sorrindo, ele se aproximou, e abraçou-a por trás. – O que está procurando? – Ele perguntou ao pé do ouvido dela, que deu os ombros.

– Eu vi a Hinata enquanto estava em Kyoto, estou pesquisando um pouco sobre ela. – As sobrancelhas negras se arquearam.

– Hinata? A ex- do Naruto? – A amada assentiu.

– A própria. Ela estava muito bem... Mas aconteceu uma coisa estranha. – Os olhos verdes estavam presos à tela do computador. – Ela chorou quando viu a Sanae-chan. – Sasuke suspirou de um jeito estranho, e Sak o olhou de canto. – O que? Você sabe de algo?

– Me surpreende que você não saiba. – Ele a puxou, fazendo-a se levantar e envolvendo-a com os braços grandes. – Ela perdeu um bebê há alguns anos. Foi por isso que ela e o Naruto não reataram, imagino que é por isso que ambos sejam tão isolados quando se trata de “paixão”. – O corpo da Haruno travou. Ela olhou chocada para o rosto do amado, como se estivesse digerindo a história, e quando conseguiu, estreitou os olhos verdes de maneira irritadiça.

– Como eu não sabia disso? – Sasuke deu os ombros.

– Não foi o Naruto quem me contou, também. Foi a Kushina. Os Hyuuga deram um jeitinho pra que a imprensa não ficasse sabendo, sabe como eles são... Mas parece que ela tentou cometer suicídio, até.

– Suicídio?! – A voz de Sak aumentou. – Como?! – O Uchiha deu os ombros mais uma vez.

– Eu não sou a Ino, Sakura. – Ele murmurou irritado. – Só disse porque te conheço, e sei que vai ficar aí até amanhã se não encontrar nada. Eu estou morrendo de sono. – Bocejou mais uma vez. – Por isso vamos para a cama. – Ela fez um beicinho inconsciente, contrariada. – Não me faça acordar atrasado para a prova do terno... – Foi só tocar no assunto, e ela seguiu para o quarto da mais nova residência do distrito Uchiha. Uma casa pequena, mas confortável para um casal jovem que não tinha planos para filhos tão cedo.

Sakura se deitou, assim como seu noivo, e foi abraçada por ele, que pousou os lábios sobre a cabeleira rosada como sempre fazia antes de dormir. -... Ela não tinha outras amigas... Pra quem deve ter contado? – Ela não conseguia parar de pensar naquilo. Sentiu Sasuke inspirar fundo.

– Sakura, durma... – Ele pediu com um carinho só dedicado à noiva, que se silenciou... Mas não conseguiu pregar os olhos durante toda a noite, pensando na desgraça da pobre amiga.

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As meninas do Lar das Joaninhas estudavam de manhã, num dos melhores colégios da região – cuja conta era paga pelo Grupo Uzumaki. Rikka sempre conseguia escapulir entre a distância do colégio e do orfanato, mas aquela era a primeira vez que era seguida. Infelizmente, a companhia era a incômoda Sayuri, que certamente só queria encher-lhe a paciência. – O quê? Vai tentar achar a mamãezinha de novo? – A Takagi preferiu ignorar até alcançar o lugar que queria: uma lan house vazia que ficava próxima à escola. – Internet?! – A mais velha se surpreendeu.

– Eu consegui o nome da mamãe. – A de cabelos azuis disse ansiosa. – Naruto sempre diz que tudo o que você quiser encontrar, pode achar no Google. – Claro que o Uzumaki, na ocasião, referia-se a trabalhos acadêmicos.

Depois de pagar para usar o computador, ela se sentou em uma das máquinas, com a outra garota sempre em sua cola.

– Isso é besteira, você não vai encontrar uma pessoa tão fácil. – Rikka deu os ombros. Digitou o nome da mãe no site de buscas e viu, surpresa, a tela encher-se de nomes e endereços. Ela clicou no primeiro link, e a página do Yume’s abriu linda e rosa, para encher os olhos das garotas.

– Viu? Eu disse. A minha mãe tem um restaurante! – A pequena exclamou surpresa. Clicou no link “informações” e uma foto com a legenda “Hinata Hyuuga” fez seus olhos marejarem.

– Vocês não se parecem tanto, mas... – Sayuri forçou a vista. – Não... Vocês se parecem sim! – Surpresa, ela olhava da foto para a garotinha, e da garotinha para a foto.

– Me dá uma folha, Sayuri! – A menor mandou, movida pela emoção e tensão. A mais velha obedeceu prontamente, e viu Rikka anotando os endereços.

– Tio! – Ela disse depois de terminar. – Posso imprimir essa foto? – O velho senhor estreitou as sobrancelhas. – É pra um trabalho escolar... – A mocinha fez biquinho, e o homem riu.

– Só uma! – Ele avisou, e ela sorriu.


Depois de a preciosa foto ser impressa, Rikka despediu-se de Sayuri, que concordou em ajudá-la a enrolar Konan, e seguiu para a estação de trem. Por estar com o uniforme do colégio, e não do orfanato, ninguém questionou nada e ela pôde facilmente seguir em direção à cidade desconhecida. E assim, a pequena garotinha de oito anos seguiu com a mochila infantil dentro do trem, sempre balançando os pezinhos ansiosamente, inocente à qualquer perigo que corria.

Finalmente encontraria a mãe, e aquilo era tudo o que importava. Puxou a foto recém-impressa do bolso e a beijou com carinho. – Eu estou indo, mamãe.

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A sala era comum, tão comum que tranquilizava qualquer paciente que entrasse nela. As paredes eram lilás e roxo escuro, os sofás negros e aveludados, e o divã estavam posto no canto da sala, mais para decoração do que para de fato ser usado.

Hinata estava sentada, encolhida em um dos sofás, olhando para as próprias mãos enquanto Temari, sua psicóloga desde o início do ano, lhe fazia as rotineiras perguntas para a definição de medicação. – Então você não consegue dormir? – Hina assentiu. – E o seu controle emocional, como vai?

– Péssimo. – A Hyuuga suspirou ao lembrar-se do evento com Ino na semana anterior. – Basta eu ver uma mãe e uma criança, e começo a chorar.

– É comum, no seu caso. Já avisei que nessa situação, o estranho seria se você não chorasse. – Hina concordou; os olhos perolados estavam fixos na cicatriz do pulso direito, sempre tão tentadora.

A psicóloga levantou-se, sentou-se ao lado da paciente, e colocou uma das mãos sobre o pulso admirado. – Isso nunca é a resposta. – Ela lhe lembrou, e a outra concordou. O silêncio perdurou por um tempo. – Por que não tenta engravidar novamente? – A loira sugeriu, mas a de cabelos azuis negou instantaneamente.

– Eu não conseguiria. – Riu, cheia de tensão.

– Por que, Hinata? Você não é estéril. Também tenho certeza de que não lhe faltam pretendentes. – A imagem de Naruto estampou sua mente, fazendo-a se levantar de imediato. – Hinata? – Temari precisou chamá-la para “despertá-la”.

– Perdoe-me, doutora. Será que poderia só me passar um calmante mais forte pra dormir?! – Ela escondeu o rosto com as mãos.

– Desculpe Hinata, mas estamos tentando tirar os comprimidos de você, portanto vai ter que se conformar com aqueles. – A morena suspirou, irritada.

– São muito fracos...

– Não, querida. É você quem é muito teimosa. – Ela viu as sobrancelhas loiras se erguerem, e a psicóloga se levantar. – Tome dois, com um chá calmante... E deite-se. Vai fazer efeito, você vai ver. – A Hyuuga concordou, mesmo não acreditando. – Eu vou marcar uma sessão semana que vem, e você me fala se a mistura com chá fez sucesso, está certo? Mas precisa tentar por uma semana. Não venha me ligar antes, pedindo uma consulta urgente.

– Desculpe doutora. – Ela pediu constrangida, mas a loira deu os ombros.

– Tudo bem. Só não faça de novo. Tente... Confie no remédio, e ele vai fazer efeito. – Ela fez mais algumas anotações. – Mais alguma coisa? – Depois da negação, Hina sentiu-se quase escorraçada do escritório.

Ela entrou no carro rápido, fugindo do frio, e ligou o automóvel. Pôs o GPS para seguir até a loja mais próxima, já que os comprimidos da casa já tinham se esgotado, e pegar alguns ingredientes para um bom chá calmante.

Já era noite quando ela chegou; ela estacionou no meio-fio e seguiu apressada, parando ao flagrar uma pequena garotinha encolhida num casaco muito fino para Kyoto naquela época. Surpresa, ela se aproximou da menina. – Olá? – Os olhinhos azuis se ergueram de imediato, e o rostinho pálido da desconhecida enrubesceu ao olhar, pela primeira vez, diretamente nos olhos da mãe. – Você está bem?! – Ela assentiu, porque estava muito nervosa para balbuciar qualquer coisa.

Hina tirou o cachecol e envolveu a pequena; abriu a porta de vidro e deu espaço para que ela entrasse. Rikka foi convidada a se sentar, e ficou a observar Hinata preparando algo deliciosamente quente. Depois de pouco tempo, a mulher sentou-se na mesma mesa que ela, e estendeu-lhe uma xícara de chocolate quente que foi aceita com muito bom grado. Hina riu ao vê-la tão curiosa pelos desenhos feitos com um pouco de canela. – Pode beber. – Encorajou, e a menininha obedeceu quase instantaneamente. – Está com fome? – Perguntou ao notar a velocidade que ela terminava, e constrangida, a pequena confessou que sim.

A Hyuuga, então, serviu-lhe um de seus melhores bolos, e alegrou-se ao ver que tinha sido aprovada. – É delicioso! – A menininha elogiou quando terminou o terceiro pedaço. – O mais delicioso de todos!

– Grata. – A mais velha ergueu o copo de chá. – Como se chama mocinha? É perigoso ficar andando por aí sozinha. – Inconscientemente, ela lembrou-se do mesmo discurso, feito há tantos anos atrás para Mayuki; tentou afastar os pensamentos imediatamente, pois sempre sofria ao lembrar-se do nome Uzumaki.

– Meu nome é Rikka. – Ela começou hesitante. – Eu não sou daqui... Vim de Okinawa... – Enrubesceu enquanto contava. Os olhos perolados da mãe se arregalaram.

– Okinawa?! E veio para cá sozinha?! – A pequena assentiu.

– Estou procurando algo importante. – Ela murmurou baixinho.

– Mesmo que seja importante, não pode sair assim, sem avisar os seus pais! – A voz de Hina era repreensiva. Ela puxou o telefone e estava a ponto de ligar para a polícia quando a menina prosseguiu.

É isso o que eu estou procurando. – Ela sussurrou baixo, mas foi ouvida. Com as sobrancelhas escuras arqueadas, a Hyuuga tornou a olhar para a menina, e viu os olhos de Naruto fitarem-na. – Por que... Por que eu preciso perguntar... – Viu sua mania de olhar para as mãos. – Eu preciso perguntar para você... – E mais uma vez, viu os olhos de Naruto. Os olhos desesperados do amado, fitando-a com uma necessidade angustiada de saber. – Por que você me abandonou, mamãe? – E tudo se apagou.


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Notas finais do capítulo

Alguns me perguntaram se a fic está pra acabar... Bem, a resposta é "mais ou menos". É a parte final, mas muitas coisas ainda vão acontecer! Não dá pra saber quantos capítulos exatamente vão ter. XD

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Tentei fazer da Rikka um misto perfeito de HinataxUzumaki. Ela é tímida, mas também é ansiosa, energética e fujona! Digamos que é... Bem, uma mistura de NaruHina com a Mayu! XD

Eu me esforcei muito... O capítulo dessa semana deve sair mais cedo, porque eu tenho uma prova no final de semana... Vou tentar estagiar pro governo; me desejem sorte! q

As minhas provas também começam essa semana. Estou ansiosa porque to com medo dos professores novos... Então mais uma vez, peço sorte! XD

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Dúvidas? Críticas? Sugestões?

Ah! Uma coisa que talvez tenha deixado vocês em duvida foi o tempo desse capítulo...

A diferença do Naruto e da Rikka conversando, na primeira cena, em relação à segunda cena é de dois dias. Uma semana depois; a Rikka esperou uma semana pra invadir o escritório da Konan, e no dia seguinte tentou fugir de novo, com a ajuda da amiguinha do Lar. @_@

Espero que tenha ficado claro. xD De qualquer forma, se não entenderam podem perguntar e eu vou explicar again. :x

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Bom final de semana! Até logo, meus leitores adoráveis! sz