Que Chegue Até Você. escrita por L-chan_C-chan


Capítulo 28
Parte XXVIII – Retorno.


Notas iniciais do capítulo

Olá, meus queridos bolinhos de arroz!
Como vão vocês?!
A Tia Candy está na semana de provas e é incrível como eu só me sinto inspirada para escrever quando eu tenho que me concentrar nos estudos.
Tudo bem, não é exatamente verdade que eu estou TÃÃÃO inspirada... XD Na verdade, eu já escrevi um capítulo depois desse e comecei o outro, mas não sei se vou mudar. :x Acho que não, mas vamos ver o que eu decido até postar. XD
~
Ontem eu estava passeando pela linha do tempo no facebook e me deparo com um post contendo a seguinte declaração: "Nome: Hinata Hyuuga; Função: Matar Zetsus brancos e falar Naruto-kun... É, acho que é só isso". Só Deus sabe como eu fiquei frustrada. Larguei os livros de economia e comecei a revidar e defender a Hina, mesmo que minha nota dependesse disso! ÒÓ
Ainda tive que aturar comentários ridículos dizendo que "ela é feita para ser a 'mulher do protagonista'", e que "jamais poderia ser uma protagonista". Francamente! Eu adoro escrever usando a Hinata de protagonista. A HINA; com a personalidade que o tio Kishi deu à ela... O que vocês acham sobre isso?
~
Bem, aqui está mais um capítulo feito e betado. Espero que se divirtam!



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Parte XXVIII – Retorno.

Quando Hinata abriu os olhos, estava deitada no sofá vitoriano que comprara apenas para a decoração da sua loja. Ela viu tia Mai conversando com alguns homens fardados, e levou apenas um minuto para se lembrar do que a fizera desmaiar.

“- Por que você me abandonou, mamãe?”

A pergunta ecoou na sua mente, fazendo-a se levantar num súbito. – Yume! – Exclamou, e a tia não hesitou em deixar os policiais para socorrer a sobrinha.

– Querida, deite-se. – Ela falou com carinho. – Você desmaiou, e eu fui chamada... Descanse. Logo um médico chegará. – Mas ela não queria descansar. Puxou as mãos da tia, desesperada.

– Onde ela está?! – Perguntou trêmula, procurando qualquer prova de que aquilo não tinha sido uma alucinação. – Onde a Yume está?! – O rosto da esposa de Hizashi empalideceu, mas ela tentou disfarçar.

– Do que está falando, querida? Acho que você deveria descansar. – Tentou desconversar, mas era tarde demais. Os olhos de Hinata estavam fixos ao rosto branco da tia, mas ela parecia fazer questão de não fitá-los.

–... Uma garotinha veio aqui. Onde ela está? – Hina definitivamente não estava com humor para a rotineira desconversa Hyuuga.

– Não se preocupe senhorita Hyuuga. – Foi um dos policiais quem respondeu. Ele se aproximou com um sorriso galante. – A menina fujona já foi levada. Ela se apavorou quando a senhorita desmaiou, e ligou para a polícia imediatamente. – Hina quase tropeçou, tamanho desespero ao se levantar. Ela avançou sobre o policial e agarrou suas vestes.

– Onde ela está?! – Perguntou trêmula. O rapaz ficou constrangido com tamanha aproximação, e desviou o olhar.

– Não se preocupe, ela foi levada para uma delegacia próxima.

– Onde ela está?! – A Hyuuga quase chorou ao perguntar.

– Infelizmente, não podemos dizer. É uma criança desaparecida, nós já ligamos para os responsáveis, então não tem porque se preocupar-...

– ONDE ELA ESTÁ?! – Ela gritou, agonizada, e foi acudida pela tia, que a afastou dos homens.

– Desculpem-nos, senhores. – A mais velha pediu com educação, antes de levar a sobrinha para dentro do escritório. Guiou-a até a cadeira e entregou-lhe um copo de chá quente que tinha, como “adoçante”, um dos calmantes receitados por Temari. – Querida, você não pode atacar pessoas desse jeito. Aqueles policiais só estão seguindo protocolos... Já foram gentis em ligar para que eu viesse vê-la. – Ela tentou explicar, mas os olhos da mais nova estavam tensos, cheios de pensamentos. Segurava a xícara de chá com uma das mãos e com a outra, roia as unhas, perturbada.

– Aquela menina se parece comigo... Ela se parece com Naruto... – A conclusão era mais para si mesma do que para a tia. – Ela estava atrás dos pais... Deve ser órfã... Por que ela veio até mim...?! – O coração de Mai acelerou. – Por que ela me chamou de mamãe...? – Ela parou de respirar quando os olhos da sobrinha pararam no seu rosto, nervosos. -... Foi ele, não foi? – Mai não precisou responder para que ela soubesse. Afinal... Ela tinha entendido a pergunta, e a falta de negação era a afirmação de que Hinata precisava para tornar a odiar o pai.

~

Naruto bateu a porta ao descer do carro. Era a terceira vez em dez dias que viajava, e por um mesmo motivo.

Ele ativou o alarme do veículo executivo preto, ajeitou o terno e seguiu para uma delegacia que ficava entre Konoha e Kyoto. Ele estava bem no meio de uma reunião com o pai quando Konan ligou desesperada; ao que parecia, Rikka tinha fugido mais uma vez, só que agora o assunto era muito mais sério, já que ela escolhera um trem bala como meio de fuga. Por sorte os policiais, após revistarem-na, contataram imediatamente o Lar das Joaninhas.

Como Konoha ficava consideravelmente mais próximo de Kyoto do que Okinawa, Naruto se dispôs a buscá-la. Quando chegou à recepção da delegacia, só foi permitido ver a fujona após assinar uma série de papeis irritantes. Aquilo, mais a tensão da viagem e a ansiedade para saber se a garotinha estava bem o deixaram estressado, mas tudo foi aliviado quando um dos policiais o guiou até uma saleta fechada.

Rikka estava sentada em frente a uma mesa branca de madeira, onde a mochila infantil descansava. Os olhos azuis estavam chateados, os lábios róseos formavam um bico irritado e os pezinhos chutavam o ar. Com os braços cruzados, ela o olhou de canto assim que ouviu a porta bater.

Naruto fez uma expressão severa, que a fez suspirar, e tornar a olhar para a mesa. Quando o policial os deixou para conversar, o loiro aproximou-se, puxou uma cadeira vazia e se sentou ao lado da menina protegida. – Você viajou dois dias pra chegar aqui? – Ela deu os ombros.

– Com trem-bala é mais rápido. – Murmurou; como se aquilo fosse explicação...

– Você passou dos limites dessa vez, Rikka. – A voz dele era repreensiva. – Por acaso tem noção dos perigos que correu seguindo nessa viagem louca e irresponsável?! Você podia ter sido sequestrada; poderia ter sido machucada! – Ela não respondeu. – E tudo isso por quê?! Tudo isso por uma busca inútil! – Os olhos dela marejaram.

– Não é inútil! – Ela exclamou e encarou os olhos dele. – Eu estou procurando pelos meus pais! Não é inútil! – Foi como se uma faca o acertasse pelas costas. Pra quê, ele se perguntava, pra quê ela precisava dos pais biológicos?! Ele não era suficiente? Ele não podia suprir as necessidades de uma menininha daquela idade?!

– Você não sabe quem eles são... – Tentou ser mais racional do que ciumento.

– Eu sei quem é a minha mãe! – Ela contradisse. – Eu mostraria uma foto dela agora, se aqueles policiais maus não tivessem me roubado! – O loiro suspirou.

– Não fale assim. Se não fosse pelos policiais, não saberíamos o que aconteceria com você, então seja agradecida. – Ele ponderou, mas ela negou teimosamente.

– Eu encontrei a mamãe! – Disse enquanto segurava as lágrimas. – Ela é muito bonita, e foi muito gentil. – Apertou os punhos branquinhos até ficarem vermelhos. – E ela me fez um chocolate quente muito doce e muito gostoso. E... E... – As lágrimas vazaram pelos olhinhos azuis, fazendo com que as pálpebras piscassem rápido. – Por que ela não me respondeu?! – A pequena escondeu o rosto com as mãos para chorar, como se aquilo pudesse esconder alguma coisa. – Eu nunca mais vou vê-la... E ela não me respondeu... – Naruto envolveu os ombros finos com gentileza; beijou a cabeleira azul e alisou-a até que ela cessasse o choro.

– Por que você insiste tanto nisso? – Ele quis saber, sentia-se desolado pelo estado dela.

– Eu só quero que eles me encontrem... – Ela murmurou entre lágrimas e fungadas. – Eu só quero ser como crianças normais... Eu quero minha mãe, eu quero meu pai... Eu quero ser amada, cuidada... – Ele apertou os ombros pequenos.

– Você já é amada. – Ele sussurrou com carinho. – Muito amada. Por suas amigas, pela diretora... Por mim, principalmente. – E beijou a cabeça dela. Por quê? Por que ela não podia querer ser adotada?! – Rikka... Você é mais do que especial para mim. Você é... Como minha filha. – Sentiu-a abraçar sua cintura.

– Desculpe, Naruto nii-chan! – Ela pediu chorosa. – Eu não vou mais fugir... Na verdade, eu fiquei com muito medo... – Ele riu ao ouvir aquilo.

– Acabou... Está tudo bem agora... – Tentou acalmá-la com carícias nos cabelos finos. – Vamos. – Levantou-se, e ajudou-a a se levantar. Esperou que ela limpasse o rosto e pegou a mochila cor de rosa. Esticou a mão e juntos, de mãos dadas, eles saíram da saleta.

– Parece que o pai deu uma bronca nela. – Um dos policiais murmurou com outro, que deu os ombros. Quase orgulhoso por parecer um pai aos olhos dos desconhecidos, o Uzumaki guiou a pequena Takagi até o carro corporativo.

– Você mudou de carro? – Ela perguntou curiosa após sentar-se no banco de trás.

– Não. Esse é o carro que eu uso para trabalhar. Coloque o cinto. – Ela obedeceu prontamente. – Tem biscoitos na bolsa, fique a vontade. Ela concordou, e puxou a maleta de trabalho. Abriu-a com um pouco de dificuldade, e curiosa, puxou a carteira grande de couro. Não que ela geralmente fosse curiosa com carteiras... Mas aquela tinha um pingente bonito: um anel delicado preso a um cordão muito fino, que ela notou, poderia quebrar a qualquer momento. – É bonito... – Ela murmurou olhando para o anel.

O Uzumaki a olhou de canto, e sorriu ao ver qual era o objeto de admiração. Aquele anel era quase um talismã, então sempre estava com o loiro. – Você gostou? Foi um presente que eu dei há muito tempo. – Ele ajeitou os espelhos e ligou o carro.

– Presente? – Ele assentiu.

– Um presente de aniversário para a mãe da minha filha. – Ela ergueu as sobrancelhas surpresa, e Naruto arrependeu-se no mesmo instante. Podia sentir as perguntas que vinham à tona...

– Eu não sabia que você era casado, nii-chan. – Ele suspirou, e negou com a cabeça. Os olhos azuis atenciosos presos à estrada.

– Eu não sou. – Confessou, e o silêncio se perdurou por tempo demais na opinião dele. -... Nosso bebê morreu. – Contou depois de muito hesitar. – E nós... Nós acabamos nos afastando... – Suspirou. – É complicado.

– Você seria um bom pai. – A pequena declarou com um sorriso, e os pares de safira se encontraram no espelho. – Eu queria que você fosse meu pai, nii-chan. – Aquele comentário inocente, mesmo que tivesse apenas o intuito de consolá-lo, acendeu no rapaz uma pequena chama de esperança... Talvez, afinal, ele conseguisse adotá-la.

~

– Hinata, por favor! – Tia Mai estava na cola da sobrinha há horas, desde que ela percebera o maior pecado de Hiashi. Elas estavam dentro do pequeno apartamento que Hina conseguira comprar a um pouco mais de um ano. – Querida, o que está fazendo?!

– Você não vai abrir a boca. – A mais jovem pegou alguns vestidos e jogou sobre a cama, apressada e raivosa. – Então eu vou até Konoha. Vou perguntar cara a cara, e confirmar se o “Líder” tem coragem suficiente pra falar que minha filha está morta.

– Vai até Konoha essa hora?! – Já estava anoitecendo. – Deve chegar lá de madrugada! – Hina riu sem humor.

– Eles vão me atender. Vai ser muito pior se não fizerem. – Ela seguiu até a escrivaninha e juntou os documentos. – Depois de ouvi-lo confirmar, vou obrigá-lo a dizer onde ela está. – Prendeu os cabelos, estava visivelmente exasperada.

– Querida... Espere até de manhã... – A tia tentou segurar as mãos da mulher, mas ela se esquivou. Os olhos perolados fitaram os da tia, cansados, angustiados.

– Esperar até amanhã...?! Eu esperei por oito anos, quatro meses e dezesseis dias. Eu esperei anos, meses, dias, horas... Minutos. – Apertou os punhos. – Eu estava esperando morrer, pra ver a minha filha... MAS ELA ESTÁ VIVA! – Gritou. – Eu quase morri pensando que ela estava morta, mas ela está viva!

– Querida, eu não disse isso... – Mai tentou, mas seus olhos não conseguiam expressar sinceridade. Irritada, Hinata se levantou.

Ignorando a tia, enfiou as peças de roupa numa bolsa grande, pegou a carteira com os documentos, as chaves do carro e saiu, sempre seguida pela mãe de Neji.

Ela entrou no carro, ajeitou o cinto e deu partida, sem se despedir, decidida a fazer com que Hiashi se arrependesse pelo resto de sua vida.


Demorou horas... Horas... E mais horas até que ela enfim chegasse à sua cidade natal. Passara toda a viagem aos prantos, sofrendo ao imaginar que suas ideias eram reais, mas torcendo para que fossem.

Não... Hinata sequer podia imaginar que tudo aquilo era coisa da sua cabeça. De fato, sofreria ao saber que tinha passado anos longe da sua menina, mas seria muito, muito, muito mais doloroso confirmar que ela estava de fato morta. A mulher não sabia se suportaria aquilo de novo... Ter sua esperança renovada, e arrancada mais uma vez... Não. Ela não queria pensar nisso. Não ia pensar nisso.

Quando saiu de Kyoto, o relógio do carro marcava por volta das nove, quase dez horas da noite; quando chegou à Konoha, já era quase uma hora. Ela não parou nenhuma vez durante todo o percurso.

Mesmo que tivera passado todo o longo caminho entre as duas cidades pensando no que e em como falar, ela não conseguia pensar em mais nada quando estacionou ao lado da mansão Hyuuga. O lugar era exatamente como ela se lembrava... Muros gigantes, cinzentos... Que afastavam sonhos, que afastavam pessoas.

Ignorando os pensamentos, ela seguiu até a campainha. Sequer teve cabeça para trancar o carro – não que precisasse, visto que Konoha era um lugar pacífico – e tocou a campainha. Esperou três segundos antes de tocar uma segunda vez, e apenas dois antes de uma terceira. Deve ter ficado por mais ou menos dois minutos antes que uma voz sonolenta soasse no interfone. – O que deseja? – A voz desconhecida perguntou.

– Sou Hinata, vim ver o senhor Hiashi. – Hina não estava com a mínima vontade de tratá-lo por “pai”. O silêncio se fez do outro lado, e um minuto depois, a porta se abriu. Neji estava de pijama, com os olhos arregalados diante da prima, que o fitava de maneira fria. – Eu descobri. – Ele ergueu as sobrancelhas, confusos.

– Hein...? Do que está falando...?! O que está fazendo aqui...?!

– Não se faça de idiota. – Ela soou grosseira. – Eu sei que a minha filha está viva, e eu sei que vocês sabiam! – Acusou, apontando o dedo para o mais velho, que arregalou ainda mais os olhos perolados.

– O-... O quê?! Do que está falando?!

– CHAME HIASHI AGORA! – Gritou a ordem.

– Hinata?! – A segunda voz masculina soou assustada, surpresa. Era ele; o culpado de toda sua dor... Olhava-a com um rosto inocente, expressão tranquila e confusa... Que a fez odiá-lo mais. – Quer falar comigo...? Aconteceu alguma coisa?! – Perguntou, preocupado. Hina apertou os punhos; empurrou Neji com os ombros, entrou na casa e estapeou a face do pai, que não teve tempo de reagir.

– Onde está minha filha? – Ela quis saber, fria e direta. Estupefato, Hiashi não pôde responder inicialmente. – ONDE ELA ESTÁ?! – Gritou autoritária.

– Como você...? – Ela estreitou os olhos ao ouvi-lo; não sabia qual era o maior sentimento... A raiva dele, ou o alívio por não estar louca. – Mai...

– Não foi tia Mai. – A moça pontuou, surpreendendo o pai. – Como você pode fazer isso?! – Neji a segurou para que ela não avançasse sobre o mais velho. – COMO PÔDE TIRAR UMA FILHA DE UMA MÃE?! COMO PÔDE TIRAR A MINHA FILHA?! – Estava visivelmente desesperada. – COMO, HIASHI?! – O mais velho recuou, chocado com aquela reação. – Você queria me matar?! – A voz ainda era alta, trêmula. – Você queria que eu morresse...?! – Ele negou com a cabeça, imediatamente. – Então por que fez isso?! – Ela chorou. – Por que você fez isso comigo?! VOCÊ ACABOU COM OITO ANOS DA MINHA VIDA! OITO ANOS, QUE PODERIAM TER SIDO FELIZES!

– Hinata! Se controle! – O primo pediu, mas ela sequer ouviu. O peito do pai começou a latejar, e tudo à sua volta começou a girar. Tudo o que ele podia enxergar eram os olhos de pérola da filha, acusando-o, chorando.

– Como pôde fazer isso?! COMO?! E ainda ter a coragem... Ainda ter a coragem... – Ela fungou ao se lembrar. Hanabi desceu as escadas assustada, e travou ao ver a família naquele estado. – Ainda teve a coragem de dizer que ela estava morta... A CORAGEM DE ME ENGANAR! POR QUÊ?! – Hiashi cambaleou, e se apoiou na parede para não cair. Começou a ofegar, mas a mais velha não conseguia parar de falar.

– ELE ESTÁ PASSANDO MAL! – A mais nova gritou ao perceber, e só então Hina parou. Hanabi se apressou em aproximar-se do pai, e segurou uma das mãos do mais velho. – O que você está sentindo? – Ela perguntou com calma; o pai ofegava muito, e estava trêmulo. Levou um dos braços até o peito. – Pai!

– Eu acho... Acho que estou enfartando...

– S- Suzuki! – Ela se levantou para chamar a médica, mas foi parada pelo pai, que a agarrou pelo pulso.

– Suzuki não está em casa. – Foi Neji quem contou. – Foi até uma convenção... – Soltou a prima para chegar até o tio. Com a ajuda de Hanabi, o ergueu. – Hinata, vamos levá-lo para um médico. – A garota levou alguns minutos para conceber aquilo, mas acabou assentindo e correndo até o carro prata estacionado.

Não levou muito tempo até que alcançassem o novo hospital de Konoha que tinha uma grande placa “Senjuu”, que começava a ser odiada pela Hyuuga. Os três jovens levaram Hiashi até a emergência, onde coincidentemente Sakura o atendeu, levando-o imediatamente para a sala de cirurgias.

~

Eram quase nove horas da manhã quando o taxi estacionou em frente ao Lar das Joaninhas. Naruto bocejou sonolento, e olhou com carinho para a garotinha adormecida em seu colo. Ele sorriu, e alisou os cabelinhos azuis.

Graças àquela pestinha, ele estava há horas na estrada. Dirigiu por três horas até Konoha, onde pegaram um trem-bala até Okinawa, e depois um taxi até o orfanato. Estava exausto, com sono e extremamente preocupado com a menininha, que estava desolada por imaginar que a suposta mãe – porque ele realmente não acreditava que ela tinha encontrado a verdadeira – não a havia respondido.

Depois de pagar o taxi, pegou a dorminhoca no colo e a levou até a porta, onde Konan esperava. Ela sorriu, e fez menção de pegar a menina, mas o loiro negou. – Eu a levo até a cama. – Tranquilizou-a, fazendo a diretora sorrir.

– Senhor Uzumaki, realmente... Devo-lhe muito. – Naruto negou com a cabeça.

– Não foi nada demais... Eu só fui buscá-la. – Ele bocejou.

– Gostaria de dormir um pouco? Pode ficar na sala, as meninas estão na aula. – Ele concordou. Foi convidado a entrar, e assim o fez; sendo seguido pela diretora, foi até o quarto das meninas e deitou a pequena na primeira cama que encontrou, pois estava sonolento demais para poder lembrar-se qual pertencia a ela realmente. – Quer comer algo antes de dormir? – Ele negou com a cabeça.

– Eu só quero dormir, Konan. – Respondeu com um bocejo. – Foi uma viagem longa, quando acordar posso lhe contar os detalhes. – Ela concordou, mesmo estando tão curiosa. Pegou uma manta numa das camas e seguiram juntos até a sala.

Ela estava forrando o maior sofá quando Naruto teve coragem de perguntar. – O que eu posso fazer pra adotar uma criança? – Para a surpresa do loiro, ela sorriu.

– Você demorou um pouco para perguntar. – Ela comentou, olhando-o de canto e fazendo-o corar. – Mas ela não quer ser adotada, você sabe. – Ajeitou o travesseiro.

–... Eu sei. – Ele concordou, coçando a nuca. Depois de terminar de ajeitar o sofá, ela apontou para a cama improvisada com um sorriso.

– Durma senhor Uzumaki. Depois falamos sobre isso. – Mesmo contrariado, Naruto obedeceu. Afinal... De qualquer maneira, poderia nem se lembrar de nada do que disse quando abrisse os olhos.

~

A cirurgia de Hiashi durou apenas uma hora, mas ele só despertou às dez da manhã. Hinata estava no quarto quando isso aconteceu... Estava deitada numa das cadeiras perto da cama, com as pernas cruzadas e olhar perdido, tristonho.

Hanabi não podia faltar às aulas da faculdade, e Neji não podia faltar ao trabalho, portanto, foi ela quem ficou. Não que estivesse reclamando... De maneira alguma! Estava bem mais tranquila, na verdade. Assim, poderia falar mais uma vez com ele... Com a frieza que ele tanto admirava; a frieza que ele merecia. -... Ela ia atrapalhar a sua vida. – Ela o olhou de canto, fazendo-o desviar os olhos até o teto branco de gesso do hospital de Tsunade. – Ela ia fazer você se afastar do seu caminho... Se afastar da sua família... – Hina precisou contar até trinta para responder aquilo.

– Ela é minha família. – Pontuou enquanto se levantava. Cruzou os braços e se aproximou da cama, olhando fixamente o rosto do pai. – Você realmente admite? – Ele riu sem humor.

– Minha filha... O que eu fiz foi imperdoável... Mas também era irreversível. Desde o dia em que você... – Lágrimas vieram aos seus olhos quando ele se lembrou do pior dia de todos, quando a filha tentara tirar a própria vida, e ele não conseguiu terminar a frase. – Eu não consegui perdoar a mim mesmo. Eu quis pegá-la de volta naquele mesmo instante... Quis dá-la a você, minha filha.

– Devolvê-la, você quer dizer. – Ela foi fria o suficiente para fazer o autocontrole do pai se esvair, e as lágrimas começarem a lavar o seu rosto. Olhou-a enfim, tomando coragem, e viu os olhos perolados vazios.

– Hinata, minha filha... Pelos céus, perdoe esse homem velho e tolo. – Ele pediu num murmúrio. – Perdoe esse pai arrependido... Que faria de tudo para voltar atrás... – Ele ergueu a mão para tocá-la, mas ela recuou.

–... Você espera mesmo... Que eu te perdoe por algo assim? – Ele não respondeu. -... Eu não ligo pra suas mentiras, otou-sama... Eu nunca liguei. Mas... Você tirou a minha filha. – Disse como se só a frase fosse um pecado. – A minha filha... Sua neta... Ela cresceu num orfanato. – Estava se segurando muito para não gritar de novo. – Ela poderia ter tido pais... Poderia ter tido uma família, um lar... Mas... – Uma lágrima solitária desceu pelo rosto pálido. – Viveu a vida inteira num orfanato, sabe-se lá em quê condições... Sabe-se lá onde! Sem saber de onde veio... Sem saber por que foi abandonada... – Ela escondeu o rosto com as mãos, e chorou baixo ao lembrar-se daquela garotinha linda que agora, mais do que nunca, tinha certeza ser a sua.

–... Os documentos da adoção estão guardados, no escritório... Você pode pegá-los... – Ela assentiu, fungando. -... Perdoe-me... Eu só queria que a minha filha voltasse para mim... – Demorou um pouco até que a mais jovem respondesse; ela fungou mais uma vez, limpou o rosto e olhou fixamente nos olhos do pai.

– Eu nunca vou poder te perdoar. – Afirmou com convicção. Puxou a bolsa da cadeira e seguiu para fora do quarto, parando na porta antes de sair. – Só me diga uma coisa... – Ela murmurou de costas. – Valeu a pena? – Não, não tinha valido... Nada tinha valido a pena... Hinata sofrera, Hanabi sofrera... E provavelmente, sua neta também. Todos sofreram por aquela decisão. Ouviu a porta bater suavemente e soube que a filha não estava mais lá.


O relógio da igreja marcavam onze horas e meia. Sasuke bocejou sonolento. Graças ao plantão de Sakura, não tinha pregado os olhos sequer por um segundo durante toda a noite, dada a falta do corpo feminino enlaçado ao seu.

Desceu do carro preto, pegou a pasta de negócios e ativou o alarme antes de entrar no pequeno escritório de Konoha. Ajeitou o cabelo, a gravata e cumprimentou com um aceno educado a secretária ruiva – sim, Karin – quase sem notar a segunda presença feminina no lugar. Claro que, ao notar, todos os músculos do corpo do Uchiha travaram. -... Hinata?! – Ele perguntou surpreso, e a Hyuuga se levantou instintivamente. Estendeu as mãos educadamente, e eles se cumprimentaram com um aperto firme. – A que devo a honra?! – Ele estava realmente surpreso.

– Sasuke-kun, eu... Quero que seja meu advogado. – Ele ergueu ambas as sobrancelhas, e depois de guiá-la para sua sala, oferecer um café que foi imediatamente rejeitado e se sentar na cadeira almofadada, o assunto prosseguiu.

– Desculpe, Hinata, mas... Eu não posso nem imaginar em quê meus serviços podem lhes ser úteis. – Ela mexeu um pouco na bolsa, tirou uma papelada dentro de um plástico fino e entregou ao advogado.

Curioso, ele mexeu nos papeis, e arregalou os olhos ao ver o conteúdo. – Você pôs uma criança para a adoção?! – Teve se controlar muito para não berrar de surpresa.

– Não. É por isso que estou aqui. – Com uma das sobrancelhas negras arqueadas, ele a olhou de canto. O rosto feminino estava sério.

– Eu quero denunciar o hospital por mentir sobre o óbito da minha filha. E quero recuperar a minha menina.


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Notas finais do capítulo

A FIC ainda tem alguns capítulos até acabar, mas eu já estou pensando em outra. Outras, na verdade... Uma short musical e uma long de nome "Queen" (A propósito, já escrevi um pouco de Queen). Queria saber se vocês tem interesse em alguma delas, ou nas duas. :x
~
Amanhã eu tenho a prova da FUNDAP, pra tentar arrumar estagio no governo. Rezem pra tia Candy conseguir! Q
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Tenho a semana inteira de provas e trabalhos, então só devo postar o outro no próximo domingo. D:
Enfim. Dúvidas? Críticas? Sugestões (que não sejam matar o Hiashi, porque eu já entendi a mensagem. Q)?
Ah! Tenho que me desculpar por não responder aos comentários. Eu realmente leio todos, e mentalizo uma resposta pra cada um, mas... Não consigo chegar a responder. qq Perdoem-me. T-T
Nos vemos na próxima semana! Comentem. sz