Supernatural escrita por Sansa Thorne


Capítulo 6
Hello? Is of the hell? Please, pass for Megan!


Notas iniciais do capítulo

James tem levado uma vida miserável desde a morte de Lola. Dormindo pelas vielas de Landevil. Sujo. Sentindo-se morto. Sem razão de viver. Uma pessoa extremamente danificada pelos recentes acontecimentos. Quando ele é encorajado por Drake, toma o controle de sua vida e vai até o local onde ele e Lola costumavam ir: as pedreiras. Mas no caminho para lá, ele se vê prestes a cometer um trágico acidente. Enquanto isso, a tensão reina na casa dos VanCamp e Cece tenta conversar com Emily, o que não dá muito certo. Já Bonnie, alega ter achado a solução do problema chamado K.



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(...) “Descanse em paz, Megan.” Fala Helena.

(...)Mensagens consecutivas. K estava ali observando Helena. Raciocinando rapidamente Helena vai até a janela de seu quarto e observa o jardim. Na outra esquina da rua, ela encontra a figura encapuzada com moletom em plena luz do dia. Era ele. E como se fosse para confirmar o pensamento a garota, a figura acena e desaparece num flash tremeluzente.

(...)Sentia uma forte conexão com aquele bebezinho de três meses. Um bebê que nem fora formado por completo. E para o bem de sua criança, K terá de morrer. Não pode viver num mundo sabendo que seu filho poderá ter sua vida ameaçada por um bruxo. Ou seja lá o que aquele monstro for.

(...)Com um movimento arrastado e gracioso, o fantasma de Megan pôs sua mão no ombro de Helena.

(...) De repente seus ouvidos captaram o som. Era o roncar de um motor. O carro de James está disparando em sua direção a toda velocidade. Obviamente James estava bêbado. Em plena luz do dia. A única reação de Helena foi fechar os olhos e esperar pelo pior.

James não se sentia nada bem. Estava estampado em seu rosto. Dormira ali, jogado ao lado das lixeiras do Sonoftides. Ao abrir os olhos, a claridade perfurou sua visão deixando seus olhos ardentes. Sua pele também tinha uma estranha ardência. Talvez fosse pelo sol — mesmo que fraco e oculto por nuvens — que o requentara a manhã inteira. Com um pouco de força extra, James conseguiu levantar-se, se apoiou em uma das lixeiras e pôs força para conseguir esticar os joelhos. Depois de algum tempo tentando, acabou caindo no chão novamente com um baque surdo. O concreto se chocou com força contra sua pele e lhe causou dor. Xingou algo e ficou ali mesmo. Deitado.

Foi nesse momento que Drake chegou. O garoto viu um corpo entre as lixeiras e se dirigiu até lá. Ao encontrar James respirou fundo e olhou em volta.

O Sonoftides era uma construção que datava 1998. A placa de néon verde já não chamava tanta atenção quanto no tempo. Os tijolos vermelhos agora estavam alaranjados. O estacionamento que anda entupido de carros fora o único fator que não mudara.

James continuara jogado no chão. Drake se curvou e tentou ajudá-lo passando o braço do garoto por seu ombro. Com um forte impulso, esticou seus joelhos conseguindo ajudar James a se levantar. Drake respirou fundo e o levou até uma mesa que fica frente ao bar rodeada de várias outras. James desabou sobre a cadeira.

— Me deixe morrer... — pedia melancolicamente.

Drake riu e passou a mão sobre os seus cabelos.

— Uau, James. A vida contiua cara. Lola não era seu oxigênio, nem seu coração ou até mesmo o epicentro de sua existência. Para um dos gostosões de Landevil você realmente está acabado.

E realmente estava.

O cabelo encaracolado estava grande e desarrumado. Tinha marcas vermelhas nas costas, resultado da sua posição durante toda a noite na calçada. Estava sujo e cheirando a lixo e a cerveja. Sua bermuda cargo estava rasgada. O garoto estava sem camisa. As sandálias estavam quase caindo do pé. A barba grande e malfeita. O garoto estava totalmente desleixado.

— Ah, vá se foder.

— Já vi que de bom humor você não está, também.

Enquanto isso. Tyler Palmer bebia um copo de uísque enquanto conversava amigavelmente com Brittany Sparks. A líder de torcida jogara o cabelo para o lado e abrira o decote da camisa mais ainda exibindo os seios fartos. Um arrepio corre pela espinha de Tyler. Com evidente excitação, Tyler coloca sua mão na coxa da garota com força. Ela responde ao estímulo aproximando sua cadeira para mais perto do garoto.

Por dentro, o Sonoftides continuara o mesmo de 1998. As cadeiras estavam quase enferrujadas. As mesas estavam cheias. Outra placa de néon enfeitava a parede norte acima da adega. Alguns barmens cuidavam das bebidas e limpavam os copos. O barulho dentro do comércio era alto o suficiente para que nenhum deles escutasse a conversa alheia. Espalhados pelo chão estavam embalagens de salgadinho, guardanapos, pedaços de frango empanado, petiscos e garrafas de cerveja. O cheiro forte de cerveja e suor impregnava o ar. Noah Murphy vivia daquilo junto com seu filho adotivo e sua mulher.

Noah era um homem alto. De rosto fino e expressão dura. Nariz envergado como se tivesse sido quebrado várias vezes. Barba mal feita. Olhos cansados e negros. Cabelo cor de neve. Pele avermelhada. Dedos longos e esqueléticos. Excessivamente magro. Vivia abastecido por cerveja e devaneios nunca realizados.

O mesmo servia uma bebida para um dos homens que freqüentavam seu bar.

Tyler e Brittany estavam no canto sul do bar. Sobre uma sombra projetada pela escada que levava até o lar dos Murphy. Brittany pôs sua mão na coxa de Tyler e com o dedo indicador e médio se aproximou até sua virilha. Tyler prendeu a respiração e a puxou de sua cadeira sussurrando algo no ouvido dela.

— Quer parar com isso e ir logo pro meu carro?

Brittany sorri.

— Shh, quero te torturar um pouco.

Ao falar isso, ela desabotoa a calça de Tyler e abre seu zíper. Antes que ela pudesse fazer mais algo, Tyler respira fundo e agarra a mão de Brittany com força. A garota teve a impressão que ele tinha quebrado seu pulso. Mas foi somente uma reação pelo choque.

— Sua vadia. Vamos comigo até meu carro, agora! — grita ele puxando-a pelo braço enquanto fecha o zíper de sua calça.

Ao chegar até a porta do bar ele encontra Drake tentando puxar James da cadeira enquanto o mesmo parecia um bebê choramingando e se agarrando a mesa.

— O que é isso, Murphy? — pergunta Tyler em tom desdenhoso.

— Ele estava atrás das lixeiras e...

— Não, eu quero dizer isso... — afirma apontando para os dois. — Saiba que James é cara macho... — brinca.

— Não, não é nada disso. Para de idiotice. Ajude-me aqui...

Tyler suspira.

— Vai ficar pra outra hora, cara.

— Mas que porra, pensei que você fosse amigo dele.

Brittany respira fundo. Tyler se comunica com ela pelo olhar e ela faz um gesto de desconsideração com a mão. Tyler respira fundo e vai até eles.

— Me ajude a levá-lo até o carro dele.

Brittany ajeita o decote e acompanha os garotos até o automóvel. Ao chegar ao carro, Tyler se prepara para forçar a porta, mas percebe que a mesma estava destrancada.

— No três, ok?

— Claro. — afirma Drake tomando fôlego.

— Um, dois e... Três!

Com força, Drake e Tyler colocam James no banco de motorista. O garoto funga e joga a cabeça de lado desabando no volante. Drake revira os olhos e esfrega as mãos tirando as migalhas de concreto de sua mão. Tyler se espreguiça de vai até seu carro.

— Hey, ele vai dirigindo?

— E com Deus no banco de motorista.

— Mas, véi...

— “Mas” nada. Eu tenho algo particular pra resolver aqui! — reclama gesticulando para Brittany que estava sentada sobre o capô do carro.

— Aaah, foda-se! — reclama Drake fechando a porta.

Com passos firmes e largos, Drake se dirige até o bar sem olhar para trás. O mesmo adentra no estabelecimento e tenta passar despercebido por Noah.

— Ei, garoto!

Drake para no meio do caminho.

— O que foi, pai? — responde com a voz enfastiada.

— Mas que porra, onde passou a noite toda? — a voz de Noah é ríspida.

— Fora. — responde curta e grosseiramente.

— Isso eu sei, onde?

— Não é de sua conta.

— Raça de insolentes. Eu deveria te dar uma surra.

— Tente.

— Ora, basta! Suba e volte pra cá! — ordena com incivilidade.

Sem responder, Drake corre até a escada e sobe de cinco em cinco degraus. Ao chegar até seu quarto, ele fecha a porta com força e se joga na cama se envolvendo com os lençóis. Por alguns segundos, algumas lembranças invadem sua mente.

“Eu te amo.” Sussurra Helena ao seu ouvido.

“Eu também te amo.”

“Para um homem não devia ser difícil falar isso?”

“Eu nunca falei isso antes.” Conta ele sorridente. “Mas agora parece fácil. Simplesmente por que as palavras representam um sentimento verdadeiro. Entende?”

O sorriso de Helena parece desaparecer por alguns milissegundos, mas logo depois reaparece ainda mais belo e largo. Com um beijo, ela sela aquele momento perfeito. Ambos estavam nus na cama com somente alguns centímetros de distância entre ambos. Era como se seus corpos se convidassem. Os seios de Helena estavam em revelo sobre o lençol.

Helena se aproximou mais de Drake e desceu seu dedo indicador pelo rosto dele. Analisando cada proeminência do rosto dele. Se demorando nos detalhes. Na curva do queixo arredondado. Nas orelhas escondidas atrás do cabelo loiro espetado. No nariz reto. Por fim, nos lábios rosados.

Drake sorriu e se aproxima mais dela.

“Eu quero.”

“De novo?” sorri ele.

“Mil vezes. Quero ficar contigo pra sempre.”

“De minha parte, podíamos fazer isso.”

Sem que percebesse, Drake projetou um largo sorriso em seu rosto. Conseguiu recuperar a consciência e logo depois o controle sobre seu próprio corpo. Afastou aquelas lembranças de sua mente e se levantou se dirigindo até o banheiro.

Enquanto isso, James estava jogado sobre o banco de motorista encarando o bar. Tomando o controle da situação respirou fundo e olhou-se no retrovisor. Seus olhos estavam caídos e sem cor, avermelhados. Estava com a aparência de um bêbado. E sentia-se assim.

Sentia-se amargo por dentro. Como se seu coração estivesse petrificado. Precisava de Lola ali do seu lado. Sorrindo para ele. O jeito como ela passava o cabelo para trás da orelha. Sorria. Piscava. Como se comportava. Tudo era atraente para ele. Tudo aquilo eram pequenas partes da Queen Lola. A garota maravilhosa que conheceu. Determinada e cheia de ousadia. Que não ligava para a língua afiada do povo de Landevil. Só ligava para si mesma. Para o que ela pensava para si mesma. Um jeito de viver que todos deviam ter a oportunidade de experimentar.

Todos deviam conhecer Lola. Pensou, por fim.

Então, James se lembrou de como amanheceu depois daquele dia. Desmaiado nas docas. Com os barcos buzinando em seu ouvido. Os comerciantes peixeiros tiveram que guiá-lo até as dunas e largá-lo lá. James queria morrer. Pensara que se permanecesse de olhos fechados por tempo o suficiente, quando o abrisse iria descobrir que tudo era mentira. Mas não funcionara.

Não fora ao funeral e não se arrependera disso.

Queria manter a imagem de Lola cercada por pessoas ávidas, por amigos. Queria lembrar-se de Lola com aquele radiante sorriso no rosto. Queria lembrar-se de Lola como a pessoa maravilhosa que ela era.

Ele olha para suas mãos enfaixadas. Uma lembrança daquela noite horrível. Quando tentou desesperadamente entrar no celeiro forçando as portas em chamas. Lembra do murro que deu em Edward Simon com sua mão em carne viva. A satisfação que experimentou ao sentir o seu sangue descer por seu punho e cair na areia e ao ver as fotos de Edward Simon aberto ao meio na prisão de Landevil.

Fora uma sensação quase doentia. Mas que o deixou extremamente relaxado. Sorriu ao ver o sofrimento de Nina Simon no funeral vazio do filho. Ao ver o caixão ser depositado dentro da terra. Era um sentimento morbígeno, sabia disso. Mas era bom.

James respira fundo e dá ignição no automóvel ouvindo o carro ganhar vida e tremer abaixo de seus pés. Cuidadosamente deu marcha ré e saiu do estacionamento do bar. Pensou em onde ir. E escolheu o único lugar que passava em sua mente naquele momento: as pedreiras.

É calmo. Podia sentir o sol sobre sua pele. Podia pensar ali. É, sobretudo, silencioso. Algo que ele procurara desesperadamente.

As pedreiras eram especiais. Escondidos atrás daqueles muros de pedra ele e Lola conversaram sobre tudo. Fizeram tudo que se possa imaginar.

Com cuidado James tentou mapear Landevil em sua mente, o que não era muito difícil já que era uma cidade minúscula.

James se dirigiu até a Light Street e seguiu em linha reta até chegar a Apple Street. O sol ofuscara sua visão. Rapidamente James tentou abaixar o parasol, mas por pouco não acabou indo para a calçada. Os olhos de James começaram a arder e ele cerrou as pálpebras num movimento involuntário. Pôs sua mão sobre seus olhos e acabou desviando do seu curso fazendo o carro menear na avenida. Agitado, James tentou se endireitar no banco e acabou pisando no acelerador.

Então ele ouviu um grito. A voz era bela e melodiosa, mesmo estando inexplicavelmente aguda e procrastinada. A voz o lembrou imediatamente de alguém que ele conhecia.

Apressadamente ele abriu os olhos e viu frente ao carro Helena Grayson. A garota estava paralisada e ofegante. Com pressa, ele freou o carro que parou a poucos centímetros da garota.

Apressando James desceu do carro cambaleante e correu até a garota.

— Oh, Meu Deus! Você está bem... Desculpe, eu não lhe vi! — gritava insanamente tentando organizar seus pensamentos.

Helena estava tremendo e com o rosto estarrecido e endurecido. Com a voz inerme e arrastada, ela falou com ele.

— Por que não acelerou? — questionou ela.

Ele ficou atônito encarando.

— Por quê? Você ainda pergunta?!

— Sim. Eu pergunto! Por que não acabar com essa minha vida miserável? Eu estava pronta para morrer — explicar pausadamente.

— Você não está pensando direito. Venha comigo... Por favor.

James olhou em volta. Ninguém havia saído de suas casas. Parece que ninguém ouviu o grito de Helena, e se ouviu não deu atenção.

— Não, eu não quero! — gritou ela.

Ele tentava movê-la dali. Helena tinha se encolhido e ficado de cócoras em meio à avenida. James olha em volta novamente. Então, algo lhe surge na mente: como aquilo era patético. Como o destino era engraçado. Ele estivera naquela mesma situação há poucos minutos e agora tentara ajudar alguém que estava no mesmo estado que ele. Lastimável, triste, definhando aos poucos e querendo acabar com esse longo caminho de angústia e desgraça.

Com um pouco de força, James a jogou em seu ombro e andou até seu carro. Foi nesse momento que todos os moradores da Apple Street saíram de suas casas para olhar a cena. James carregou-o enquanto ela se debatia violentamente.

— Me ponha no chão, seu brutamonte desgraçado. Eu estou falando! Ponha-me no chão ou irá se arrepender... Eu juro que irei acabar com sua vida. O que servem músculos contra inteligência? Oh, Meu Deus! Eu só não arranco seu coração com meus dentes por honra a Lola! — esperneava a garota.

James abriu a porta do lado do carona e depositou a garota lá a prendendo pelo cinto de segurança. Ela continuou se debatendo. Com um golpe da mão deu um forte tapa na cara de James.

— Terá que fazer muito mais que isso.

— Vá pro diabo que te carregue!

James riu.

— Agora entendo por que você e Lola eram amigas.

Falando isso ele pula sobre o capô do carro e entra no carro sentando-se no banco do motorista. Com rapidez, James tranca todas as portas. Ele abre o porta-objetos e pega um óculos escuro. Coloca-o no rosto e ajeita deixando-o rente ao nariz.

James acelera o carro. Depois de alguns minutos de xingamentos que James nunca ouvira em sua vida direcionados a ele, Helena para.

— Cansou?

— Meu estoque acabou por agora. Estou pensando em muitas palavras.

— Ora, você é lindinha quando está nervosa.

— Lola nem está quente no túmulo ainda e já está dando em cima de mim?

Silêncio desconfortável.

— Olhe, eu não quis dizer isso...

— Poupe a si mesma. — reclama ele encarando-a com seus olhos negros. Antes ávidos e agora frios. — Eu sei que quis dizer isso. Quis magoar. Conseguiu. Olhe, ninguém está sofrendo mais pela morte dela do que eu. Está bem?

— Eu sei. Eu quero me desculpar. Eu não estou bem...

— Ok. Eu aceito suas desculpas.

Mas alguns segundos de silêncio se seguem.

— Eu não sou muito bom nesse lance de “conversar”. Tipo, sobre determinados assuntos com garotas. Mas posso tentar.

— O que quer dizer com isso?

— O que foi aquilo?

— Eu sei lá. Acho que nem tem mais sentido isso tudo, sabe?

— Isso tudo o que? — questiona James sem um pingo de curiosidade. Sabia o que ela queria dizer. Mas queria confirmar se ela e ele passavam pela mesma situação.

— A morte de Megan. A morte de Lola. A morte de Edward. Tudo em um curto período de tempo. Parece que a desgraça invadiu Landevil, entende agora o que eu quero dizer?

— Sim. Eu entendo.

— Parece que somos dois danificados.

— Isso mesmo. — afirma ele rindo.

— As cicatrizes das queimaduras... Ainda doem?

— Não. Mas preciso ficar com as ataduras.

— Ahn... Por quê? Foram muito sérias?

— Muito.

Silêncio.

— Onde está indo? — pergunta Helena querendo mudar de assunto.

— Pra praia. Ficar ali nas pedreiras. Amo aquele lugar.

— Posso ir?

— Sabe, é que eu queria ficar sozinho.

— Não, não quer.

— Como assim?

— Sente falta de conversar. Sei disso. Eu também. Quem melhor do que outra danificada?

Os dois riem.

— Ok, dois danificados nas pedreiras. Será que irá prestar?

— E eu sei lá? — pergunta Helena rindo.

Os dois papeiam sobre os recentes acontecimentos. Por algum tempo, os nomes Lola e Megan surpreendentemente não foram citados.

Depois de cinco minutos chegaram até a praia. James deixou o carro estacionado na avenida e vestiu uma camisa regata branca e ajeitou o óculos. Helena somente ajeitou a roupa e o cabelo. Ambos andaram pela areia da praia com as sandálias em mãos. Helena correu até chegar ao alcance das ondas. Agradeceu a Deus por lhe proporcionar aquela sensação. A água fria se chocando contra sua pele. Eram aproximadamente 2hrs p.m e o sol estava relativamente quente e brilhoso para o inverno rígido de Landevil.

James ficara observando-a de longe. Os dois foram até as pedreiras. James pela areia e Helena andando sobre á água rasa da baía. Quando chegaram até as pedreiras, subiram até o rochedo mais alto e sentaram-se em sua ponta. O limo era escorregadio e por Helena teve que tomar cuidado para não escorregar.

Ao se sentarem. Ficaram observando as ondas bateram nas pedras abaixo. As ondas poderosas pareciam que iriam fazer o amontoado de pedras desabarem. James estava inquieto.

— O que quer que seja, pode dizer. — consta Helena.

Ele a olha de relance.

— Você gritou? Quando eu estava prestes a atropelá-la?

— Nãaao... Eu queria aquilo. Não gritei.

— Mas eu ouvi um grito.

— Não foi meu.

— Era uma voz conhecida. Mas... Não pode ser.

— Você reconheceu?

— No começo sim. Mas depois que lhe vi pensei que era você. Mas isso é ridículo...

— De quem foi à voz? — quis saber Helena firme.

— Bom... Daquela sua amiga.

— Emily?

— Não.

— Bonnie?

— Não!

— Então quem?

No silêncio que se seguiu, Helena compreendeu.

— M-M-Megan?

— Yep! Ela mesma. Eu falei que era loucura!

— Mas... Como assim?

— É eu sei. É loucura. Por isso mesmo que nem te contei.


— Δ —

Emily estava sentada no sofá da sala de estar. A tevê estava ligada enquanto ela passava de canal em canal. Finalmente parou no filme “Braveheart.” Se acomodou no sofá e se cobriu pegando a tigela de pipoca que estava ao lado do sofá.

Nesse exato momento Cece passou por ela e sentou-se numa poltrona ao lado do sofá. A mesma tinha uma xícara de chá. Cece segurava a xícara elegantemente.

“Segure pela alça com o dedo indicador e mantenha o dedo mindinho arqueado. Isso... Assim desse jeito, filhinha!” lembra Emily. “Agora mantenha a cabeça erguida e leve a xícara até sua boca, somente molhe os lábios. Nada se sugar. Isso... Não, desse jeito não. Emily! Não curve a cabeça!”

— Olá, mãe. — cumprimenta Emily entediada.

— Sente-se, amorzinho.

— O que foi dessa vez?

Cece respira fundo e põe a xícara no pires.

Um silêncio desconfortável se segue até que ela finalmente começa a falar.

— Temos que conversar.

— Sobre? Nunca conversamos antes.

— Agora é diferente, é sobre seu pai.

— O que tem ele?

— Sobre... A traição dele.

— A traição de ambos.

— Como assim?

— Ele transou com seu amante. Você o traiu com o seu amante. E ele traiu você com o seu amante.

— Não fale “transou”!

— Então eu falo como? Queimou a rosca? Vocês são um casal de bodes. Chifrudos... — sussurra.

— Emily! — grita Cece dando um forte tapa no rosto de Emily e se levantando da poltrona.

Emily respira fundo e vira o rosto para a sua mão. Podia sentir o lugar em que sua mãe batera arder. O sangue coagula dolorosamente por ali. Ela tira o cabelo do rosto e se levanta.

— Essa família é uma droga. Jeremy e eu éramos os únicos laços que uniam vocês. Eu acho... Por que o dinheiro sempre foi mais importante pra você.

— Como ousa dizer isso?

— Por que se casou com meu pai? Você era somente uma caipirinha do interior. Sua família tinha sido dizimada no desabamento da mina*. Sua mãe foi pro orfanato, cresceu lá. Deu a luz a ti. Depois, você foi criada por um casal de caipiras. E você deu a sorte de se encontrar com Ronald VanCamp. Homem rico. Bem resolvido. O que fez? Aproveitou-se de sua beleza. O encantou. Casou-se. Enriqueceu e montou sua própria linha de roupas. A famosa Queens of Van. “O jeito mais fácil de você se sentir uma Rainha.”

— Acabou? — perguntou Cece com os olhos mareados.

— Sim, acabei.

— Ótimo. Vá pra casa do seu pai.

— Eu iria. Mas não vou. Jeremy precisa de mim. E eu o amo. Quero ficar com ele.

— Fique. Mas não olhe na minha cara.

— Com muito prazer, Vossa Excelência. E... Só pra constar. Essa casa é dele... Ele lhe deu por que queria que eu e Jeremy tivéssemos do melhor.

Emily correu até as escadas e pulou os degraus. Quando chega ao seu quarto, fecha a porta com força e se joga na cama. Emily pega o travesseiro e coloca no rosto gritando o mais alto que pode. Fica ali parada. Até que depois de alguns minutos levanta e vai até a varanda.

Tira seu celular do bolso e se prepara para ligar pra Nate. Então ela vê algumas ligações pedidas de Bonnie. Algumas não. Exatamente quinze ligações perdidas. Ela arregala os olhos e quando está prestes a retornar as ligações vê duas pessoas nas pedreiras.

Uma delas era uma garota de cabelos cor de fogo. Era um pouco rechonchuda. Quase imperceptível. A garota ajeitou os óculos de grau e logo Emily reconheceu.

— Helena... — murmurou.

O outro garoto era abissalmente grande. Com ombros largos. Estava com uma camisa regata. Bermuda cargo e estava com óculos escuros.

— James? — pondera.

Emily disca o número de Helena e liga. Ela vê a garota atender.

— H, onde você está?

— Eu... Na praia, Em. Por quê?

— Estou te vendo daqui.

Helena olha em volta tentando tapar o sol.

— Na varanda do meu quarto.

Helena continua procurando. James guia o olhar da garota até a varanda e Emily acena. Helena sorriu e acena de volta.

— O que quer?

— Pode vir aqui em casa? Bonnie me ligou várias vezes. Deve ser algo importante.

— Sobre... Você sabe?

— Sim. Deve ser. Mas venha logo. Quero desabafar.

— Eu também quero.

— Haha, ok. Desabafamos juntas para Bonnie.

— Ok. Vem me buscar aqui? Quero me despedir de James.

— Sim. Estou descendo!

— Te espero. Tchau.

Helena desliga e guarda o telefone no bolso.

— Olhe, eu tenho que...

— Ok, foi bom enquanto durou.

— Sim, foi sim.

— Devíamos repetir.

— Claro. Sempre.

Helena tenta beijar a bochecha de James enquanto ele tenta fazer o mesmo. Por pouco, eles não se beijaram. Helena corou e James abaixou a cabeça. Eles ficaram ali daquele jeito até que ouvem Emily gritar.

— Mas que porra! — grita a garota.

James corre até ela. Emily escorregou por causa do limo. Ele ajuda a garota a se levantar. Ela limpa o limo do short jeans e da camisa.

— E então, vamos?

— Vamos. — afirma Helena abraçando James.

Eles se despedem e James pula par a areia se dirigindo até seu carro. Helena encara o garoto enquanto ele anda pela baía.

— Que olhar é esse, garota?

— Que olhar?

— Esse!

— Ah, para vai. Vamos.

Emily ri e dá uma piscadela. Elas descem das pedreiras e sobem até as docas passando pelos comércios. Os pescadores transitavam por ali tornando quase impossível a passagem de ambas. Quando chegou a sua casa, Emily deu a volta.

— Não vai entrar?

— Pelos fundos.

— Por quê?

— Vem logo, H.

— Ok, ok, ok. Estou indo!

As duas entram pela porta dos fundos. Ed, o cachorrinho de Emily da raça pastor alemão. O cão era enorme. Com olhos lindos e castanhos. Presas brancas e afiadas. Pêlo macio. Castanho e negro. Helena se ajoelhou e abraçou o cachorro.

— Oun, Ed, seu safadinho! Você é o danadinho da mamãe é? Você é sim! — conversa ela acariciando o animal.

— Deixe ele. Ele é o meu bebê. — reclama Emily rindo alisando a cabeça do cachorro.

As duas sobem até o quarto de Emily. Helena liga para Bonnie. Elas sentam-se na cama e aguardam, depois de algum tempo Bonnie chega até a casa dos VanCamp e entra no quarto de Emily.

— Eu achei um jeito de conversar com K. — afirma Bonnie se sentando na cama.

— Hã? E pra que iríamos querer conversar com ele?

— Não podemos contra ele. E sabemos disso. Temos que tentar argumentar. — defende Helena.

— E falaríamos o quê?

— Como assim, “o quê?” — questiona Bonnie.

— Tipo... — começa Emily pensando em algo — Alô? É do Inferno? Por favor, passem pra Megan! — grita Emily. — Aaah, me poupem!

Bonnie respira fundo e tira uma tábua de dentro da bolsa. Ela tira o objeto do saco e coloca sobre a cama. Emily e Helena tentando analisar o objeto. Era retangular e tinha letras, números e símbolos espalhados por toda parte.

— Esse é o Tabuleiro de Ouija.

— Hã? Aquilo pra se comunicar com espíritos?

— Sim.

— Agora estou com Emily, qual é Bonnie? Isso é fictício.

— Quem disse?

— A ciência. Os participantes que empurram a peça guia. Chama-se efeito ideomotor.

— Ora. Somos bruxas. Podemos invocar o espírito de se comunicar com ele.

— Como você sabe que é a Megan? — questiona Emily.

— Bom... Eu suponho... — começa Bonnie.

— Isso. São só suposições.

— Idaí? Estamos às cegas!

— Pessoal, eu sei que é a Megan. — afirma Helena.

As garotas olham pra ela atônitas.

— Como assim?

— É que... Eu rastreie o emissor das mensagens. Deu o número de Megan... É ela. E há pouco tempo... Eu a vi no meu banheiro.

— E você não nos contou? Como se isso não fosse importante né! — grita Bonnie.

— Era isso que queria nos contar?

— Não...

— Então o que era? Ia nos contar que o Brad Pitt vai fazer um filme pornô? É a única notícia que eu possa imaginar que seja tão importante. H... Por que fez isso? — grita Bonnie ficando vermelha.

— Ela deve ter tido seus motivos. — aponta Emily. — Você teve?

— Sim. Eu tive?

— Quais? Por favor, me diga!

— Eu recebi uma mensagem logo depois que descobrir. E K me enviou uma mensagem.

— Que mensagem? — interroga Bonnie com as sobrancelhas arqueadas.

Helena vasculha o celular e mostra a tal mensagem de texto.


Conte e eu corto sua língua.

— K

As garotas prendem a respiração.

— Ok, desculpa. Você realmente teve um motivo... — fala Bonnie.

— Não se preocupe, se o Brad fizer um filme pornô seremos as primeiras a assistir.

Elas riem juntas.

— Acho que foi uma má idéia comprar isso. — comenta Bonnie.

— H, se não era isso que queria nos contar... Então, o que era?

— Deixe pra lá.

— Por quê?

— É muito sério.

— Desde quando escondemos segredos? — indaga Bonnie.

— Desde sempre. Temos que nos unir. O Team Delta tem que se unir. Temos que enfrentar essa batalha. Que tal uma noite das garotas? Todas iremos desabafar hoje. — sugere Emily. — Aqui em casa. Minha mãe vai conversar com seu advogado no White Castle. E Jeremy deve ir pra alguma balada.

Elas concordam e juntam suas mãos.

— Team Delta! — gritam jogando as mãos pra cima.

— Δ —

Já estava entardecendo. A cidade logo iria mergulhar na silenciosa e agradável noite. A mansão dos Osborne parecia estar em chamas quando sol se punha atrás da mesma. O celeiro parecia mais um cenário de horror com as pilastras e as plataformas carbonizadas e caídas no chão.

Dentro da enorme mansão, um indivíduo estava sentando sobre uma poltrona velha e empoeirada. Ele estava todo encapuzado. Com uma calça de couro negra. Moletom e coturnos. Estava com as pernas cruzadas e tinha algo no seu colo. O seu machado. Resplandecente pela luz que adentrava pelas janelas e refletia no aço.

K tinha uma pedra afiando a lâmina do seu machado. Ele lê a escritura entalhada no machado e repete em voz alta.

— Vingança ao sangue negro.


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Notas finais do capítulo

Uhul! Todos comemoram alegremente pelo capítulo saído do forno! Ok, quero pedir desculpas pelo atraso. Segunda vez que isso acontece. Mas dessa vez a desculpa é boa. Eu tive compromissos (estudar ¬¬) e o capítulo era muito extenso, tive que transferir uma parte desse capítulo para o próximo D;
* Em 1951, uma escavação foi organizada com objetivo desconhecido. Numa das escavações, foi encontrada uma mina de ouro. Pela qual as famílias se apoderaram, entre elas as mais ricas atualmente (VanCamp, Khan, Grayson, McFinn, Cook, Cullen e várias outras). Em 1952, um evento traumatizou os moradores, em uma das buscas por ouro, a mina desabou e vários mineradores foram soterrados lá dentro.
Oh yeah, Landevil tem uma história! Desde os remanescentes, essa cidade era recheada de magia! Hahahaha! Se der tempo, em próximos ventos explico a história da cidade melhor!
Pronto, beijos para todos!
PS:. Qualquer erro gramático ou ortográfico por favor avisar, foi feito na pressa pra entregar no prazo!
O nome do próximo capítulo é:
"Hi spirits. Everything alright?"