Supernatural escrita por Sansa Thorne


Capítulo 7
Hi spirts. Everything alright?


Notas iniciais do capítulo

As garotas decidem recomeçar a realizar um ritual feito pelo Team Delta que consiste num momento onde nenhuma tem segredos uma para as outras. Mas Helena irá acabar descobrindo que o futuro do seu bebê corre perigo e a única culpada é uma das pessoas que ela mais ama nesse mundo. Um fantasminha camarada irá avisar as nossas queridas bruxinhas sobre uma guerra que está a caminho. E logicamente K não irá perder a chance de se manifestar. Mas esqueça as mensagens ameaçadoras. K irá fazer uma aparição com direito a gritos, luta e morte. Quem será que irá morrer pelas mãos de K?



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“(...) Megan tentou respirar, mas só engoliu água. Continuou tentando encontrar ar, mas era uma busca falha. A água doce e gélida queimava o seu pulmão como se fosse fogo. Megan tentou nadar movendo inutilmente seus braços procurando algo para se apoiar.

(...) Mas esqueceram de Megan. Como podiam abandoná-la? Ela continuou a afundar.

(...) Sem nenhum tipo de aviso prévio, a serpente adentrou na boca de Edward. O enorme corpo volumoso do monstro aos poucos se adaptou ao tamanho do corpo de Edward. Os raios de energia vermelha percorreram o corpo de Edward e lhe deram um choque que se aproximou de uma sensação de prazer. Aos poucos, a fumaça se moldou e se acomodou na cabeça de Edward. Os olhos do garoto aos poucos tomaram um tom escuro e brilhante com minúsculos pontos vermelhos.

(...) Sentiu uma dor enorme no seu peito como se seu coração tivesse uma tonelada.

(...) Com um movimento arrastado e gracioso, o fantasma de Megan pôs sua mão no ombro de Helena.

(...) — Esse é o Tabuleiro de Ouija.

— Hã? Aquilo pra se comunicar com espíritos?

— Sim.

(...) — É que... Eu rastreie o emissor das mensagens. Deu o número de Megan... É ela. E há pouco tempo... Eu a vi no meu banheiro.

(...) — Vingança ao sangue negro.”

Todo dia se sexta-feira, não importava as circunstâncias, as garotas faziam uma pequena reunião na casa de uma delas para passar a noite conversando e rindo. Tirando fotos e comendo.

Qualquer coisa que fizesse delas verdadeiras boêmias.

Aquilo as unia cada vez mais. Assim que completara um dia inteiro, exatamente as 00h00min p.m elas contavam seus segredos em voz alta e recebia conselhos e palavras reconfortantes das amigas. Depois do ritual, todas eram forçadas a jurar segredo. Era um ritual que Megan lhes contou e simpatizou.

Mas sempre antes das 3hrs a.m*, Megan lhes forçava a dormir. A mesma contara que no seu grimório, constava que aquele horário era quando os demônios cultuavam Lúcifer. Nenhuma delas ousava discordar, mesmo que Helena não acreditasse em Deus ou em qualquer outra figura cristã ou pertencente à outra religião.

E naquele entardecer, Emily reviveu a chama convidando-as para dormir em sua casa. Era a ocasião perfeita para que pudessem se unir e restaurar os laços do Team Delta. Porém, não muito longe dali, um ser das trevas se espreitava nas sombras de sua própria mente, revisando os artifícios para essa noite fatal. Quando iria fazer o sangue escorrer e os gritos ecoarem pela mansão dos VanCamp.

Depois do entardecer, Bonnie e Helena foram até suas casas e retornaram com alguns pertences. Ao tocar a campaninha esperaram ansiosamente olhando para os lados. Sentiam uma presença estranhamente desconfortável rondando-as.

Bruxas podem pressentir a presença do mal. E quando se aproximam, as bruxas sentem um enorme aperto no coração causado pela áurea negra do inimigo. Dependendo do poder do mesmo. Megan lhes ensinaram alguns truques. Nada especial. Megan contara que as bruxas da antiguidade usavam saches* contendo vários ingredientes que juntos possuíam propriedades mágicas. As garotas sabiam que Megan praticava outro tipo de magia mais forte. Que era a única que requeria o uso de saches. O auxílio da natureza. Helena especulara que vira o carro de Megan parado nos limites da cidade, próximo a orla da floresta. Seria um lugar secreto que Megan usara para treinar?

Mas aquele assunto morreu junto com Megan.

Emily abre a porta com um sorriso no rosto. Estava com uma camisola vermelha caindo em babados até sua coxa com uma fina camada de rendas douradas no busto. As coxas atléticas e torneadas estão valorizadas pela camisola. Está descalça. Os cabelos negros caindo como cascatas brilhantes e escuras sobre os ombros. Os olhos violetas realçados pelo contraste e a iluminação do local fazendo sua pele ficar fantasmagórica.

Helena e Bonnie ficam boquiabertas.

— Oh Meu Deus, Deus lhe deu um bom material de trabalho hein garota? — brinca Bonnie fazendo Emily dar uma rodadinha — Que parte eu perdi? Suas coxas estão como as de um frango de natal.

— Eu vou tomar isso como um elogio.

— E devia. — afirma Helena sorrindo.

As três continuam conversando até que Ed as interrompe com seus latidos.

— Meu lindão! Quem é o meu bebê? É o Edmond! — brinca Bonnie.

— Dantés? — questiona Helena sorrindo.

— Sim. Lembra daquele livro?

— Como se esquecer do Conde de Monte Cristo?

As duas observam Bonnie acariciar o animal que ainda estava agitado.

— O que ele tem? — questiona Bonnie preocupada.

Ed continua a latir e encarar o vazio. O cão rosna e late. As garotas se entreolham e sentem uma brisa fria adentrar no cômodo. Emily estremece sentido o frio arrepiar-lhe os pêlos do braço e gelar os ossos.

— Fechem essa porta, por favor.

As folhas que estavam no chão estavam sendo levadas pelo vento para dentro da residência. Helena corre e fecha a porta. As garotas se entreolham. Por alguns segundos ficam retesadas até que o clima se quebra quando Ed pula sobre Bonnie. Elas riem e sobem as escadas até o quarto de Emily.

Edmond as segue.

Ao entrar no quarto, Emily fecha a porta e as cortinas. Sua cama estava arrumada. Dois colchões estavam espalhados pelo chão. A mesa de cabeceira estava com o abajur desligado e com o telefone fora do gancho. O enorme guarda-roupa com duas portas de correr feito de ébano estava no canto norte da parede ao lado das portas de vidro. As cortinas estavam entreabertas e permitiam que a luz da lua cheia adentrasse no cômodo. Uma poltrona descansava no lado leste do quarto. Os ursinhos de pelúcia — presentes do Nate — estavam sobre a cabeceira da cama.

A luz estava piscando desvairadamente.

Emily desliga e liga a lâmpada novamente que volta ao ritmo normal.

Elas olham em seus relógios. Faltavam pouco mais de quatro horas.

— Δ —

“Chegou a hora.” Anuncia Megan.

Estavam presentes no quarto Helena, Bonnie e Emily.

Elas eram completamente diferentes no tempo do que são agora.

Helena era um pouco mais rechonchuda e com cabelo de corte Chanel. Vestia saia curta e camisa regata.

Já Bonnie vestia um macacão brega de cor marrom e sandálias simples.

Emily vestia uma camisa vermelha com detalhes de ilhós dourados. Short curto azul clarinho e all star.

Sentiam-se bem naquelas roupas. Era estranho analisar o modo como se vestem atualmente e como se vestiam. Já Megan, vestia-se razoavelmente.

Megan usara um vestido tomara que caia branco com frente única e um decote V até os seios. O vestido possuía uns detalhes florais na bainha e ela usava um all star.

“Quem começa?” questiona Bonnie.

Assim que ela falou, ficou calada.

“Ok. Eu começo!”reclama Megan se ajeitando no seu colchão.

As garotas ficam em silêncio e apuram os ouvidos.

“Eu... Achei um livro antigo de família.”

“Isso é um segredo?”

“E dos grandes. Você não me deixou terminar, Bonnie.”

“Ok, termine.”

Megan sorri e continua.

“Eu li algumas páginas. A maioria são textos em latim. Informações sobre alguns tipos de ervas, objetos e animais. Eu... Eu acho que sei o que é. Não é um livro, é um grimório.”

“O que é isso?” quis saber Emily.

“Um grimório é um livro antigo que é passado de geração em geração. Geralmente, pertencente ao primeiro membro de uma família de bruxos. O grimório serve como um diário, para eles escrevem experiências suas para que seus descendentes estejam preparados. O início do grimório da minha família é escrito em egípcio, em papiro. Alguns desenhos estão distorcidos.”

“É sério isso? Você nos pediu para contar um segredo. Mas você vem com uma fantasia maluca sobre bruxas!” reclama Emily se levantando “Chega disso pra mim. Será que em todas as outras noites você estava mentindo também?” Emily então se dirige até a porta com o passo forte e determinado.

Antes que ela pudesse atravessar a porta ela se fechou com um baque forte. Emily recua assustada e olha para Megan que arqueia uma sobrancelha. Emily estende sua mão até a maçaneta. Megan sorri e fecha os olhos concentrando-se. De repente, o ferro começa a esquentar espontaneamente adquirindo uma cor avermelhada. Aos poucos, o ferro começou a derreter e a maçaneta se desfez magicamente ao olhar assustado de Emily. O aço pingara no chão lentamente criando uma poça de aço derretido.

Magicamente. Pensou Emily se virando para Megan.

Bonnie e Helena encaravam Megan assustadas.

“Como isso é possível?” quis saber Helena, a curiosidade brilhante em seus olhos

“Não sei. Isso tem explicação?”

“Tudo tem explicação.” Afirma.

“Existe uma explicação pra você ser tão gorda assim?” Helena se calou e abaixou a cabeça “Foi o que eu pensei.”

Bonnie se aproxima ainda mais de Megan. Estava curiosa. Queria tentar fazer o que Megan fazia. Talvez até mais. Bonnie imaginava o que podia fazer com tantos poderes a sua disposição. Podia sair daquela cidadezinha podre, ir para outro lugar. Londres, talvez. Podia viver uma vida sem escola, preocupações, brigas. O que mais alguém poderia querer?

“Você pode voar?”

Megan olhou para ela com um olhar presunçoso.

“Ainda não.” Responde abrindo um largo sorriso.

Ambas trocam um olhar empolgado.

Emily toma a palavra se manifestando.

“Como isso é possível? Helena está certa, deve haver uma explicação. Existem mais? Qualquer pessoa pode ser uma bruxa? Nós podemos?”

“Simplesmente é possível. Por que tudo tem que ter uma explicação? Por que simplesmente não pode acontecer? Emily, Helena. Vivam um pouco! Bonnie é a única que está se manifestando do jeito que eu esperava. Imaginem o que podemos fazer com esses poderes!”

“Que garante que poderemos fazer isso? Como você falou... Sua família tem um grimório. Provavelmente somente sua família tem esses poderes.” Relata Helena.

“Ora, irei arranjar um jeito. Emily, você não é vegetariana?” perguntou Megan.

“Bom, eu era. Só que Jeremy me forçou a comer carne de hambúrguer e...”

Megan revirou os olhos.

“Você gostaria de salvar os animais em extinção? Resolver o problema da camada de ozônio? Do lixo eletrônico...?”

“Sim, idaí?”

“Com magia é possível.”

Bonnie sorri e olha pra Emily.

“Isso vai ser a melhor coisa que acontecerá em nossas vidas.”

Elas se sentiam normais de novo. Sentiam-se quase completas. Juntas. Nem pareciam tão insanas o quanto são. Sorrisos, brincadeiras, fofocas. O Team Delta parecia como da primeira vez que fora fundado.

Todas de pijama. Comendo um pote gigante de sorvete. Esperando ansiosamente para a meia-noite, quando o ritual seria reiniciado.

No momento em que os alarmes apitaram todas elas se calaram e ficaram rígidas.

— Chegou a hora. — diz Emily em voz alta.

Ed está deitado na cama de Emily ao lado dela. Ele levanta a cabeça e encara a garota com seu olhar solene e amigável. Como sempre, as três esperam uma delas tomar a iniciativa. De repente, sentindo uma carga de força emocional passada pelos olhos de Ed, Emily conseguiu começar dessa vez.

Pensa no que vai falar antes. Mas o que vai falar era algo que realmente irá preocupar as amigas. Estaria pronta para as conseqüências depois desse ato? Emily sabia que o cuidado de suas amigas em relação a ela aumentará muito mais.

— Eu tenho dois segredos. — avisa Emily.

As garotas concordam.

— O primeiro é que... Eu me sinto como se tivesse desonrando Megan.

— Por quê? — quis saber Helena.

Emily respira fundo e fita sua pulseira vermelha.

— É que... Lembram qual foi o primeiro passo que tomamos para se vingar de Lola?

— Sim. Se aproximar de...

— Isso mesmo. Se aproximar de Nate. — concluí Emily respirando fundo. — A verdade é que sabíamos que Megan somente usara um pretexto para ter nosso apoio no momento em que usasse o feitiço sobre Nate. E nos á apoiamos, por que sabíamos que ela era perdidamente apaixonada por ele.

— Você não a apoiou. — relembra Bonnie como se aquilo diminuísse o peso da amiga sobre as costas da mesma.

— Apoiamos sim. Apoiamos por que éramos amigas dela. Mas sabíamos que isso era errado e fizemos assim mesmo. Mas querida, não entendo por que esse fato pode ter a ver como a desonra de Megan. — alega Helena olhando solidariamente para a amiga.

Um sorriso brota no canto dos lábios de Emily.

— E também Nate lhe ama. Já Megan era um amor superficial. Beijos falsos. Carícias falsas. Conversas falsas. Nate nunca namorou Megan. Megan que sempre namorou Nate. — remata Bonnie.

Emily assente limpando uma lágrima que descia por sua bochecha. Agora sim ela iria falar o que estava incomodando-a.

— Vocês sabem o que está acontecendo aqui em casa. E esses tempos não tem sido fáceis. Jeremy está diferente. Não conversa mais comigo do mesmo jeito. Eu não consigo mais chamar meu próprio pai de... Pai. E eu me sinto podre. Sabe? Por dentro, eu me sinto a pior pessoa do mundo por tentar abandoná-lo somente por sua opção sexual. Isso é certo? Ele sempre me apoiou em minhas decisões. Sempre esteve ali por mim. Ele construiu essa família com amor e compreensão. Ele era o que faltava quando a rigidez de Cece me deprimia e a Jeremy.

— Mas, Em... Entendemos você e ele também deve lhe entender. Se ele é realmente seu pai, amoroso e fiel, vai entender o choque que essa traição exerceu sobre você. Em, você está vendo sua família desmoronar sobre seus pés. Você tem o direito de se isolar, de querer ficar sozinha com todos esses pensamentos. — consola Helena.

— Te conheço, Ems. Sei que a qualquer momento estará radiante e sorridente. Ele também sabe disso. Vocês irão reatar o relacionamento de vocês. Como pai e filha. Não se preocupe com isso. Em minha opinião o povo de Landevil fala demais. — reclama Bonnie — Meu pai vai cuidar disso, não se preocupe. A entrevista de Ronald já irá sair nos jornais explicando a atual situação.

— É isso mesmo, vocês estão certas. — finaliza Emily sorrindo.

Sentia-se mais leve. Sentiu falta dessa sensação de liberdade ao desabafar junto com suas amigas.

Bonnie e Helena se entreolharam por alguns segundos e Bonnie tomou a palavra. Ela sorriu olhando para o chão e respirou fundo.

— Bom, é que... Eu estou apaixonada por um garoto. Ele não me dá bola. Isso é um fato. Acho que ele está comprometido. Ele me consolou quando perdi o Edward. Costumávamos nos sentar no píer, observar o horizonte enquanto ele lia as suas poesias para a tal da garota misteriosa. Ele falava de seus olhos, da cor de seus cabelos, da cor de sua pele, do seu corpo. Era apaixonante quando o sol se punha e os últimos raios reluziam no seu cabelo, um tom claro de loiro prateado.

— Uh, quem é? — pergunta Helena sorrindo.

Bonnie olha em volta como se procurasse por alguém que a tivesse observando e convida as meninas para mais perto com o dedo indicador. As garotas se aproximam curiosas e ela finalmente fala lentamente e dengosa.

— Drake. O nome dele é Drake Murphy.

Foi como se Helena tivesse recebido um nocaute do Rock Balboa. Ficou entorpecida por alguns segundos. Paralisada. Ficou até sem respirar enquanto fitava os olhos castanhos de Ed. Um sentimento de pânico foi tomando o corpo da garota e ela teve vontade de gritar e voar sobre o pescoço de Bonnie. Sua amiga estava apaixonada pelo seu namorado... Bom, quase namorado. Será que eles tiveram algo enquanto Helena e Drake estavam separados? Cachorro. A enganara direitinho. Tivera vontade de perguntar, mas achou que iria ficar óbvio demais. E agora, como poderia contar seu segredo? Tinha que ter força. Como iria dar a notícia para Bonnie?

— Ele é lindo. Estou imaginando vocês dois, abraçados de bêbados andando pelas vielas de Landevil. Hahaha! Fisgou um peixão em Bonn? — brinca Emily abraçando a amiga — Desejo felicidades. Espero que resolva logo essa paixão secreta com ele. Quem sabe os poemas não foram indiretas pra você?

— Ah, vai! Eu não sou tão sortuda!

Enquanto isso, Helena continua paralisada perdida entre seus pensamentos que iam desde o suicídio até a fuga de Landevil até a cidade mais afastada. Se possível até outro país. Aonde iria se estabilizar e criar sua filha sem luxos, somente nutrindo-a com amor.

Bonnie olhou para Helena ansiosamente esperando palavras de encorajamento vindas da amiga. Mas ela ficou encarando o vazio com as mãos tremendo e suando. Bonnie se entreolhou com Emily, ambas preocupadas.

— H, você está bem? — pergunta Emily se aproximando cuidadosamente da amiga como se a qualquer momento a garota fosse explodir.

Helena não disse nada. Simplesmente se levanta e se dirige até a porta do quarto. Bonnie e Emily se olham assustadas e se levantam dos coxões seguindo Helena. A garota está descendo as escadas no escuro e chorando amargamente com as mãos no rosto. As luzes do local começam a piscar e o lustre começa a balançar sozinho. Bonnie olhou para o lustre.

— Ela está desequilibrada. Foi algo que eu disse?

Emily deu de ombros.

— H! Olhe pra mim, olhe pra mim! O que foi?

— Me deixem em paz. — sussurra Helena.

— H, fale conosco. Por favor! — insiste Emily.

— Calem a boca! Deixem-me em paz, por favor! — grita Helena se virando para elas no meio da escada e tirando as mãos do rosto.

Ela se agarra fortemente ao corrimão de madeira. Os olhos vermelhos e o rosto inchado. A garota está parecendo uma maluca. Tremia fortemente. Parece que irá desabar a qualquer momento.

O lustre continua a balançar freneticamente. Os pequenos penduricalhos em forma de borboletas de cristal estavam piscando desvairadamente.

— Ok, iremos te ajudar. Volte ao quarto. Acalme-se. Você vai pôr essa casa a baixo se continuar assim.

Helena olha em volta como se tivesse acabado de acordar de um transe. Um turbilhão de pensamentos passava por sua cabeça naquele momento. Inclusive como iria lhe dar com a responsabilidade de ter um filho sem um pai.

— H, se acalme. Estou indo até aí. Somos suas amigas. Pode falar conosco. É sobre o que? K lhe ameaçou?

Helena assume o controle da situação tomando um ar exímio e absolutista. Com um olhar solene que disfarçava o evidente pânico, ela se dirigiu a Bonnie.

— Por favor, Bonn. Deixe-me conversar com Emily. A sós.

Bonnie arregala os olhos.

— Como assim? É o nosso ritual.

— Bonn, abra uma exceção.

— Mas eu falei meu segredo! — reclama Bonnie com a curiosidade impelindo-a a arrancar aquele segredo de Helena.

— Bonnie! Abra uma exceção, se realmente é minha amiga. Irá me entender.

Bonnie olha para Emily procurando apoio. Ela abaixa a cabeça.

— Que seja. Vou subir.

— Se eu perceber que está tentando fazer um feitiço irei usar sálvia.

— Tsc... — murmura Bonnie fechando a porta do quarto com força.

Helena desaba no sofá enquanto Emily liga as luzes. A enorme sala estava perfumada e arrumada. Emily senta-se ao lado da amiga. Um silêncio desconfortável se segue.

— Por que sálvia? — interroga Emily.

Helena sorri enquanto limpa as lágrimas.

— Lembra que Megan sempre usava em nossas reuniões? — estimula Helena.

— Não... — ela pensa por alguns segundos — Aaaah, me lembro!

— Isso mesmo. Quando mergulhada no azeite e queimada, produz uma fumaça com um cheirinho agradável e agridoce que preenche o local. Aos poucos, cria uma densa parede mágica que torna incapaz qualquer criatura consiga ouvir qualquer coisa que seja pronunciada dentro do cômodo onde a sálvia está queimando.

— Isso é fantástico! Por que nunca tivemos essa idéia com K?

— Por que não sabemos onde encontrar sálvia e como encantá-la.

— Então isso foi um blefe?

— Dos grandes.

As duas riem e voltam ao desconfortável silêncio.

— E então, quer falar?

— Eu não quero. Eu preciso.

— Ótimo, então fale.

Helena respira fundo e limpa as lágrimas tirando os fios de cabelo do rosto.

— Não tem um jeito de falar isso então eu vou falar na lata.

— Fale.

— Eu estou grávida.

— E eu sou o Willy Wonka e o Ed é um Oompa-Loompa*. Mais alguma coisa?

— É sério, Em.

— Ahn... Ok, cadê as câmeras escondidas do Scare Tactics*? Fala sério, H!

— Eu estou rindo?

Então Emily se deu conta.

— H, como isso é possível! Você é tão responsável... Por favor, não me diga que foi com qualquer um. Vamos atrás desse cara até no inferno se for preciso, não se preocupe. Como aconteceu? Quem é o pai?

— Bom, simplesmente aconteceu. E K me avisou. Eu comprei o teste de gravidez e deu positivo!

— Mas esses testes farmacêuticos são enganosos. K lhe avisou? Filho da puta. Ele quer se estruturar para dar o xeque-mate. Mas não vai dar certo!

— Não vai mesmo. Isso só aumento meu desejo por justiça.

— H, você está sempre desviando de uma pergunta. Quem é o pai?

Helena congelou. Foi como se o nome sumisse de sua mente. Aos poucos, ela recuperou a consciência e formou o nome em sua mente. Então, ela falou.

— D-D-r-Drake...

— Drake? Drake Murphy?!

— Shh, porra!

Emily se dá conta do que fez.

— Ah, me desculpe. O mesmo Drake que a Bonnie está apaixonada?

— Sim, do bar Sonoftides. Ele mesmo.

— Mas... Ele está apaixonado por você?

— Ele escreveu poemas. O que acha?

— Putz, a situação é muito pior do que eu imaginava.

— Ninguém tem uma imaginação tão fértil, acredite.

— E o que pretende fazer?

— Pretendo contar a ele. Ser mãe solteira é a última das opções.

— É a coisa certa a se fazer, H. Irei te apoiar.

— A Bonnie não pode saber de jeito nenhum. Isso iria acabar com ela. Será que e isso que K quer?

Um pensamento passou pela cabeça de Emily. Será que é isso que K quer? Será que é isso que Drake quer? Quer desarmar as garotas, deixá-las desprovidas de qualquer resquício de força para lutar. Ela pensou em seu relacionamento com Drake. Parecia ser um cara amigável. Nunca dera bola pra ela.

Será que nesse exato momento Drake estava pensando num plano para atingir ela assim como fez com suas amigas? Esse pensamento aterrorizou-a profundamente. Só então percebeu o quanto tinha medo de K.

— Vamos subir como se nada tivesse acontecido, a Bonn deve estar preocupada.

— Sim, vamos.

Assim que as meninas se levantam do sofá Emily se vira para Helena.

— Olhe, eu estava pensando. Que tal aceitarmos a idéia de Bonnie e usarmos o tabuleiro?

— O que diz?

— Usar aquilo como uma ferramenta para se comunicar com K ou então, uma ferramenta para declarar guerra ao mesmo.

— Acho que já estamos em guerra.

— Não abertamente. Chamar K para uma luta conosco. Por um fim nisso. Sua criança não pode nascer num campo de batalha.

Nem com um pai assassino. Pensa Emily se sentido precipitada em seus julgamentos. Mas o que importava a precipitação naquela altura do jogo?

— Você está certa, mesmo que eu não acredite nisso. Acho que K não é um espírito.

— Podemos abrir uma exceção.

— Ok, claro.

As duas sobem a escada e vão até o quarto. Ao entrar no quarto, encontram Bonnie deitada com o fone de ouvido e acariciando Ed.

— E então? — pergunta ela.

— Aceitamos usar o tabuleiro.

Um raio ribomba no céu iluminando o quarto e deixa as garotas com os rostos iluminados e fantasmagóricos, chegando a ser uma visão demoníaca.

— Δ —

O quarto estava com a luz acesa enquanto as garotas arrumavam o local. Os colchões foram empurrados pro canto do quarto e elas colocaram uma esteira de palha no meio do quarto. Helena teve o cuidado de posicionar quatro velas nos quatro pontos cardeais.

— Me lembre, para que servem as velas mesmo? — inquire Bonnie.

— Ora, para que canalizemos energia. — conta Helena.

Ela assente.

Emily respira fundo e ajeita o tabuleiro no centro da círculo de giz. Acredita-se que o giz pode criar uma porta para outro mundo quando o feitiço certo é recitado. Helena acredita que a presença do giz irá ajudar na conexão com o outro lado.

Helena evita conversar com Bonnie por causa do ocorrido. Sempre que se olham, desviam o olhar com rapidez.

No fim, Emily apagou as luzes a andou até a esteira. Sentou-se e esperou Bonnie ascender às velas. A chama reluz criando um calor fraco, mas gostoso. O rosto das garotas fica com uma iluminação dourada. Os olhos de Emily ganham uma tonalidade de ouro líquido. Elas se entreolham e automaticamente dão as mãos.

— Garotas, relaxem. Por favor. Sintonizem sua mente com a minha. — pede Helena.

As garotas respiram fundo e expiram. A espera de apenas alguns segundos parece uma hora.

— O que temos que fazer? — pergunta Emily.

— Shh — reclama Bonnie.

— Esperar por um sinal da presença de um deles.

Elas esperaram por alguns segundos.

— Emily, fala algo. — pede Helena.

— Por que eu?

— Fala logo porra, eu vou me mijar aqui. — ordena Bonnie mal-humorada abrindo somente um dos olhos.

Emily respira fundo.

— Espíritos, tão aqui?

As garotas abrem os olhos e arfam.

— “Espíritos, tão aqui?” Isso? Fala sério. — reclama Bonnie.

— Fale em latim. — aconselha Helena.

— Eu não falo latim tão bem.

— Megan falou que bruxas falam latim fluentemente. Se concentre na sua áurea mágica e somente fale o que deseja.

Emily fecha os olhos e fala.

Manifestum te invito me spiritus.* — recita Emily como se tivesse uma espécie de transe.

Os olhos da garota assumiram um brilho mágico quando o feitiço foi concluído.

Elas ficam em silêncio por alguns segundos até que seus celulares apitam. Elas soltam um grito mudo e seus corpos são um salto. Emily coloca a mão no bolso e abre a mensagem ao mesmo tempo em que as garotas.


Cece não está em casa. Jeremy não está em casa. Prontas pros meus joguinhos? Indefesas, sozinhas e com medo. Quem acham que está com a vantagem? XOXO.

– K

— Se acalmem isso foi para nos distrair e nos intimidar. Ele sabe que estamos indo no caminho certo. — fala Emily.

Sua voz falha enquanto pronuncia as palavras. Seu corpo treme. Ela própria estava com muito medo do que podia acontecer.

De repente, as chamas assumem um tom azulado e uma lufada de chamas sobe até o teto. Aos poucos as linhas flamejantes tomam a forma de um círculo projetado no teto que se espalha pelas paredes do quarto. As garotas gritam freneticamente e se levantam. Logo as chamas se extinguem.

— Isso foi um sinal? — interroga Helena com sua voz alarmada.

Helena parecia estar prestes a dar um ataque de pânico.

O fogo azul se extinguiu e as chamas da vela diminuíram assumindo a mesma cor avermelhada queimando o pavio lentamente.

— Isso foi um mini-ataque cardíaco, isso sim! — grita Bonnie aterrorizada.

Nesse exato momento a porta da varanda se abre com um baque forte que quebra as portas de vidro. Uma forte rajada de vento adentra no cômodo e envolve as garotas. Uma língua de nevoa se rasteja pelo quarto enroscando em volta das garotas.

As luzes do quarto começam a falhar. De repente, ocorre uma drástica queda de temperatura. Mesmo pro frio inverno de Landevil, fazia um frio insuportável ali no quarto.

As garotas recuam até um canto do quarto. De suas bocas escapa uma fumaça. De repente, o tabuleiro é arremessado na parede com força e se parte em centenas de pedaços que ficam espalhados pelo chão. Um trovão estrondeia no céu iluminando o quarto repentinamente. Por alguns segundos, as garotas pensam ter visto o espírito de Megan.

— Megan, é você? — grita Emily em meio ao som da ventania.

Ed latia freneticamente e rosnava para onde o espírito de Megan devia estar. De repente, o cachorro se cala e corre até a porta. Como se fosse mágica, a porta se abre e o cão corre pela casa.

— Siga o cão. — sussurra uma voz no ouvido de Emily.

Ela não questionar, simplesmente se vira e corre atrás de Ed. As garotas a seguem sem pestanejar. Elas correm pela casa até encontrarem o cão no jardim da enorme mansão. O céu sobre elas estava negro. As nuvens escondiam as estrelas e a lua. O frio era insuportável.

Emily vai até o jardim com as garotas atrás de si.

O enorme pastor alemão latia sem parar. Naquele momento, Emily viu.

A figura encapuzada estava paralisada no meio do jardim. O mesmo segurava o seu enorme machado que descansava na grama servindo de apoio para o mesmo. Ele estava totalmente encapuzado. A lâmina estava ofuscada pela falta de estrelas.

— Olá, lindas. — fala a figura.

A voz era grossa e autoritária assim como a que tinham ouvido na gravação. Helena teve certeza que discerniu duas vozes. As garotas se entreolham e recuam lentamente até a casa.

Ed continua latindo. Com um simples movimento da mão direita, K joga o cão contra a construção do galpão. O corpo do pastor alemão foi arremessado pelos ares até se encontrar com a enorme construção. O cão gane por alguns segundos e se cala.

Emily grita desesperadamente tentando correr até o assassino, mas é impedida por suas amigas. Ela tenta se libertar. Quer avançar contra aquele bastardo e arrancar seu coração com suas próprias mãos. Desejava devorar a alma daquele desgraçado.

— Emily! Vamos, pare. Entre! — grita Bonnie puxando a garota.

O assassino avança até a casa dos VanCamp lentamente. Como se disponibilizasse de todo o tempo do mundo. Helena fecha a porta e vai com Bonnie até a cozinha. Elas se abaixam atrás da bancada de mármore.

— Emily, cala a boca ou juro que irei arrancar essa sua língua. — ordena Bonnie autoritariamente.

Emily respira fundo e se contém tapando a boca ao chorar e gemer.

— K está aqui. Iremos morrer... — choraminga Helena.

Megan aparece ao lado das garotas como um passe de mágica. Elas se assustam, mas controlam o grito. Megan parecia tão real... Como se estivesse realmente viva e entre elas. Ela olha nos olhos das garotas e fala.

— Suas vacas falsas. Abandonaram-me naquele rio, não é? — rezinga ela.

— Sim. Fizemos isso. Pode falar o que quiser. Mas nunca irá conseguir nos torturar mais do que nós próprias, ok? — estoura Helena — A idéia foi sua.

— E você concordou.

— Eu nunca me imaginei discutindo com um espírito, meu Deus... — lamenta Helena.

— É melhor chamar por Deus mesmo. Por que ao contrário do que ele fez com que vocês acreditarem, eu não sou K. Eu protejo vocês de K. Podem acreditar.

Emily encara Megan atônita.

— Mesmo depois de tudo que fizemos a ti?

Megan a encara com seus olhos cor de mel.

— Esses monstros já estavam em minha cola. Eram fáceis de driblar. Mas eu trouxe esse mal. Esse monstro é de um poder inacreditável. Vocês precisam se unir para destruí-lo. Esse momento está próximo. — conta Megan.

— Não é um espírito? — pergunta Helena.

Megan ri.

— Vocês teriam sorte se fosse um espírito, minha querida.

As garotas estremecem.

— Ora, vamos! Se defendam, se preparem. — estimula Megan.

Bonnie se levanta e olha para o jardim. Ela vê K na porta. Ela se abaixa rapidamente.

— Há algo que possamos usar como arma aqui? — pergunta Helena.

— Minha mãe tem uma arma... — sugere Emily.

— Sua mãe? Cece é muito diva... — comenta Megan.

— Sim. Mas está no cofre. E seria um caminho arriscado até lá.

Emily então se lembra de algo e estica sua mão até pegar uma faca de carne no faqueiro.

— Peguem mais facas.

As duas garotas obedecem e ficam com as armas coladas ao peito. Elas seguram o cabo das facas com tanta força que os nós de seus dedos ficam embranquecidos e a dor lhes causa câimbra.

O som das dobraduras rangendo ecoa pelo cômodo. As garotas não ousam nem respirar. Megan as encara com o olhar assustado. Que criatura seria tão terrível para um ser morto ter medo?

— Eu vou contar até cinco e tento correr até a escada, ok? — sugere Emily sussurrando.

As garotas concordam.

Em uma fração de segundo uma mão enluvada agarra Emily e a puxa pelo balcão de mármore derrubando a tigela de frutas que havia ali. Emily se vê deparada com a figura encapuzada. K levanta o machado sobre si e desfere um golpe. Emily rola pela bancada e sente o impacto da lâmina se cravando no mármore que se quebra. Emily se joga contra o assassino e golpeia o peito do mesmo com força. Respingos de sangue mancham o rosto de Emily.

Ela saí de cima dele e tenta chegar até a escada seguida pelas garotas. Antes que pudessem dar dois passos, Helena é arrastada por algo invisível. Elas olham para trás e encontram K de pé com as mãos direcionadas para Helena. O mesmo sussurrava algumas palavras que pareciam ser hebraico arcaico.

Helena grita desesperadamente e tenta se agarrar a algo cravando suas unhas no chão de madeira polida. As garotas correm até ela. Enquanto isso, o sádico assiste rindo e tira a faca de carne ensangüentada do seu peito jogando-a no chão. O sangue molhava sua roupa e pingava no chão.

— Usem sal! — ordena Megan.

Bonnie corre até os armários e pega um pote de sal pegando um punhado e arremessando no ferimento de K. O mesmo grita desesperadamente se curvando e caindo no chão aos gritos com as mãos no ferimento que agora parecia queimar. Helena para de gritar e se levanta lunaticamente. Emily a apóia para que pudesse ficar de pé e o trio corre até a escada com Megan atrás de si flutuando a poucos centímetros do chão em seu vestido branco.

As garotas se trancam no quarto.

— O que iremos fazer? — pergunta Helena tentando regular sua respiração.

— Vocês têm que fugir! — grita Megan — Bruxas não podem com um mal dessa magnitude. Precisam adquirir muito poder para essa batalha, minhas garotas.

— Não! Não iremos fugir. Temos ele aqui na minha casa. Somos fortes. Temos que acabar com isso. Helena, você sabe por que.

Bonnie parece deixar esse detalhe pra lá.

Helena assente.

Megan revira os olhos.

Automaticamente Helena e Emily dão as mãos.

— Fujam! Por favor. — pede ela repetida e incansavelmente.

— Não, não iremos fugir. — garante Emily. — Garotas, se preparem.

As garotas respiram fundo e ignoram os pedidos de Megan. Elas acumulam aos poucos uma grande gama de ódio, poder, força e vingança. O desejo por sangue consumia cada uma. Depois de um longo tempo de espera o inimigo reaparece.

As portas se abrem e uma rajada forte de vento adentra o cômodo. Começara a chover do lado de fora da enorme mansão. As fracas luzes vindas das velas iluminavam uma parte do rosto do assassino. Os olhos do mesmo estavam estranhos. Como se a íris estivesse dilatada ao ponto que os olhos estivessem quase totalmente negros.

— Acham que podem contra mim? — questiona K.

— Temos certeza. Chupa essa, filho da puta. — grita Emily.

Nesse momento ela faz um movimento com a mão e joga uma rajada de fogo contra o rosto de K. Num movimento rápido K levanta seu braço e as chamas consomem seu moletom. Ao contrário do que elas pensavam, ele não entra em pânico. Mas nem tiveram tempo de esperar o contra-ataque. Viram-se e correram até a varanda.

— É muito alto! — grita Bonnie.

Enquanto isso K respira fundo e recita calmamente um encanto.

Ignis estuans folia ardentia.* — recita ele fazendo aos poucos o fogo perder a força e finalmente se extinguir.

As garotas procuram um jeito de pular da varanda. Inesperadamente Helena se vê agarrada por K. O assassino coloca o machado ao lado do rosto da garota. Ela começa a choramingar.

— Eu prometi que ia arrancar sua língua. — sussurra K ao ouvido dela.

Ela o empurra com força. K somente recua alguns passos e ergue o machado acima de sua cabeça. Bonnie se joga contra K atracando-se com ele no chão. O machado caí a alguns metros e eles se arrastam para chegar até o machado. Bonnie avança desesperadamente para chegar até a arma. Mas K se joga sobre ela e segura seu pulso.

— Venha até mim. Venha até mim. Venies ad me! — conjura ela.

De repente o machado voa até a mão de Bonnie. Emily e Helena se entreolham e tentam tirar K de cima de Bonnie. O assassino dá uma cotovelada no peito de Emily que caí de cócoras. Zangada Emily e se põe de pé e grita.

Era um grito autoritário e poderoso.

Emily liberta tudo que está trancado dentro de si e o ódio prevalece sobre qualquer sentimento. Aquele grito carregava uma forte gama de poder. A terra tremeu sobre os pés das garotas. Bonnie recua para o lado quando Emily arremessa o guarda-roupa sobre K. As mobílias caem no chão e a lâmpada explode. A chama das velas renasce com uma rajada cor de sangue que ilumina o corpo dos presentes.

Com um movimento da mão Emily segura K com uma força invisível e o joga contra a parede. A sensação de vingança é boa. Ela pode sentir K lutando para se libertar da força esmagadora de sua mente. Emily se concentra e fecha os olhos. Sangue escorre pelo nariz de Emily e suas têmporas ficam saltadas em sua testa.

— Emily, pare! — ordena Helena tentando correr até a garota.

Com um movimento de sua outra mão Emily joga Helena contra Bonnie. As garotas ficam caídas no chão encarando a amiga. Emily fecha o punho fazendo K se contorcer. O som dos ossos quebrando é audível. K grita desesperadamente e pede por socorro.

— Você? ­— sussurra Bonnie perplexa encarando aquela forma buscando ver os contornos do rosto do assassino. — Você está morto!

De repente Emily arremessa o corpo contra a varanda. O corpo caí em direção ao chão da casa violentamente. Emily para de gritar e caí no chão. As garotas correm até ela e tentar acordá-la balançando o corpo.

— Emily! Emily! Você ta bem? — grita Helena chorando.

As lágrimas caindo sobre o rosto de Emily.

— Ela está bem? — pergunta Bonnie.

Helena pega o pulso de Emily e se concentra tentando sentir o sangue pulsando.

— Não consigo ouvir o pulso dela. — diz Helena com a voz desconsolada.

Bonnie arregala os olhos. As duas garotas se curvam sobre o corpo de choram amargamente.

— Eu não te culpo. Você ama o Nate e ele te ama. Seja feliz, meu amor. — sussurra o espírito de Megan ao lado do cadáver.

O corpo estava estirado no grama da mansão dos VanCamp. Com um estalo, K pôs seu braço no lugar e se sentou. Aos poucos K foi recolocando seus ossos no lugar com estalos altos. Ele ouve o choro das garotas na varanda e sorri.

— Só faltam duas. — sussurra com um sorriso estampado no rosto.

K corre pelo gramado e pula o muro se escondendo atrás dos enormes ciprestes que cercavam a mansão. Assim que saí dos ciprestes é atropelado por um Land Rover Range Rover negro e possante. O motor potente freia repentinamente fazendo o pneu cantar. O corpo foi jogado atrás do automóvel.

O garoto olha pelo retrovisor e se surpreende. Era uma figura encapuzada. De repente, o ser se recompõe aos poucos e se põe de pé. Ele ergue sua mão e de repente um objeto se materializa em suas mãos. Parecia um machado. Então, Nate se dá conta. Aquela era a figura que andara perseguindo-o.

Sem pensar duas vezes, Nate dá ré. Antes que o carro passasse por cima dele novamente K dá um salto até o teto do carro e com o machado cria uma abertura na lataria do automóvel.

Nate vê a lâmina do machado cravado acima de si e sem pensar duas vezes acelera. Ouvi algo rolando pelo teto e caindo na avenida. Sem pensar duas vezes Nate saí do carro com a arma que trouxe em mãos. Ele puxa o gatilho e aponta para K.

Nate respira fundo e mira confiante que irá acertar o alvo.

Então, se ouve um disparo.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e me perdoem pelo atraso o/
Bom, para mim esse é o melhor capítulo até agora e desculpem-me pelo tamanho gente. Eu falei que algumas coisas faziam parte do capítulo 06. Mas acabou que o capítulo 07 ficou muito sobrecarregado. E eu não podia transferir para mais nenhum capítulo pois os próximos capítulos também são medianos.
Quem quer distância de Landevil levanta a mão! u-u
Brincadeira, eu queria morar em Landevil tá?
Agora vamos as estrelinhas do conhecimento básico.
* 3hrs a.m é um horário considerado pelos cristãos o horário de Satã. É quando os demônios saem do inferno e andam livremente pela terra aterrorizando os humanos e brincando com seus corpos. É um horário crítico pelo fato de que Jesus Cristo morreu às 3 horas da tarde.
* Sache é um pequeno saquinho feito com qualquer tecido amarrado com uma fita que contém vários ingredientes incluindo ervas, ossos, objetos, amuletos e outros objetos que juntos obtém uma carga mágica capaz de realizar determinado feitiço. As bruxas usam saches para armazenar feitiços e quando precisam usá-lo simplesmente queimam o sache.
* O Scare Tactics é um programa de comédia americano que consiste em várias pegadinhas ao vivo.
* Oompa-Loompas são pigmeus na obra fictícia de Roald Dahl e também nas adaptações A Fantástica Fábrica de Chocolate (1971) e A Fantástica Fábrica de Chocolate (2005). Eles vêm da Loompalândia e são as únicas pessoas que trabalham na fábrica de Willy Wonka, acabando com o risco de espionagem industrial.
* Convido todos vocês espíritos a se manifestar frente a mim.
* Fogo que queima deixa de queimar.
O nome do próximo capítulo é...
"The last piece of the puzzle."